Lucas Andrade Saio do hospital determinado a voltar para França, não irei ficar entre a Camilly e o Matheus, tudo que quero é a felicidade deles. Quando entro na casa dos meus pais escuto as palavras da Sabrina: — Graças a Deus aquela mulher foi embora, o ar aqui estava irrespirável. Veja, sinta como está em melhor, mas leve. — Sabrina, não fale assim ela é a esposa do seu irmão, sua cunhada. — Ela só se tornou esposa do Lucas, papai, porque aquele idiota deixou a Camilly escapar. — Mas por qual motivo a Marcelle foi embora? — pergunta minha mãe. — Não faço ideia, mas vê-la sair por aquela porta arrastando a mala foi satisfatório. — diz a Sabrina. — Ela apenas deixou esse envelope para o Lucas e não me disse mais nada. — falou meu pai. Fiquei intrigado com toda essa história, a Marcelle insiste em vir comigo e do nada vai embora sem falar nada. Coçou a garganta me fazendo ser notado. — Filho, você estava a muito tempo aí? — pergunta minha mãe. — Apenas o suf
Camilly Paiva Ao ouvir do Lucas que ele iria embora fez meu coração se aperta e simplesmente não consegui me segurar e falei tudo que estava me sufocado nestes dois anos. —Vai fugir novamente, Lucas? — falo finalmente, com minha voz cheia de mágoa e ressentimento. — É isso que você vai fazer? Ele me olha e posso ver sua luta interna. — Antes você não sabia do Benício, e Deus sabe quantas vezes me culpei por estar escondendo ele de você, mas agora é diferente se você nos deixar não haverá outra chance, pois irei te odiar para o resto de minha vida. Seu olhar vacila e ele me olha nos olhos e finalmente fala: — Camilly, juro que quero ficar, entretanto, não quero ficar entre você e o Matheus, tudo que mais quero é ter você novamente em meus braços. Ele se aproxima e deposita um beijo em minha face que faz meu corpo inteiro acender. Sinto meu corpo vibrar com o toque dos lábios dele em minha face, uma mistura de raiva e desejo inundando minhas veias. Suas palavras, mesmo
Sabrina Andrade. Faz horas que a Camilly saiu e me deixou responsável pelo Benício, já estou aflita, pois não consigo falar com ela. Aquela maluquinha não me falou onde ia, apenas me disse que iria resolver seu futuro e saiu. Vejo meu sobrinho dormindo e a cada dia que passa ele se parece mais com o idiota do meu irmão. Espero que agora ele caia na real e lute pela Camilly. A chuva lá fora cada vez fica mais intensa e eu cada vez mais preocupada com minha amiga. Na tentativa consegui falar com ela, saio andando pela casa quando escuto uma conversa acalorada do meu pai com minha mãe e uma outra mulher que conheço bem, pois se trata da D. Norma, mãe do Matheus. — Norma, você não tinha o direito de ter me escondido que estava grávida. — Curioso, você não fez o mesmo, escondendo a paternidade do filho da Camilly? — É diferente Norma, — fala meu pai um pouco alterado — o Matheus é meu filho, e você escondeu isso por esconder. — Diferente não, Augusto, estava me sentindo
Lucas Andrade A tempestade estava cessado, mas seria egoísmo de minha parte querer ficar um tempo maior aqui em nosso mundo particular. Sei que não mereço estar com a Camilly, nem pedir que ela abandone o marido e fique ao meu lado e não podemos ter nada de compromisso pois seria errado com o Matheus, mas só em tê-la aqui onde tudo começou, onde provavelmente o Benício foi encomendado. Beijo seus cabelos e fico admirando seu rosto enquanto ela dorme. Há uma paz serena no seu semblante que me faz querer congelar o tempo, permanecer neste instante para sempre. Camilly é a personificação de tudo que eu sempre quis e, paradoxalmente, tudo que eu não deveria ter.O som da chuva diminuindo lá fora me traz de volta à realidade. Cada gota parece um lembrete de que este momento é finito, que logo precisaremos voltar para nossas vidas separadas. Sinto um aperto no peito, uma mistura de gratidão e dor por esses breves instantes de felicidade proibida. Acaricio seu rosto com a pont
Camilly Paiva Enquanto dirigíamos de volta para a cidade, minha mente estava um caos. Era como se uma tempestade estivesse se formando dentro de mim, uma mistura de culpa, desejo e arrependimento. Eu sabia que não fizemos nada de concreto naquela colina, mas o simples fato de estar lá com Lucas, naquele lugar que carregava tantas lembranças, já era uma traição ao que Matheus e eu construímos. As memórias daquele dia há dois anos voltaram à tona, tão vívidas como se tivessem acontecido ontem. Lembro-me do jeito que Lucas me olhava, do toque de suas mãos, e de como me senti segura, desejada. Foi ali que Benício foi concebido, naquele exato lugar onde eu agora estava novamente, com o mesmo homem que ainda faz meu coração bater mais rápido. E, no entanto, tudo estava diferente. As circunstâncias eram diferentes. Eu era diferente. Matheus, o homem que me acolheu, me amou incondicionalmente e agora, estava deitado em uma cama de hospital, lutando contra uma doença que ameaçava levar
Camilly Paiva As lágrimas que a Sra. Norma derrama parecem um reflexo da tempestade que se forma dentro de mim. Eu me sinto tão impotente, presa nesse corredor de hospital, onde cada respiração é um esforço para não desmoronar. O tio Augusto tenta ser a rocha que todos precisam, mas eu vejo em seus olhos a mesma ansiedade que nos consome. Ele também está quebrado por dentro, apesar de tentar manter a fachada de força. O tempo parece ter parado, mas ao mesmo tempo, sinto que estou correndo contra ele. Cada segundo que passa sem notícias me tortura mais. Será que ele vai sair dessa? Será que vamos poder voltar a ser uma família, ou tudo vai desmoronar diante dos meus olhos? Eu olho para a Sra. Norma e sinto uma pontada de culpa. Ela não merece essa dor, essa incerteza. E o que eu estou fazendo aqui? Dividida entre o homem que eu amo e o homem que talvez eu ainda ame, o pai do meu filho. Como posso ser tão egoísta em um momento como esse? Mas não consigo evitar... Lucas não sai da m
Lucas Andrade Descobrir que Matheus era meu meio-irmão não foi exatamente um choque. Foi como encaixar a última peça de um quebra-cabeça que eu não sabia que estava montando. Desde que nos conhecemos la no Brasil, algo nos unia, uma conexão inexplicável. Agora, tudo fazia sentido. A dor verdadeira veio ao perceber o que essa revelação significava. Não poder compartilhar momentos ao seu lado, não poder dividir com ele esse fardo, ou até mesmo rir disso em uma tarde qualquer, era o que realmente me devastava. Matheus sempre foi o irmão que eu nunca soube que tinha, e essa ligação, que poderia ter nos aproximado ainda mais, agora parecia ser uma barreira entre nós. A verdade nos foi revelada tarde demais. Ele estava no hospital, frágil e vulnerável, e eu me senti impotente, como se o destino tivesse decidido que nosso tempo juntos havia acabado antes mesmo de começar. Ao receber a notícia da sua partida, fiquei sem chão queria correr até ele, abraçá-lo, porém tudo que poderia fala
Camilly Paiva Eu estava sentada na varanda da casa na Colina, observando o pôr do sol tingir o céu de tons dourados e laranja. O vento suave acariciava meu rosto, trazendo uma sensação de paz e tranquilidade. Seis meses se passaram desde que tudo mudou, desde que minha vida virou de cabeça para baixo. A promessa que fiz ao Lucas de tentar seguir em frente pesava em meu coração. A culpa por não ter amado o Matheus como ele merecia era um fardo que eu carregava todos os dias. O Lucas estava presente, sempre ao meu lado e do Benício, oferecendo apoio e carinho incondicional. No entanto, eu ainda não conseguia dar uma chance para nós, para o que poderíamos ser juntos. A casa na Colina, presente do meu tio Augusto durante a gestação do Benício, era meu refúgio, meu santuário de paz em meio ao caos emocional que eu enfrentava. Era ali que eu tentava encontrar respostas, consolo e forças para seguir em frente. Enquanto meus pensamentos vagavam, uma sombra se aproximou, quebrando o s