CAPÍTULO 6 - Nicole Barros

Ele não precisou colocar o nome no bilhete, eu sabia exatamente quem tinha mandado, ousado, confesso, eu conseguia sentir meu estômago fervilhando, como ele sabia o que eu estava bebendo? Ele só estava esperando Marcos sair da mesa? Meu Deus do céu, como minha vida tinha virado isso?

        Eu estava de costas pra mesa dele, mas sentia meus pelos se arrepiarem, o olhar dele queimava na minha pele, e eu não sabia se devia responder o bilhete, ou seguir minha noite naturalmente.

        Depois de nem ter respondido minha mensagem, agora me manda uma bebida, qual será a próxima jogada dele?

        Aproveitei que Lucas não estava na mesa pra virar um pouco pra trás e ver se conseguiria vê-lo, quando fiz, ele estava olhando fixamente para mim, e eu provavelmente fiquei vermelha como um pimentão, ele sorriu, e eu virei de volta, já sabendo àquela altura, que aquele homem seria minha perdição.

- Guarda o bilhete, homens são fofoqueiros, não quero Lucas se metendo onde ninguém chamou – Disse Mari em cumplicidade.

- Amiga de Deus, o que eu tô fazendo, não posso aceitar essa bebida, vai ser como se eu tivesse dito sim pra ele, logo de cara.

- Você desaprendeu a flertar amiga HAHAHAHA, fica tranquila, aceita a gentileza dele e vamos ver o que o destino reserva. – Mari tinha um jeito de me tranquilizar, ela estava sempre do meu lado, estivesse eu, certa ou nem tanto.

        Fui bebericando meu drink e batendo papo com a minha amiga conforme a noite se seguia, alguns homens tentaram se aproximar quando viram as duas sozinhas na mesa, acreditem ou não, Lucas ainda estava conosco, mas não parava na mesa, saia pra cumprimentar alguém, banheiro, telefone, qualquer coisa que aparecesse.

        Mari não pareceu se incomodar, ela estava muito empolgada com a minha fanfic, mas teve que colocar alguns doidos pra correr, com a agressividade de um animal quadrupede, quando algum inconveniente se aproximava.

        Era mais de 1 da manhã quando resolvemos ir embora, pagamos a conta e fomos até o carro andando, Lucas e Mari me deixaram em casa e eu estava procurando a chave no meu chaveiro para abrir o portão, quando ouvi o barulho de uma caminhonete parando atrás de mim, NÃO É POSSÍVEL.

- Boa noite moça – A voz de Pedro soava atrás de mim e eu posso dizer com certeza, ele poderia falar horas no meu ouvido que eu ficaria quietinha só escutando aquela voz.

        Que isso mulher, se recomponha.

- Por essa eu não esperava – respondi virando pra ele.

        E que visão, ele estava com o braço apoiado na janela da caminhonete, seu cabelo levemente bagunçado, provavelmente por causa do vento.

- Eu meio que gosto de ser inesperado mesmo – Presunçoso!

        Eu não respondi, o olhei de baixo em cima, esperando pra ver o que ele diria, qual seria a desculpa pra ele aparecer na minha porta de madrugada.

- Atrapalho? – Ele pergunta.

- De forma alguma... não sabia que você sabia onde eu moro – Respondi.

- Pode ser que eu tenha seguido você – Ele disse com um sorriso nos lábios.

- Tá bom Pedro, agora você parece meio psicopata.

        Nós rimos, ele parou o carro e desceu, e nossa, ele é bem alto perto de mim, e olha que eu estava de salto.

- Desculpa, eu realmente segui o carro da sua amiga, queria ter uma chance de falar com você, sei que ali em público não seria a melhor ideia, então esperei vocês saírem – Ele disse, e eu fiquei chocada em como, de repente, eu descubro que gosto de caras doidos, aparentemente.

- Entendi, e o que exatamente você queria falar comigo? Aliás, obrigada pela bebida.

        Ele deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre nós, e eu fiquei estática, plantada no chão como uma árvore, não sabia o que fazer, eu devia me mover também? Ou devia correr pra dentro de casa como se não houvesse amanhã?

- Na verdade querer, eu queria muitas coisas, sair com você, te conhecer melhor, te levar pra jantar..., mas agora, eu me contento em sentir seu cheiro. – Pedro disse chegando ainda mais perto de mim.

        Eu estava paralisada, quem fala essas coisas? Ele por acaso fez algum curso de como seduzir mulheres? Se fez, estava dando muito certo.

        Continuei calada, pensando se aquilo era real, ou se tinha alguma câmera escondida pra tamanha pegadinha.

        Ele se aproximou, realmente se aproximou, perto o bastante pra que eu sentisse o calor do seu corpo, nós estávamos embaixo da arvore na minha calçada, o que quer dizer que a luz estava baixa, eu via agora, com ele tão perto, mais sua sombra do que seu rosto, ele se inclinou e sem me tocar, respirou fundo do meu lado, sentiu profundamente meu cheiro, meu perfume, meus cabelos, quase como se seus pulmões precisassem daquilo pra viver.

        Eu, como se não estivesse mais dentro do meu próprio corpo suspirei, olhei pra cima, para poder ver seu rosto.

- Pedro... – Comecei a falar, mas fui interrompida por um beijo, ele colou seus lábios nos meus, ferozmente, não foi gentil, nem doce, foi visceral, carnal, era necessidade.

        Correspondi, o beijei como se ele fosse a própria fonte da vida, da minha vida, que estava apagada e eu senti o fogo tomando conta de mim, ele passou o braço pela minha cintura, e a outra mão se firmou na minha nuca, eu não poderia fugir nem se quisesse, e de fato, não queria, congelaria esse momento, ainda que ele fosse o único, já teria valido a pena.

        Respirávamos ofegantes, lábios inchados daquele desejo lascivo, e quando finalmente nos soltamos, ele me olhou, e me olhou como se fosse a primeira vez que realmente estivesse me vendo, olhou através dos meus olhos, olhou na minha alma, e viu sua cor.

        Naquele momento, quando ele me beijou, eu sabia que meu relacionamento tinha acabado.

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