Peguei o telefone, e corri para ligar para a Isa, ela não estava atendendo então liguei para o Léo e ele também não atendia, liguei para o James era a minha última esperança.
- Alô.- ele disse sonolento.
- Por favor, preciso que venha até a minha casa.- eu disse chorando.
- Estou indo pra ai, por favor se acalme.- ele disse calmo e sereno.
Aquela maldita pedra, estava com sangue, e estava escrito :
ALICE VOCÊ PRECISA MUDAR AS SUAS AMIZADES, FIZ UMA GENTILEZA PARA VOCÊ, DEI UMA BOA LIÇÃO, ADIVINHE DE QUEM É O SANGUE? SE ADIVINHAR TALVEZ DÊ TEMPO DE VOCÊ SALVAR ESSA PESSOA, ISSO SE ELA MERECER.
Eu não sabia pra quem ligar, para qual amigo salvar, seria a Ana, a Isa, o Léo... meu Deus meu coração estava quase paralisando, e ninguém me atendia, eu estou sendo tão atacada, preciso muito saber quem é, eu não falava com a Ana desde de que fomos buscar minhas coisas no Léo, liguei mas ela também não atendia, e o James estava demorando pra chegar, de repente escutei a campainha, e desci correndo, olhei no olho mágico e era o James, senti um grande alívio, abri a porta e o abracei.
- Por favor, me leva pro hospital.- eu disse chorando.
- Por que? O que aconteceu com você.- ele disse procurando algo errado em mim.
- Só me leva pro hospital, eu preciso achar alguém.- eu disse chorando desesperadamente.
Ele concordou com a cabeça, me acompanhou até o carro abriu a porta, ele ficou segurando na minha mão no carro e sorriu sem graça, só aquele sorriso foi o suficiente para me dar forças, eu estava em desespero, eu respirava fundo e a cada respirada eu ficava torcendo pra todos estarem bem, tinha apenas três hospitais na cidade, caso não achasse ninguém eu chamaria a polícia. Fui no primeiro hospital, e não tinha ninguém, ninguém tinha dado entrada com os nomes que eu falei, fui no segundo e não tinha ninguém também, e então cheguei no terceiro e finalmente achei, era a Ana.
Pedi a moça da recepção para me deixar entrar pra ver ela, fui andando no corredor e a cada vez que eu andava mais meu coração acelerava, e então a vi pela lateral da cortina, ela estava com um ferimento na cabeça, e quando eu ia me aproximar eu vi o Léo dando um beijo na boca dela, dizendo que tudo ia ficar bem, eu só consegui sentir repulsa, me aproximei da cortina e abri.
- Estou atrapalhando?- eu disse olhando seriamente.- Eu achei que estivesse morta.- olhei nervosa para os dois.
- Amiga, calma... um doido jogou uma pedra pela janela do meu carro e eu quase bati.- ela disse sorrindo.
- Boa noite Alice.- o Léo disse cabisbaixo.
- Estranho você estar aqui Léo, já que você e a Ana se odeiam não é mesmo?- eu disse ironicamente.
- Eu estava próximo, então trouxe ela até aqui.- ele disse nervoso com a mão no bolso.
- A quanto tempo isso tá acontecendo?- eu disse nervosa.
- Amiga do que você está falando.- ela disse com os olhos cheios d' água.
- Eu não quero saber, estou com nojo de vocês dois, queria que a pedra furasse seu crânio, você vindo me consolar com aquele papinho de que eu merecia coisa melhor, talvez você quisesse coisa melhor.- eu disse nervosa e parti pra cima do Léo.- E você seu cretino, ainda vindo falar sobre voltar? Voltar pra me chamarem de trouxa?- eu disse o empurrando.
- Ei mocinha isso é um hospital.- a enfermeira entrou no quarto.
- Quero que vocês todos se fodam.- eu disse saindo, e o Léo pegou no meu braço.- Você nunca mais toca em mim, cretino.- eu dei um tapa na sua cara
Sai do hospital de cabeça erguida, o James estava sentado e eu sai do hospital e ele veio me seguindo, e eu continuei saindo.
- Alice o que foi? - ele tocou no meu ombro.- Tá tudo bem com a sua amiga?- ele disse preocupado.
- Ela morreu.- eu disse enquanto continuava andando.- Ela morreu pra mim, junto com as mentiras dela, por favor eu quero ficar sozinha.- comecei a chorar.
- Alice calma.- ele disse enquanto eu saia correndo, eu nem mesmo olhei pra trás.
Corri e comecei lembrar dela me aconselhando, ela foi a pessoa que mais me incentivou a terminar com ele, dizendo que ele era um galinha, que eu merecia coisa melhor, quantas vezes chorei no colo dela e da Isa, eu tinha me distanciado dela por causa do trabalho, mas isso que eles fizeram comigo foi demais pra mim, talvez esse estranho que me ameaça apenas está querendo me mostrar a verdade. Talvez não seja esse monstro, talvez eu fosse a pessoa que jogaria a pedra, pelo menos foi o que eu quis na hora que eu vi eles dois se beijando, parei pra respirar e comecei a socar uma árvore, quando fui ver minhas mãos estavam sangrando, eu não me importava com a dor eu só queria beber, fui andando até uma conveniência, peguei uma garrafa de wisky, a mulher do caixa me olhou com cara de poucos amigos, e eu coloquei a garrafa no balcão a encarando, ela olhou minhas mãos, eu olhei séria pra ela e joguei o dinheiro saindo com a garrafa.
Abri a garrafa, e dei vários goles, a bebida descia queimando que nem fogo, sentei em uma praça na beira de um rio, e fiquei ali olhando pro céu, fui até o gramado com a garrafa e deitei olhando para o céu, comecei a lembrar dos meus pais, e então o choro veio, como eu poderia ser tão sozinha assim no mundo? Até a imbecil da Ana tinha alguém ali pra ela no hospital, e eu tinha quem? A Isa que não atende as minhas ligações? Não confio em mais ninguém, eu só quero beber mais, e mais. De repente veio uma luz na minha cara, eu já estava zonza.
- Ei apaga essa droga.- eu disse olhando pra trás.
- Saia dai imediatamente, é propriedade da prefeitura.- disse um policial.
- Ah vai se foder.- virei e deitei novamente.
- Você vem comigo.- o policial disse pegando o meu braço e me levando até a viatura.
- Isso me prende, eu sou um monstro, um perigo pra sociedade.- eu disse tentando escapar.
- Preciso de ajuda aqui.- ele disse para o outro policial do carro.
Me colocaram a força no banco de trás, eu estava me sentindo uma criminosa, a que ponto eu cheguei, era tão fácil me desestabilizar, eu nunca surtei dessa forma, o álcool me deu muita coragem mesmo, eu só queria sair dali. Chegando na delegacia me avisaram que eu tinha direito a um telefonema, então pensei na única pessoa que tinha dinheiro pra me tirar dali então liguei pro James, eu não ia ligar pra nenhuma amiga, já que eu não confiava em ninguém.
- Eu estou na delegacia, você pode me buscar?- eu disse sem graça.
- O que você fez?- ele riu no telefone.
- Desacatei um policial, vai ficar debochando? Eu me viro aqui.- eu disse nervosa desligando o telefone.
Fiquei na cela com algumas mulheres, e elas estavam me olhando com uma cara meio esquisita, como se eu fosse a menina rica que gritou com um policial, tirando a parte do rica, sim eu era um alvo fácil ali pra levar uma boa surra. Depois de meia hora chegou um policial e disse : - Ei você, tá liberada.- ele me tirou da cela.- E por favor moça, para de beber.- ele deu um tapinha no meu ombro com empatia.
- Obrigada.- eu disse saindo de lá.
Olhei pra fora e lá estava o James, com a cabeça baixa de lado chutando a parede, a porta de vidro se abriu, e fui até ele agradecê-lo: - Obrigada por vir, não se ofenda eu não tinha ninguém para ligar uma hora dessa.
- Eu fiquei feliz que ligou.- ele veio em direção pra me beijar e eu desviei.
- Desculpa eu estou com cheiro de cadeia.- eu fiquei sem graça.
- Melhor eu te levar logo, esse não é lugar pra você.- ele me acompanhou com a mão no meu ombro.
Fomos até o carro, e ele foi segurando a minha mão novamente, eu sorri pra ele e ele sorriu de volta, e na volta para casa fiquei pensando em várias coisas aleatórias, no que eu ia dizer pro meu chefe amanhã, do que eu iria tomar de café, o que eu iria fazer pra evitar ver o Léo e Ana, se eu deveria conversar com a Isa, se eu deveria me abrir em algum momento pra alguém. Ele parou o carro em frente de casa e eu disse:- Fica comigo hoje, dorme aqui.- eu pedi carinhosamente.
- Eu preciso avisar meu pai, pode ir descendo eu já vou.- ele disse pegando o celular.
- Eu vou deixar a porta aberta.- eu disse entrando.
Eu precisava de um banho, então tomei um banho de princesa, bem demorado, bem quente, e com muito sabão, terminei o banho, me sequei e passei meu hidratante de morango, sai do quarto e lá estava ele de terno em pé dando voltas no meu quarto.
- Desculpa a demora.- eu sorri.- Fica a vontade, tem uma camiseta velha bem larga minha, se quiser colocar.- eu apontei pro guarda roupa.
-Eu não durmo de roupa, tem problema?- ele deu um sorriso de canto.
- Fica a vontade.- olhei sem graça. -Eu vou descer pra fazer um leite quente.
- Tem marshmallow?- ele disse tirando a camiseta.
- Tem sim.- eu fui andando pra trás pasma com o corpo esculpido.
- Eu faço um leite quente pra você.- ele disse se aproximando, me pegando no colo e me colocando na cama, e eu tão pequena fui como uma pena flutuando pra cama.
Ele me cobriu e desceu, eu não estava acostumada com isso, o Léo era tão bruto as vezes, tão grosseiro, eu não sei o que vi nele, bom talvez seja o cabelo ruivo e aqueles olhos azuis, pareciam o oceano, e quando ele ficava nervoso dava pra ver as veias e a vermelhidão do olhar, era tudo momentâneo com o Léo, haviam momentos bons, em que riamos de tudo, das carícias, das brigas que acabavam com ele na cama, meu coração estava dividido. Doeu o que eles fizeram comigo, eu sempre contei tudo pra eles, poderia ter sido qualquer um, mas não alguém que conhece suas dores, suas fraquezas, alguém que você fazia confissões, que você apoiava. Me senti como um cão perdido na rua, após o dono o abandonar, e depois ser acolhida por um novo dono, eu era o brinquedinho que o Léo gostava de mostrar para os amigos, a boa moça que ele iria casar de fachada, se é que chegaríamos até lá, ele saia com os amigos, e eu sempre era a sua opção noturna, ou de carência emocional. Eu nunca estive com alguém que tivesse interesse mútuo, que olhasse pra mim e me visse como alguém extraordinário, pra mim era muito confuso ter alguém como o James ali, mas eu ia deixar rolar por conta da minha carência emocional.
Ele subiu com duas canecas na mão, fiquei ali o admirando, até notar um machucado em suas mãos, eu não tinha reparado, está mais com cara de briga, não sei se era adequado perguntar, vou esperar o momento certo.
- Obrigada James.- eu peguei a caneca que estava tão cheirosa, com o marshmallow derretendo.
- Cuidado, está quente.- ele se sentou na ponta e soprou na própria caneca.- Eu fiz um pra mim, se não se importar.
- Não tem problema.- eu dei um gole.- Desculpa, mas o que fez na mão James?- eu disse curiosa.
- Ah isso não é nada.- ele olhou a mão e sorriu.- Você deveria parar de me chamar assim, é muito formal.- ele disse mudando de assunto.
- Você me chama de Alice, também é formal.- eu disse pensando na mão, mas não quis incomodá-lo com isso.- Como devo chamá-lo então?- dei um gole.
- Do que quiser, menos James.- ele apontou pra mim segurando a caneca.
- Que tal Keanu.- eu dei risada.
- Keanu? De Keanu Reeves?- ele disse incrédulo, e rindo muito.- Por que?
- Além de você ser muito alto e sexy, você é misterioso como ele.- eu disse dando a ultima golada colocando a xicara no criado mudo.
- Gostei do alto e sexy.- ele disse colocando a caneca em cima da mesa do computador, foi chegando bem perto de mim.
Eu fiquei corada, queria enfiar a cara no travesseiro e rir, eu estava constrangida, e lembrando do Keanu, ele me olhou com um sorriso malicioso, e tirou meu vestido de pijama de leve, e veio dando leves beijos no meu pescoço, e depois me beijou suavemente me deixando querendo mais.
- Eu não gostei nada do seu ex vindo aqui.- ele continuou me beijando um pouco mais intenso.- Senti ele roubando algo precioso de mim.- ele foi tirando a minha calcinha.
- Eu não sou de ninguém, só de mim mesma.- eu sorri me sentindo no controle.
- Tem certeza?- ele disse me tocando suavemente entre as pernas.- O que está te aprisionando?- ele foi beijando o meu corpo até chegar aonde eu exatamente queria, ele me deixou sem resposta.- Alice, se solta... não precisa ter medo.- ele sussurrou, depois continuou, até que eu não aguentei mais, eu precisava relaxar, e então o orgasmo veio.
Eu grudei nos seus cabelos, ele olhou pra mim seriamente, e foi tirando a calça, pegou uma camisinha que estava no bolso da calça, colocou olhando seriamente pra mim me analisando, eu conseguia ver as suas veias dos braços, ele parecia nervoso. Ele foi colocando lentamente, e eu já estava anestesiada, quando fui ver já estava entregue por completo, já estava fora de mim mesma.
- Você é livre Alice?- ele disse colocando mais rápido.- Eu não vou parar até ter a resposta que eu quero.- ele sorriu me segurando.
- Não.- eu disse com a voz enfraquecida.- Estou presa.- eu disse tendo outro orgasmo, e então ele parou, me deu um beijo, respirou fundo e se deitou ao meu lado.
- Desculpe, eu sou um pouco controlador no sexo.- ele disse se levantando.- Posso tomar uma ducha?- ele disse respirando fundo.
- Claro.- eu disse admirando seu corpo, eu queria mais, muito mais, mas não quis parecer desesperada, foi tão rápido.
- Você vem?- ele estendeu a mão.
Eu apenas concordei com a cabeça, e o acompanhei, ele encheu a banheira com a água morna, colocou sabão, e entramos, eu fiquei atrás dele, molhando seu cabelo de leve, fazendo massagem, peguei a esponja e passei nas suas costas suavemente, eu dava leves beijos no seu pescoço, e eu sentia o seu relaxamento.
- Estou quase dormindo.- ele disse.- Você é a minha Lis.- ele riu.
- O que?- eu disse parando a massagem.
- A minha flor de lis, esse é o seu apelido, você é linda e delicada.- ele virou e revirei os olhos sorrindo.
- Vamos descansar Keanu?- eu levantei da banheira.
Ele levantou, se secou e me ajudou a me secar, e fomos para a cama, eu tive uma noite atípica, podíamos ficar assim até tarde assim, eu não me importaria de chegar tarde no trabalho, eu estava gostando de toda essa atenção que eu estava ganhando do James.
-Eu precisava disso.- ele me deu um abraço apertado.
- Um banho?- eu me aconcheguei.
- Você.- ele fez carinho no meu cabelo.- Demorei mais te encontrei.- ele deu um beijo na minha cabeça.
Quando fui ver já estava pegando no sono, minha noite tinha acabado melhor do que eu esperava, eu estava dormindo tão gostoso, me virei e não senti o seu corpo, abri os olhos e escutei um barulho no andar de baixo, ele estava no celular muito nervoso, fui de canto escutar a sua conversa.
- Não me importa quanto tempo vai demorar.- ele deu uma pausa.- Preciso que me encontre no escritório, tenho algumas coisas pra levar pra você.- ele deu uma pausa.- Eu até fui resolver quando eu soube a verdade, eu preciso desligar, eu não estou em casa.- ele deu uma pausa.- Está tudo sob controle, todo mundo vai pagar.- ele desligou e eu fui sorrateira pra cama, deitei e fingi estar dormindo.
Ele subiu, e se deitou ao meu lado, e me abraçou, e me deu um beijo na cabeça, eu me mexi e virei e fingi abrir os olhos.
- Aonde você estava?- eu o abracei.
- Fui tomar um copo d' água desculpa o barulho.- ele disfarçou.
- Eu não escutei nada, eu só não te vi na cama agora que sentir você deitar.- dei um beijo no seu nariz.
- Estou aqui agora.- ele me abraçou, e eu peguei no sono novamente.
Quando acordei ele não estava na cama, escutei um barulho na cozinha, provavelmente era ele então levantei, lavei o rosto, escovei os dentes e desci. Lá estava ele com a camiseta larga que eu havia pedido pra pegar, eu o abracei por trás, ele estava preparando um omelete com queijo.
- Senta, daqui a pouco eu coloco na mesa.- ele virou e deu um leve beijo.
- Eu quero te ajudar.- eu disse toda manhosa.
- Eu já estou finalizando, confia em mim.- ele riu e fez uma dancinha com a espátula.
Eu sentei e peguei as canecas, o café estava na mesa, mas educadamente o esperei, ele virou o omelete no prato, percebi que ele observou que eu o esperava, ele deu um sorriso de canto, e se sentou.
- Preciso dar satisfação ao meu chefe, andei tendo noites bem loucas ultimamente.- eu ri colocando o café para nós dois.
- Você é uma boa moça, não vai ser demitida.- ele cortou o omelete e me serviu um pedaço.
- Não sei se devo te contar o sobre meu surto emocional de ontem.- eu disse sem graça.- Mas me sinto na obrigação, já que pagou a minha fiança ontem, o que foi muito legal, confesso.
- Não precisa se preocupar com isso.- notei a mandíbula dele forçar, parecia nervoso.
- A minha amiga Ana, aliás nem sem mais o que ela é pra mim, ela está com o meu ex o Léo.- eu disse respirando fundo.- O problema não é eles estarem saindo, o problema é que provavelmente foi quando estávamos juntos que isso aconteceu.- dei um gole no café.
- Eu já sabia disso.- ele disse dando um gole.- Desde a noite em que te conheci, quando eu vi os dois se beijando perto do banheiro.- ele disse como se fosse algo normal.
- Não é possível, ele levou outra garota aquele dia.- eu disse não acreditando.
- Pra você ver.- ele deu um gole.- Assunto desagradável para o café.- ele brincou com o dedos segurando a caneca sério.
-Desculpe, eu fui um pouco sem noção agora.- eu disse sem graça.- Devemos aproveitar esse lindo café da manhã que você fez.- eu peguei em sua mão.
E ele sorriu, terminamos o café e ele ajudou com a louça, e parecia aqueles filmes românticos, eu estava curtindo o momento, a minha carência emocional estava gritando por mais, eu não conseguia parar de fazer comparações entre ele e o Léo. Terminamos e ele me pegou no colo e subiu comigo as escadas, me deu um beijo bem demorado, e tirou meu pijama, ele deu leves beijos no meu pescoço me jogando na cama.
- Fica quietinha.- ele disse sério segurando meus pulsos com firmeza.
Deu leves beijos no meu pescoço, e foi descendo a sua mão e eu fui me contorcendo, e ele foi me olhando com aqueles olhos com a pupila dilatada, meu corpo tremia, ele sussurrou no meu ouvido.- Vai falar do ex no café novamente?
- Não.- eu disse soltando as minhas mãos, então o aproximei de mim o beijando.
Ele ficou nu e pegou a camisinha, e eu ansiosa fiquei o observando colocar, e ele me olhou sorrindo e disse colocando devagar no meu ouvido : - Vai me desobedecer novamente?- ele pegou no meu cabelo.
- Não, nunca.- eu cruzei minhas pernas nele.
Fizemos sexo bem lúcidos agora, e foi incrível, eu não queria ser uma menina obediente, eu queria explodir, eram sensações novas, eu estava me sentindo diferente, depois que acabou só consegui me sentir relaxada, eu queria ficar na cama ali em silêncio um tempo, recebendo seu carinho. Depois fomos para um banho relaxante, e então escutamos seu celular tocar.
- Você não vai atender.- eu disse esfregando suas costas no banho.
- Eu retorno depois.- ele se virou me beijou.
Depois do banho, ele olhou seu celular seriamente, parecia ter centenas de mensagens então ele se trocou rapidamente, e desceu para pegar seus sapatos e o celular dele novamente ficou tocando e tocando, e lá estava o nome na tela Laura, fui me trocar colocando um vestido azul liso.
- Eu preciso ir, sinto muito.- ele disse desanimado.
- É a Laura precisa muito de você.- disse ironicamente passando o perfume.
- Problemas no meu restaurante, bom eu vou indo.- ele me abraçou e me deu um beijo.- Qualquer coisa te ligo.- ele disse ignorando totalmente meu ciúme.
- Você tem um restaurante?- eu sorri sem graça disfarçando o meu ciúme.
- Te levei nele bobinha.- ele dei um selinho e saiu.
Ele foi embora e eu fiquei com cara de tacho, e mesmo assim meu arrumei para ir trabalhar, eram dois dias sem ir trabalhar, eu iria engolir sapo sorrindo o dia todo, e ainda ouviria as piadinhas e toda aquela masculinidade tóxica. Sai de casa e ainda bem que não tinha nenhum bilhete me xingando na porta, isso já era positivo para iniciar o dia, a Isa sempre me buscava para irmos trabalhar, eu não andava mais de carro desde de que aconteceu o acidente em que eu matei alguém e fugi com o Léo, maldito segredo que me consumia, eu não queria falar com a Isa, não depois do que a Ana fez com o Léo, eu estava desconfiada, então fui a pé até o ponto de ônibus e fiquei ali esperando.
Escutei uma buzina, e era a Isa, eu não tive reação, então acenei pra ela, ela sorriu e disse :
- O que você tá fazendo no ponto? Eu te mandei umas dez mensagens.
- Eu vou ir de ônibus hoje.- eu disse cabisbaixa.
- Amiga, eu vou ter que te arrastar?- ela disse se curvando e abrindo a porta do passageiro.- Para de besteira, e anda logo que eu não posso ficar parada aqui.
- Só entro se você me falar uma coisa.- eu disse respirando fundo.
- Alice, entra no carro.- ela disse nervosa pelos carros estarem buzinando.- Porra!- ela disse nervosa e buzinou para o carro da frente.
- Você sabia que o Léo estava com a Isa?- eu disse erguendo a sobrancelha.
- Oi?.- ela disse chocada.- Amiga, eu não sei nem o meu aniversário.- ela riu.- Bom eu não sabia, enfim entra no carro antes que eu mate um motorista.- ela disse séria.
Eu respirei fundo e entrei no seu carro, ela me olhou brava e me abraçou, e as lágrimas quase vieram, parecia algo bobo, mas eu tinha dificuldade em acreditar e confiar nas pessoas, mas só aquele abraço me dizia tudo, ela realmente não sabia de nada. Depois que eu me acalmei eu contei tudo pra ela, e a cada palavra saia um peso enorme de cima de mim, e ela cada vez mais chocada e surpresa com tudo.
- Eu não acredito que a Ana fez isso, com tanto homem.- ela disse nervosa.- Entendo você, e eu sei o quanto o imbecil do Léo é importante pra você.- ela disse triste.
- Ele era importante.- eu disse sorrindo pra ela.- Passar a noite na cadeia, e rolar tudo o que rolou depois, eu estou preocupada com outras coisas.
- Amiga só me promete que não vai cair de cabeça com o James.- ela disse parando no estacionamento da empresa.- Eu sei que você está gostando de tudo, e eu não quero me interferir na sua vida particular, mas cuidado, o Léo também foi uma pessoa maravilhosa no começo.- ela disse olhando pra mim.
- Eu prometo, e eu sei o quanto se decepcionou com o Léo, e ainda mais agora.- eu a abracei.
- Vamos pra luta.- ela disse descendo do carro.
Entramos na empresa, e todo mundo me olhou com aquela cara de que eu estava ferrada, eu respirei fundo, e fui bem sorrateira pro meu chefe não me ver, ligo o computador e vejo aquela foto ridícula na mesa, era eu a Isa e a Ana, o grande trio que não se desunia, do nada sinto uma mão pesada no meu ombro e já respiro fundo, eu sei que estou ferrada.
-Temos uma turista por aqui hoje.- o meu chefe disse rodando minha cadeira.
- Bom dia.- eu disse engolindo seco.
- Venha até a minha sala por gentileza.- ele disse revirando os olhos.
Fui até a sua sala, e por mais que eu odiasse aquele emprego eu não estava afim de ir atrás de outro, estava tudo tão cômodo pra mim, eu estava com as mãos suando, chegamos até a sua sala, e estava uma bagunça, tinha muitos papéis na mesa, ele sentou e ergueu as sobrancelhas, e cruzou os braços.
- Quero uma boa explicação por ter faltado tanto.- ele disse sério.
- Eu fui presa.- eu disse em pé com a cabeça baixa, ele começou a rir atrás da sua mesa.
- Você está falando sério?- ele disse fechando o sorriso que estava estampado.
- Sim, eu tive problemas pessoais, mas não dormi na cadeia.- eu disse com os olhos cheios de água, eu estava agoniada, mas precisava ser sincera.
- Esse tipo de coisa não é do seu feitio, não sei por que fez isso, mas eu acredito em você.- ele se levantou.- Você é muito talentosa, então por gentileza, vai lavar o rosto e cai fora da minha sala antes que eu te demita agora mesmo.- ele disse calmamente.
- Obrigada Chefe.- eu disse saindo da sua sala com um alívio.
Quando sai todos ficaram olhando, acredito que eles estavam esperando a minha demissão, fui andando em direção a máquina de café, e lá estava o inconveniente do Caio, ele estava rindo com o Martin bebendo o seu café.
- Olha só quem apareceu.- ele riu cutucando o Martin.
- Com licença, eu preciso pegar um café.- eu disse passiva agressiva.
- Claro, senhora TPM.- ele disse sorrindo e se afastando.- O chefe não te mandou embora?- ele disse sorrindo.
- Isso só diz a respeito a mim.- eu disse tomando um gole, mas queria jogar o café quente nos seus olhos. - Com licença.- eu sorri e sai andando.
- Essa ai está precisando de sexo.- o Caio disse rindo.
- O que você disse seu filho da puta?.- a Isa disse indo pra cima dele.
- Calma, eu estou só brincando com a Alice.- ele disse assustado.
- Não é o que pareceu.- a Isa disse dando um chute no meio das suas pernas.- Se faltar o respeito com alguma mulher aqui dentro, vamos nos unir e processar você, isso se você sair vivo daqui.
- Sua maluca.- ele disse nervoso de joelhos.
- Sou muito louca mesmo.- a Isa gritou.- E isso serve pra todos aqui.- a Isa apontou para as cabeças que espiavam no corredor a cena.
Eu sorri pra Isa, ela era muito corajosa, muito intensa, o meu chefe a admirava ou tinha medo dela, mas ele nunca conversou com ela na sala, ela era pontual, e muito profissional, e para o meu chefe não importava o que você fizesse desde de que trabalhasse corretamente.
Tive um dia de trabalho cansativo e rápido, eu não via a hora de chegar em casa tomar um banho e dormir, o James não deixou nenhuma mensagem, e eu também não mandei nada, e por mais que eu olhasse o celular a cada cinco minutos, nada de mensagem. Ignorei o celular, e quando cheguei em casa agradeci a Isa, e fui me arrastando até entrar, eu precisava de um banho e cama. Tirei a roupa e tomei um banho demorado, comecei a lembrar da manhã maravilhosa que eu tive com o James, mas ai lembrei da mensagem da tal Laura, fiquei nervosa e tentei limpar meus pensamentos junto com o banho, sai do banho me sequei e coloquei o pijama, e lá estava meu celular, eu não queria olhar, mas era mais forte do que eu, olhei e lá tinha mensagem do James, da Isa, e da Ana. Olhei primeiro a do Jorge:
DESCULPA MINHA LIS, TIVE UM DIA DE TRABALHO INTENSO HOJE, POSSO IR AI HOJE? :)
Ignorei totalmente a sua mensagem, e não quis ver as outras, eu só queria dormir, e eu não queria ser tão fácil, e tão inocente com o James, e por mais que o sexo fosse incrível, ele não me contava tudo, eu nem sabia que ele era dono de um restaurante, queria conhecer ele de verdade, eu sei que o tempo é curto, mas pra quem já pagou uma fiança pra mim, ele sabe mais sobre mim, do que eu dele.
Coloquei o celular no silencioso, e só deixei o despertador ativo, eu queria paz, tive uma semana muito louca, minha vida era muito regrada, e do nada veio um furacão e mudou tudo do dia pra noite.
Peguei no sono, e nem me dei ao luxo de sonhar com algo, acordei alguns minutos antes do despertador, eu estava morrendo de fome, desci e preparei um café, com torrada e geleia de uva. Olhei o celular e tinha chamadas perdidas do James, mas nenhuma mensagem, ignorei o celular novamente e terminei meu café, subi para me trocar. Coloquei um vestido xadrez e botas pretas, fiz um coque no cabelo e pra mim estava mais do que suficiente, eu estava com um péssimo humor, fui descendo e a campainha tocou, olhei no olho mágico e era o James, abri a porta surpresa.
- Que bom que está bem.- ele me abraçou forte e me deu um beijo.
- Sim, eu estou.- eu olhei surpresa pra ele.- O que está fazendo aqui?- eu disse escorando no canto da porta.
- Eu fiquei preocupado, você não respondeu minhas mensagens, e nem atendeu as minhas ligações.- ele disse preocupado. -Posso entrar?- ele se aproximou.
- Já estou de saída, tenho que trabalhar.- eu disse pegando a bolsa e saindo de casa.
- Eu te levo.- ele sorriu sem graça.
- Tá bem.- eu peguei o celular. - Só vou avisar a Isa que eu vou com você, se não ela vai passar aqui.- vi que tinha uma mensagem da Isa, dizendo que não podia me buscar.
- Tudo bem?- ele me olhou curioso.
- A Isa não vem hoje, vamos.- eu disse o acompanhando até o carro.
Minha cara não disfarçava meu péssimo humor, eu estava tão cansada da minha vida de ponta cabeça, parecia que eu estava dentro de um poço só observando ele encher até começar a afundar, e o James todo calmo, e atencioso.
- Desculpa eu ter sumido, tive que fazer uma reunião com a minha irmã.- ele estendeu a mão esperando que eu a segurasse.
- E depois encontrou com a Laura?- eu disse encostando a cabeça no vidro do carro.
- Minha irmã se chama Laura.- ele disse surpreso.
- Sua irmã se chama Laura?- eu perguntei sem graça.
- Sim.- ele deu uma pausa e depois veio aquele sorrido canalha.- Então quer dizer que está com ciúmes da minha irmã?- ele riu.
- O quê? - eu disse envergonhada e com raiva.- Não estou com ciúmes, só achei estranho as ligações.
- Que boba.- ele riu e no pare do sinal me deu beijo.
Ele conseguiu a primeira proeza, me fazer sair do mal humor, enquanto ele dirigia eu fazia carinho de leve no seu cabelo, ele ficava relaxado, e dava leve beijos na minha mão, a vontade de trabalhar já estava passando, eu só queria passar a tarde vadiando por ai com ele, chegamos no meu trabalho, e como cheguei cedo o pessoal da empresa estava começando a chegar, percebi eles olhando para o carro, principalmente os caras babacas.
- Acho que estou com alguém cobiçada na empresa, cheia de perseguidores.- ele riu e me beijou.
- Eles são uns idiotas.- eu ri e dei um último beijo nele.
Me despedi, e sai do carro toda animada e ofegante, finalmente o bom humor havia se restaurado, eu poderia ouvir o meu chefe falando o dia todo, que eu não ficaria incomodada, olhei pra minha mesa e tinha um buquê de flores e um bilhete em papel vermelho.
- Tá cheia de admiradores secretos.- o Caio disse sorridente.
- Bom dia Caio.- eu disse sínica.
- Não tem mais o que fazer ?- a Isa disse o assustando.
- Estraga prazer. - o Caio disse fazendo fusquinha e saiu resmungando baixinho.
- Bom dia.- ela disse toda animadinha.- Eu vi você chegando.- ela me cutucou.
- Ah amiga, eu estou animadinha mesmo.- eu fiquei corada.
- E esse buquê lindo.- ela disse dando um gritinho de felicidade.- Olha amiga, eu não era muito fã desse cara, mas ele se superou.- ela riu.
- Que bom que estão animadas com as suas vidinhas fúteis.- meu chefe disse nos assustando.- Vamos trabalhar, e espero que seja produtivo hoje.- ele disse indo para a sua sala.
- A gente se vê no almoço.- a Isa disse saindo de fininho.
- Ei por que não me buscou hoje?- eu a puxei pra perto da mesa.
- Depois eu te conto.- ela saiu toda sorridente.
Girei toda feliz na cadeira, respirei fundo e cheirei as flores, elas eram tão lindas, vermelhas com um lindo embrulho branco no caule, olhei para o bilhete todo decorando em dourado, e quando eu abri o meu sorriso desapareceu, no bilhete estava escrito :
APROVEITE ENQUANTO PODE VADIA !!!
BEIJINHOS DOCES DO SEU PIOR PESADELO !