David se contorcia no chão da mata. A dor que ele estava sentindo era intensa, além da dor em seu coração, tinha aquela dor dilacerante em seu corpo. Era como se cada osso dele estivesse se quebrando, sentia como se um animal raivoso quisesse sair de dentro dele. Era como se todos os seus órgãos estivessem sendo esmagados.Ao mesmo tempo que David queria que Felipe estivesse ali, não queria vê-lo. A raiva e a mágoa o estavam sufocando. Aquilo estava sendo agonizante demais. Sabia que estava se transformando, mas não sabia o que fazer para que isso terminasse de uma vez. Só esperava que não machucasse ninguém depois que se transformasse.Depois de algum tempo, Felipe já havia recobrado a consciência e queria sair em busca de David. Ana insistia para ele esperar mais, pois não estava recuperado e poderia prejudicar seus sentidos. — Mãe, eu preciso encontrá-lo. Ele está sozinho na mata e está vindo uma tempestade. David pode estar se transformando e, se ele estiver ferido ou ferir algué
Mário ajudou Ana a levar Felipe para o quarto; ele estava com um pouco de febre, e a ferida em seu peito parecia bem arroxeada.— Você tem as ervas necessárias para tratar a ferida? — Mário perguntou, demonstrando certa preocupação com Felipe.— Sim, não se preocupe. Já liguei para o Rômulo; ele trará as outras coisas que preciso. E David, como ele está?— Ele ficará bem. Provavelmente não acordará até de manhã. Imagino que foi cansativo e doloroso para ele se transformar sozinho, sem a minha ajuda ou a de Felipe. De manhã poderei conversar com ele e esclarecer tudo.Ana olhou de volta para Felipe e suspirou.— Espero que a ligação não tenha sido rompida, ou esses dois vão sofrer muito.Mário colocou a mão no ombro de Ana, confortando-a, despediu-se e saiu. David estava no carro, deitado no banco de trás, ainda enrolado no sobretudo molhado. Mário abriu a porta de trás e tirou o sobretudo que estava em David, enrolando-o em um cobertor seco. David ainda estava nu; as roupas que Mário
Se era possível sentir tanto medo de perder alguém que acabara de entrar na sua vida, David não sabia. Mas não iria abrir mão de Felipe mesmo que ele não o perdoasse por ter quase o matado. Entrou no quarto e foi em direção ao seu homem, parado ali na sua frente. Ele não sabia se Felipe permitiria que se aproximasse ou não.David parou perto de Felipe e estendeu a mão para tocar sua ferida.— Dói muito? — perguntou hesitantemente.Felipe percebeu que David não o estava olhando nos olhos e isso o estava causando mais dor do que aquela ferida. Felipe segurou a mão que estava em seu peito, fazendo com que o outro o olhasse nos olhos.— Quase não dói mais. Você está machucado em algum lugar?Uma lágrima escorreu sem sua permissão, e David não entendia como Felipe ainda podia perguntar se estava ferido, sendo que foi ele quem causou seus ferimentos. David enxugou aquela lágrima e o olhou novamente.— Não estou. Felipe, eu… sinto muito por ter te machucado.Felipe não permitiu que ele conti
O som das carnes se chocando ecoava pelo quarto, misturado com os gemidos de David e Felipe. Eles já haviam perdido a noção de quanto tempo estavam naquele ato, ou quantas vezes haviam experimentado o clímax; só sabiam que o desejo entre eles parecia ter aumentado.— Acho que agora não consigo mais, vamos parar um pouco — disse David, e os dois desabaram na cama, exaustos.Felipe aconchegou David em seu peito, e decidiram dormir um pouco. David ainda passou a mão pelo peito de Felipe, percebendo que não havia mais sinal de ferimento ali. Decidiu naquele momento que não permitiria mais que suas emoções o dominassem.Ele queria ser mais forte, proteger as pessoas em vez de ser protegido o tempo todo. Jurou naquele momento que desenvolveria seus poderes e que aquilo nunca mais aconteceria. Fechou os olhos, aconchegando-se no peito de Felipe, e adormeceu. ****************** Santiago desceu as escadas e dirigiu-se ao laboratório. Penélope estava concentrada em seu mi
A velha mulher dirigiu-se ao sofá, sentou-se e indicou a outra poltrona para que Mário se sentasse.— Estou bem em pé. Não vim fazer uma visita. Quero saber o que você quer com o David. Por que está aparecendo na vida dele agora? E quanto à sua pergunta, na hora certa ele vai saber que sou o pai dele — falou irritado.— Já estou velha, quero me redimir de alguma forma pelo que fiz no passado, e por toda a dor que causei — disse ela.Mário sorriu de forma irônica.— Como você pensa em se redimir por acabar com a nossa vida? Como fará para se redimir por matar a mãe dele? — falou praticamente gritando.— Eu não a matei. Eu não queria que isso acontecesse, eu só queria ela longe de você — explicou.Mário andou de um lado para o outro passando a mão no cabelo.— O que você conseguiu foi transformar sua filha em uma vampira, seu neto em tríbrido, e fez ela fugir morrendo na fuga.A mulher começou a chorar ao ouvir as palavras duras de Mário.— Você acha que não pensei em tudo isso todos es
David ficou tenso ao saber que encontraram Pietro; sua vontade era ir naquele exato momento matar aquele desgraçado, mas sabia que não estava pronto. Mais do que nunca queria conseguir usar todos os seus poderes só para matá-los com suas próprias mãos. — David… David, você está bem? — Felipe perguntou, tirando David de seus pensamentos; todos estavam o olhando. — Não se preocupe, David, eles estão sendo vigiados, e não perderemos ele de vista; aquele desgraçado não escapa dessa vez. Santiago explicou, fazendo Felipe estreitar os olhos em sua direção; não conseguia disfarçar sua possessividade e ciúmes. Conversaram ainda sobre algumas coisas e sobre a condessa que viria; decidiram que não iriam fazer nada por enquanto, já que não sabiam sua real intenção, mas que aumentariam a segurança tanto da mansão de Santiago quanto da aldeia; não podiam baixar a guarda. O vampiro se despediu de todos para ir embora; já tinha falado o que precisava e já tinha visto David. Despediu-se de todos
David caiu para o lado; estavam fazendo amor há horas, ambos estavam cansados, ofegantes e suados. Os dois estavam deitados um ao lado do outro, David olhou para Felipe e ficou pensativo; Felipe percebeu e perguntou se algo estava errado.— Não, só estava pensando quanta sorte tenho de ter você, nunca pensei que poderia viver algo assim com alguém. Sempre pensei que morreria naquele lugar, e agora estou aqui com você.Felipe deu um beijo em David e acariciou seu rosto.— Se depender de mim, quero fazer você o homem mais feliz do mundo.David sorriu para ele e deitou em seu peito.— Então, gostou de me dominar? — Felipe perguntou, os dois sorriram e David passou os dedos por seu peito.— Para dizer a verdade, gostei. Esse meu lado dominante não te deixa desconfortável? Quero dizer, se o David que você viu na floresta aquele dia for meu eu verdadeiro, ainda vai me amar?Felipe tirou David de seu peito e o olhou nos olhos.— Não me importa qual versão sua é a verdadeira, o que importa é
Enquanto David estava olhando tudo no covil, na mansão de Santiago o clima não era dos melhores. Penélope havia informado a Santiago sobre a ligação de David e devido a sua preocupação, despertou o ciúme de Alex.— Você não está pensando em ir lá essa noite não é? — Alex questionou Santiago.— Me escute, não pretendo fazer isso só por causa dele, mas temos uma aliança com aquela alcateia, e se eles estiverem sob ataque, sim, teremos que ajudar — explicou, vendo Alex revirar os olhos e ir para perto da janela.Santiago se aproximou dele, o abraçou por trás e beijou seu pescoço.— Sei que você não gosta de como me preocupo com David, mas por que você não vem comigo? Assim vai ver que não é o que está pensando.Alex se virou abraçando o pescoço de Santiago e lhe deu um beijo.— Tudo bem, eu vou com você. Se tiver mesmo um ataque de lobos, não deixarei você lutar sozinho.Alex pareceu mais calmo e Santiago desceu para falar com Henrique. Ele pediu para reunir alguns homens para irem à ald