POV: RIGAN
Desde a confusão na cidade humana, comecei a ponderar o quadro geral. Davion tinha razão em dizer que estávamos seguros dentro dos muros da cidade Lupina. Mas, e quem estava do lado de fora? Devíamos mesmo virar as costas e ignorá-los? Essa questão me incomodava de forma absurda, a ponto de se tornar inaceitável. Eu compreendia o motivo da lei, mas simplesmente não podia aceitá-la.
— De novo isso, Rigan? — rosnou meu pai, sua voz quase trovejando, enquanto examinava a papelada que eu havia entregue sobre os movimentos humanos e o desenvolvimento de suas armas. — Onde conseguiu isso?
— Investigando, Rei Lycan — respondi cordialmente, com o queixo erguido em um desafio silencioso. — Este é o motivo pelo qual as crianças têm desaparecido: estão sendo usadas em experimentos de extração de p
POV: RIGAN— O que espera que eu faça? — gritei, pegando uma cadeira e jogando-a contra a parede ao lado de meu pai. Ele permaneceu imóvel, apenas tombando a cabeça de lado e me encarando com um olhar penetrante. — Não posso cruzar os braços diante disso. Você viu as provas! Como espera que eu aja, pai?— Espero que pense como um líder, filho — ele respondeu, sua voz mais calma, enquanto se aproximava e me puxava para um abraço. — Participe mais das reuniões com o conselho. Levaremos suas provas aos clãs sem revelar a parte sobre as armas em desenvolvimento. Buscaremos os culpados para trazê-los a julgamento e, no momento certo, decidiremos sobre a extração. Isso me incomoda tanto quanto a você. Qual é? Acha que esse seu gênio ruim puxou de quem?— Hunf, com certeza o seu! — sorri,
POV: MAEVEDesde a noite na cidade humana, as palavras daquele garoto de olhos tristes não saíam da minha cabeça:“Ela precisa crescer e entender que, no mundo em que vivemos, não há espaço para fraqueza e inocência. Precisa ser forte!”— Humano idiota! — rosnei, assustada com o trovão que ecoava lá fora, enfiando-me debaixo das cobertas e cobrindo a cabeça.“Mas as palavras dele estão te incomodando,” ressoou Dale em minha mente, ronronando. “Devíamos ir para o quarto da mamãe e do papai.”— Não, aquele menino tinha razão... Se eu fosse mais forte, poderia ter ajudado Rigan em vez de deixá-lo matar todas aquelas pessoas! — respondi, ainda assombrada com a cena.“Você teria coragem de ceifar uma vida como s
POV: RIGANNo outro lado do rio, Selene estava visivelmente ferida. Suas roupas estavam rasgadas, revelando cortes profundos em seu corpo, especialmente no abdômen, que parecia dilacerado. Ela respirava com dificuldade, passando a mão trêmula pela testa ensanguentada.— Rigan... — murmurou, antes de desabar para frente e cair dentro do rio.Sem hesitar, saltei na água gelada e a puxei para fora com força. Mudei rapidamente para minha forma humana e avaliei suas feridas. Com a voz baixa, entoei uma magia de cura, esperando que acelerasse o processo de cicatrização. No entanto, ela permaneceu inconsciente. Peguei-a nos braços e levei-a até uma caverna próxima, onde eu mantinha um pequeno esconderijo. Lá, acendi uma fogueira e, com a luz tremulante das chamas, troquei minhas roupas molhadas por roupas secas de uma mochila que eu sempre mantinha ali.
POV: RIGANTentando se levantar, Selene se aproximou mais da fogueira, estendendo as mãos para se aquecer. A luz das chamas dançava em seu rosto pálido, acentuando a preocupação em seus olhos.— Soube que ela foi transferida e entregue a um mago poderoso, um lugar onde nem a sacerdotisa tem coragem de pisar. — disse, mordendo os lábios enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. — Eu não sei o que estão fazendo com minha irmã ou o que planejam!Aproximei-me lentamente, a desconfiança crescendo dentro de mim.— Por que ela é tão importante a ponto de humanos e o clã das bruxas a quererem? Ela não é humana? — perguntei, minhas palavras carregada de ressalvas. — Selene, preciso de toda a verdade, ou não poderei ajudar.Selene respirou fundo, tentando encontr
POV: MAEVEMinha mãe era incrivelmente ágil, o que sempre me deixava impressionada. Eu tentava em vão alcançá-la na corrida, mas ela simplesmente desaparecia entre as árvores, deixando apenas sua voz como guia:— Apure os seus instintos, Lobinha. Sinta a vibração do solo, filtre os diversos aromas e tente identificar onde estou — instruía ela com sabedoria.— Mamãe, aqui está cheio de cheiro de musgo e lodo — respondi, torcendo o nariz e espirrando algumas vezes.— Quer ou não quer ser forte? — questionou ela de forma mais severa. Estremeci levemente com seu tom.— Claro que quero ser forte... — murmurei chateada, fechando os olhos.Concentrei-me em ouvir as folhagens das árvores balançando com o vento, emitindo um som delicioso
POV: RIGAN— Selene, não posso partir agora em busca de sua irmã... Sou o filho do alfa e preciso seguir os treinamentos à risca para um dia cumprir meu papel de futuro Rei Lycan Supremo! — Expliquei, observando seus olhos se estreitarem de raiva.— Mas temos um acordo, te ajudei com informações e até localizei onde sua irmã estava, não é justo, você não tem palavra? — Ela gritou, e seu grito ecoou pela caverna. — Maldito lobo, é claro que não iria me ajudar... Você é como todos de sua espécie, só se importa consigo mesmo e com o seu povo!— Isto não é verdade! — Rosnei ferozmente, aproximando-me e a encurralando contra a parede. Apesar do medo em seus olhos, Selene os mantinha fixos em mim, desafiadoramente.— Então me prove, v&aa
POV: RIGANAssim que os primeiros raios do sol nasceram, pintando o horizonte com tons de ouro e rosa, Selene e eu partimos em direção ao ponto de encontro. Ela estava visivelmente nervosa, apesar de tentar disfarçar. Caminhávamos rapidamente, pois os lobos da minha alcateia poderiam farejá-la e considerá-la uma ameaça, o que colocaria sua vida em perigo.— Sily, você ficará bem... — comentei, observando-a morder o canto da unha com ansiedade.— Não é comigo que estou preocupada. — Ela parou de repente, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. — Você deveria localizá-la, Rigan. Minha irmã pode estar sendo torturada neste exato momento.— Já conversamos sobre isso, humana. Não vou abandonar minhas obrigações para sair no escuro em busca de sua irm
POV: RIGANChegamos à alcateia, um lugar que antes era conhecido como a cidade dos errantes. Constantine havia feito grandes progressos no local com a introdução de tecnologia e desenvolvimento. A cidade estava agitada, com muitos carros passando para lá e para cá, e uma energia vibrante pairava no ar.Ao olharmos em volta, notamos várias lojas e comércios prósperos. Uma cafeteria, em particular, chamou minha atenção. Estava cheia de adolescentes sentados, conversando animadamente, rindo e compartilhando histórias, suas vidas entrelaçadas em uma teia de amizade e crescimento.— Incrível, não é? — comentou Constantine com orgulho, seus olhos brilhando enquanto admirava a alcateia que ele administrava como líder. — Graças aos investimentos do Alfa Supremo e à sua liderança, conseguimos erguer as alcateias e evoluir. Agora, temos duas faculdades para a nova geração. Não precisarão ser apenas guerreiros; podemos ser muito mais além da for