Thomas ficou encolhido no chão e por mais que agora o semi deus tentasse levanta-lo, ele não se movia, então a solução que Lucas, achou mais viável foi levar aquele serviçal carregado, Lucas se enfureceu com a forma com que o outro havia gritado com ele, se antes ele desejava achar o príncipe Patrick, agora ele iria para o caminho da cachoeira, onde pegaria uma passagem secreta para uma cabana.
Assim que colocou Thomas em seu colo, sentiu ele estremecer, seus olhos pareciam estar trepidando.
— Olha me desculpa pelo tapa, eu sou um pouco temperamental as vezes, por favor não grita comigo de novo. — Sua voz calma o fazia se lembrar mais ainda de seu irmão e ele era a pessoa que ele mais desejava ver naquele momento.
— Eu só queria voltar pra casa... — Choramingou escondendo o rosto no peito daquele homem.
Aquela ação cortou o coração do semi Deus, ele nunca tinha conhecido alguém que agisse daquela forma, tão pouco que fosse sensível daquele modo.
— Tudo bem, você venceu, eu vou te levar pra casa, mas não vai nesse estado, vou te levar pra uma cabana aqui perto, onde vai se acalmar e depois eu te trago de volta, não precisa mais ter medo, não vou tocar em você.
Aquelas palavras eram satisfatórias pata Thomas, porem ele ainda seria seu cativo, e como ele iria se acalmar diante de todo o medo que estava sentindo? Não tinha muito o que fazer, já estava no colo daquele homem sendo levado por ele, e agora parecia mais como uma criança.
— Você é diferente de qualquer pessoa que já conheci, é normal as pessoas se atirarem aos pés dos semi deuses, assim como é normal elas querer entrar dentro da aldeia do fogo, você fez tudo ao contrário do que é comum aqui nessa região. — Comentou fazendo uma bola de fogo aparecer e ir flutuando a frente deles para iluminar o caminho.
No momento em que a bola de fogo apareceu ele novamente estremeceu e se encolheu mais ainda nos braços de Lucas.
— Calma é só para iluminar o caminho, não para ferir. — Lucas começava a entender e achava um meio de falar com o jovem.
“Existem alas de senhores importantes no conselho, e já ouvi dizer que criavam garotos para serem puros e lhes servir quando tivessem uma idade adequada, talvez eu esteja roubando o futuro brinquedinho de alguém, se for esse o caso, quero ensinar ele a se defender do seu senhor, assim como também posso manter ele dentro da aldeia em sigilo, é um jovem muito bonito, não merece ser tratado como objeto.”
Esse pensamento de Lucas estava errado, contudo, isso realmente acontecia dentro do castelo, e as crianças eram tiradas de suas mães ainda em fase amamentação, o que era algo que frequentemente incomodava a aldeia do fogo, destronar Digeon, era preciso e eles teriam que dar um jeito naquela situação mais cedo ou mais tarde.
Outro ponto era que a população vivia faminta e aquele jovem em seus braços não era leve, ele tinha peso, então estava mesmo sendo criado sem o conhecimento das coisas do mundo, para servir a algum membro do conselho.
— Me diga uma coisa garoto, tem medo do seu senhor? — Inqueriu procurando os olhos azuis de Thomas.
— Eu... — Não conseguiu terminar sua fala, estava tão assustado naquele momento.
— Eu já entendi que tem medo, mas está comigo, não precisa ter medo de nada.
Thomas escondeu o rosto mais uma vez.
“ Não preciso ter medo de nada, ele me diz para não ter medo, eu só queria me divertir uma ultima vez, durante os próximos dias o vilarejo não vai estar tão movimentado, e tudo o que verei serão as paredes do castelo, e depois eu serei entregue, eu vou ser entregue, o rei pode até querer colocar outra pessoa no meu lugar, o que eu acho bem provável, mas eu serei escondido dentro daquele castelo pelo resto da eternidade, o julgamento se aplica as minhas irmãs, que serão o sacrifício para os semi deuses da morte, e Patrick... eu quero estar com ele agora, eu sempre fui péssimo pra ele, quero abraçar ele”
— Posso lhe fazer uma pergunta? — Thomas falou abafado.
— Pode, me pergunte o que quiser? — Lucas o respondeu dando um sorriso amável.
— Por que eu? Por que me escolheu para aterrorizar hoje? — tentou ser o mais doce em sua pergunta para não inflamar o ódio daquele homem por ele. — Eu disse que não queria vir...
— Bom, algumas pessoas fazem um certo charme, não me leve a mal, mas é isso o que fazem, quando recebem o convite de entrar na aldeia mudam completamente de ideia e se jogam aos meus desejos, como se aquilo sempre tivesse sido seu sonho de vida, meu tio e eu achamos que era isso de início, daí agora vendo você nesse estado, eu sei que não é, você pode me desculpar pelo meu mal julgamento? — Lucas explicava a situação, com o mesmo tom de voz que seu irmão, e aquele modo calmo e suave de falar lhe fazia o coração aquecer, sempre esteve acostumado a ouvir as palavras naquela tonalidade, então por mais medo que estivesse sentindo, a voz de Lucas o deixava tão calmo, da mesma forma de quando estava com seu irmão.
— Claro... só não me aterrorize mais, eu sou um pouco ingênuo e medroso. — Deu uma resposta sincera, ele sabia reconhecer o tipo de pessoa que era, e o tipo de pessoa que havia se tornado vivendo secretamente no castelo. — Eu não conheço muito da vida, e talvez a minha se acabe em pouco tempo...
— Eu já entendi que é uma criança dos conselheiros, e que vai servir quando chegar a hora, não precisa ser assim e você sabe disso, são crianças sem nome, que podem ser livres até uma certa idade.
Thomas respirou aliviado, por ter conseguido unir seu comportamento incomum com os meninos do castelo.
“ Tinha me esquecido dos meninos, Patrick, já tinha lhe falado, que havia meninos e meninas no castelo, que eram crianças criadas para servir nos aposentos de seus senhores, é existem crianças assim nesse lugar, e eu posso me passar por uma delas, e talvez assim ele não me aterrorize tanto, contudo acho que me matar nunca foi sua intenção, ele falou sobre sexo, e ele sabe que sou um homem, acho que queria me apresentar a alguma mulher de dentro da aldeia, será que era isso? “
Lucas andou com ele em seus braços por mais um tempo, até chegarem próximo a cachoeira, ele nunca tinha visto o lugar de perto, seus olhos brilharam diante da queda d'água, sua ação involuntária chamou atenção de Lucas que ficou com pena daquele garoto.
— Gostaria de te levar mais próximo, mas olhe atras das pedras, o lugar já está ocupado, uma das princesas está transando com o futuro marido, justo a que seria entregue a meu irmão, que deplorável. — Comentou com escarnio.
— Não conhecia esse lado da princesa Inara, ela sabe que aquele homem vai matá-la quando ela chegar nas terras dele? — Perguntou mais para si mesmo do que para o homem a sua frente. — Se o rei souber disso qual a probabilidade de ele acreditar em mim?
— Depende do tamanho do seu prestígio com o rei, mas vai mesmo denunciar a princesa Inara? Não é como se fosse a primeira vez dela... Ela já entrou por aqueles portões e se divertiu bastante. — falou divertido colocando o rapaz no chão.
— Mas e se ela gerar um filho? — Inqueriu nervoso com relação a nova informação.
— De que mundo você é? As moças que vivem por aí aprontando elas se cuidam, tomam um chá de ervas de gamario esse chá faz descer, é um chá pra abortar. — Explicou vendo os olhos do mais novo tremerem
— Eu... Não sabia... Eu saio pouco do salão e quando saio vou aquela taberna bebo um pouco e logo vou embora...
— Ahh mas que gracinha, me deixe te guiar por esse mundo de perversão. — falou voltando um olhar malicioso para o mais novo
— O que quer fazer comigo? — O desespero retornava a sua voz
— Tem uma cabana ali atrás daquelas espinheiras, vou te levar lá, você vai se acalmar e depois te devolvo intacto, não quero te assustar mais
“Ele é tão inocente, ele não sabe o que eu quero fazer com ele, mal sabe ele que esse é o destino que o senhor dele preparou pra ele, eu quero poder ensinar algumas coisas a ele, ou ele vai apanhar muito de seu senhor quando chegar a hora”
Segurando a mão do mais novo o guiou por um caminho cheio de espinhos.
— Vou te carregar de novo por causa dos espinhos, mantenho minha cabana com eles para evitar animais e pessoas curiosas. — Lucas colocou o jovem em seu colo novamente e o guiou até a entrada, onde o devolveu ao chão.
Lucas abriu a porta lentamente, e aguardou que o rapaz passasse primeiro pela porta, o lugar era objetivo demais e muito pequeno, uma cama e uma banheira uma do lado da outra, do lado esquerdo uma mesa com algumas frutas, pães e bebidas.
“Ele certamente prepara o lugar para receber visitas, agora não me resta duvidas, ele quer fazer sexo comigo, mas eu sou um homem, e ele também é, como isso é possível?”
Lucas começou a encher uma banheira enorme de madeira e assim que estava cheia ele colocou as mãos na água e a mesma começou a esquentar, Thomas vendo a fumaça do vapor se assustou um pouco.
— Hei, relaxa, a fase de ter medo já passou. — Comentou aquecendo um pouco mais a água.
— E... Se me reduzir a nada com seu poder? — Perguntou afoito, colocando as mãos em sua boca, vendo que tinha falado besteira.
— Não sou assassino garoto. — falou sério, seu olhar pousou naquela face assustada.
“Eu tenho pena desse rapaz, pelo que ele tem falado e pela idade o dia da entrega está próximo, eu quero ajudar, quero fazer algo por ele.”
— Eu ... Me desculpa não queria ofender... — falou constrangido olhando diretamente para os olhos do semi Deus que agora estavam pretos.
Tinha muitas velas no lugar, e elas pareciam não se consumir, o poder de fogo de Lucas deveria ter essa capacidade afinal.
Lucas tirou a parte superior de suas vestes e ficou apenas com a parte de baixo que era uma calça de algodão preta, olhou malicioso para o jovem.
Era a primeira vez que Thomas via um corpo semi nu a sua frente ele ficou olhando tempo mais do que necessário para o peitoral de Lucas e para seu abdômen.
— Gostou do que está vendo? — Inqueriu se aproximando do mais novo
Thomas ficou vermelho de vergonha e virou o rosto, mas logo sentiu as mãos quentes do semi Deus tocar seu rosto, e guia-lo a olhar para ele.
Thomas não queria estar ali, mas aquele toque deixou o mesmo um pouco estranho, seus olhos não tremeram como antes seu corpo se paralisou vendo osemiDeus tão perto dele.Lucas aproximou um pouco mais o rosto e lhe deu um beijo, apenas encostou a boca nos lábios de Thomas, ele ainda paralisado, sem reação nenhuma.— Me corresponda, vai gostar de fazer isso... — Gemeu as palavras contra a boca de Thomas. Lucas levou Thomas pela entrada dos fundos do castelo, sedespediudele com um beijo no escuro e ficou observando o jovem entrar correndo pela entrada secreta.“Ah, então eles sabem como sair e entrar do castelo sem serem vistos, devo ser um ano ou dois mais velho que aquele rapaz, não fiz nada demais com ele, mas ele diferente de todos os outros com quem estiveconseguiu fazer meu coração acelerar, eu o quero ao meu lado, não deixarei que nada nem ninguém fique em nosso caminho.”<Patrick
Patrick, voltava com o chá calmante, seus olhos podiam mirar um novo olhar em Thomas, um olhar curioso, e gentil.“Estou imaginando coisas, ele não está diferente, eu estou me corroendo deciúmes, por isso estou olhando diferente para ele, por isso estou imaginando coisas, sou eu o problema e não ele.”Thomas já havia mudado muita coisa dentro de seu ser, tinha o conhecimento que seu pai havia lhe passado, mas diante de Patrick ele fingiria um pouco mais, queria que
Eles acordaram juntos, Patrick sentia cada musculo de seu corpo dolorido, sentia que levantar da cama seria um ato de coragem e amor a sua vida, isso se não quisesse ser açoitado por seu pai.Olhou para o lado e não podia acreditar que tinha dormido com quem amava, seus olhos ficaramúmidosno mesmo instante, a vontade de chorar de felicidade lhe invadia, contudo precisava se controlar diante de seusprópriossentimentos.Thomas sentiu a movimentação do ruivo tentando se levantar da c
Thomas caminhou para sua própria ala, ele iria fazer algo a respeito da situação dePatrick, contudo ainda queriacolocá-loem segurança, como tinha acabado de fazer com a rainha e suas filhas.O véu em seu rosto lhe protegia de verem o quanto sua face estava entristecida naquele momento, enquanto seguia seu caminho, viu os serviçais correndo de um lado a outro, ele parou uma delas e lhe interrogou acerca do motivo de terem tanta afobação ainda naquelehorárioda manhã.
Perto do anoitecer os dois acordaram um pouco assustados, tinham passado o dia dormindo, seus olhos se cruzaram e naquele momento sentiram a paixão se instalando em seus corpos.— Temos um ato de guerra para realizar, e estamos aqui deitados. — Thomas comentou ao beijar o mais velho como se fosse um beijo de bom dia.— Dormimos, mas isso já era esperado senhorsemiDeus, eu sou humano, não aguento a sua disposição, o que é bem estranho já que voc&ecir
Enquanto Thomas não sabia o que fazer, Patrick por outro lado sabia, ele por mais que amasseThomas, sabia que seu grande amor tinha se encantado por Lucas, e ao ver seu reflexo no metal dos portões do clã, teve a certeza de que ele não se escolheria.— Parece pensativo, se preocupa com a possibilidade de o golpe não dar certo? — Lao perguntou de forma distraída, como se não estivesse tentando ler as ações dePatrick.— Me preocupa sim, contudo, os melhores guerreiros do rei, vem deste clã, e ele não tem muitas chances, se quer minha humilde o
Lao antes de entrar e fechar a porta de sua casa, deixou na maçaneta do lado de fora uma fita dourada, indicando que estava com visita, e quando Lucas voltou para a aldeia na companhia dosemiDeus, ele olhou para a porta e imaginou que o dourado indicasse que fossePatrick, se aproximou da casa sem falar nada com osemideus ao seu lado e observou para dentro da casa, lá estavaPatrickdormindo no colo de Lao.“Eu juro que não entendo como meu tio consegue fazer as pessoas confiarem nele a esse ponto, se alguém me contasse que ele tinha levado opríncipepra casa dele e que o tinha feito dormir em seu colo eu não teria acreditado.”Último capítulo