— Olie, ainda tem brigadeiro? — Pand pergunta, me tirando das minhas divagações. Olho para ela e está vindo em minha direção, parecendo uma patinha, a coisa mais linda desse mundo. A barriga está tão pesada, que está andando lentamente.— Tem princesa, comprei ontem uma caixa com cem.Seus olhos brilham e antes de chegar perto de mim, se vira e vai lentamente em direção a cozinha, não aguento e começo rir.Minha patinha gostosa.— Estou te ouvindo Olie, deixa só essas meninas nascerem que você vai se ver comigo.— Não fiz nada.Ela bufa e continua seu caminho.Pandora sempre foi mais nervosinha, mas com a gravidez, isso triplicou, fiquei pisando em ovos todos esses meses, porque ela estava com os hormônios a flor da pele, qualquer coisinha a tirava do sério ou causava um surto de lágrimas, que me deixava com o coração apertado.Archie entra na sala e se esparrama no sofá, nessa reta final da gravidez estamos os dois de vigia em casa, porque a qualquer momento podemos precisar correr c
Como ela pode pedir calma logo para mim? Observar pelo retrovisor minha lugar se contorcendo de dor é desesperador porra, não dá pra ter calma. Disparo pelas ruas que por um milagre estão livres e rapidamente estou estacionando de qualquer jeito na porta do hospital. Minha mãe vem em nossa direção com uma maca e vários enfermeiros auxiliares, que ajudam Pand a descer do carro e subir na maca, assim que está tudo no jeito, correm com ela para dentro e somem pelas portas do hospital.Minha mãe espera por nós e vai nos direcionando pelo hospital, até a salinha para desinfetação e troca de roupa, para acompanhar o parto.Quando entro na sala onde colocaram Pandora, o caos tá instaurado.A obstetra está sentada na frente das pernas abertas da Pandora, sorrindo, dizendo palavras de conforto e aguardando o momento.— Pronto mamãe, os papais chegaram. Agora, faça força, vamos trazer essas princesas ao mundo.— Vai ser normal? — Grito.— Sim, as meninas já coroaram e a Pand já está com dez cen
A pediatra dentro da sala vem perto da gente, parabeniza a mãe pelo parto das gêmeas e diz que a agora precisa fazer os procedimentos antes que elas possam ir até o quarto, mas que será coisa rápida e logo estaremos todos juntos de novo. A obstetra avisa que vai terminas os procedimentos em Pand e logo ela irá para o quarto também.Minha mãe acena para que nós e juntos, vamos até a sala de espera onde localizo todo nossos familiares e amigos. Quando nos vê, meu pai, tio George e tia Charlotte vem em nossa direção rapidamente, com olhares ansiosos.— Nasceram! — Mamãe diz animada e a comoção é geral.— Parabéns meu filho! — Meu pai me abraça e me parabeniza.— Como elas são? Quando vamos poder ver? — Liv pergunta— São perfeitas. Ellie nasceu a cara do Archie, tem todos os traços e até a cor dos olhos. Já a Lucy é a minha cópia fiel.— Estão acabando os procedimentos pós-parto e logo vão ser levados até o quarto, podemos esperar lá enquanto isso. Jajá minhas princesas chegam. — Archie
Pandora BenedictAi meu Deus! Eu preciso ir embora daqui.Esse era meu único pensamento conforme Matheus despejava novamente seu repertório infinito de ofensas, por causa do seu ciúme doentio.Na concepção dele, eu era obrigada a desfazer de todas as minhas amizades, de todos que estiveram comigo no processo turbulento do luto quando perdi meus pais. Era proibida de conversar com qualquer pessoa, seja meus professores da universidade, seja algum colega de classe, da família então? Não restou praticamente ninguém e os poucos primos distantes, fui forçada a cortar contato.Se algum rapaz chegava perto de mim, era motivo de enormes discussões e sempre o motivo eram os mesmos: meu corpo, minhas roupas, minha educação. Segundo ele, responder uma simples solicitação de direcionamento para localizar um endereço, me tornava uma pessoa oferecida.Eu pertencia a ele. Meu sorriso era dele, meu corpo era dele.Demorou muito tempo, muito mesmo, até eu perceber que estava em uma relação tóxica. Mes
Depois de eternas 12 horas dentro de um avião, ouvindo pessoas rindo, crianças se divertindo, enfim desembarquei no Heathrow International Airport.Sem família, sem amigos, mas com uma vontade imensa de viver. Estar aqui é como um renascer e eu vou fazer de tudo para minha vida tomar um rumo brilhante daqui para a frente.O que vou fazer da minha vida agora? Ainda não sei, mas força de vontade eu tenho.Depois de reaver a única bagagem que tinha e conseguir trocar meu dinheiro de real para euro, fiquei circulando pelo imenso aeroporto até localizar onde ficava o ponto de táxi. Mesmo que entenda o idioma, é a primeira viagem internacional que faço, então fico momentaneamente perdida, mas no fim tudo dá certo. Na primeira conexão, fiz uma troca de hotel, me dei o luxo de ficar em um mais nobre por dois dias, mas não podia esbanjar muito e procurar emprego urgente. Estava ansiosa para passear por Londres e perceber o novo mundo que me aguardava. Vou procurar com calma um airbnb, dizem qu
Acordei ouvindo diversas vozes ao mesmo tempo e um bip infernal que me causava um latejar absurdo na cabeça. Doía muito. Com certeza não morri, já que sinto dor. O barulho me deixou ciente que estava em um hospital, mas onde exatamente? Minha mente estava muito confusa e cheguei a pensar que era mais um dos episódios das surras do Matheus que me levava até a emergência.Quanto ele me surrou dessa vez? Sonhei que tinha me libertado, mas era tudo uma fuga da minha mente?Após alguns instantes de pânico, consegui identificar a voz de alguém ao meu redor e nunca imaginei que compreender outro idioma me faria tão bem assim. Não foi ilusão, dessa vez não foi o Matheus que me direcionou até a emergência. Como uma tormenta, meu desastroso primeiro dia em Londres voltou a minha mente. Gemi de desgosto. Como pude atravessar uma avenida sem olhar, nem no Brasil eu fazia tamanha tolice, fui cometer esse erro absurdo logo aqui. Sou a única culpada, ninguém mais.Meu corpo todo doía e estava me sen
Em seguida me deparei com outro par de olhos, esses eram azuis, mas um tom de azul que não impactava quando observado de perto e me julgavam, demonstrando tamanha irritação que fiquei impactada por um momento. Quem são essas pessoas? Essa mulher me encarava como se eu fosse a culpada pela fome no mundo. Provavelmente era esposa do Deus grego e estava se sentindo incomodada por ficar me observando nesse leito.— Senhorita? — O médico, que até então não tinha notado na sala falou calmamente, tirando minha atenção da mulher odiosa ao lado. — Sou o Dr. Alexander, responsável pelo seu caso e vou acompanhá-la até a sua alta, que deve ocorrer em no mínimo duas semanas.— O que? — Praticamente gritei e percebi meu descuido gritando em português, imediatamente procurei me acalmar.— Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas.— Seus ferimentos foram muito graves. Quando deu entrada no hospital, estava com um sangramento interno gravíssimo, traumatismo craniano, fratura de uma costela,
Retomei meu foco e olhei atentamente para ele, absorvendo tudo o que me foi dito antes e o que ele vai me revelar agora que estou desperta novamente. — Só queria compreender o que aconteceu. Preciso... ir embora... Recomeçar minha vida... — Comecei falar já soluçando novamente e disparando novamente aquela porcaria de bip.— Se acalma pequena, ficar nervosa só vai piorar seu quadro e vão precisar sedá-la novamente. Não precisa se preocupar com nada, estou cuidando de tudo. Você está aqui por um descuido meu e vai ter tudo o que precisar para sua melhora. Vou cuidar de você.— Como?— Estava em meio a uma discussão com a Emilly, você a viu mais cedo, enquanto estávamos a caminho da casa dela. Ela não aceitou o término muito bem. Devido isso, me distraí na direção por um momento e ... bom, o resto nem preciso explicar, já que você está nessa cama de hospital.— Você não tem culpa de eu ter entrado na frente do seu carro.— Tenho culpa por estar distraído e não ter desviado de você.— N