Felicia
Valdir me trouxe em um restaurante luxuoso e muito bem frequentado, toda a alta sociedade da cidade vem aqui, eu já vim algumas vezes com o Lukas quando ele queria posar de homem de família pra todo mundo ver.
Valdir está vestindo uma camisa social de mangas dobradas até o cotovelo, azul escuro, uma calça jeans bege e um coturno estilo militar preto, ele fica mais gato vestido assim, ainda mais sentado de frente para mim distraído em seus pensamentos enquanto brinca com os talheres sob o prato ainda vazio.
Ele está distante, não sei e não entendo o que ele está fazendo aqui se não parece estar aproveitando.
— Sinto-me desconfortável com o seu desinteresse sobre o meu nome — comento e em seguida tomo um generoso copo de água na intensão de me esconder atrás do objeto de vidro.
— Perdão, verdade, — Valdir abre um sorriso tão falso quanto uma nota de treze reais,
Felicia - Nossa, eu não tenho sorte com homens, ou ele são uns brutos sem noção, galinhas, machistas, ou não estão disponíveis... - lamento para não perder a atuação.Por dentro de mim reina a dúvida, por que ele não está disponível? Será que esse sem vergonha tem uma namorada? Uma noiva? Uma esposa?- Calma, Franciane, perdão, tenho certeza que o homem certo vai aparecer pra você!- Você disse que eu pareço um anjo!- E parece mesmo! Por isso você é perfeita para o trabalho.- Fale mais sobre esse trabalho.- Então... - Valdir se desconcerta e agora é a vez dele de ficar sem jeito.Não me passa na cabeça o que ele iria querer nesse quesito.- Diga, é alguma coisa ilegal?- Não! Não é! Está doida? Por que seria algo ilegal?- Calma, é que você está fazendo
Felicia — Me deixe, eu nem te conheço, não estou tão decepcionada, — falei ao me levantar mais rápido ainda do que cai.— Se machucou?— Não, pode ir, tchau.— Mulher, você é complicada, viu? Por que está tão brava?— Não estou brava, só aborrecida porque eu estou aqui perdendo tempo quando eu deveria estar com alguém que realmente se importasse comigo.— Eu me importo com você, boba, não entendo o porquê de você estar tão brava, eu fui sincero com você o tempo todo.— Não foi não, você me iludiu com as suas conversinha de cafajeste e eu nem sei o porquê, se você quisesse só um trabalho você poderia ter ido direto ao ponto, não acha?— Esquece o trabalho, pode ser? Vamos começar de novo? Eu estou profundamente arrependido de ter sido tão indelicado com você, é que hoje me aconteceu uma coisa que me abalou muito,
FeliciaNotei uma grande mudança de comportamento no Valdir desde que eu me levantei da mesa e estou no carro dele novamente, mas isso deve ser normal vindo dele, já que desde que nos conhecemos ele oscila entre me seduzir, se afastar e manter o proficionalismo, pelo visto ele é capaz de qualquer coisa para conseguir o que deseja no caso, que eu trabalhe para ele fingindo ser a sua namorada, acontece que eu estou descobrindo que eu também faço qualquer coisa pelo que eu acredito ser certo, e eu acho mais que justo eu saber tudo sobre como eu fui me meter em uma situação onde fui um trabalho dele.- É muito longe?- É um pouco, mas já estamos perto.- Me fale mais sobre o trabalho que você quer de mim, vai rolar beijos?Valdir me olha de soslaio com um leve sorriso no canto da boca.- Ainda não pensei nisso, eu estava pensando em algo m
ValdirEstar aqui dentro de um elevador com essa mulher é muito mais difícil do que poderia ser, mas vale a pena, o meio justifica o fim, segundo os meus cálculos esse meu sacrifício será recompensado no final.- Está calor aqui, né? - ela comenta se abandando com as mãos.- Nossa, pra mim o clima está agradável, mas não se preocupe, olha, que vamos sair - pisco para ela quando a porta do elevador se abre.Levo a minha mão até a costa dela e a envolvo para que se sinta segura, pigarreio para espantar os pensamentos impróprios e a vontade de descer um pouco mais o meu braço e tocar as nádegas dela.Poucas pessoas estão na agência nesse horário, ainda assim estão aqui, entretanto agora eu sou o chefe desse lugar, os líderes me encarregaram de gerenciar tudo então eu acho que ninguém vai se impor ao que eu faço, desde que não prejudique a ASI.Lev
FeliciaQuando Valdir virou a esquina e se foi eu aproveitei para dar meia volta e pegar um táxi para ir pra casa, a Ju está no trabalho dela e por isso nem mesmo entrei para dentro da porta da casa dela, apenas fingi que o faria. Que noite!Eu já me sentia mal antes de tudo o que eu vi hoje, me sentia usada de todas as formas... agora eu me sinto traída.Como o Valdir tem coragem de abrir o mundo sigiloso dele para uma completa desconhecida quando mentiu sobre tudo para mim? Isso só me faz ter mais certeza ainda de que tudo nele foi falso, eu realmente não passei de um trabalho, uma missão que ele completou muito bem.Quando cheguei no portão de casa os seguranças não me reconheceram, precisei tirar a peruca e dar uns xingos neles para que me reconhecessem.— Filha, você foi à outra desta que precisava se fantasiar? — minha mãe perguntou quando me viu chegando pra dentro
FeliciaOuço vozes desconhecidas ao longe, mas não entendo nada do que dizem, desperto abrindo os olhos lentamente tentando entender onde estou e o que está acontecendo. Estou em um hospital, deitada em uma cama tomando soro.— Oi? — chamo, mas a minha voz saiu muito fraca.— Ah, olá querida, você acordou!?— O que aconteceu? Onde ele está? O que ele fez fez com os meus pais? Preciso chamar a polícia! — me sento na cama, estou desesperada tentando tirar a agulha da minha mão pra poder sair daqui o mais rápido possível.— Calma... deite-se e se acalme, do que você está falando? Vou chamar a doutora — respirei fundo e me deitei novamente.Preciso manter a calma e não surtar, afinal, ninguém dá ouvidos para uma mulher louca.— Chame o doutor, desculpa, eu só estava confusa, onde está o meu pai ou a minha mãe? O que eu estou fazendo aqui?
ValdirFui na casa da Felicia com a autorização do senhor Ricardo para novamente tentar falar com ela, e desta vez eu tinha fortes argumentos e ela não teria como negar ou me afastar sem me ouvir com calma, pena que assim que me viu ela perdeu os sentidos e precisou ser hospitalizada.Infelizmente optei por deixar a Felicia aos cuidados dos pais dela e fui pra casa, sei que no momento ela iria preferir assim. Liguei para ter notícias e fiquei muito aliviado ao saber que ela está bem, foi apenas uma queda de pressão, só fará alguns exames que o médico pediu por pura precaução e amanhã provavelmente já estará em casa e então poderei falar com ela.(...)O dia mal amanheceu e eu já estou em pé, a noite foi muito mal dormida, os episódios da noite anterior do início ao fim não deixavam a minha mente desligar.Novamente liguei para o senhor Ricardo e ele me assegurou de que
ValdirApertei a campainha diversas vezes em menos de um segundo, a ansiedade pra desmascarar esse teatrinho corre a mil por hora dentro de mim.A porta gigante se abre à minha frente e uma moça vestindo um avental azul me atende.— Olá, eu vim visitar o meu tio, será que pode abrir mais a porta para que eu possa entrar?— M-mas e-eu não estava te esperando...— Com licença, não tenho tempo para isso — digo empurrando a porta para conseguir entrar, a moça se afastou preocupada.Eu não consigo acreditar como eu fui tão tolo ao ponto de ter sigo guiado igual um bonequinho de fantoche.— Senhor, o meu patrão não está, sente-se que eu vou chamar a minha patroa, por favor sente-se e não toque em nada.— Isso, vá chamar a minha tia, tenho assuntos para tratar com ela, e por gentileza, se não for abusar de você, traga um