— O que houve? — Oliver questiona.— Princesa, estou pirando aqui e não entendo nada do que estão falando, me dê uma luz antes que caia duro aqui mesmo. — Archie resmunga.O médico olha para eles enrugando a testa antes de se voltar para mim e disser.— Não sabia que estava grávida? — Arregalo os olhos assim que ele diz com todas as letras o que jamais se passou pela minha cabeça, como um flash, todos os meus episódios matinais voltam a mente. Puta merda, como não desconfiei?— Não.— Parabéns mamãe, está grávida de pelo menos três semanas.— Meu Deus. — Digo e começo a chorar em seguida.— Puta que pariu Pandora, o que você tem? Vou precisar pegar meu celular e pedir para o médico escrever na porra do tradutor?? — Archie está tão nervoso, que não consegue ficar parado e começa a andar de um lado para o outro pelo quarto, me deixando levemente tonta. — Fala alguma coisa amor.— Pand, estou à beira de uma síncope. — Oliver diz com a voz trêmula.— Estou bem... — respondo.— Então qual
Volto minha atenção para a médica que começa movimentar o transdutor dentro de mim e enruga a testa em sinal de confusão. Nos próximos minutos ela fica atenta ao que quer que tenha vista na tela e não diz nada. Estou pronta para questionar o que tem de errado, quando ela solta um suspiro e me olha sorrindo.— Bom, olha só o que temos aqui.— O que houve? Está tudo bem com o meu bebê? — Questiono preocupada e os rapazes ficam em alerta com o meu tom.— Está tudo bem?— Não sei ainda. — Respondo, me voltando para médica pergunto novamente em português. – Está tudo bem com o meu filho Dra.?— Sim, seus filhos estão bem. — Responde um sorriso.Arregalo os olhos diante da nova informação.— Filhos? São dois?— Exatamente, localizei dois embriões em desenvolvimento aqui, de placentas diferentes.— São gêmeos. — Informo aos rapazes, que ficam eufóricos.— Se me permite perguntar, qual deles é o pai? — A médica me pergunta sutilmente.— Os dois. — Respondo sorrindo.Ela não demonstra nenhum e
Conforme Oliver explica baixinho à mãe, vejo a doce senhora me lançar um olhar emocionado sob o ombro do filho, controlando sem muito sucesso a onda de lágrimas que ameaçam transbordar por seus olhos.Assim que chegamos perto, todos nos cumprimentam felizes, me informando que se fugir de novo, não será só os dois que vão atrás de mim, mas a família inteira. Sinto um quentinho por dentro.Somos direcionados aos carros que estão dispostos aos fundos para nos levar até em casa e vejo quando começam a dispersar, sobrando apenas Eu, Archie, Oliver, sua mãe e o Dr. Alexander.— Querido, pode ir, preciso passar rapidamente no hospital para verificar uma paciente e em seguida vou para casa. — Amélia diz carinhosamente ao marido.Enrugando a testa, ele retruca.— Qual paciente? Você me disse que todas tiveram alta essa manhã.— Acabaram de me avisar da entrada de uma emergência.— Ora, então vou com você e espero no meu escritório. Pode demorar e aproveito para concluir alguns relatórios.Ela
Pandora BenedictAi meu Deus! Eu preciso ir embora daqui.Esse era meu único pensamento conforme Matheus despejava novamente seu repertório infinito de ofensas, por causa do seu ciúme doentio.Na concepção dele, eu era obrigada a desfazer de todas as minhas amizades, de todos que estiveram comigo no processo turbulento do luto quando perdi meus pais. Era proibida de conversar com qualquer pessoa, seja meus professores da universidade, seja algum colega de classe, da família então? Não restou praticamente ninguém e os poucos primos distantes, fui forçada a cortar contato.Se algum rapaz chegava perto de mim, era motivo de enormes discussões e sempre o motivo eram os mesmos: meu corpo, minhas roupas, minha educação. Segundo ele, responder uma simples solicitação de direcionamento para localizar um endereço, me tornava uma pessoa oferecida.Eu pertencia a ele. Meu sorriso era dele, meu corpo era dele.Demorou muito tempo, muito mesmo, até eu perceber que estava em uma relação tóxica. Mes
Depois de eternas 12 horas dentro de um avião, ouvindo pessoas rindo, crianças se divertindo, enfim desembarquei no Heathrow International Airport.Sem família, sem amigos, mas com uma vontade imensa de viver. Estar aqui é como um renascer e eu vou fazer de tudo para minha vida tomar um rumo brilhante daqui para a frente.O que vou fazer da minha vida agora? Ainda não sei, mas força de vontade eu tenho.Depois de reaver a única bagagem que tinha e conseguir trocar meu dinheiro de real para euro, fiquei circulando pelo imenso aeroporto até localizar onde ficava o ponto de táxi. Mesmo que entenda o idioma, é a primeira viagem internacional que faço, então fico momentaneamente perdida, mas no fim tudo dá certo. Na primeira conexão, fiz uma troca de hotel, me dei o luxo de ficar em um mais nobre por dois dias, mas não podia esbanjar muito e procurar emprego urgente. Estava ansiosa para passear por Londres e perceber o novo mundo que me aguardava. Vou procurar com calma um airbnb, dizem qu
Acordei ouvindo diversas vozes ao mesmo tempo e um bip infernal que me causava um latejar absurdo na cabeça. Doía muito. Com certeza não morri, já que sinto dor. O barulho me deixou ciente que estava em um hospital, mas onde exatamente? Minha mente estava muito confusa e cheguei a pensar que era mais um dos episódios das surras do Matheus que me levava até a emergência.Quanto ele me surrou dessa vez? Sonhei que tinha me libertado, mas era tudo uma fuga da minha mente?Após alguns instantes de pânico, consegui identificar a voz de alguém ao meu redor e nunca imaginei que compreender outro idioma me faria tão bem assim. Não foi ilusão, dessa vez não foi o Matheus que me direcionou até a emergência. Como uma tormenta, meu desastroso primeiro dia em Londres voltou a minha mente. Gemi de desgosto. Como pude atravessar uma avenida sem olhar, nem no Brasil eu fazia tamanha tolice, fui cometer esse erro absurdo logo aqui. Sou a única culpada, ninguém mais.Meu corpo todo doía e estava me sen
Em seguida me deparei com outro par de olhos, esses eram azuis, mas um tom de azul que não impactava quando observado de perto e me julgavam, demonstrando tamanha irritação que fiquei impactada por um momento. Quem são essas pessoas? Essa mulher me encarava como se eu fosse a culpada pela fome no mundo. Provavelmente era esposa do Deus grego e estava se sentindo incomodada por ficar me observando nesse leito.— Senhorita? — O médico, que até então não tinha notado na sala falou calmamente, tirando minha atenção da mulher odiosa ao lado. — Sou o Dr. Alexander, responsável pelo seu caso e vou acompanhá-la até a sua alta, que deve ocorrer em no mínimo duas semanas.— O que? — Praticamente gritei e percebi meu descuido gritando em português, imediatamente procurei me acalmar.— Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas.— Seus ferimentos foram muito graves. Quando deu entrada no hospital, estava com um sangramento interno gravíssimo, traumatismo craniano, fratura de uma costela,
Retomei meu foco e olhei atentamente para ele, absorvendo tudo o que me foi dito antes e o que ele vai me revelar agora que estou desperta novamente. — Só queria compreender o que aconteceu. Preciso... ir embora... Recomeçar minha vida... — Comecei falar já soluçando novamente e disparando novamente aquela porcaria de bip.— Se acalma pequena, ficar nervosa só vai piorar seu quadro e vão precisar sedá-la novamente. Não precisa se preocupar com nada, estou cuidando de tudo. Você está aqui por um descuido meu e vai ter tudo o que precisar para sua melhora. Vou cuidar de você.— Como?— Estava em meio a uma discussão com a Emilly, você a viu mais cedo, enquanto estávamos a caminho da casa dela. Ela não aceitou o término muito bem. Devido isso, me distraí na direção por um momento e ... bom, o resto nem preciso explicar, já que você está nessa cama de hospital.— Você não tem culpa de eu ter entrado na frente do seu carro.— Tenho culpa por estar distraído e não ter desviado de você.— N