Antes de começar a trabalhar efetivamente, eu abro a janela do Skype e Jake está ao telefone. Ele está olhando pra tela e pelo sorriso estampado no seu rosto, eu sei que ele está me vendo. Ele aproxima suas mãos do teclado do computador e digita uma mensagem pra mim, enquanto continua sua conversa ao telefone.─ Quer dizer que quando eu quiser que você faça algo eu só preciso de uma torta?─ Prestígio.─ Terei isso em mente.─ Vou voltar ao trabalho, senão meu chefe vai me demitir.─ Nunca. Eu te amo.─ E eu a você.Eu minimizo a janela do chat e faço um esforço em me concentrar no trabalho. Há muito o que fazer. Eu envio uma série de recomendações para Nicole. E faço alguns relatórios. Passa das quatro horas da tarde quando eu termino o meu trabalho. Eu bisbilhoto a janela de Jake e ele está lendo algum documento. Eu aumento o volume das caixas de som do computador, pois eu quero ouvir se há mais alguém na sala com ele. Aparentemente não há ninguém com ele na sala, pois ele não está
Como era de se esperar em uma terça-feira à tarde não havia tanta gente na praia. Eu tiro as sandálias e piso na areia morna. O cheiro de mar, o vento forte bem característico do mês de agosto o som dos pássaros. Eu vejo o quanto senti falta disso e olhe que foram menos de dois meses. Eu me pergunto se eu iria me acostumar a viver em Nova York para sempre. Casar-se com Jake significaria isso: Morar em Nova York definitivamente e vir ao Recife apenas a passeio. Significa que, caso tenhamos filhos, eles serão criados lá, é realmente uma escolha muito séria. Principalmente diante do pouco tempo que nós estamos juntos. O céu está de um azul impecável, a água está calma, a maré está no seu menor nível e a praia tem apenas as piscinas naturais protegidas pelos arrecifes que deram o nome a nossa cidade. Eu quero que Jake veja isso então eu faço uma chamada pelo Skype do meu iphone. Ele atende imediatamente.─ Oi – ele diz.─ Oi, amor. Eu quero mostrar uma coisa.─ Eu espero que não seja você
Eu me empolguei e acabei demorando para voltar para casa. Eu só percebi o quão tarde era quando meu pai telefonou. Já era noite e já fazia um bom tempo que eu estava sentada na areia da praia, olhando para o mar e pensando sobre tudo que está acontecendo comigo. O toque do meu telefone me tirou dos meus pensamentos. Era o meu pai. Eu atendo.─ Oi pai.─ Onde você está?Eu olho em volta – eu estou na praia ainda. Acho que me empolguei um pouco.─ Eu vou buscar você. Diga onde você está exatamente. ─ Eu estou em frente ao Parque Dona Lindu, na beira-mar. – eu explico.─ Estarei aí em dez minutos.─ Ok.Dez minutos mais tarde, meu pai para o seu Corolla em frente ao parque e eu entro – obrigada.─ Como você veio parar aqui? Você nem está de tênis e nem com roupa de ginástica,─ Eu só vim caminhando pela praia e depois me sentei na areia e esqueci o tempo.Ele afastou o carro do meio-fio em direção ao trânsito que por sinal estava caótico – muita coisa pra pensar?─ Sim. Muita.
Sexta-feira, 30 de agosto de 2013 Ontem e hoje foram os piores dias desde que eu saí de Nova York. Eu simplesmente não consigo falar com Jake o suficiente. Ontem pela manhã ele enviou uma mensagem dizendo que havia chegado a Las Vegas e que teria uma reunião logo em seguida. Eu enviei uma mensagem no fim da tarde, ele respondeu dizendo que ainda estava ocupado. À noite ele enviou outra avisando que estava no hotel e que estava descendo para o jantar beneficente. Depois disso, nenhuma mensagem. Nada. Ele sequer havia visualizado as minhas mensagens. Eu estava em um estado de nervos deplorável, até que Bia me convenceu a sairmos à noite para uma boate recém-inaugurada na mesma avenida que nós moramos com alguns amigos nossos. A boate é relativamente perto. Daria inclusive para irmos andando. Mas por causa dos nossos saltos, papai foi nos levar. Encontramo-nos em frente à boate por volta das onze horas da noite com os nossos amigos. Juliana e o namorado Bruno, Alex, qu
Quando chegamos ao piso superior, Kate e Ethan estão no maior beijo. Eu percebo, em uma rápida olhada para Jake, que ele ainda não está confortável com isso. Mas ele está se esforçando. Quando Kate me vê ela se levanta e corre para me abraçar. Eu disse em seu ouvido: – Eu estou feliz por você.─ Eu também estou feliz por mim e por você – Ela diz e eu realmente posso ver a felicidade estampada no seu rosto, muito diferente da tristeza que tinha se instaurado antes da minha viagem. – Eu senti sua falta. Eu espero que você não brigue com ele por ele ter vindo atrás de você. Nós incentivamos, eu e Ethan, porque se ele não fizesse isso, ele iria enlouquecer e nós também. Todos estavam pensando em pedir demissão, inclusive eu, e eu não estou apenas me referindo aos cargos da GE, eu pensei em me demitir como irmã – ela brinca e nós caímos na gargalhada, ainda mais quando olhamos para a cara de Jake e vimos sua pouca receptividade com a piada.─ Eu estou feliz que ele tenha vindo e v
Sábado, 31 de agosto de 2013Por volta das duas horas da manhã decidimos ir embora – Amor – eu disse fazendo um sinal para Jake se aproximar de mim – Eu estou indo pra casa com Bia, nos vemos pela manhã.─ Baby, não tem chance alguma de eu dormir longe de você. Eu quero ficar com você até o momento de ir embora.─ Eu também quero muito isso, mas eu preciso informar pessoalmente aos meus pais sobre o fato de você estar aqui. Eu quero que eles saibam por mim. Não quero que eles descubram quando eu não estiver presente à mesa de café da manhã.─ Meu amor, por favor, eu aprecio essa relação que você tem com os seus pais, mas você é uma mulher adulta e eu preciso de você.Eu penso que foi tudo o que eu mais desejei nos últimos dias. Eu quis tanto estar com Jake que, sinceramente, o preço a pagar por isso não é tão caro. Eu posso lidar com os meus pais amanhã.─ Tudo bem – Eu concordo enfim – Mas, vamos deixar Bia em casa.─ Obrigado, amor – Ele me dá um beijo suave – Nós vamos com certeza
─ Baby, acorde. – A voz de Jake me desperta, mas eu não quero acordar agora – Meu amor, você desistiu de ir para a casa de praia dos seus pais? – Essas palavras são suficientes para me fazerem pular da cama.─ Que horas são? – eu pergunto assustada.─ Calma, são 10:30, eu não queria chamá-la, mas eu sei que você não ficaria contente se eu não o fizesse.Eu fico de pé e dou-lhe um abraço, enterrando meu rosto em seu pescoço e inalando seu cheiro. Ele acabou de sair do banho, eu posso dizer pela umidade da sua pele e cabelo, mas também pelo cheiro delicioso do seu sabonete. Ele retribui o meu abraço e sua mão desliza pelas minhas costas – Você fez bem em me chamar. Obrigada – eu olho em seus olhos, sondando – Estamos bem?─ Ele me puxa de volta para os seus braços e beija meu pescoço – Sim. Nós estamos bem. Por mais que você seja irritante às vezes, eu amo você e vou ser paciente.─ Irritante?─ Sim. Irritante.─ Oh, Sr. Green, o que eu faço com você?─ Eu tenho algumas ideias,
Nós entramos no elevador e eu aperto o botão da garagem. O elevador faz uma parada no décimo primeiro andar e quando as portas se abrem eu dou de cara com Rodrigo. Ele mora aqui no prédio há muitos anos e ficamos amigos logo de cara. Eu acompanhei todo o processo de paquera e namoro entre ele e Tati. Nós íamos sempre juntos à praia, ao shopping, ao cinema. E faz muito tempo que eu não o vejo. Assim que ele me vê, ele abre um sorriso e abre os braços pra mim. Embora eu saiba que Jake vai ter um troço, eu definitivamente não vou mudar o jeito como me relaciono com os meus amigos por causa de Jake. Ele que trate de se acostumar. Eu retribuo o seu abraço e ele me levanta – Sam, sua traidora quando você ia me procurar, hein? Quando você chegou? – O elevador fecha suas portas e segue o seu caminho para a garagem.─ Rodrigo, me desculpe. Eu cheguei na madrugada da segunda para a terça-feira.─ Eu soube sobre a sua mãe, como ela está?─ Ah, ela está muito bem. Foi só um susto mesmo, graças a