Zahir Em questão de minutos fui chegando no Hotel onde eu sabia que Omar sempre se hospedava. Cheguei dando aquela encarada em seus seguranças que rapidamente abriram passagem para que eu pudesse entrar. Entrei com tudo e Nahan e outros homens atrás. Subimos no elevador e observando a medida que subia os andares eu me lembrava e me lamentava de cada falha que eu cometi. Sai e caminhei parando em frente a porta de sua suite. Assim que ele abriu se deparou comigo e quando olhei mais para dentro vi que Rosana estava lá também e ambos de roupão. -Primo?!?? Mas o quê...-Sem hesitar já entrei deferindo um murro na cara dele. -Desgraçado!!! -Ahhhh Zahir - Rosana gritou assustada. - Você está louco? A ignorei completamente e a minha atenção se voltou para Omar. -Como soube que eu estava aqui? -Você pensa que eu não te conheço? Você sempre fica aqui. -Mas o que é agora? -Onde está a minha esposa? -Que esposa? Eu não sei do que você está falando. -Fala seu maldito, eu
Keith Quando acordei percebi que estava em um hospital. -Onde estou? -Ah você acordou? - uma voz feminina se aproximou de mim. Vi que era uma mulher de hijab. E o inglês dela era cheio de sotaque. Ah esse pesadelo ainda não terminou. -Quem é você? -Sou Gleice sou uma enfermeira desse hospital. Olhei ao meu redor e percebi que as condições do hospital eram bem precárias. Senti uma ardência na palma da minha mão direita e quando levantei vi que ela estava ferida havia um pequeno corte ocasionada provavelmente pelo caco de vidro que gravei no peito daquele homem. -Como se sente? -Estou bem. -Você chegou aqui bem desidratada. -Como eu cheguei aqui? -Parece que alguns turistas viram você pedindo socorro e te trouxeram para cá. Você não é daqui né? você está perdida? -Ah bem .... é o que parece, eu não sei onde estou.... onde eu estou? -Na Arábia Saudita. -Por Allah!!!! Como vim parar aqui? - Me veio na memória a imagem do meu pai , agonizando e morrendo
Keith -Sequer tenho os meus documentos comigo, como vou conseguir embarcar em algum avião? -Minha linda, dinheiro, com dinheiro, tudo tem um jeito. - ela me respondeu sem nenhum receio. Mas ela tinha razão. Sem dinheiro não somos nada , não temos poder algum. Nesse momento me lembrei do cartão que Aisha me deu antes da fuga. Batia a mão para ver se ele estava debaixo da minha roupa e por sorte está lá, intacto. "Mas será que ela disse a verdade? Ou me enganou?" "Vai que não existe dinheiro nenhum?" "Só tentando para saber." -Sim, eu aceito a sua ajuda, quero sair daqui o mais rápido possível. Quero voltar para casa e reconstruir uma vida nova, pois eu já sofri muito aqui. Os últimos meses tem sido desafiadores para mim. Eu quero sair daqui. -Então vamos, a médica te deu alta. A acompanhei até a recepção do hospital velho e cheio de rachaduras. -A conta por favor. - ela pediu. -Deixe que eu pago. -Mas você.... -A senhora já se responsabilizou demais pelas
Keith (Dana) 3 anos depois. Mais um dia exaustivo de trabalho. Assim que cheguei em casa, destrancando a porta e Mohamed veio correndo em minha direção. -Mamãe, mamãe... - veio até mim com o seu carrinho em mãos. -Oi meu amor, veio mostrar o seu carrinho para a mamãe? Nossa que bonito. -Senhora Lin, ele se comportou direitinho, e pelo visto ele estava com muitas saudades da senhora, olha só.- Viviane, a babá veio o seguindo sorrindo. -Agora a mamãe já está aqui. - o abracei. Seu abraço com cheirinho de bebê era a coisa mais maravilhosa de se sentir. Seus pequenos bracinhos para cima me pedindo colo. -Mamãe... mamãe.. - o peguei em meus braços. Mohamed é o fruto do meu amor com Zahir. Middy tem quase dois aninhos de idade, no próximo mês é o seu aniversário. E iremos comemorar. -Obrigada Viviane, se quiser já pode ir, sei que já deu o seu horário. -Tudo bem senhora Lin, entendo que trabalhe muito, e eu amo ficar com Middy. Então até amanhã. -Até a manhã Vivi
Keith (Dana) Pela manhã sai mais cedo, pois tinha uma consulta com a terapeuta. Sim. Depois de todo o ocorrido, comecei a fazer terapia um tempo depois que cheguei à Espanha. Meu telefone começou a tocar enquanto eu aguardava a minha vez de consultar. Uma cliente entrou em contato, pois queria fazer um orçamento. Pedi licença na recepção e fui a um canto para conversar. -Alô? - atendi prontamente. -Alô. falo com a Confecções MuslimGold's? -Sim, sou a proprietária, Dana Lin. -Tudo bem senhora Lin? Gostaria de marcar uma reunião com a senhora, pois preciso urgentemente de um fornecimento e vi que a sua confecção possui exatamente os tecidos que preciso para uma coleção que vou lançar. -Ah sim, claro, claro, marquemos uma reunião. -Para quando a senhora terá disponibilidade? -Amanhã cedo, pode ser? -Ótimo, será um prazer conhecer o trabalho da senhora. Antes que a voz feminina do outro lado da linha pudesse desligar, perguntei. -Com quem eu estou falando? -C
Zahir -O quê? Como é que é? -Também acabamos de saber senhor. A senhora teve um filho, um menino ,e ele fará dois anos no próximo mês. Há muito tempo que eu almejava que esse momento chegasse, mas agora que chegou eu não sei o que fazer, não sei como proceder. É como se um raio tivesse caído sobre mim e me eletrocutado. Só tentava assimilar e processar essas últimas informações. -O que você está dizendo Nahan? -Senhor, eu não garanto nada, mas algo me diz que essa criança pode ser seu filho, pelas contas as épocas batem. Nahan detalhou para mim e realmente batiam. Depois que fui digerindo as informações, sentir a raiva subir novamente. -Como ela pode fazer uma coisa dessas comigo Nahan? Ela fugiu com o meu filho. -Senhor se acalme. -Me peça tudo Nahan, menos calma. É agora, mais do que nunca que eu a quero frente a mim. -Senhor, eu entendo a sua forte emoção, mas sugiro agir com cautela, por agora o senhor tem o conhecimento de que há uma criança no meio des
Keith Ele?!?! Era ele. Céus. Não pode ser. Me virei antônita e em choque para fita-lo. E pude sentir seus olhos me fuzilarem como faíscas em brasa. -Achou que fugiria de mim por muito tempo, querida esposa Katherine Al-Samir? -Mas o quê.. ? - fiquei totalmente sem a fala. Tentei me recompor do choque. -Como é possível? -Para mim tudo é possível. -Então, isso aqui se tratava de uma armadilha? -Exatamente, querida esposa. Do contrário, como a teria aqui bem na minha frente? - Senti sua voz carregada de sarcasmo e ironia. Agora, o observando melhor, notei que suas feições eram mais duras e severas. Seu olhar era frio e o tom de voz seco. Sem contar a aparência visivelmente abatida. Me veio o sentimento de culpa instantaneamente. -Vejo que o seu negócio anda prosperando? - ele pegou um cigarro do bolso e acendeu. "Agora ele fuma?" -Zahir, por favor, agora não é o momento, abra essa porta para eu sair. -Não. - ele se aproximou tão rápido que eu fiquei apavor
Keith Canalha, desgraçado!!! Só pode ter sido ele. Evidentemente que é ele. Sequestrou o meu filho assim como um dia fez comigo. No mesmo instante o meu telefone tocou novamente, mas não era Viviane era outro número. Atendi já sabendo quem era. -Maldito, onde está o meu filho? Fala , eu sei que foi você, você roubou o meu filho. -Só liguei para reforçar o que te disse .... você ainda irá me procurar, Habibi. -O que você quer? -Eu quero você. Ali desabou o meu mundo. Fiquei ali, refém do medo e do horror de que a mesma história se repetiria e que tudo começaria de novo mais uma vez. -O que quer dizer com isso? -Você vai voltar comigo, você ainda é minha mulher. - enquanto ele falava eu sentia muito rancor em sua voz. Ouvindo isso comecei a me descabelar. Não, não, não, não pode ser verdade. -Você ficou completamente louco, e se pensa que eu vou voltar e que vai usar o meu filho contra mim, você está completamente enganado Zahir, isso não vai ficar assim. -