- Gente, acabei de conhecer o vizinho aqui da frente. Quase tive um troço, ele é muito lindo, dá medo, mas é lindo! Vocês já viram ele? Tem mais de 1,80, moreno com uma boca alucinantemente maravilhosa! – Entra Simone correndo dentro de casa.
A família Trentin acabou de se mudar para capital da Espanha, Madrid, moram em um prédio a estilo antigo, só dois apartamentos por andar, muito grande e com vários cômodos. O que Danilo precisava, pois com uma família numerosa e com uma diferença de idade bastante considerável entre os filhos, Suellen, com vinte e um anos, Simone, de dezessete anos e os gêmeos, Silvia e João Pedro, com seus adoráveis sete anos. Junto com sua esposa, Joana, vieram para capital, transferidos para matriz da empresa onde trabalham. Ele como engenheiro químico, e, ela, como gerente da segurança do trabalho. Suellen entrou como estagiária na área da qualidade, enquanto Simone ajuda a cuidar das crianças quando está em casa. Simone foi deixada no sem resposta quanto ao seu questionamento. Entrou em seu quarto.
- Eu não queria resposta mesmo... Tomara que ele seja um bruxo e enfeitice vocês todos! – Esbravejou fechando a porta.
Sentou na cama e começou a dobrar e guardar as roupas. Conforme ia guardando ficava pensando o que cada membro da família poderia ser transformado, um bode, uma cabra, uma cobra, um sagui e uma anta... E ela em uma princesa que casará com um príncipe lindo que a amava incondicionalmente... - “Entrarei com um vestido branco bordado com pérolas e ele chegará a cavalo vestido...”
- A mãe disse que é para ir tomar café agora e descer do seu mundo da fantasia... – Seu irmão veio chamá-la.
- Vai, monstro! Diz para bruxa malvada que já vou...
Ela foi até a sala de jantar e estavam a esperando para oração... Sempre ela, a desorientada. Simone não ligava muito para as coisas em família! Ela terminou e voltou para o quarto. Sua mãe foi até lá.
- Baixa o som, querida, os vizinhos podem não ter o mesmo gosto que você!
- Quem não gosta de rap, mãe? Tem que m****r internar uma pessoa dessas! Imagina se alguém iria reclamar disso, não tem cabimento!
- Ai, querida... Você agora mora em um apartamento, não é a mesma coisa.
- Então, mamãe! Olha só, Maria Joana, se lá eu podia, imagina aqui que é capital!
- Não me chama assim... Você que sabe, se receber reclamação irá ficar de castigo...
- Tá, eu baixo. Posso pedir açúcar para o vizinho da frente?
- Não precisamos de açúcar, querida.
- Mas ele não precisa saber, mãe!
- Não, não pode!
Sua mãe saiu e ela ficou pensando em como encontrar com o vizinho. Ficou imaginando com quem ele morava, pois se o apartamento dele fosse do mesmo tamanho, não poderia morar sozinho... Ela achou estranho em todos esses dias que moravam ali, ela já conhecia todos os outros vizinhos, mas ele... Ela não conseguiu nem se apresentar. - “Mas que homem. Pena que estava de óculos escuros, será que ele é drogado”? - Ela ficou divagando em sua mente muito fértil... Foi até a sacada do seu quarto.
- Oi, senhora. Ruiz! Como está o Museu? – Museu era o cachorro.
- Melhorou, filha, ele tinha comido algo estragado.
- Que bom que foi só isso... Estava ficando triste.
- Eu fiz bolinhos se quiser, desce depois ali em casa.
- Se a mamãe deixar, eu irei sim!
- Senhor Danvel, como ficaram as orquídeas roxas? Fiquei preocupada!
- Estou colocando um adubo, parece que irão ficar bem de novo!
- Ah! Quero vê-las quando ficarem bem!
- Eu aviso, meu neto vem hoje à noite! Se quiser ir amanhã conhecê-lo...
- Vou ver se a mamãe deixa.
- Vamos aí depois, irei pedir para almoçar lá amanhã!
- Eu iria adorar!
E assim ela ficou acenando para todos que conhecia naquele local, praticamente a rua inteira... Simone fazia amizade com muita facilidade, sua espontaneidade e simpatia contagiavam a todos ao seu redor.
- Você parece ser bem popular aqui na rua!
Ela olhou para o lado, seu vizinho estava ali parado na mesma posição dela, debruçado na sacada olhando para ela. Já estava caindo à noite.
- Deu para ouvir, desculpe. Não queria perturbá-lo.
- Acho que até quem mora na outra quadra escutou...
Ele deu um sorriso e ela retribuiu, mas como é sua marca registrada, também, veio acompanhado com um desaforo.
- Desculpe, se acordei vossa alteza, pela hora que chegou devia estar dormindo, nem me liguei disso...
- Você é bem interessante. Mas não, eu não estava dormindo, apenas saí para conhecer a simpática pessoa que mora ao lado do meu apartamento, e que, pelo jeito só eu não conhecia. Eu me chamo Daniel Andrez.
- Prazer, eu sou Simone...
- Sí. Pode descer, iremos jogar ali na praça...
- Espera aí, James, vou ver com a mamãe.
Ele olhou para James com muito ódio, em poucos minutos Simone já estava ao lado dele. Olhou para cima e viu que seu vizinho ainda estava parado lá, ela levantou o braço e acenou para ele que retribuiu com um aceno e um sorriso.
- Não posso demorar muito, ainda quero ir na casa da senhora Ruiz.
- Você acenou para o Andrez?
- Sim...
- Você é louca, ninguém o conhece direito aqui no bairro... Todos tem medo dele!
- Ele é legal, e bem bonito!
Os dois chegaram à praça.
- Gente, essa louca acenou para o Andrez!
Todos a olharam de forma estranha... A aconselharam que não chegasse muito perto, que ele era um homem muito misterioso, ninguém sabia o que ele fazia... Ela para variar não deu muita bola para os conselhos dos seus amigos... Voltou e passou na casa da senhora Ruiz para comer os bolinhos. Subiu e deu de cara com Daniel saindo. – “Será que ele é garoto de programa? Por isso ninguém sabe o que ele faz”? – Ela pensou.
- Não! – Ele respondeu.
- O que não?
- Sou dono de um restaurante!
Ela ficou olhando para ele, entrou dentro da sua casa meio assustada sem entender e pensando no ocorrido. Tomou um banho, sentou com sua família para assistirem um filme. Acabou adormecendo.
- Filha, acorde, vai para sua cama para dormir, querida.
- Me leva pai.
Danilo então passou o braço por baixo dela, pendo e carregando-a até seu quarto. A largou na cama, cobriu-a e deu um beijo em seu rosto.
Simone estava terminando de arrumar suas coisas quando foi chamada lá embaixo, ela correu na sacada, avistou Jany, que estava olhando para cima.- O James está no hospital, os pais dele me pediram para te chamar, pode ir comigo? Parece que ele quer ver você.- Já estou descendo!Simone colocou um tênis e saiu. Bateu a porta de casa ao fechar, deu de cara com Daniel nas escadas.- Ei, aonde vai com tanta pressa?- Não tenho tempo agora.- Espera, tem uma coisa no seu cabelo!Ele levou a mão levemente em uma mecha de seu cabelo, ela olhou para ele e não conseguiu levantar as mãos, foi caindo aos poucos, mas ele a segurou. Logo ela recobrou a consciência.- Ui, acho que tive uma vertigem. Não gosto que mexam no meu cabelo, tenho que descer!- Se está com pressa posso levar...- Não eu vou por dentro, de bicicleta é mais r&a
Simone correu, correu e correu, mas mesmo assim chegou atrasada na escola, seus dias sem a presença de James estavam sendo um caos. Ela pensava em como uma pessoa poderia se apegar a outra em tão pouco tempo, de uma forma quase se tornando uma dependência.- Tudo bem, Simone?- Sim, professor. Trouxe autorização para poder entrar. Tome.- Obrigado, sente-se em seu lugar.Ela sentou e olhou para a classe ao lado, e ela continuava vazia. O tempo pareciam não passar, e Simone não via a hora de sair para ver James. O sinal bateu, ela enfiou suas coisas na mochila, levantou e saiu correndo, o que ela era normal, Simone não conhecia a palavra caminhar, menos ainda devagar... Chegou ao hospital, já passava do horário de visitas, mas nada que seu encantador sorriso não conseguisse convencer a enfermeira, que acabou a deixando entrar por alguns minutos. - Como está?
- Bom dia, filha! Como está o seu colega?- Oi, mãe, bom dia! Ele está melhor volta para casa essa semana ainda.- A filha da senhora Ruiz está aí, você tem a ver com isso ou foi uma simples coincidência?- Eu não ia deixar de avisar quem precisava, né mãe? Imagina se ela chega morrer...- Credo, filha, que horror falar uma coisa dessas e com essa calma. Mas mudando de assunto, estou te achando bem abatida nos últimos dias, anda comendo pouco preciso saber de alguma coisa?- Está tudo bem, mãe, não precisa saber de nada.- Bom, sabe que se precisar conversar, eu estou aqui. Tenta ficar um pouco aqui na terra essa semana, você está sonhando demais ultimamente.- Mãe! Imagina é o príncipe Ki, por favor, né?Joana saiu do quarto de Simone e foi colocar algumas roupas para lavar, nisso, pensando d
- Qual a probabilidade dele aparecer?- Acho que nem um por cento...- Então o que estamos fazendo aqui, Simone?- Nossa, James. Pensei que minha companhia fosse suficiente para você ficar aqui comigo.- Não destorce as coisas, eu não estou falando da companhia e sim, o motivo de estarmos aqui.- Ele pode aparecer, James, ele pode aparece...- Eu não sei o que você faz para eu te acompanhar nas suas loucuras.- É meu amigo.- É claro... Que hora eles irão chegar?- A previsão da chegada do voo é em vinte e três minutos.- Se não vermos eles você irá pagar um sorvete.- Feito, e se vermos você paga!- Feito.Os dois ficaram ali por um tempo...- Ali, ali! Tem uma sorveteria ali.- Vocês tá bem feliz para quem irá pagar o sorvete.- É sorvete,
- Fala baixo, devem estar dormindo, é horário de silêncio!- Ai, James, estão todos na missa hoje...- Ah, esqueci disso, quando irão ao culto?- O papai falou, em começarmos a ir este final de semana e me deu a opção de escolher se quero ir sábado de noite ou domingo de manhã.- Vamos no sábado, tem o grupo de jovens. Irá ser legal!- Vou pensar, não quero mais compromisso do que já tenho. E quando irei ficar com meu príncipe?- Ai, eu deveria ser pago por ouvir essas coisas... Que horas a Jany vem?- Daqui a pouco, eu acho! Não estou conseguindo abrir essa droga!- Me dá a chave que eu tento.- Posso tocar a campainha, acho que as crianças estão em casa.- Eles não estão na escola?- Ah! Tinha esquecido dessa atividade hoje! Senta aqui na escada comigo, vou pens
Simone estava sentada no cordão da calçada em frente ao seu prédio, enquanto seus irmãos andavam de bicicleta. Ela estava lendo um livro, ao mesmo tempo em que cuidava de seus irmãos.- Meu avô disse que você gosta desses bolinhos.- Oi, Ronald. Gosto mesmo.- Eu gostei muito deste livro.- Estou apenas na metade, mas eu não gostei do namoro dos dois.- Não? Por quê?- Ele não é bom para ela.- Mas ele a ama.- Não, ele não ama! Ele gosta do que ela pode proporcionar a ele.- Nossa, que visão. Não enxerguei assim.- Claro que não. Sua visão é a mesma da maioria das pessoas. Que ele faz bem para ela. Porém, ninguém olha o lado dela, que vive crises por causa dos ciúmes dele, que ela não pode sair nem com suas amigas por causa dele. A alegação del
- Consegui uma coisa para nós... - O que? - Pega e abre. - James, é uma camiseta, cadê a Jany? AAAAAAAAAAAAAAAAH! Deus, é dele, eu vou morrer! Eu te amo! - Vai com calma Simone, a Jany já está vindo! - Oi, gente, aqui, mano! Ela já surtou? Devo ter perdido, olha a minha... - A minha é do melhor, e aqui está o complemento... - Aiaiaiaiai! Vou achar um lugar limpo para desmaiar! Vocês dois querem me matar! Sério? - O papai falou com os seus pais e nosso irmão irá nos levar! - O que está namorando a Su? - Claro que não, esse vai estar com a Su! - Que irmão, James? Ah! Você já tem dezoito... Mas tá valendo... - Engraçadinha! - Acho que não conseguirei me concentrar hoje! - Hoje? Eles assistiram a aula e Simone foi embora quase correndo. “Boa tarde, senhor Isso! Boa tarde, senhora aquilo! Como vai o senhor fulano?” E assim ela foi conversando com os conhecidos na rua.
James, Jany e Simone estavam na praça jogando vôlei enquanto os gêmeos brincavam nos brinquedos. A bola rolou para longe, os três se olharam e sentaram no chão de preguiça de irem buscar.- Eu não irei buscar desta vez.- Deixa que depois eu busco.- Isso, seja um cavalheiro.Simone deitou na grama, olhou para cima e suspirou.- O que foi? Não gosto desse olhar.- Estou me sentindo estranha. Sabe aquela fraqueza?- Sei, você não está bem?- Não sei te responder. Acho que irei embora. Vou chamar as crianças.- Não, espere. Em casa você pode piorar. Ou, então... Nós iremos junto.- Não precisa, Jany. Logo irá passar.- Quem é aquele homem?- Nunca tinha visto ele antes?Simone virou e ficou aparentemente perturbada.- É ele, foi aquele homem que me