Marianne suspirou enquanto o sorriso malicioso de Stela espreitava por aquela porta no mesmo avião que havia mandado chamar Gabriel. Isso não a surpreendeu porque afinal de contas era uma organização privada e organizar uma viagem paralela com eles não foi difícil.-Vou sentir muito a sua falta, pirralho. Divirta-se com Stela", disse ele dando-lhe um beijo antes de embarcar no avião.Essa missão não deveria durar mais de quatro dias, mas mesmo que Marianne tivesse Stela tentando mantê-la calma, ela passou esses dias como se estivesse caminhando sobre brasas.Por mais que se dissesse que Gabriel vinha fazendo a mesma coisa há catorze anos, não era tão simples assim.-Você realmente estava apaixonada..." Stela murmurou, olhando os quadros, grande parte dos quais tinha a ver com o capitão. Posso ter um? Quero dizer... não o de Gabriel! Eu gosto desta", murmurou ela, apontando para uma paisagem do lago que Marianne havia pintado.-Obviamente, tantos quantos você quiser", sorriu sua amiga.
Ainda faltam três ou quatro dias para Gabriel voltar, e Stela deve estar prestes a entrar por aquela porta a qualquer momento. Ela sempre aproveitou as missões de Gabriel para visitá-la, então quando Marianne abriu aquela porta e a viu do outro lado, ela não se espantou.O que lhe causou algum espanto foi vê-la chegar com Reed, e antes mesmo que Marianne pudesse cumprimentá-los, a expressão vaga nos olhos do médico a atraiu de volta.Ela não precisava falar, nem precisava falar. Os olhos de Stela estavam cheios de lágrimas em um segundo, e Reed estava olhando para o chão enquanto rangia os dentes com força.-Marianne...Seu nome na boca de Stela soou distante para ela quando ela deu um passo atrás. Parecia que o mundo estava parando de uma forma terrível, como se só pudesse piscar em câmera lenta enquanto ele negava e tentava se afastar.-Marianne!-Não..." sussurrou ele porque nada mais sairia. Não, não é verdade...-Marianne, sinto muito", murmurou Reed, tentando alcançá-la, mas ela
Marianne sabia que alguém estava puxando a manga de sua blusa, mas ela não conseguia ver quem. Ela estava apenas seguindo em frente, já que todos estavam deixando o cemitério para trás para entrar nas furgonetas escuras. Seu cérebro era monótono, sombrio, confuso. Ela entrou em um carro, onde eles a sentaram, e Stela gentilmente fechou a porta.Ela também estava atordoada e ferida, de modo que não notou que a janela tinha sido deixada ligeiramente aberta e que Marianne ainda podia ouvi-la quando ela se aproximou de Reed.-O que vamos fazer? -Stela perguntou ao médico.-É melhor se você ficar comigo", murmurou Reed. Temos muita papelada para colocar em ordem.-Paperwork? -Stela perguntou em confusão, e Reed dobrou seus braços tristemente.-Gabriel não tinha outra família", explicou ele. Caso algo acontecesse, ele me nomeou como o executor de sua herança. Não foi espetacular, mas também não foi pouco, ouvi dizer que o governo estava lhe pagando milhões pela terra do Monte Rainier, mas s
Reed sacudiu Stela pelos ombros para chamar sua atenção e depois a puxou para fora do carro.-Ei, você precisa se acalmar, você não vai chegar a lugar algum! -disse ele, abrindo seu apartamento e puxando-a para dentro.-Onde diabos ele se meteu? - Num minuto ele estava na van, e no seguinte ele tinha ido embora! Para onde ele foi?Reed colocou uma mão na ponte de seu nariz e balançou a cabeça cansado. Tinham procurado por ela a noite toda e não tinham conseguido encontrá-la em nenhum lugar.-Talvez... não sei, vamos voltar para o meu apartamento, para a cabine no Monte Rainier... Em algum lugar! -Stela exclamou e o médico acenou com a cabeça.Claro... vamos aonde você quiser, mas deixe-me fazer alguns cafés porque estou desorientado, certo?Stela acenou com a cabeça e sentou-se por um momento em uma das bancadas do apartamento de Reed. Ela estava mais do que preocupada com Marianne, porque sabia o quanto sofria e não queria que ela fizesse nenhuma loucura.Reed estava apenas colocando
Marianne abriu seus olhos.Até mesmo seus pensamentos doíam, e ela mal conseguia sentir seu corpo. Sua cabeça estava pesada como se ela tivesse uma ressaca ruim... ou tivesse sido atingida com muita força.O mundo era um lugar nebuloso, nebuloso, e a última imagem que ela tinha antes de voltar à sua mente: seu irmão Astor atirando nela no meio do peito.Ela tentou sentar-se, mas foi muito difícil.-Não o aconselho a fazer isso, você não deve se mover ainda.O timbre daquela voz fez Marianne se mover abruptamente, tentando recuar, incapaz de se impedir de gritar de dor.-Or mover-se! Vai funcionar muito bem! -lançou Astor, observando seu encolher de volta em si mesma no canto da cama.Marianne tentou focalizar seus olhos e finalmente conseguiu percebê-lo. Ele estava sentado em uma cadeira aos pés da cama, com sua atitude arrogante e satisfação no rosto.-Eu não estou...? -marilheira tresmalhada Marianne.-Morto? - disse Astor. Aparentemente não, mas eu lhe asseguro, você desejará que a
Gabriel abriu os olhos, ou pelo menos pensou que sim, mas foi como se tivesse um filme escuro sobre eles. Ao seu lado, as vozes continuavam e continuavam.-Você ainda acha que ele vai sobreviver? - disse um.-Foi uma semana, se ele ainda não morreu, acho que não vai morrer, mas não espere que ele acorde da noite para o dia, afinal de contas, você lançou um maldito míssil contra ele", disse outra pessoa.-Bem, tanto pior para ele, porque eu preciso de informações, e isto não será nada comparado com o que eu preciso saber.As vozes se perderam na distância, cheias de ruídos estranhos, e Gabriel escorregou de volta para a inconsciência.Ele não tinha certeza há quanto tempo vinha entrando e saindo daquele agonizante estado de sono. Ele só podia sentir que não estava exatamente entre amigos. Finalmente, um dia seu cérebro se forçou a reagir e ele abriu bem os olhos.Seus pensamentos foram entorpecidos e ele olhou ao seu redor. Aquela pequena sala tinha todo o equipamento de uma enfermaria
-Não me toque! Não me toque! Não me toque! Não me toque! Não me toque! Não... Aaaaaaaaaaahhhhhh!O grito de Marianne ecoou na pequena sala e ela se masturbou, machucando-se mesmo com as correias enquanto tentava escapar do toque hostil das mãos das enfermeiras.Astor encostou suas costas contra a parede do corredor e esperou que eles terminassem com ela, vangloriando-se de cada um desses ataques.Ele ia visitá-la toda semana, muito cedo, para apreciar os gritos de Marianne enquanto as enfermeiras tentavam limpá-la. Vê-la amarrada àquela cama sempre lhe deu um prazer especial, uma satisfação doentia que ele não podia ver, mas que o fez sair do hospital psiquiátrico para ir pagar uma puta e fodê-la em um hotel barato como se isso fosse o culminar de um dia perfeito.Ela esperou que as enfermeiras retirassem os lençóis sujos da noite, pois elas nem sequer a deixavam ir ao banheiro, e os gritos só continuaram por meia hora após Marianne ter sido deixada sozinha novamente.Astor poderia tê
Era a casa noturna mais exclusiva da cidade, mas Lucius Hamilton não tinha ido lá para dançar. Ele tinha ido embora porque um dos barmen era amigo dele e o tinha chamado para dizer-lhe que Stela estava bêbado como uma doninha.-Luciiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!" gritou Stela, abrindo seus braços quando o viu chegar.-Droga, Stela, não faça isso com você mesma! -cried Lucius.Stela não tinha tido um único dia de paz desde a morte de Marianne, e quando ela não estava tomando comprimidos para dormir, ela estava completamente bêbada. Ela não tinha sequer concordado em ver a Dra. Reed novamente, e Lucius também sabia que o homem estava passando por um momento difícil.-Venha, garota, vamos embora", disse ele, colocando um braço em volta dela para levantá-la e segurando-a enquanto ela cambaleiava em direção à porta, mas antes que pudessem alcançá-la, os dois pararam, petrificados.Lucius tirou Stela do caminho e eles se camuflaram atrás de uma esquina para ver Astor passar com o passo de um rei feu