Estava no elevador quando ele parou em um andar e Murilo entrou. Senti-me um pouco reprimida, mas tentei disfarçar. Enquanto o elevador descia lentamente para o estacionamento, eu me vi presa em um espaço confinado com ele.
A tensão no ar era palpável, e eu podia sentir seu olhar sobre mim, mesmo sem encará-lo diretamente.
Observando-o pelo reflexo do espelho, notei as mudanças em seu semblante. Seu rosto parecia mais magro, os traços tensos, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. Apesar de tudo, não pude deixar de reconhecer sua beleza, mesmo diante das circunstâncias turbulentas que nos cercavam.
Nossos olhares se encontraram brevemente no espelho, mas nenhum de nós disse uma palavra.<
Eu me despeço de Lívia com um abraço caloroso, agradecendo-a pela noite agradável. Ao descer os degraus e abrir o pequeno portão, sou recebida por Murilo, cujo olhar furioso me atinge como uma flecha.Seus olhos, faiscando de raiva, escrutinam cada detalhe do meu rosto antes de se fixarem na casa acima de nós. De volta para mim, ele lança suas palavras carregadas de veneno.一 É aqui que o seu amante mora, não é? Nesse fim de mundo?Meu coração dispara e meu estômago se contorce diante da sua acusação injusta.一 Murilo, não é o que você está pensando. - eu
Quando abri os olhos, tudo era um borrão, uma mistura turva de luz e sombra. Mas logo, a figura de Murilo se materializou diante de mim, sua expressão carregada de preocupação e medo. Eu tossi violentamente, expelindo a água salgada que havia invadido meus pulmões, lutando para recuperar o fôlego.一 Erica… - Sua voz soava distante, cheia de temor. Ele me envolveu em seus braços, segurando-me com força, como se temesse que eu desaparecesse novamente nas profundezas do mar. 一 Não posso... não posso perdê-la, não de novo...Suas palavras, carregadas de medo e desespero, cortaram-me profundamente. Eu sentia o tremor em sua voz, a intensidade de suas emoções transparecendo em cada palavra.
Ao chegarmos em casa, o clima já estava tenso o suficiente para cortar com uma faca. Antes mesmo de darmos um passo para fora do carro, o celular de Murilo tocou, e o nome de Estela piscou na tela. Eu senti meu coração afundar. Bufei, contendo a raiva que borbulhava dentro de mim, e saí do carro, batendo a porta com mais força do que o necessário. Cada toque do telefone parecia ecoar como uma acusação silenciosa, alimentando a frustração que crescia dentro de mim.Antes mesmo de eu abrir a porta da sala, ouvi o seu carro sendo ligado novamente e Murilo sair do estacionamento. Minha raiva atingiu um novo pico. Ele voltou para ela mesmo dizendo que não iria. Suspirei, sentindo-me abandonada e frustrada, mas decidi não deixar essa situação me derrubar. Em vez disso, subi as escadas e fui direto para o banheiro, onde me permiti um momento de calma em um banho quente. O vapor envolveu meu corpo, dissipando um pouco da tensão que se acumulava dentro de mim. Enquanto a água quente do
02-10 sexta-feira.A espera no aeroporto parecia interminável. Eu andava de um lado para o outro na área de desembarque, ansiosa para ver minha amiga. Finalmente, avistei-a saindo pelo portão de desembarque, com um sorriso radiante no rosto.一 Adriely! - chamei, correndo na direção dela.Ela virou-se na minha direção, seus olhos se iluminaram ao me ver. Corremos uma para a outra e nos abraçamos com força, como se o tempo que estivemos separadas tivesse sido uma eternidade.一 Erica, como eu senti sua falta! - Adriely disse, apertando-me com carinho.一 Eu também senti sua falta, amiga. - respondi, segurando suas mãos enquanto nos afastamos o suficiente para nos olharmos nos olhos. 一 Como foi sua viagem?Adriely suspirou, parecendo cansada, mas feliz. 一 Foi tranquila, mas ainda continuo não gostando de voos. Sorri quando ela fez uma careta e segurando sua mala, a ajudei a irmos para o carro onde Carlos estava nos esperando. Ele cumprimentou Adriely e nos acomodamos no banco de trás
一 O que você está falando? -Murilo perguntou e eu me virei, olhando em seus olhos. 一 Estou dizendo que irei passar esses dias junto com Adriely. Estou cansada de ficar sozinha nessa casa. Fechei a porta do quarto e olhei para a minha amiga. 一 Arrume suas coisas, vou arrumar as minhas também. 一 Está falando sério? Vai sair daqui?一 Pelo menos nesses três dias que você estiver aqui, quero me livrar um pouco do peso que essa casa e esse casamento me trazem. Saí do quarto dela e não encontrei Murilo no corredor. Consegui respirar com mais calma e segui para o meu quarto, pegando a mala pequena e colocando algumas peças de roupas e produtos íntimos. Ao descer, encontramos Maria encarando a porta da sala de estar, parecendo um tanto confusa. Ela se virou para a gente, vendo nossas malas. 一 A senhora vai viajar? - Me perguntou e neguei com a cabeça. 一 Não, só vou ficar em um hotel com a Adriely. Serão três dias e se o Murilo não disser que vem, você pode ficar em casa. Ela olhou sur
Enquanto eu caminhava até a cafeteria próxima, minha mente estava em turbilhão, revivendo a humilhação que acabei de enfrentar. Ao entrar, o aroma aconchegante do café me envolveu, trazendo um pouco de calma para o meu estado agitado. Suspirei profundamente e me dirigi ao balcão, onde uma simpática funcionária me cumprimentou.一 Boa tarde! O que posso servi-la hoje?一 Um café americano, por favor. E, se tiver, um pedaço de bolo de cenoura.Enquanto ela preparava meu pedido, eu me sentei em uma das mesas próximas à janela, observando as pessoas passando lá fora. O barulho da rua e o ambiente acolhedor da cafeteria criaram uma espécie de refúgio temporário para mim, onde eu podia processar tudo o que havia acontecido.Enquanto eu observava as pessoas na rua, imersa em meus pensamentos, uma sensação de desconforto começou a se instalar em mim. De repente, um homem parou bem em frente à janela da cafeteria, bloqueando minha visão do lado de fora. Instintivamente, ergui os olhos para e
O dia no shopping havia sido uma distração bem-vinda, mesmo que temporária, das agruras recentes.Depois de ajudar Adriely a escolher algumas peças de lingerie, nos dirigimos para a seção de ternos masculinos.No entanto, Adriely parecia indecisa e acabamos nos sentando para lanchar na praça de alimentação.Enquanto mordiscava um sanduíche, avistei Maicon se aproximando. Seu sorriso caloroso era reconfortante.一 Erica, que surpresa te encontrar aqui! - ele disse, com um aceno amigável.一 Oi, Maicon! Sim, eu precisava de uma pausa e o shopping pareceu um bom lugar
Assenti, agradecendo-lhe e sentindo o peso da decisão se instalar em meus ombros.Eu me sentia dividida, entre o desejo de retomar minha independência profissional e o receio das consequências que isso poderia trazer para minha vida pessoal.Encarei Adriely, tentando expressar minha preocupação.一 Adriely, você sabe como Murilo é. Ele não vai gostar disso. - murmurei, sentindo-me agoniada com a possibilidade de desencadear mais problemas em meu relacionamento já conturbado.Adriely cruzou os braços, sua expressão séria. 一 Erica, você não pode deixar que Murilo