Lucas Andrade

Estou sentado à beira da lagoa, olhando para a superfície calma da água. A briga com Camilly ainda está fresca em minha mente, cada palavra dita, cada olhar magoado que ela me lançou. Eu nunca quis machucá-la, mas minhas emoções tomaram conta de mim e eu acabei dizendo coisas que não deveria.

Pego meu celular e disco o número de Sabrina, só ela para me ajudar com a Camilly. Ela atende após o segundo toque.

- Lucas? Aconteceu alguma coisa? - Sua voz está preocupada, mas tento tranquilizá-la.

- Não, nada grave, Sabrina. Eu só... eu preciso de um conselho.

- Claro, o que está acontecendo?

Respiro fundo, tentando organizar meus pensamentos.

- Eu tive uma discussão com Camilly. Eu disse coisas que não deveria e ela saiu chorando. Eu não sei o que fazer, Sabrina. Eu não queria machucá-la.

Há um longo silêncio do outro lado da linha antes que Sabrina responda.

- Lucas, você precisa pedir desculpas a ela. Não importa o que você disse ou fez, o importante agora é tentar consertar as coisas. A Milly está muito frágil e tudo que ela não precisa é você discutindo com ela. Procure-a e peça desculpas.

- Eu sei, mas... como eu faço isso? Como eu me desculpo por algo tão granve? Pois, insinuei que ela fugiu do próprio casamento.

Sabrina suspira, e posso quase vê-la balançando a cabeça do outro lado da linha.

- Lucas, você só precisa ser sincero. Diga a ela como você se sente, peça desculpas e mostre que você está sendo sincero. Camilly é uma pessoa compreensiva, tenho certeza de que ela vai entender. Mas minha vontade mesmo é arrancar certas partes do Fred, você acredita que ele falou que a Camilly fugiu por conta que ela estava traindo ele.

— Amanhã estou indo para a cidade, eu mesmo vou quebrar a cara dele. O Fred nunca teve caráter, pensei que tinha mudado depois da Camilly, entretanto era apenas ilusão, pois ele queria apenas magoar ela.

Desligo o telefone, sentindo uma mistura de alívio e apreensão. Sabrina está certa, eu preciso pedir desculpas a Camilly. Mas a ideia de enfrentá-la, de ver a dor em seus olhos novamente, me assusta. Ainda mais agora, sabendo que o Fred está falando todos esses absurdos dela.

Respiro fundo, reunindo minha coragem. Eu machuquei Camilly, e é minha responsabilidade consertar isso. Com um último olhar para a lagoa, levanto-me e começo a caminhar de volta para a casa, determinado a fazer as coisas certas desta vez.

Enquanto caminho de volta para casa, posso sentir a tensão se acumulando em meus ombros. O pensamento de ver Camilly novamente, de encarar a dor que causei, é quase demais para suportar. Mas eu sei que é algo que preciso fazer. Eu machuquei Camilly, e a única maneira de consertar isso é pedir desculpas.

Quando chego em casa, encontro Camilly sentada na sala, olhando para o nada. Ela parece tão frágil, tão vulnerável, e meu coração se aperta ao ver as marcas de lágrimas em seu rosto.

- Camilly... - começo, minha voz saindo mais suave do que pretendia. Ela me olha, seus olhos ainda vermelhos e inchados de tanto chorar. - Eu... Eu sinto muito.

Há um longo silêncio, durante o qual Camilly simplesmente me observa. Posso ver a incerteza em seus olhos, a dor que minhas palavras causaram. E, embora doa ver isso, sei que é algo que mereço.

- Eu nunca deveria ter dito aquelas coisas, Camilly. Eu estava chateado, mas isso não é desculpa para o que eu fiz. Eu sinto muito.

Camilly continua me olhando, mas posso ver uma mudança em sua expressão. A dor dá lugar à surpresa, e então, lentamente, à compreensão.

- Lucas... - ela começa, sua voz quase um sussurro. - Eu... Eu acho que entendo. Você também está passando por um momento difícil, não é?

Eu assinto, sentindo uma pontada de alívio. Camilly sempre foi compreensiva, sempre teve a habilidade de ver além das aparências. E, mesmo agora, depois de tudo o que aconteceu, ela ainda está disposta a me ouvir, a me entender.

- Eu sinto muito, Camilly. Eu prometo que vou fazer de tudo para me desculpar, para consertar isso. E eu vou começar por protegê-la de Fred e das mentiras que ele está espalhando. Você não merece isso.

Camilly parece surpresa, mas depois assente, um pequeno sorriso aparecendo em seu rosto.

- Lucas, eu aprecio suas palavras e sua vontade de consertar as coisas. Eu também sinto muito pela discussão e pelas coisas que foram ditas. Vamos conversar, vamos nos ouvir e tentar superar isso juntos.

Um peso é tirado dos meus ombros ao ouvir a resposta de Camilly. Ainda há muito a ser resolvido entre nós, mas pelo menos estamos dispostos a dar uma chance para a reconciliação.

- Obrigado, Camilly. Eu quero que saiba que estou aqui por você, e que vou fazer o possível para ser melhor, para ser alguém em quem você possa confiar e se apoiar.

Ela sorri gentilmente, e pela primeira vez em muito tempo, sinto uma centelha de esperança em meu coração.

- Vamos levar um dia de cada vez, Lucas. Vamos aprender com nossos erros e construir um caminho melhor juntos.

Enquanto nos sentamos para conversar e começar a curar as feridas, percebo que há muito trabalho a ser feito. Mas estou disposto a enfrentar o desafio, pelo carinho que tenho pela Camilly.

Nós crescemos juntos, embora não tinha muita aproximação com ela. Minha irmã com ela eram muito unidas então sempre que podia ela estava em minha casa e tenho um carinho de irmão por ela.

Quero protegê-la, cuidando e fazendo suas feridas cicatrizarem estarei aqui para ela nem que precise esquecer minhas próprias feridas para ajudá-la.

Enquanto nos sentamos juntos, começo a perceber que há muito mais do que apenas uma amizade entre nós. Existe uma conexão especial, uma ligação que vai além das palavras. E, à medida que caminhamos juntos nessa jornada de cura e reconciliação, sinto meu coração se abrir para a possibilidade de algo mais profundo entre nós.

Prometo a mim mesmo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar Camilly a se curar, a encontrar a felicidade e a superar as dores do passado. E, se ela permitir, estarei ao seu lado, apoiando-a em cada passo do caminho.