Aqueles olhos azuis encarando Emma. A garota era jovem, pequena, olhos azuis e cabelos dourados, "será possível". A jovem pensava, " não" "não" "não". Ela ficou paralisada olhando a jovem morta. Um som forte de metal ao lado da sua cabeça a despertou. Arion tinha amparado um ataque que a teria matado. Um soldado tinha a lâmina cruzada com a de Arion. — Emma....você não tem culpa, Emma! - Ele gritou, desesperado para que a prima se recuperasse do sentimento de culpa que a tomava.— Eu matei essa garota!— Todos nós matamos um inocente, mas não é nossa culpa. A culpa é daquela coisa - Arion falava enquanto repelia o ataque do soldado e dava uma investida atrás da outra.— Eu não posso matar... de novo, não! — Não precisamos matar, apenas pará-los. - Ele disse enquanto golpeava a têmpora do soldado com o punho da espada. - Um golpe na têmpora por exemplo. Fira-os, Emma. Depois poderão se recuperar.— Arion... - Ela disse com a voz sufocando na garganta. - Olha para ela! Será que é quem
Julian cavalgava silenciosamente, o ritmo dos cascos do cavalo marcando o tempo de sua preocupação. Um pedaço de camisa rasgada estava amarrado em sua perna ferida para estancar o sangue. Emma, desacordada, estava no cavalo de Arion, e a preocupação que feria o peito de Julian era quase insuportável. A dor emocional superava qualquer ferimento físico. Ele não podia suportar ver Emma daquele jeito.Depois dos ataques de luz da espada dela, poucos soldados permaneceram enfeitiçados e foram rapidamente derrotados. Os outros, confusos, tentaram encontrar o caminho de volta para suas casas. A criatura de vermelho havia desaparecido, deixando para trás seus mortos e feridos. Ísis, seus amigos e Heron ficaram para encontrar um lugar para os corpos e tentar socorrer os feridos, enquanto Julian, Arion, Yanni e Marcus iam para casa cuidar dos ferimentos de Emma e Julian. Todos estavam levemente feridos, com cortes e hematomas causados pelos soldados, mas Emma estava em um estado crítico. Julian
Ísis estava agora a caminho de sua aldeia. Estavam atravessando a floresta e logo alcançariam a estrada de terra que levava ao pé da montanha onde ficava o castelo. Precisariam tomar cuidado quando chegassem naquela altura. Se bem que O Sombrio agora estava sem soldados, ele provavelmente voltaria a sequestrar pessoas nas aldeias vizinhas para reabastecer seus exércitos.Alguns foram mortos mas a maioria saiu levemente ferida e a esta altura estavam em suas casas. Ela tinha esperança de encontrar sua irmã em casa quando chegasse. Seu sangue havia gelado quando viu entre os mortos uma garota que se parecia com Kiara. Correu até o corpo pequeno de cabelos dourados, mas não era a garota.Eles saíram da casa de dona Elis na manhã seguinte bem cedo. Emma ainda não tinha acordado. Julian ficava todo o tempo no quarto com ela. Ísis não sabia se tomando coragem para fazer o que ela havia sugerido quando a garota acordasse, ou se estava aproveitando as últimas horas como namorado da jovem. Mas
Havia se passado um dia inteiro e Emma ainda não tinha acordado. Julian se sentia culpado pelos ferimentos da jovem e ia fazer o que parecia ser certo. Por mais que doesse em seu coração, era o melhor a fazer.Desde que tomara coragem para ver Emma adormecida no quarto, ele se ausentava o mínimo possível. Até mesmo durante a noite, o rapaz preferiu dormir em uma poltrona antiga que havia no canto do quarto de dona Elis. Não queria perder o momento em que a garota acordasse.Enquanto aguardava, suas lembranças retornaram a aventura até as montanhas. Ao redor do templo, havia uma aldeia intocada e que aparentemente guardava as suas próprias tradições e seu segredos.Não pode negar que sentiu ciúmes quando o rapaz da outra aldeia, Ethan, pediu para falar com Emma a sós. Ele levou a jovem e quando ela voltou parecia chocada, assustada e pensativa. Aparentemente não havia recebido nada de novo das mãos do rapaz, mas Julian sentia um sentimento ruim quando estava perto dele.Aquele homem gu
Emma ainda não acreditava no que tinha ouvido. Aquele não parecia ser o seu Julian, ele parecia frio. Falou aquelas palavras duras e simplesmente saiu andando deixando ela ali sem entender nada. " O que aconteceu?" " O que foi que eu fiz?" Eram perguntas que passavam o tempo todo pela mente de Emma. Ela levantou da cama lentamente. As costelas ainda doíam. Ela colocou a mão na lateral e sentiu as ataduras. Olhou o braço ferido que também estava enfaixado e uma dor fez seu coração afundar. Ela havia machucado o braço defendendo Julian.— Burra! Burra! Burra! - Ela falou repetidamente. A jovem se sentiu traída naquele momento. Andou devagar e foi em direção à cozinha. Sua avó não estava lá, então saiu para o canteiro e ela viu os cabelos grisalhos da avó no meio das ervas. Emma continuou caminhando e se sentou no banco de pedra.— Vó! - Ela chamou.Dona Elis olhou rapidamente para a neta. Primeiro seu rosto demonstrou felicidade, depois preocupação.— Minha querida, você acordou! - A id
Emma despertou com uma batida na porta. Seu rosto estava inchado de tanto chorar. Não havia mais lágrimas. Ela havia chorado por horas até que desmaiou de cansaço e agora uma batida na porta a trazia de volta à consciência. Mas a jovem não queria levantar, não queria sair daquela cama. Era como se estivesse ali por alguns minutos apenas.A batida na porta era insistente e ela se viu obrigada a levantar. Não respondeu, apenas se levantou, olhou para a janela e ainda era noite. Deveria ser tarde. Ela se arrastou até a porta e a abriu. Voltou-se para a cama se arrastando sem nem ter o trabalho de ver quem era que estava batendo na porta. Deitou-se novamente.— Tem bicho morto nesse quarto? - Era Yanni. Sua voz e seu jeito de falar era impossível de não reconhecer. Mas ela não levantou o rosto do travesseiro para ver.— Parte meu coração te ver assim, minha linda! - Falou Marcus, e Emma teve a vontade de empurrar a mão que alisava seus cabelos, mas não tinha forças nem para isso. Permanec
Ísis estava ficando preocupada com sua avó. Já era noite e ela ainda não havia retornado. Kiara ficava todo o tempo cuidando dos doentes, e ainda não quis lhe contar sobre o tal homem que conheceu. Ela foi procurar por Azaff ou Zorak, eles estavam na aldeia quando Kiara chegou. Podem ter visto alguma coisa. Não foi difícil encontrá-los, pois Zorak estava treinando com Azaff e outros dois garotos mais jovens.— Posso falar com vocês? - Zorak olhou para os outros dois garotos e os dispensou.— Pode falar! - respondeu Zorak.— Vocês viram quando Kiara chegou?— Sim! Eu vi! - falou Azaff.— Tinha algo de estranho nela?— Não. Ela estava com as roupas sujas, mas pelo tempo que esteve longe, isso não é estranho. Não estava machucada. Parecia contente de ter chegado aqui!— Isso é estranho... - Ela andou até uma pedra e se sentou. Os outros a seguiram.— Por quê? - Perguntou Zorak.— Porque, se ela estava fora de perigo, não estava presa, então, por que não voltou antes? E se ela estava com
Nos dias que se seguiram, Arion e os outros garotos retomaram a rotina de treinamentos durante a manhã até que Emma se recuperasse. Agora eles tinham mais dois membros nos treinamentos, Heron e Ethan, que agora praticava com eles, sempre perguntando sobre Emma.Ethan se mostrou um excelente lutador. Era habilidoso com a espada e arco e flecha, além de possuir força e velocidade surreal, o que o tornava quase impossível de ser vencido no combate corpo a corpo.Ethan compartilhou com os amigos as histórias sobre os dias que passaram floresta caçando com os homens de sua aldeia. Durante esse tempo o grupo de caça se alimentava das caças capturadas e tratavam devidamente cada parte que poderia ser vendida, como a pele, os chifres e os dentes. Alguns animais não eram abatidos imediatamente, mas mantidos em cativeiro até a momento de retornar.Eles traziam carne suficiente para o tempo necessário. A carne excedente era vendida o mais rápido possível, ou faziam uma festa como a que estavam p