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O BARCO SEMPRE AFUNDA

Peguei o meu bastão e estava quase mirando quando vi que era o Léo, respirei fundo e ele disse deitado na minha cama: - Que foi? Eu tenho as chaves...- ele jogou as chaves pra cima, brincando com elas.
- Você precisa devolvê-las, afinal a casa é minha, minhas chaves, e isso é invasão de privacidade.- disse o empurrando da cama.
- Calma, só vim ver se você está bem, eu estou preocupado com a nossa conversa.- ele disse sentando na beirada da cama.
- Eu tenho um encontro hoje, e gostaria muito que não estragasse.- eu disse abrindo o guarda roupa procurando algo.
- Sem problemas, mas me avisa qualquer coisa que der errado, eu venho correndo.- ele se aproximou me empurrando contra o guarda roupa.
- Para de fazer isso.- eu disse me desviando dele.
- Isso o que? - ele se aproximou e me beijou.- eu fiquei rendida com os pés quase dormentes.
- Para de fazer isso Léo, você me deixou na merda e agora quer fingir que tá tudo bem.- eu dei um tapa no seu peito.
- Não me toca assim.- ele me jogou na cama, e tirou a camiseta.- Você não me deixa nervoso, ouviu?- ele sussurrou no meu ouvido.
- O que você vai fazer? - eu disse com ironia. 
- Tudo o que eu quiser, já que vai sair com um babaca hoje. - Ele beijou meu pescoço. - E você sabe como eu posso te fazer feliz quando eu quero.
Ele beijou meu pescoço e eu estava rendida, ele me apertava com força, dizia besteiras no meu ouvido sussurrando.
- Léo eu não posso. - Eu disse tentando empurrá-lo.
- Quer que eu pare? - ele me olhou com malícia. 
Fiquei quieta observando seu corpo esculpido, ele tirou minha roupa e quando fui ver já estava tocando o seu corpo, ele tinha um jeito sádico que eu gostava, ele me imobilizava e eu só conseguia sentir prazer naquilo, eu estava me odiando por aquilo, porque ele estava fazendo aquilo comigo sendo que nosso relacionamento já tinha acabado. Tentei esquecer os sentimentos e falar para mim mesma, é só sexo, é só isso.
- Eu te amo. - Ele disse gemendo. - Meu corpo não aguentou e acabamos entrando em um orgasmo duplo. 
Ele saiu de cima de mim, e ficamos em silêncio descansando olhando para o teto, mil coisas veio na minha cabeça, até que eu fugi dos meus pensamento me virei e olhei pra ele, e acariciei sua barriga, ele sorriu.
- O que vamos fazer com a pessoa que está perseguindo a gente.- disse preocupada.
- Vamos investigar, mas se for perigoso quero você fora disso.- ele acariciou meu cabelo.
- Chega, não faz assim, eu estou confusa, e você precisa ir embora, eu tenho um encontro hoje.- eu disse o empurrando da cama.
- Como você consegue ser assim?- ele disse decepcionado.- Vai lá pro seu encontro de merda, eu vou te mantendo informada.- disse colocando a calça e depois a blusa.
- Precisa desse escândalo Léo? - eu disse tentando conter sua raiva.
- Você sabe que eu ainda amo você, e brinca comigo assim.- ele pegou no meu rosto rudemente.
- Você saiu com outra garota na festa, acha justo o que fez comigo?- tirei sua mão do meu rosto
- Tchau, tenho um psicopata pra encontrar.- ele disse saindo nervoso  saindo do quarto, escutei ele batendo a porta da minha casa.
Fui pro banho me sentindo uma idiota, eu nem mesmo deveria ter deixado ele me tocar, ele me deixa sensível, vulnerável, me sinto mal por gostar dele, e estou quase cancelando esse encontro. Termino o banho e escuto campainha, devo estar super atrasada, isso que dá pensar besteira, fui descendo as escadas e olhei no olho mágico e era o James, ele estava com um buquê de rosas azuis, abri a brecha da porta.
- Oi, eu estou um pouco atrasada, você pode esperar?- disse abrindo um pouco mais a porta, e me escondendo atrás da porta.
- Se quiser ir de hobbie, não tem problema.- ele disse entrando.
- Azuis?- disse surpresa pegando as rosas e colocando na mesa.
- É comum de mais dar rosas brancas, ou vermelhas, achei mais adequado as azuis já que estamos iniciando nossa amizade.- ele me olhou de cima abaixo.
- Melhor eu me arrumar.- eu tossi envergonhada.- Tem bebida na geladeira, pode ficar à vontade, eu já estou indo.- eu disse subindo as escadas correndo.
Eu não posso cair nesse papinho de amizade, ele é gentil demais, e eu tenho essa coisa de gostar de caras idiotas, é provável que isso não vai dar certo. E que roupa eu vou usar? O que será que ele está pensando lá embaixo? Devo ir recatada? Sedutora? E agora? - enfiei a cabeça na almofada e gritei.
Olhei para o guarda-roupa e um vestido preto com detalhes em lilás me chamou, tinha um decote sexy, mas não era curto, parecia que perfeito. Coloquei o vestido, ondulei meus cabelos, e coloquei o mínimo de maquiagem possível.
Desci as escadas e ele estava dormindo no sofá abraçando o travesseiro, ele estava tão lindo, eu tossi e ele se assustou e eu sorri.
- Pelo visto demorei muito. - Eu disse indo na sua direção.
- Valeu a pena. - Ele me olhou de cima a baixo. - Vamos querida. - Ele disse ironicamente estendendo a mão.
- Claro querido. - Eu sorri segurando a sua mão.
Fomos em direção ao seu carro, era um Jaguar Suv, o carro era muito organizado, e tinha um cheiro mentolado, eu era muito observadora. Começamos falando sobre as nossas vidas, ele me contou sobre sonhos, planos, e também sobre seu pai, ele havia sofrido um grave acidente, e agora ele tinha que cuidar do dele.
- Eu não calei a boca, me conta sobre você.- ele disse dirigindo.
- Meus pais morreram quando eu era criança, e então fui morar com meus avós,  que cuidaram de mim até meus 19 anos, e com o dinheiro dos meus pais e eu consegui comprar a minha casa e meu carro, e desde de então sou sozinha.- sorri.
- Que história em, sinto a minha menos interessante.- ele sorriu.- Chegamos!- apontou para um lindo restaurante o Le Bless. - O chef é um grande amigo, ele vai preparar algo incrível hoje.
Entramos no restaurante, era tão requintado, fiquei pensando com os meus botões será que vou aguentar pagar a minha parte? A vontade de sair correndo era grande, mas fiquei vislumbrada com o lugar, tínhamos até uma mesa reservada.
- Boa noite, o menu especial.- disse olhando para o garçom seriamente.
- Vinho?- o garçom disse estendendo o cardápio.
- Catena Zapatta, a melhor safra por gentileza.- ele recusou o cardápio e o garçom saiu pedindo licença.
Ele segurou minhas mãos e fez pequenas carícias, ficou me olhando com aqueles olhos de mel penetrantes.
- Não sabia que era um apreciador de vinhos.- eu sorri.
- Ah muitas coisas que não sabe sobre mim Alice.- ele acariciou meu rosto.
O vinho chegou, o garçom serviu e algumas gotas respingaram no meu vestido, ele se desculpou imediatamente, e o James o olhou como se fosse assassiná-lo.
- Eu vou até o banheiro, com licença.- sorri indo em direção ao banheiro.
Chegando no banheiro aproveitei para usar, e um pedaço de papel foi jogando debaixo da porta, eu curiosa peguei e abri e me assustei com o que estava escrito.

QUERIDA ALICE, ESPERO QUE TENHA GOSTADO DE TER FICADO COM SEU EX, E ESTAR JANTANDO COM OUTRO, DOCE ALICE CUIDADO E TUDO É DESCOBERTO.

BEIJINHOS SEU PIOR PESADELO.

Congelei olhando o bilhetinho, me limpei, e abri a porta do banheiro e tinha uma moça se arrumando no espelho.
- Ei, você colocou esse bilhete debaixo da porta?- eu disse nervosa.
- Claro que não, nem te conheço maluca.- a mulher disse bufando, secou as mãos e saiu do banheiro.
Tentei tirar os respingos da blusa nervosa, meu Deus eu estou em perigo real, eu achava que era um homem, mas agora não sei se é uma mulher, quem pode ser? Respirei fundo e voltei pra mesa constrangida, olhei para os lados assustada.
- Tá tudo bem?- James disse preocupado.
- Tá sim, só está um pouco quente, eu não estou acostumada a beber vinho.- eu sorri sem graça.
As entradas chegaram a mesa, e eu sorri para disfarçar o surto que eu estava passando : - Espero que goste de Tartar.
- Nunca comi.- disse dando uma leve garfada.- É bem macio, tem um fundinho ácido.
- Com licença, um rapaz do bar lhe mandou isso.- o garçom chegou com um drink na mão, olhei para trás e não tinha nenhum rapaz.
- O que é isso? - perguntei olhando para a taça.
- É o drink dois amores.- o garçom disse o deixando na mesa.
Essa pessoa deve estar querendo me desestabilizar, e quer saber, eu vou entrar nesse jogo, e ainda ganhei um drink de graça, peguei o drink e dei um gole e sorri.
- Então tem um admirador?- ele sorriu com malícia.
- Perseguidor você quis dizer.- eu dei mais um gole no drink.
- Alice, você é um mistério, mas não quero ninguém olhando pra você além de mim.- ele tocou nos meus dedos brincando.
- Ah não, mas um perseguidor.- eu sorri e dei mais um gole.
- Vai com calma, esse drink é muito forte.- disse cuidadoso.
- Quer saber vamos sair daqui? - Eu disse levantando-se. -Eu estou sufocada aqui.- eu me abanei.
 Ele se levantou, acenou para os garçons, e saiu comigo abraçado.
- Vai sair sem pagar?- eu olhei pra trás vendo os garçons tirarem os pratos.
- Digamos que eu quero ser fora da lei hoje.- ele sorriu e me pegou no colo.
Soltei um gritinho e dei uns tapinhas para ele me soltar, ele me colocou no chão, e eu estava com o rosto vermelho, ele arrumou meu cabelo e deu um leve beijo.
- O que quer fazer agora?- ele fez carinho no meu rosto.
- Quero beber, vamos pra minha casa.- eu disse mimada.
- Eu não consigo dizer não pra você.- ele sorriu e entramos no seu carro.
 Pegamos algumas cervejas em uma conveniência e fomos para a minha casa, peguei uns petiscos no armário, e sentamos no meu quarto e fizemos um brinde com as garrafas. Olha só... um estranho me ameaça, e agora eu estou bebendo com outro estranho no meu quarto, Alice você está perdendo o senso.
- Eu sou meio fraco para a bebida. - Ele disse dando um gole. - Acabo relevando segredos.- sorriu levantando a garrafa.
- Já que estamos nesse clima de sinceridade, segredos, eu preciso te contar porque quis sair do restaurante.- eu disse sem graça.
- Seu ex nos viu?- ele riu.
- Não, tem um cara me perseguindo de verdade.- eu disse bebendo metade do que tinha na garrafa.
- Uau.- ele riu.- Sua vida é mais interesse do que eu pensava.- ele deu um gole.
- Mas eu não estou mais com medo, eu quero que esse perseguidor se exploda.- eu toda tonta fui em direção ao meu banheiro.- Já volto, eu preciso fazer xixi.- disse correndo tonta.
Quando voltei do banheiro ele estava deitado na minha cama, me olhando com malícia, ele deu um tapinha e estendeu o braço me chamando, eu sorrindo fui, bebida sempre me deixa alegre.
- Relaxa, eu vou cuidar de você.- ele beijou minha testa enquanto me aconcheguei no seu braço.
- Cuida de mim.- eu olhei pros seus lábios.- Nem tente nada seu safadinho, a bebida não me tira a memória.- eu ri tocando o dedo no seu lábio, ele mordeu meu dedo de leve.
- Não me provoca Alice, se comporte.- ele disse me abraçando e me dando um selinho.
- Você acredita no amor?- eu disse brincando com seus dedos.
- Só sei que a vida passa muito rápido.- ele respirou fundo.
- Você não tem medo de te machucarem?- eu olhei nos seus olhos.
- Corremos riscos todos os dias, as pessoas são substituíveis.- ele deu um cutucão na minha testa.
- Ai, tá maluco.- eu passei a mão na testa.
- Chega de perguntas que eu não posso dar uma resposta inteligente o suficiente por falta de sobriedade.- ele se aconchegou na cama.
- Que tal você fazer carinho no meu cabelo, e me fazer dormir.- eu peguei a sua mão e coloquei na minha cabeça.
- Em troca de um beijo.- ele disse se aproximando.
- Combinado.- eu o beijei, intensamente, tirei sua blusa e subi em cima dele, o beijo dele era tão bom que eu não queria parar.
- Hoje não.- ele parou o beijo e me deitou de volta.
- Tudo bem, vou respeitar seus limites, agora cuida de mim.- eu disse o abraçando.
Ele se levantou pegou uma coberta e me cobriu, se deitou ao meu lado e ficou acariciando meu cabelo, ele dava leves beijos na minha testa, quando fui ver já tinha pegado no sono, me sentia tão segura, se ele soubesse que eu fiquei com o Léo esse romantismo ia acabar mais rápido do que eu esperava, eu não queria partir o coração de ninguém, mas o Léo pisou na bola, acho que está na hora de cuidar de mim, e ficar com alguém que cuida de mim.
Acordei com a luz da janela, e lá estava ele ao meu lado, eu levantei e fechei a janela de leve, e fui escovar os dentes, desci e fui fazer o café da manhã depois subi para o quarto e fui tirando as garrafas do chão, e fui guardando as coisas, escutei ele gemer e abrir os olhos, aqueles olhos de mel lindos.
- Bom dia Bela adormecida.- eu disse dando um selinho.
- Desculpa, eu deveria ter acordado primeiro, e feito uma surpresa, um café da manhã bem gostoso, como nos filmes.- ele se levantou.
- Eu vou jogar essa bagunça, tem uma escova de dentes fechada no banheiro.- eu disse retirando a bagunça e descendo as escadas.
Fui retirar o lixo, e vi outro bilhete na minha porta, abri e estava escrito:

O PRÊMIO DE VADIA DO ANO VAI PARA ... ALICE HASSEN, PARABÉNS !!!

Amassei e joguei junto com o outro lixo, nervosa entrei em casa e fui lavar as mãos, e senti alguém me abraçar por trás, virei e dei um beijo no James.
- O café parece uma delícia, você se dedicou muito pra sua bela adormecida.- ele sorriu.
- Vem vamos comer.- eu disse secando as mãos no guardanapo.
O café da manhã parecia um filme, sorrimos, demos torradas com geleia um para o outro, ele me acalmava, eu me sentia muito bem perto dele, ele não exigia nada, ele era calmo, culto, educado e tão gentil. A campainha tocou cortando o clima de cinema, ele se levantou e sorriu e eu consenti que ele olhasse quem era, para nossa surpresa era o Léo, na hora me levantei e fui até a porta.
- Oi Léo, precisa de alguma coisa? - eu disse seca.
- Sim, preciso falar com você. - Ele disse sério. - A sós.- ele olhou para o James.
- Tudo bem, eu tenho algumas coisas pra fazer, qualquer coisa você me liga?- ele disse colocando a mão no meu ombro e olhando sério para o Léo.
- Tudo bem, eu te ligo.- eu dei um selinho de leve.
Eles se olharam friamente ao se despedirem, e o Léo entrou como um foguete, fechou a porta e me colocou contra a parede nervoso.
- Então ele passou a noite aqui?- ele disse olhando com deboche a mesa.
- Não que isso seja da sua conta, mas sim ele passou a noite, mas só dormimos se é isso que está te incomodando.- eu disse tirando suas mãos de mim.
- Esse cara tem algo errado.- ele disse abrindo a geladeira.- Eu recebi um recadinho inusitado, e vim correndo pra cá.- ele virou a garrafa de água e deu um gole.
- Tem algo de errado porque eu estou com ele e não com você?- fechei a geladeira grosseiramente.- Que recadinho te fez sair lá da sua casa até aqui?- eu disse olhando seriamente.
- Dizendo que você é a maior vadia, e que a sua máscara de boa moça vai cair.- ele disse tocando no meu cabelo dando um sorriso irônico.
- Eu já estou de saco cheio disso.- eu disse nervosa.- Ontem no restaurante eu recebi um bilhete no banheiro debaixo da porta.- coloquei a mão na cabeça.
- E você acha que eu estou como?- ele disse sentando na bancada da cozinha.- Se eu descobrir quem é, eu não sei do que eu sou capaz.
- Temos que chamar a polícia.- eu disse o empurrando do balcão.
- Nem pense nisso.- ele disse me colocando contra a parede.- Você quer ser presa? Quer ferrar com tudo? - ele disse com os olhos queimando.
- Tudo bem, sem polícia. - Eu abaixei a cabeça.
- Desculpa, eu não queria ser grosseiro, é que não quero que ninguém te faça mal.- ele disse tirando suas mãos.
- Eu estou com dor de cabeça. - Eu disse com a mão na nuca. Ele abriu o armário, pegou um analgésico, e pegou água pra mim, fiquei surpresa o quanto ele me conhecia, conhecia meu espaço.
- Eu vou indo, por favor se algo estranho acontecer finja que está falando com alguma amiga no telefone, que eu vou entender e vou correndo até você, tudo bem?- eu concordei com a cabeça, e ele me deu um beijo na bochecha e saiu, me deixando sem graça.
Eu só queria dormir, minha cabeça estava explodindo, então liguei para o escritório dizendo que eu estava com uma gripe horrível, e que eu não podia ir, então me liberaram, eu deitei na cama como se fosse deitar em nuvens, e abracei os travesseiros, estava tudo tão confortável. 
Fechei os olhos e dormi profundamente, até que algo entrou pela minha janela quebrando o vidro, tomei um susto e olhei para a janela já era de noite, e alguém muito alto de roupa preta e máscara saiu correndo.
- Vou chamar a polícia. - Eu gritei na janela.
Era uma pedra com um bilhete enrolado, meu coração estava acelerando, o bilhete estava escrito com vermelho, virei a pedra e abri o bilhete.

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