AiyraRespiro fundo tentando manter o nervosismo fora do meu sistema. A bolsa repleta de dinheiro ao meu lado é um constante lembrete do que estou prestes a fazer.Ah vamos lá... eu não sou de tremer ante aos meus problemas...Verifico em frente ao espelho a minha roupa pela terceira vez. A calça de lavagem escura que escolhi se mescla bem com minhas botas de couro de cano alto e saltos quadrados. Minha camisa de gola alta cinza está com meu melhor sobretudo negro, o tecido encorpado. Prendi bem os meus cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, meu olhar sem maquiagem e formato do maxilar se destacando pelo penteado.Eu pareço séria e talvez... um pouco perigosa e é isso que preciso para o que vou fazer hoje. Ouço os passos de Ethan as minhas costas. Viro-me e vejo seu olhar se alimentar da minha imagem com demora. O dourado de seus olhos bem transparentes com relação aos pensamentos devassos.— Não me olhe assim... não agora. — Peço, apesar da excitação já começar a fazer seu
IsobellAspiro devagar, mantendo minha mão estável. Qualquer atitude impensada agora e tudo pode virar um pandemônio. O quanto eu puder evitar, farei e só preciso tirar Aiyra daqui. Sei que o governo mantém os olhos bem alertas em mim e não quero ficar na mira deles de novo. Já dei mais do que o possível por eles, eu só quero trabalhar e se possível bem longe do meu passado.Zener aperta os olhos, me encarando incrédulo. Conheço bem o tipo de homem que ele é. O tipo que coleciona vidas ou no caso mulheres a seu bem querer.Filhos da puta que não sabem o que é estar à mercê de alguém mais forte...— Você não teria coragem. — Ele afirma, mas seus olhos mostram a dúvida presente.— Aiyra está sob a nossa proteção e se tiver que ser extrema para assegurar a vida dela, farei. — Digo, minha voz calma.— Sabe com quem está lidando, garota? Sabe quantos contatos eu tenho? — ele ameaça, os olhos verdes cintilando de indignação.— Sei bem quem é você Zener e se quer saber, não é o único a ter c
AiyraMeu corpo se aconchega mais ao de Ethan, minha mente ainda processando tudo que aconteceu. Já faz um bom par de horas que Isobell se foi e Ethan me mimou desde então. Me deu um banho, lavando meu coro cabeludo com uma gentileza que quase me levou as lágrimas. Com calma ele me ajudou a vestir as roupas, secou meus cabelos e me pôs deitada em seus braços, onde estou desde então.Ethan deve ter desmarcado diversos compromissos para estar assim comigo. Ele não fez nenhuma insinuação, não me perguntou como eu me sentia e nem pressionou de nenhuma forma. Ele só me manteve junto a ele, ambos sentindo o calor um do outro na cama e aproveitando o fato de estarmos juntos.— Sabe qual foi o meu pior medo quando toda a situação fugiu do meu controle? — pergunto, quebrando o nosso silêncio.— Não. — Ele responde, a voz tranquila.— Foi não poder ver os que amo de novo. Você e a Live... até meu pai. — Reconheço, meus pensamentos se desviando para cada rosto.— Você está conosco e nós estamos
Live“Olhar pela janela era um costume um tanto hipnótico para mim. Do andar em que eu estava, podia ver da minha cama, um outdoor com cores vívidas e uma mulher exuberante nela. Ela estava sempre sorridente, uma postura confiante a modulando. A enfermeira do turno da manhã que eu carinhosamente apelidei de bruxa amarga, veio me verificar como de praxe. Eu particularmente gostava mais da jovem do plantão noturno. Ela era quem dividia a maioria das fofocas que uma garota da minha idade podia ouvir. Já fazia quase uma semana dessa vez. Desde minha última crise, o médico achou melhor que eu ficasse em observação. Nem ele e nem a minha mãe me disseram claramente o que estava acontecendo, mas eu não era idiota. Já estava nesse vai e vem de hospitais desde que me conheço por gente. Meu coração estava falhando. Eu o via como uma máquina enferrujada. em meio a uma fábrica novinha.Estava cada dia mais difícil sorrir e encarar com força os meus medos. Sabia que em breve acabaria na lista par
Aiyra Meus passos saem apressados pelos bastidores, procurando pelo técnico de som. Enquanto eu o procuro, acabo por desacelerar, minha visão capturando uma cena inusitada. Uma jovem, talvez mais nova que eu, está agachada em frente a uma menina, os cabelos escuros da criança jogados em frente ao rosto, enquanto um choro baixinho a envolve.— Eu não quero ficar sozinha mãe... — a menina murmura, soluçando.— Você não vai ficar sozinha meu doce. — A mãe acaricia as costas da criança — A mamãe só precisa cantar um pouquinho e depois lhe compro aquela torta que tanto gosta.Observo as duas, uma saudade intensa de minha mãe brotando. Aproximo-me devagar.— Olá. — Cumprimento e a mulher levanta o olhar escuro para o meu — Você é uma das participantes?A mulher de cabelos curtos e feição suave, vai empalidecendo ao perceber quem sou.— S... sim. — Ela gagueja.— E quem é essa princesa? — pergunto ao me abaixar no nível dos olhos da garota.— Essa é minha filha, Victória. O pai dela
Ethan Observo Aiyra ser levada pelos médicos, algo dentro de mim se quebrando com a cena.Se eu tivesse chegado mais tarde como o previsto... porra... eu nem consigo imaginar...Quando entrei no apartamento, minha intenção era fazer uma surpresa, mas ao encontra-la deitada eu estranhei. Elvis miava constantemente, o corpo pequeno em cima do de Dakota, chamando a atenção dela para algo, mas ela não acordava. Levei um bom tempo para conseguir fazer com que ela despertasse e nessa altura meu desespero só aumentava. Cogitei ser uma gripe ao perceber a febre, mas quando ela começou a reclamar tão ferozmente de dor no lado direito, eu gelei.A anos atrás perdi um grande cantor, quando seu apêndice rompeu e não deu tempo de socorrer. Só de cogitar a possibilidade eu entrei em pânico. O tufão que recaiu sobre a cidade estava tomando proporções grandes e o socorro poderia levar ainda mais tempo. Nunca em minha vida, eu tremi tanto.Procuro uma cadeira, minhas pernas oscilando ao senta
AiyraObservo Live arrumar minhas almofadas atrás de mim pela quarta vez. Respiro fundo controlando a irritação. Faz menos de três horas que chegamos e eles não param de me cercar como galinhas com seus pintinhos.Foi fofo no começo, mas agora começa a ficar um pouco frustrante....Como se já não bastasse essa dor persistente no lado direito, ainda tem a enorme quantidade de remédios. Eu diria que estou perigosamente irritada.Sair daquele hospital, entretanto, foi uma alegria muito bem-vinda. Desde que perdi minha mãe para o câncer, hospitais e tudo que os envolve é demais para a minhas lembranças. Estar lá era o mesmo que ficar mergulhada nos últimos meses da vida dela.— Live, pela última vez... esses travesseiros estão perfeitos. — resmungo e estreito meus olhos em sua direção.— Não banque a chata comigo Dakota, eu ainda estou apavorada com tudo que aconteceu, então me deixe arrumar a droga desse travesseiro. — Ela retruca, os olhos escuros me mirando.— Foi só um susto Live... —
AiyraO médico examina com cuidado a minha cicatriz avermelhada, um hematoma arroxeado em volta. Eu espero que seu exame termine, relanceando os olhos para Ethan que nos aguarda com expressão preocupada.O médico termina e diz que posso por minha roupa. Suspirando, me levanto, sentindo a pele repuxar onde minha cicatriz está. Esse último mês tem sido um dos mais parados de toda minha vida. Ethan adiou a maioria das viagens e reuniões presenciais, trabalhando de casa quando pode ou então revezando com Live quando o assunto é muito urgente.Devo admitir que é bom ser mimada e saber que tenho pessoas tão leais ao meu lado. Até Vangory tem passado um tempo considerável conosco e revisamos o quanto conseguimos algumas letras ou então só ficamos vendo televisão e falando bobagens. É bom ser tão querida, mas também é um pouco sufocante ter alguém lhe perguntando se está bebendo água, regulando a sua dieta e até perguntando quantas vezes tenho ido ao banheiro.Eu agradeço a atenção..., mas el