Com fome, sede e frio, Clara adormece encolhida no cantinho da parede da lavanderia.
No dia seguinte, acorda assustada ao ouvir algumas vozes se aproximando. O mesmo eletrecista que esteve na mansão na semana passada, caminha junto a Sr. Walter, acompanhado por mais alguns homens que supostamente irão "trabalhar" na troca da fiação elétrica que está com problemas. Lentamente, o homem se aproxima, da área de serviço, vestido em um macacão azul, capacete na cabeça e uma bota de borracha nos pés. As lágrimas rolam em seu rosto, ao ver Clara e a bebê, dormindo em uma situação lamentável, a cena é de cortar o coração! É uma manhã gelada, nebulosa em São Paulo, Lia está agasalhadinha em um cobertozinho, dentro da cestinha e Clara encolhida no cantinho da máquina de lavar de roupas, enrolada em um lençol. A roupa em seu corpo está rasgada por conta das agressões sofridas por Louis. Ao tirar o capacete da cabeça, Walto corre em direção a elaVocê é maravilhoso Walto! – Me conte, como conheceu a Dona Josinete? – Infelizmente eu a conheci um pouco tarde demais! Responde-lhe com pesar. – O genro já havia falecido! Ela e a filha estavam pedindo esmolas na porta da empresa... A Jéssica, mãe da nossa filha, já estava perto de dar a luz! – Não havia realizado nenhuma consulta de pré-natal, sua gestação era de risco, devido a situação precária que vivia, e a má alimentação. Naquele dia, o dia em que as conhecia, conversei um pouco com elas, e pedi aos meus homens que as levassem para um dos albergues. Pessoalmente fui até uma loja de roupas infantis, comprei todo o enxovalzinho da criança, fraldas, e levei ao abrigo! Devido a muita correria por esses dias, fiquei sem comparecer ao albergue, e, na quinta feira, ao chegar lá, a Josinete entregou a "nossa filha" – [Expessa um sorriso lindo e emocionado], em meus braços, e pediu-me que encontrasse alguém para ficar com ela.
– Preciso me despedir do Sr. Walter! – Se lembra Clara ao olhar para trás.– Não há mais tempo Clara, meu pessoal acabou de dizer que Louis está vindo para casa! – Responde-lhe carinhosamente Walto. – Combinamos um outro dia para você ver o Sr. Walter ok? – Acricia-lhe o rosto.– Tah!– Reponde Clara ao caminhar ao lado de Walto, com um olhar sereno, meiga... Ela o olha nos olhos e lhe diz: – Por favor Walto... Me faça feliz?Quero descobri um mundo diferente... Quero acreditar que finais felizes não existem apenas em contos de fadas, ou nos livros de romances que gosto de ler!– Bom... Embora não tenha chego em um cavalo ou em... Uma carruagem... – Brinca ao abraçá-la na cintura. – Seu príncipe encantado chegou vestido de eletricista!Com a malinha de roupas de Lia nas mãos, e Maia em seu colo, Clara olha para trás.Nenhum arrepedimento lhe pertuba, dentro de si, somente a sensação de liberdade, e, um novo recomeço de vida!
Clara o olha apaixonada, se aproxima sorrindo e se senta em uma das poltronas. — Essa bezerrinha está com fome novamente Amo... — Sua voz abafada na garganta não consegue emitir a palavra "amor", tudo ainda é muito estranho. Ao olhá-la apaixonado, lhe diz: — Não precisa! — Acaricia-lhe o rosto. — Me chame de amor, quando se sentir preparada, tudo bem? — Ok! — Expressa-lhe um sorriso doce. — Posso? — Ele pergunta ao tocar-lhe a mão carinhosamente e pegar a mamadeira. — Claro! Ao se sentar na poltrona ao lado com Lia em seu colo, ele a olha nos olhos e lhe diz: — Pensei em deixar um dos meus carros e seguranças aqui para levá-la aos lugares que precisar, mas acho melhor não! O Louis poderá colocar detetives atrás de você! — Sim, seria arriscado, apesar de que, eu acho que não se importará, se foi ele mesmo quem me colocou para fora de casa. Acariciando-lhe a mão, ele a aconselha: — Sugiro que saia com a Daiana no carro dela, vários seguranças "disfarçados" estarão
— Já lhe disse que não precisa pedir permissão para fazer nada! Posso lhe dar mais um conselho?— Sim!— Sugiro que vá à casa dos seus pais, mostre a eles o que Louis fez no seu rosto, eles precisam ouvir a sua versão! Não diga nada sobre nós... Por enquanto!— Não, eu não direi! Realmente eu preciso vê-los, e precisam saber quem é o Louis de verdade.Ao deixar algumas lágrimas rolarem, se despedem com um beijo longo, apaixonado e envolvente.Walto acaricia-lhe o rosto, dizendo:— Amo você Clara! Não saia sozinha, por favor... Louis poderá querer se vingar! Se cuide e cuide da nossa filha! Caso seus pais perguntem onde você está, diga que está morando com a Daiana no apartamento do namorado dela! Oque não é mentira! — Brinca ao expressar-lhe um sorriso.Em seguida, se abaixa e acaricia Lia, Clara se abaixa, e lhe abraça forte por trás lhe dizendo:— Por favor Walto! Volta logo para nós!— Voltarei! — Responde ao secar-lhe as lágrimas no rosto, carinhosamente.Em seguida segue para a
— Bom... Eu pensava o mesmo em relação ao Walto, até que tudo foi acontecendo entre nós, e na verdade ele apareceu em minha vida para me libertar, e me mostrar o verdadeiro significado da apalavra amor! Deveria dar uma chance ao Wesley também!— Estamos trocando mensagens, ele tem um papo legal... É carinhoso, atencioso, brincalhão...— Já imaginou, além de melhores amigas... Seremos também cunhadas! — Ele é gatinho... Vamos ver no que vai dar! O interfone tá tocando amiga!— Deve ser o juiz, que o Walto falou! O Dr. Élio! Cuida da Lia por favor amiga, eu vou atendê-lo.Ao atender a porta e recebê-lo, Clara assina todos os papéis, se despede e junto a melhor amiga passam a tarde toda, conversando, organizando as coisas no apartamento e a noite assistem série na Televisão.No dia seguinte, as empregadas chegam bem cedinho, e são recebidas por um sorriso espaçoso nos lábios de Clara.— Bom dia meninas! Sejam muito bem-vindas!
— Como pude achar que amava esse homem algum dia amiga! Hoje sinto nojo de mim mesma! Até às vezes que fazíamos amor, amor... Amor... Proporcionar prazer a ele, que pensava em apenas satisfazer a si mesmo. Certo dia acordei com ele se movimentando dentro de mim! Isso é estupro! Qualquer ato sexual sem o consentimento da pessoa envolvida é estupro, seja dormindo, embriagada ou inconsciente! E eu... Sempre achava que tinha que satisfazê-lo!— Amiga, você aprendeu muito com o Walto! Diz-lhe a amiga, orgulhosa.— Sim amiga, nossas conversas sempre foram prazerosas... Com o Sr. Walter, e a Silvana também, são pessoas que quero levar para a minha vida, e me ajudaram a abrir os olhos.Voltando a falar do Walto, esqueci de falar que senti o negócio dele amiga, estava duro como uma pedra de cimento por baixo da calça! Aquilo lá deve fazer um estrago, como você dia. — Brinca ao soltar uma gargalhada.— Amiga nem me fale... E o tamanho dos braços daquele hom
— Se você realmente ama a minha mãe, comece a mudar! Ou eu mesma a tirarei daqui dessa casa! — Clara o confronta ao olhá-lo nos olhos. — Poucos homens nesse mundo reconhecem o verdadeiro valor da mulher! Muitas, carregam consigo dores profundas, dúvidas sobre seu próprio valor e o peso de expectativas irreais impostas pela sociedade. — Continua a falar sem temor. — Quando Deus criou a mulher, Ele atribuiu qualidades próprias a ela, dentre elas, a de ser auxiliadora e idônea. Assim, ela possui um valor inigualável, cujo papel na sociedade, na família, na comunidade e em todas as esferas têm grande relevância. Não espere perdê-la para descobrir a mulher incrível que está ao seu lado! — Finaliza ao terminar de assinar os papeis. — Filha anda falando com alguém? — Se surpreende com o comportamento da filha. — Se quer mesmo saber a verdade ando sim... Pessoas incríveis que Deus tem colocado na minha vida, entre eles a Silvana e o Sr. Walter, foram eles que m
— Não sei, talvez sim... Responde-lhe Clara.— Ha uma margem significativa nos casos que atendo, um índice de crianças que nascem com o "sopro", devido às mães serem usuárias de drogas!— Agora estou um pouco mais tranquila, eu a amo demais! — Se levantar da cadeira.]— Qualquer dúvida ou necessidade, pode me ligar! — Obrigada! — Clara agradece ao se despedir.Ao sair do consultório com a amiga e a babá, retornam para casa.Alguns dias se passam e a saudade de Walto aumenta a cada momento. Mesmo distante, ele se faz presente na maior parte do dia, através de ligações e mensagens.Na sala, sentada com a psicóloga Jocileia, Clara realiza sua última sessão ao responder-lhe algumas perguntas.— Como se sente depois das nossas conversas?— Muito bem... Me sinto leve, de corpo e alma!Tudo é um processo que precisa ser tratado. Frequentar também a célula de oração, e buscar ajuda espiritual também me fortalec