A Ravena é minha dama de companhia, nunca conheci meus pais, ela quem me criou... Sempre que perguntava por eles ela me dizia que eles me amavam, mas que eu era muito nova para entender, dizia que eles tinham feito isso por puro amor a mim, depois de um tempo, sempre tendo a mesma resposta, deixei de perguntar!
Nossa casa é pequena, apenas dois quartos, um banheiro; uma sala; uma cozinha americana e um jardim protegido por grades brancas... Meu quarto é lindo, todas as paredes e móveis são lilás, a Ravena sempre fez todas as minhas vontades, de um lado do quarto fica minha cama de solteiro; uma poltrona marrom (que a Ravena usava para me colocar pra dormir) do outro lado fica uma cômoda com meus materiais escolares e uma ave melro prata...
A Ravena é muito supersticiosa, ela me explicou que a melro representa força, coragem e proteção! Todas as manhãs, quando acordo, ela espera eu me pre
— Oi... — Eu disse apoiada no balcão da biblioteca.— Olá? Escolheu algum livro? — Ela disse, desviando os olhos de suas anotações e me encarando.— Ah não... Qual seu nome? — Dei um sorriso tímido.— Aradia; e o seu, minha linda? — Ela disse retribuindo um sorriso meigo.— Ângela, senti sua falta na semana passada... — Parecíamos ter uma conexão, senti afeto.— Eu não sabia que era tão importante assim, mas fico muito feliz! E você escolheu algum livro bom, enquanto eu não estava aqui? — Ela se aproximou e se apoiou no balcão.— Não, não achei nenhum interessante... — Minha voz soou completamente desanimada.— E você já procurou? — Ela me encarou.Olhei no fundo dos seus olhos e senti algo estranho, uma se
Fazem três semanas que eu não encontro nenhum livro, às vezes ia até a biblioteca e ficava conversando com a Aradia, ou ficava na praça em frente conversando com o Demétrio... A Ravena tem andado muito ocupada e cheia de segredos e acho até que seja algum admirador secreto.Me levanto e saio do quarto, olho pela janela e percebo que o dia está chuvoso, o tempo lá fora indica a chegada de uma tempestade, meu coração pulsa de tristeza. Quando acordei, a Ravena já não estava em casa... Tudo está tão confuso em minha mente, eu queria um notebook, a Ravena disse que talvez me dará um... Eu queria poder conversar com alguém, dizer o quão angustiada estou, o quão sozinha me sinto e o quão desesperadores são os meus sonhos...Deito no sofá e me deixo perder em meus pensamentos, agora minhas lágrimas caem em sincronia co
Os dias estavam se passando tranquilamente, a Ravena havia conseguido um emprego e agora passava todo o dia fora de segunda a sexta. Eu passava as tardes conversando com a Aradia ou com o Demétrio... Estava sentindo um pouco de falta dos livros, mas em parte eu estava conseguindo acreditar um pouco que estava começando a ser normal. ∞Novamente eu estava lá, naquela cela; ele estava dormindo, então caminhei até sua escrivaninha e comecei a analisar aqueles papéis jogados... Percebi que eram rascunhos das histórias que eu li, ele era o escritor! Comecei a pegar folha por folha, quando encontrei algo em especial:“Com sua pele pálida, espelho da branca de
Quando eu acordei estava em meu quarto deitada em minha cama e a Ravena estava sentada na poltrona, olhando um livro e pela cara não estava nada concentrada.— O que aconteceu? — Me sentei na cama com o corpo completamente pesado.— Eu não sei, quando cheguei você estava apagada no sofá e o Demétrio estava ao seu lado. Ele me disse que você teve um mal-estar e eu pedi para que te colocasse aqui na cama para que descansasse melhor. — Ela disse fechando o livro e olhando para mim.— Eu só me lembro de estar com ele e... Me sentir muito cansada... — Eu me lembrei do que havia acontecido, mas algo me dizia para não contar, então, não contei. — Que horas são?— São oito horas da noite, vou preparar um café para você. — Ela se levantou e me deu um beijo na testa.— Estou me sentindo tão ca
A cela estava abafada, parecia não ter sido arrumada há semanas. O Merlin estava sentado apoiado na grade da janela olhando a luz do dia, quando me aproximei e me sentei de frente para ele:— Oi, tudo bem? — Percebi o quanto ele suava.— Oi. Eu não sei... — Ele disse num sorriso triste.— Por que você está preso nessa cela? Quero conversar sobre sua história.— É uma longa história. — Ele disse olhando através das janelas.— Eu já sei sobre os semideuses e sei que vocês não podem falar sobre o submundo, embora quando eu fale, nada aconteça! Você está aqui para me proteger? E o que o Philipus tem a ver com tudo isso? — Eram muitas perguntas para uma só cabeça, eu sorri.— Eu sabia que você conseguiria descobrir, você é um escudo. Quando as palavras sa
Ravena estava sentada no sofá de sua casa assistindo ao noticiário quando sentiu uma energia negativa pairando, sua atenção foi automaticamente até a janela e lá estava a melro parada sobre o muro de sua casa, ela a encarou e percebeu que aquela melro não era sua! Seu coração parou quando ela ouviu a voz dele ecoar em sua mente “preciso falar com você urgente!” Não pensou duas vezes e apenas o seguiu.Depois de entrar no submundo e atravessar um portal a ave desapareceu deixando-a na frente de uma casa que parecia estar abandonada. Ela parou diante da porta entreaberta e no mesmo momento pensou em recuar... Os covardes que voltem. Ela entrou: o lugar estava escuro.— Zac? — Gritou. Ela sentiu a presença de alguém vindo em sua direção e quando estreitou os olhos para ver melhor algo a tocou e ela apagou. Quando Ravena acordou
— Mãe? — Gritei. A mulher deitada à minha frente suava, seu rosto estava mais pálido do que o normal denunciando sua fraqueza. — Mãe, fala comigo... — Me ajoelhei ao lado da cama e toquei seu rosto. Ela queimava em febre. — Eu não sei o que fazer, mãe. Eu estou perdendo a todos, estou perdendo vocês e não sei onde está a Ravena, eu estou sozinha. — Desabei deixando minhas lágrimas caírem sobre o rosto dela.— Eu... Acredito que você consegue... — Suas palavras saíram arrastadas. Desejei imensamente acabar com toda aquela dor e soluços tomaram conta de mim! Eu comecei a tremer em sincronia com minhas lágrimas quando ouvi alguém me chamar: “anjo?” olhei para o lado e Demétrio estava me olhando, confuso... Ele veio e se ajoelhou ao meu lado, me abraçando. A Isis o olhou de
Os dias estavam se passando rápido demais. Já faziam duas semanas que a Ravena havia sumido e eu ainda não havia conseguido entrar em contato com ela... Mas, eu e o Demétrio estávamos fazendo muito progressos com meus dons e isso já era de grande ajuda! Aquela tarde estava fria e o Demétrio estava em casa se despedindo dos pais que viajariam novamente. Eu estava pensativa e minha mente só focava na Ravena. Será que ela estava bem? Será que ela ainda estava viva? Será que ela sentia minha falta? Me deitei no sofá, fechei os olhos e respirei fundo. Mentalizei uma melro expressando toda a minha saudade e o quanto queria estar com ela. ∞ De repente; tudo clareou e quando abri os olhos a Ravena estava sentada na cama, à minha frente, el