Airon
Adentro as grandes portas de vidro da entrada principal da CrossRoad com a mente cheia de preocupações, preciso resolver os projetos da boate Roxy Road o mais rápido possível, mas infelizmente o andamento do projeto tem se complicado.
Me irrita ver como Lilian consegue ser incapaz e incompetente no próprio trabalho, ela consegue me tirar do sério e às vezes tenho vontade de despedi-la, mas realmente gostei do design no interior da boate e apesar dos erros na estrutura do prédio — que por sorte ainda não começaram a ser erguidos —, os seus modelos são únicos e modernos, então isso tem salvado sua pele ultimamente.
Quero terminar as reuniões o mais rápido possível para voltar para a mansão, hoje pretendo preparar uma surpresa para Megan, pois ela realmente merece e gostaria de ver toda a tensão do seu passado se dispersar do nosso relacionamento que começa a andar.
Subo de elevador até o último andar onde fica meu escritório
Megan Escolhi um vestido rodado e florido que fica um pouco acima dos meus joelhos, um saltinho mais baixo que é simples, mas elegante, alguns acessórios e fiz uma maquiagem leve já que não sei onde vamos ou o que Airon está planejando. — Você está linda Meg, hoje vai ser mais uma noite daquelas. — Katy ri. — Sua tonta. — Dou risada. — Até quando você vai ficar na casa do papai? Estou pensando em voltar pro meu apartamento já que nem desfizemos as malas — digo a observando. — Vou ficar até voltarmos a trabalhar temos só mais alguns dias de férias e estou com saudades deles. Meg você é teimosa demais está pensando em voltar para seu apartamento depois da carta de Dylan? Você tem que tomar cuidado — digo em tom de preocupação. — Preciso conversar com Airon sobre a carta, mas a questão do apartamento é outra. — Não posso simplesmente me mudar para casa de Airon do nada. Descemos
— Isso é muito bom, você é um ótimo cozinheiro, grandão. — Bebo um gole do vinho. — Gostei do apelido, pequena. — Ele pisca para mim rindo enquanto come. Conversamos amenidades sobre nosso dia enquanto terminamos de comer, ele retira os pratos e traz outro logo em seguida colocando sobre a mesa. — Tagliolini al tartufo bianco. De começo olho desconfiada para o prato, mas quando o aroma invade meus sentidos sorrio satisfeita dando a primeira garfada sem demora e como eu previa é maravilhoso como o anterior. Ele me observava em silêncio enquanto comemos e começo a me sentir envergonhada. Seus olhos azuis cintilantes seguem cada detalhe dos meus movimentos me deixando apreensiva. — O que foi? — pergunto tomando um pouco de meu vinho. — Você é linda. — Sorri, enquanto gira o vinho dentro da taça me analisando. Sou completamente surpreendida com as palavras dele fazendo meu coração se acel
Estou surpresa e atônita, não consigo proferir nenhuma palavra apenas imaginar algumas cenas horríveis. — Por favor fale alguma coisa. — Ele se levanta preocupado. Me envolvo em meus próprios braços com um certo medo de estar ali de ter me envolvido com ele, mas tento não demonstrar o emaranhado de sentimentos receosos que passam pela minha mente. — Megan — ele sussurra meu nome deixando a dor transparecer em sua voz fraca. — Não sei o que dizer Airon. — Olho para ele receosa. Levanto andando lentamente de um lado para o outro, não quero ficar perto dele, mas também não quero deixá-lo por ver seu sofrimento. Minha mente está confusa. — Eram assassinos e estupradores eles não mereciam viver, mas me arrependo de ter me envolvido com isso. — Eram pessoas Airon — o acuso inconscientemente. — Por favor, não tenha medo de mim. — Ele se aproxima e dou um passo para trás. — Não é que eu tenha medo de você. Eu não sei po
Ele fala com carinho, mas a dor expressa em sua voz me deixa confusa, receosa e incerta. Canso e visivelmente desgastado por estar vivendo todo o seu passado novamente ele se senta na beirada da cama passam a mão na testa, depois de segundos de silêncio continua a me contar sobre Samantha. — Quando ela estava com sete meses de gravidez fez igual minha mãe, juntou suas malas e foi embora com outro homem dizendo que aquele filho não era meu e que ela não suportava mais ficar comigo. Disse que eu merecia ficar sozinho como meu pai e aquilo acabou comigo. Ela foi embora e levou com ela o que eu acreditava ser meu filho, uma parte de mim, meu único filho, meu herdeiro, meu menino. — Ele coloca as duas mãos sobre os olhos e apoia os cotovelos sobre os joelhos, a tensão instalada em seu corpo é extrema. — Eu tinha 20 anos, posso ter errado muito, mas não entendo o que eu fiz Megan. Já se passaram 12 anos e ainda não entendo. Dei tudo para ela, amor, carinho, dinheiro... Eu dei tudo
Megan — Hoje é sábado e quero te levar a um lugar. — Ele acaricia meus cabelos. — Onde vamos? — pergunto curiosa. — É surpresa. — Sorri todo misterioso. — Agora minha curiosidade está a mil. — Faço uma careta o observando. — Surpresas são surpresas. — Ele ri. A cada dia que passa eu o amo mais, não consigo mais negar muito menos esconder. Quero perguntar para ele sobre os fatos do casamento, mas sei que isso é algo delicado, mesmo pra mim. Quero descobrir o que realmente aconteceu e porque nos casamos. Airon insiste em dizer que não sabe de nada, mas sinto que ele está mentindo, que de alguma forma ele já me conhecia, mas eu não consigo me lembrar de nada. Esse é meu último final de semana de férias, na segunda-feira volto a trabalhar para o senhor Ronald e sinceramente estou com saudades dele. — Suas roupas estão no closet, pedi para Ray pegar suas malas e dona Olga arrumou tu
— Onde estão minhas lingeries? — Procuro por uma gaveta, mas não encontro. — Suas roupas estão separadas na parte esquerda e provavelmente as lingeries estão aqui. — Ele pressiona levemente a parte de baixo — onde aparentemente é parte da decoração — e uma gaveta se abre automaticamente revelando minhas calcinhas, e ao pressionar novamente ela se fecha sozinha. Fico tentada a brincar com a gaveta e tento inutilmente me controlar, mas quando me dou conta já estou a abrindo e fechando diversas vezes enquanto observo-a se abrir e se fechar sozinha. Olho para Airon que tem uma sobrancelha erguida me encarando com uma expressão divertida e curiosa e sinto minhas bochechas queimarem de vergonha. — Desculpa. — Desvio o olhar envergonhada. Fico tentada novamente a continuar brincado com a gaveta, mas me controlo. Porém a sensação de coceira nos dedos me atormenta me instigando a continuar, esfrego uma mão na outra para me controlar.<
Várias dúvidas e perguntas surgem em minha mente enquanto ando desatenta pelo local, Airon para de repente em minha frente me fazendo trombar em suas costas largas e bater meu nariz voltando dois passos para trás com o impacto. — Aí... por que você parou de repente? — pergunto com a mão no nariz. — Você está distante e pensativa, se tem algo para me perguntar então pergunte de uma vez Megan. — Arqueia a sobrancelha cruzando os braços no peito. Faço uma careta passando a mão no nariz e suspiro ao perceber que o assunto está me incomodando mais do que deveria. — Quem é Alice? — Também cruzo os braços esperando a resposta. — Sabia que era por isso. — Ri me deixando ainda mais encabulada e irritada. — Então me explique. — O encaro ainda esperando sua resposta. Ele suspira e passa as mãos pelo cabelo em um gesto impaciente. — Alice é herdeira de uma das joalherias mais famosas de Londres, meu pai queria me
— Relaxe Megan. — Escuto sua voz abafada. Percebo que ele realmente não está correndo tanto, então procuro me acalmar e aos poucos ergo meu corpo para observar o local. Envolta da pista há uma floresta com árvores grandes de copas altas e fechadas. A beleza do local me encanta e acabo deixando o medo de lado para apreciar aquele lugar incrivelmente lindo, apesar do vento frio conseguir ultrapassar as camadas grossas da minha blusa me sinto quente com o casaco. Airon entra por um caminho no meio das várias árvores e segue por uma trilha pequena e estreita onde apenas uma moto conseguiria passar. Depois de alguns minutos ele para a moto, descemos e tiramos os capacetes deixando sobre o estofado macio. — Temos que andar um pouco. — Segura minha mão me guiando por entre as árvores. — Onde estamos? — pergunto curiosa. — Você vai descobrir em alguns minutos — diz concentrado na trilha. Ao caminharmos posso ouvir o s