Valdir
A lembrança do acontecido na casa do Quinei me perturba...
"... — Felicia? Sua vadia imprestável! Espero que não esteja mais aqui! ou eu juro que acabo com a sua raça! Sua idiota! — o Quinei começa a rir, quase caindo entre os móveis da sala enquanto eu permaneço escondido — Felicia, eu não acredito que você foi trouxa o suficiente para cair feito um patinho na minha armadilha, — ri novamente, — eu sei que a culpa é toda minha, além de eu não te comer eu mesmo contratei alguém para fazer isso, — ele se joga no sofá, rindo feito um idiota — finalmente terei a fortuna que eu tanto desejei.
Saio do meu esconderijo e caminho apressado até o Quinei, ele está com os olhos fechados e muito bêbado, não percebe a minha presenç
ValdirNa noite anterior...Pego o carro decidido a cometer uma loucura, não importa quais consequências terei de enfrentar, não deixarei que uma família inocente seja destruída por culpa da minha estupidez.Decidido a fazer o Quinei confessar todas as suas armações, dirijo rumo à agência para roubar um soro da verdade, eu sei onde o Richard mantém uma dose escondida para o caso de surgir uma urgência, e este meu caso é uma urgência.Depois de aproximadamente meia hora dirigindi em alta velocidade, cheguei na agência.— Boa noite, Valdir, uma missão noturna hoje? — o segurança me cumprimenta quando eu passo por ele.— Eu queria estar dormindo, Jora, mas quem ganha dinheiro na cama é p#ta — tento descontrair para disfarçar.Vez ou outra eu preciso comparecer na agência em horário fora de expediente, mas quando isso acontece o segurança já fica avisado e o
FeliciaDepois que o segurança arrastou o maldito do Lukas para fora, a minha atenção foi toda para o meu pai jogado no sofá se contorcendo de nervos.— Pai, me perdoe por isso tudo, vou chamar um médico para vim ver o senhor — digo entre lágrimas, procurando pelo meu celular.— O que foi isso, Felicia? por que o seu marido disse aquelas coisas de você? por que você não está dormindo em sua casa? — meu pai perguntou se ajeitando no sofá.— Pai, é muito complicado, eu não quero perturbar o senhor com os meus assuntos — tento convencê-lo a não querer saber.— Felicia, o homem que eu vi aqui hoje definitivamente não é o Lukas que eu conheço, diga-me tudo o que aconteceu entre vocês, filha... confie em nós, somos os seus pais e nunca iremos abandonar você, mesmo que você tenha cometido o pior dos pecados... — minha mãe sorri, tentando me deixar confortável o suficiente.Mas a verdade é
Valdir— Você acha que eles sabem que foi eu?— Sim, a senhora não pode mais voltar para o seu trabalho, — acabei de roubar um carro que estava próximo a agência e enfiei a senhora para dentro, no banco do passageiro.— Ai meu Deus! E agora? Como vou fazer? Tenho boletos para pagar!— Eu estou precisando de uma cozinheira — digo forçando a vista para dirigir.Não só a vista como o corpo todo, tudo dificulta dirigir um simples carro.— Eu estou disponível.— Pode começar amanhã?— Sim senhor.— Me empresta o seu celular — estico a mão.— Aqui, sorte que eu o carrego no bolso.— A sorte é que eu decorei o número dela — penso em voz alta.Me lembro da noite anterior, quando Richard confiscou o meu celular, só de lembrar me dá uma raiva que eu seria capaz de me livrar dele com um único
ValdirEu não entendo como foi que eu consegui dirigir até a Felicia, eu estava completamente fora de mim. Passei a noite em claro, machucado e pendurado pelo braços, acredito que foi por causa da adrenalina. Fui atendido pelo doutor Ivo, o médico da família da Felicia e por sorte o meu diagnóstico não é nada pior do que desidratação profunda por ter me esforçado a noite toda e pequenos hematomas, também tem o meu nariz quebrado que eu não havia percebido, de qualquer forma eu preciso dormir mais um pouco, ainda não estou pensando com clareza... Vou dormir até depois de amanhã...(...)— Você precisa se alimentar, são ordens médicas — acordo com Felicia me sacodindo pelos ombros — ontem você chegou aqui todo machucado e sem ter se alimentado, dormiu e agora precisa comer.— Aí... — reclamo, sinto dores onde eu não sabia que seria possível sentir.— Desculpa, deite aqui
Felicia— Felicia, eu realmente sinto muito por tudo o que está acontecendo com você, e mais ainda por tudo o que você passou com aquele crápula do Quinei — Rodney começa a dizer encarando o meu rosto desesperado.A verdade é que eu não quero perdê-lo. Não estou preparada para isso.— Entendi, desculpa a emocionada aqui, é que eu estava muito carente e descontei tudo em você, mas é claro que você pode voltar pra sua vida, Rodney, imagina, é toda essa situação também que não me ajuda a pensar direito...— Outra vez você não me deixa falar, quanto mais você fala mais eu fico como o errado da história, por isso eu peço desesperadamente para que você não diga mais nada.Levo as minhas mãos ao rosto e esfrego os meus olhos para disfarçar o meu constrangimento. O meu coração não me deixa respirar normalmente, acho que estou tendo um ataque de pânico, merda, eu nunca precisei
Valdir- Meu Deus! meu filho, estamos em uma baita enrascada! - dona Nelza comenta no banco do passageiro depois de ter ouvido a minha versão de todo o acontecido entre o Quinei, a Felicia e eu.Sim, ela está certa, estamos em uma baita enrascada, eu e ela. Não temos mais um emprego, e certamente tem bastante de pessoas atrás de nós.- Se for preciso eu mato alguém, que se dane tudo - resmungo aumentando a velocidade, pisando fundo no acelerador.- Eu espero que esse alguém não seja eu, - dona Nelza se segura com medo.Diminuo a velocidade aos poucos, não posso perder o controle, preciso manter o foco.- Eu te levarei para a minha casa, ninguém sabe o endereço, estará segura lá - aviso para que se tranquilize.- E quanto a você?- Eu preciso fazer alguma coisa, não sei - sou interrompido pelo barulho da sirene de uma viatura de polícia que está na m
FeliciaOs dias se seguiram pesados, mas não derramei uma única lágrima. O meu pai e a minha mãe trataram-me como uma criança manhosa que precisava de atenção, minaram-me com muito carinho e com as minhas comidas favoritas, a nostalgia foi intensa, senti muita saudade da minha infância e do quanto eu era inocente e feliz.— Não se esqueça de repassar tudo o que conversamos com a advogada, e se conseguir chorar vai ser melhor ainda.— Pai!? Eu não vou chorar! não acho que a justiça precisa de lágrimas para ser justa.— A gente vai ganhar essa luta, Felicia, mas você precisa usar todas as suas armas! as fotos que a Júlia tem se forem usadas sozinhas podem facilmente serem tomadas como falsas! Mas se forem usadas entre lágrimas não ficará nenhuma dúvida de que são verídicas.— Eu concordo com o seu pai — Ju resmunga e em seguida enfia o conteúdo do copo
FeliciaSentei-me no lugar que me pertence, ao lado de minha advogada, completamente inerte em toda a situação.O juiz começou a ler o nosso caso, tive que ouvir as acusações baixas que o Lukas realmente teve a coragem de fazer contra mim, juro que os meus pensamentos começaram a girar e girar, tudo à minha volta girou, sinto-me como se eu estivesse fortemente embriagada.— Eu chamo o senhor Lukas Quinei para depor, meritíssimo — voltei a realidade quando ouvi o advogado do Lukas dizer.Lukas caminhou até o local apropriado, durante o percurso ele me olhou de canto, pude notar um pequeno sorriso zombeteiro no canto dos lábios, é o sorriso que ele fazia em público, quando queria zombar de mim.— O senhor jura dizer a verdade e nada além da verdade nesse tribunal?— Eu juro dizer a verdade e nada além da verdade nesse tribunal.— Senhor Lu