POV: AARONAcordei com toques sobre o corpo, mas não reagi com choques ou arrepios como acontecia em sonhos com Callie. Segurei seu pulso fino sutilmente, divertido:— Abusando de mim enquanto durmo? — Puxei-a para os meus braços, inalando seu cheiro diferente. Estranhamente, meu lobo a repeliu, nos puxando para longe. Levantei-me abruptamente, franzindo o cenho. Era estranho que minha fera interna rugia por sua loba, mas quando estávamos fisicamente juntos, era feroz contra ela.— Por que seu lobo me recusa? — Ela perguntou confusa, abaixando a cabeça triste. — Eu não entendo, Rei Lycan. Achei que me quisesse. Entendi errado?Sua forma de falar era estranha, mas eu ainda não sabia o que havia acontecido desde seu desaparecimento, onde e como Callie estava.— Ele desconfia de você. Sumiu por meses, lobinha. Não sabemos o que lhe aconteceu neste tempo. — Falei duramente, avaliando-a. Estava muito diferente do meu sonho. Seu cheiro, apesar de ter as nuances adocicadas que me atraíam, co
POV: CALLIE— Como conseguiu se soltar? — Perguntei, alarmada, à bruxa.— Não sou uma feiticeira comum. Além disso, Dante não é tão esperto quanto pensa... A pedra de mana que repele a magia precisa ser banhada em água pura da caverna para manter suas forças. Acho que ele não sabe disso. — Ela riu baixinho. — E queria se tornar o alfa supremo com tamanha tolice.— Yulli, por que está me ajudando? Sabe que está se colocando em risco... Poderia fugir sem mim, sou cega... — Suspirei. — Só vou te atrapalhar!— Por que acha que estou aqui? — A feiticeira tocou minha mão com delicadeza, e senti as correntes vibrarem, sendo soltas. — Os ancestrais me enviaram até você. Além disso, é o filho do meu amigo que você carrega. Não posso ignorar isso e te abandonar.— O filho do seu amigo? — Falei, surpresa, um pouco alto.— Shhiu, quer que Dante descubra nossa fuga? — Yulli tampou minha boca. — Eu sinto o poder do sangue supremo em seu ventre.Pousando as mãos sobre minha barriga, ela suspirou, ac
POV: AARONPeguei a corrente das mãos da Kemilly, arrastando as prisioneiras sem dificuldades, olhando por cima dos ombros para os lobos que contestavam.— CALEM-SE! — Brandei, tremendo o chão, silenciando-os. — Os lobos serão avaliados. Caso sejam culpados de traição, serão julgados e punidos por mim pessoalmente.— Mas, rei Lycan, não fizemos nad... — O refém começou a dizer, calando-se assim que meus olhos ferozes o fitaram.— Por favor, alfa, não pode estar considerando que meu filho seja um traidor... Esta loba sumiu faz dias e aparece aqui do nada com estas acusações! — Disse a anciã, encarando Kemilly, que rosnava ameaçadora.— Kemilly se ausentou ao meu comando, esta loba me serve há anos, além de já ter sido considerada para Luna. Tenha mais respeito, anciã. — Rosnei, vendo a loba sorrir. — Me acompanhe, quero saber o que descobriu.Saí arrastando os lobos, que caíam ao chão e resmungavam, ao rasparem o corpo no asfalto, lacerando suas carnes, adentrei a parte das celas, os l
POV: CALLIEExplorei a gruta onde estávamos, farejando ao redor para assegurar que não havia perigo. Fui até o som da água, mergulhando a mão e sentindo a temperatura confortável e convidativa. — Yulli? — Chamei, mas a bruxa parecia desmaiada, usando suas últimas forças para curar parcialmente o envenenamento espalhado por meu corpo pelo Deus Obscuro.Deslizei nas roupas, adentrando a água e sentindo minha pele ser massageada. Esfreguei o corpo, querendo tirar o odor de Dante e Nocturnus, era repulsivo a escuridão que os tomavam. Precisava alinhar o que faria daqui para frente; o alfa supremo era pai do meu filho, o mesmo homem do sonho parecia ser meu companheiro de destino. Mas por que fugir dele? Por que sentir a necessidade de escapar? Aaron não era como em meu sonho, será que apenas o idealizei?— São tantas perguntas... — Murmurei, tocando meu ventre. — Como posso criar um filho sem memória e sem visão? Suspirei aflita, não sabendo se deveria voltar... Minha loba rosnava em prot
POV: AARONAo cair da tarde, os traidores se encontravam no centro da praça da cidade, atraindo a atenção dos moradores que, em suas formas humanas, formaram uma roda para observar. Eu permanecia diante da fonte de água, enquanto os prisioneiros estavam amarrados a estacas de madeira fincadas no chão.— Meus lobos — comecei, minha voz ressoando com firmeza —, os prisioneiros diante de vocês foram julgados. Provas concretas foram apresentadas de suas traições. Estes lobos são considerados culpados por suas ações, ao espalharem as marcas da seita do Deus obscuro na cidade de Convergência, o que desencadeou a drenagem das forças vitais dos moradores locais.— Isso não é justo — gritou a anciã com a voz embargada —, aquela cidade não é território de nenhum lobo. Quem se importa com o que acontece com os moradores de lá? Rei Alfa, você não pode punir meu filho por provocar vandalismo em um lugar que já é considerado sem lei.— Não posso? — rugi baixo e predatório, emanando pressão de poder
POV: CALLIECorrente de ar gélida havia tomado o local, fazendo-me tremer, quando senti a magia de Yulli se manifestar.— Espero que isso sirva. É uma roupa simples feita por magia... — Ela disse ao cair ao meu lado, segurando minhas pernas. — Droga, este demônio está sugando minhas forças vitais.— A híbrida concebida por nossa união me pertence! — Brandou Nocturnus, e sons estranhos começaram a ecoar na gruta, como se criaturas estranhas estivessem se aproximando. — Venha até mim, rainha...— Já disse que não sou sua rainha! — Rosnei, enfurecida. — Não irei a lugar algum.— Você é minha! — Gritou a deidade em um som agudo como um apito, que me fez tampar os ouvidos, que doíam; em meus punhos, sentia a carne arder como se algo tivesse sido acendido.— As marcas... — Yulli falou com dificuldade, gritando mais alto que o som insuportável.Quando algo agarrou meus tornozelos, fui derrubada de bunda no chão e arrastada para algum lugar, minha pele arranhava e cortava no solo rochoso, cau
POV: AARON— Comece a falar, loba! — Caminhei predatório em sua direção, sentindo o cheiro do seu medo exalando pelo quarto, porém, havia outras pontadas em seu meio.— O que precisa que eu diga, rei Lycan? — Dizia ela com a voz trêmula. — O que julga que fiz dessa vez?— Não se faça de tola, lobinha... Detesto jogos. Por que Nocturnus disse que você o pertence? — Brandei, vendo-a sorrir. — Acha isso engraçado?Rosnei feroz, tremendo o chão e as paredes.— Não, claro que não, alfa. — Ela suspirou. — Mas me parece que está com ciúmes.— Ciúmes? Por uma deidade querê-la para si? É mesmo ingênua, loba. — Rugi, me aproximando ainda mais. Porém, Callie não cedia os passos, reagindo de forma diferente. Seus olhos, mesmo com o véu, pareciam ter mais vida sem a escuridão. — Você está muito diferente.— E isso é ruim? — Ela se aproximou com a mão trêmula, levando-a em direção ao meu focinho, acariciando enquanto eu rosnava. — Gosto do seu lado feroz.— Lobinha, não é hora para isso. — Rosnei,
POV: CALLIEEstava correndo com Yulli, quando ouvi sua voz:— Me encontre em seu recinto, lobinha. — Parei, virando o corpo para trás, sentindo a brisa fresca da noite, como se o chamado de meu companheiro me atraísse. Mudei para forma lupina, deitando-me em meio ao que parecia ser areia.— O que está fazendo? — Yulli indagou, parecendo agachar ao meu lado, acariciando meus pelos. — Se sente cansada?— Um pouco, mas o sinto me chamar. — Sussurrei, confusa. — Não sei explicar, mas meu macho me chama.— Aaron? — Ela indagou, confusa. — Hãn, quem diria que o elo de vocês seria tão forte.Assenti, deitando-me sobre as patas.— Yulli, você... — Murmurei, envergonhada.— Não me importo. Parece que estamos seguras por enquanto, e o céu está lindo esta noite para ser apreciado. — Ela comentou, parecendo aliviada. — Descanse, vague até o seu alfa. Irei nos proteger.— Obrigada! — Fechei os olhos, vendo o fio dourado que nos ligava, tendo a mente arrastada para o seu cheiro. Logo, abri os olhos