A garçonete foi muito solícita e era bem-educada até, não estava vendo problema nenhum, até que chegou o momento de oferecer a sobremesa, ela se recusava a olhar para mim e só encarava Archie.— Deseja alguma sobremesa senhor? — A garçonete questionou Archie de forma insinuante, quase esfregando o decote vulgar no rosto dele. Constrangido, Archie se virou para mim, que fervia de raiva, deu uma piscadinha e me perguntou o que eu queria.— Quero um tiramissu.— Então serão 03 tiramissu por favor. — Ele fez o pedido, mas a vaca da garçonete estava tão fixada nele que não ouviu e ficou com cara de boba encarando-o.— Perdão, não ouvi o que disse senhor. Poderia repetir por favor?— Três tiramissu, pode agilizar por favor, estou morrendo de vontade. — Digo revoltada.— Claro. — Me lançando um breve olhar de poucos amigos, a garçonete sai para fazer nosso pedido e ouço Oliver rindo baixinho do meu lado.— Tá rindo do que??— Nada.Archie explode em uma gargalhada e fico enfurecida com os do
— Você ia gostar de estar em um lugar comigo e um homem chegar em mim, me perguntando se eu quisesse uma sobremesa melhor, era só ligar para ele? — Os dois rosnam em resposta e nem preciso forçar mais para saber que seria bem pior se a situação fosse reversa.— Do que você está sorrindo? — Archie me pergunta, me tirando do meu devaneio e olho para ele, que me observa com seus olhos brilhantes.— Estava lembrando daquela noite no restaurante italiano... De como você não deixou que eu acertasse de novo a cara daquela garçonete abusada.Ele começa a rir e se aproxima mais de mim, me dando um beijo na cabeça.— Pand, nunca te vi tão descontrolada como naquela noite. — Ri alto. — Admito que me excitou, ver você toda fodona.— Besta, agora não tenho mais as bebês na barriga para ser um empecilho, vamos jantar lá de novo. Dessa vez ela aprende!— Pandora — Oliver chama minha atenção e olho para ele, que está no sofá, mexendo no notebook. — Chega disso querida, é passado.Bufo frustrada, mas
Agora, observando-a dormir com as gêmeas lado a lado na cama, visualizo um mundo novo e acolhedor no meu futuro, tenho tudo o que mais almejo no mundo bem a minha frente. Mato e morro por essas três e por Archie. Ultimamente estou ainda mais ansioso para entregar a Pand o anel que providenciamos para ela, mas como sou perfeccionista, não aceito menos do que um momento romântico e inesquecível, assim como ela merece.Estamos programando tudo a um tempo, e para isso se concretizar minha mãe vai cuidar das gêmeas por um final de semana. O vale night que alguns casais ganham depois dos filhos, se estendeu para um vale final de semana. 48 horas de puro amor, prazer e sem preocupações.O problema era convencer Pandora deixar as filhas esse tempo, já tentamos levá-la a restaurantes nesse tempo e nunca obtivemos sucesso, cancelando o passeio. Entendo que sair com duas bebês é muito trabalhoso, mas ela não pode ficar isolada em casa dessa forma, devido isso, vem nossa pequena viagem do final d
O bom de tudo isso é que cada uma tem seu cheirinho exclusivo para nós, assim como elas são únicas também.Coloco seu corpo na água quentinha e a aprendiz de seria começa a debater suas perninhas, fazendo a água espirrar para todos os lados e toda vez que isso acontece, dá seus gritinhos eufóricos.— Gosta de fazer farra na banheira com o papai né mocinha.Esfrego seu corpinho com o sabonete, passo seu shampoo e logo seu banho está concluído. Coloco-a deitada no trocador, passo talco nas suas dobrinhas fofas, a visto com a fralda e uma roupinha que particularmente acho que Pandora exagerou com todos esses pelinhos e orelhas, mas, sempre que estão vestidas com essas roupas de bichinho ficam a coisinha mais fofa e acabo me rendendo. Dessa vez o escolhido foi um porquinho, bem rosinha, com orelhinhas e o nariz proeminentes. Ficou uma graça. Estou terminando de vesti-la quando Archie entra no banheiro com uma Lucy sonolenta. Para perto de onde estou com Ellie, dá um beijinho na nossa pequ
Pandora BenedictAi meu Deus! Eu preciso ir embora daqui.Esse era meu único pensamento conforme Matheus despejava novamente seu repertório infinito de ofensas, por causa do seu ciúme doentio.Na concepção dele, eu era obrigada a desfazer de todas as minhas amizades, de todos que estiveram comigo no processo turbulento do luto quando perdi meus pais. Era proibida de conversar com qualquer pessoa, seja meus professores da universidade, seja algum colega de classe, da família então? Não restou praticamente ninguém e os poucos primos distantes, fui forçada a cortar contato.Se algum rapaz chegava perto de mim, era motivo de enormes discussões e sempre o motivo eram os mesmos: meu corpo, minhas roupas, minha educação. Segundo ele, responder uma simples solicitação de direcionamento para localizar um endereço, me tornava uma pessoa oferecida.Eu pertencia a ele. Meu sorriso era dele, meu corpo era dele.Demorou muito tempo, muito mesmo, até eu perceber que estava em uma relação tóxica. Mes
Depois de eternas 12 horas dentro de um avião, ouvindo pessoas rindo, crianças se divertindo, enfim desembarquei no Heathrow International Airport.Sem família, sem amigos, mas com uma vontade imensa de viver. Estar aqui é como um renascer e eu vou fazer de tudo para minha vida tomar um rumo brilhante daqui para a frente.O que vou fazer da minha vida agora? Ainda não sei, mas força de vontade eu tenho.Depois de reaver a única bagagem que tinha e conseguir trocar meu dinheiro de real para euro, fiquei circulando pelo imenso aeroporto até localizar onde ficava o ponto de táxi. Mesmo que entenda o idioma, é a primeira viagem internacional que faço, então fico momentaneamente perdida, mas no fim tudo dá certo. Na primeira conexão, fiz uma troca de hotel, me dei o luxo de ficar em um mais nobre por dois dias, mas não podia esbanjar muito e procurar emprego urgente. Estava ansiosa para passear por Londres e perceber o novo mundo que me aguardava. Vou procurar com calma um airbnb, dizem qu
Acordei ouvindo diversas vozes ao mesmo tempo e um bip infernal que me causava um latejar absurdo na cabeça. Doía muito. Com certeza não morri, já que sinto dor. O barulho me deixou ciente que estava em um hospital, mas onde exatamente? Minha mente estava muito confusa e cheguei a pensar que era mais um dos episódios das surras do Matheus que me levava até a emergência.Quanto ele me surrou dessa vez? Sonhei que tinha me libertado, mas era tudo uma fuga da minha mente?Após alguns instantes de pânico, consegui identificar a voz de alguém ao meu redor e nunca imaginei que compreender outro idioma me faria tão bem assim. Não foi ilusão, dessa vez não foi o Matheus que me direcionou até a emergência. Como uma tormenta, meu desastroso primeiro dia em Londres voltou a minha mente. Gemi de desgosto. Como pude atravessar uma avenida sem olhar, nem no Brasil eu fazia tamanha tolice, fui cometer esse erro absurdo logo aqui. Sou a única culpada, ninguém mais.Meu corpo todo doía e estava me sen
Em seguida me deparei com outro par de olhos, esses eram azuis, mas um tom de azul que não impactava quando observado de perto e me julgavam, demonstrando tamanha irritação que fiquei impactada por um momento. Quem são essas pessoas? Essa mulher me encarava como se eu fosse a culpada pela fome no mundo. Provavelmente era esposa do Deus grego e estava se sentindo incomodada por ficar me observando nesse leito.— Senhorita? — O médico, que até então não tinha notado na sala falou calmamente, tirando minha atenção da mulher odiosa ao lado. — Sou o Dr. Alexander, responsável pelo seu caso e vou acompanhá-la até a sua alta, que deve ocorrer em no mínimo duas semanas.— O que? — Praticamente gritei e percebi meu descuido gritando em português, imediatamente procurei me acalmar.— Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas.— Seus ferimentos foram muito graves. Quando deu entrada no hospital, estava com um sangramento interno gravíssimo, traumatismo craniano, fratura de uma costela,