KarevO cheiro de sangue ainda impregnava minhas mãos.Era dela.Era o sangue de Mallory.Minha visão estava turva, minha mente um caos de pensamentos desconexos. O papel amassado da carta tremia entre meus dedos enquanto eu inalava fundo, tentando encontrar algo além da ferrugem do sangue seco.O coração martelava em um ritmo errático dentro do peito, a raiva fervendo sob minha pele como lava prestes a explodir.A cada segundo que passava, mais sangue ela perdia.Ela estava morrendo.E eu estava aqui, parado, ouvindo conselhos que não serviam para nada."Temos que ir agora!" Minha voz saiu em um rosnado, feroz, um som mais animal do que humano."Precisamos de um plano." Jordan rebateu, seu tom autoritário. "Sair correndo sem direção não vai—""Ela está sangrando! Eu preciso encontrá-la!" Gritei, meu corpo já tremendo.O desespero era sufocante.Minha visão escureceu por um instante, e quando voltei a focar, percebi que todos estavam me olhando. Eu estava respirando rápido demais, as
MalloryA dor não cessava.Ela vinha em ondas violentas, rasgando cada músculo, pulsando dentro de cada ferida aberta.Meu corpo já não era meu.Eu sentia o sangue quente escorrendo pelo chão frio, formando poças ao meu redor. O cheiro ferroso impregnava o ar, sufocante, nauseante. Meu peito subia e descia em arfadas curtas e irregulares, minha respiração um eco trêmulo dentro do quarto escuro.Eu sabia que estava morrendo.A cada segundo que passava, minha visão ficava mais turva. Meu corpo tremia involuntariamente. Meus dedos tentavam se fechar em punhos, mas já não havia força neles.Modrik estava apenas brincando.
KarevO mundo parou no instante em que a vi.Minha respiração falhou. Meu coração, que antes martelava com fúria dentro do peito, simplesmente parou.Mallory.Ela estava caída no chão de pedra fria, o corpo imóvel, envolto em um mar de sangue. Meu estômago revirou. Era sangue demais. Sangue dela.Minha visão se tingiu de vermelho.Um rosnadoo monstruoso rasgou minha garganta, reverberando pelas paredes do lugar como um trovão.Modrik se virou para mim, um sorriso distorcido em sua forma de lobo."Ah, finalmente." Sua voz carregava divertimen
KarevA ambulância partiu em disparada, levando com ela tudo o que ainda restava de mim.Minha visão ficou embaçada, e, por um momento, eu não conseguia ouvir nada além do barulho do motor se afastando. Minhas pernas vacilaram, meu peito queimava, e um nó apertado se formou na minha garganta.Ela estava lá dentro.E eu não sabia se ela ainda estava viva.O vento frio cortou minha pele, me trazendo de volta à realidade, me lembrando de que eu estava exposto, sem roupas, sem proteção, sem nada. Mas nada importava. Nada além dela.Alguém apareceu ao meu lado com um cobertor, tentando me cobrir, mas eu nem me mexi. Meu corpo inteiro parecia paralisado. Meu olhar estava preso na estrada vazia, no rastro de luz vermelha da ambulância que desaparecia no horizonte.Uma voz distante chamou meu nome."Karev!"Connor.Pisquei lentamente, tentando focar nele. Meu cérebro parecia funcionar em câmera lenta, os sons ao meu redor
KarevA tensão pesava em meus ombros. Todos os olhos da sala se voltaram para ela, e meu coração bateu tão forte que parecia que ia rasgar minhas costelas.Seu rosto estava fechado, difícil de ler, os olhos carregados de algo que eu não sabia nomear.Eu não conseguia respirar."Astoria..." Minha voz saiu quebrada.Ela me olhou, hesitante.E eu soube naquele instante.Soube que ela trazia notícias.Mas não sabia se eram boas ou ruins."Ela sobreviveu à cirurgia."O chão desapareceu sob meus pés.O mundo ficou em silêncio por um segundo, como se cada ruído tivesse sido sugado para um vazio imenso.Sobreviveu.Ela estava viva.Meu peito se expandiu, uma onda de alívio quente varreu meu corpo, quase me fazendo cair de joelhos.Mas então, Astoria continuou:"Mas o estado dela ainda é crítico."A realidade me atingiu como um soco.Minha respiração ficou presa. Meu lobo se agitou dentro de mim, inquieto, exigindo mais."Ela está sedada. Ainda não acordou.""Quando... quando ela vai acordar?"
KarevO quarto estava em silêncio, exceto pelo som ritmado dos aparelhos monitorando cada batida do coração dela.Eu não queria sair.Eu não podia sair.Mas a enfermeira já estava ali, parada na porta, me observando com um olhar firme, porém compreensivo."Senhor Khalid, já passou do tempo permitido. Precisamos que o senhor deixe o quarto agora."Minha mandíbula travou. Minha garganta parecia feita de areia."Eu..." Minha voz falhou, então apenas engoli em seco e olhei para Mallory mais uma vez.Ela não se mexeu.Eu soltei o ar pesadamente e levei sua mão até meus lábios, deixando um beijo suave sobre sua pele fria."Volta pra mim, Mal."Me obriguei a soltá-la. A me afastar.Cada passo até a porta parecia impossível, como se fios invisíveis estivessem me puxando de volta para ela.Mas, no fim, eu fui.**Voltar para a recepção sem nenhuma notícia nova era desolador. Todos da família dela estavam ali, assim como alguns membros da alcateia. O cheiro no ar era uma mistura de angústia, me
MalloryA brisa morna soprou contra minha pele, carregando o cheiro de terra úmida e pinheiros ao meu redor.Eu conhecia esse lugar.O som suave das folhas se movendo no vento, o farfalhar discreto da grama sob meus pés descalços...A clareira.Meu coração vacilou no peito.Eu estava na clareira.Mas como?Meus olhos varreram o ambiente, buscando qualquer sinal de realidade, qualquer explicação lógica. Eu me lembrava da luta. Da dor. Do cheiro do meu próprio sangue impregnando o chão frio.Eu me lembrava das garras de Modrik.Dos dentes perfurando minha pele.Minha respiração ficou presa na garganta.Eu morri?"Não, amor."A voz suave e familiar me atingiu como um raio.Virei-me lentamente, meu peito apertado, minha mente lutando para acreditar no que via.Zayn estava ali.Seu cabelo escuro bagunçado pelo vento, seus olhos dourados brilhando como fogo sob a luz suave da lua.Ele estava do jeito que eu me lembrava na última vez que o vi.Vivo.Meu corpo inteiro congelou."Z-Zayn..." mi
KarevO silêncio do hospital era um peso sobre os meus ombros.Cada passo que eu dava pelo corredor estreito parecia ecoar dentro de mim, como se o chão estivesse zombando do meu desespero. O cheiro estéril de antisséptico e medicamentos queimava minhas narinas, me lembrando de que este era o último lugar que eu queria estar.Mas ali estava eu.Andando para ver minha companheira pela última vez.Minhas mãos tremiam ao lado do corpo, os nós dos dedos brancos de tanto apertar os punhos. Eu sentia o olhar de Gabriel e Jordan em minhas costas, como se estivessem prontos para me segurar caso minhas pernas falhassem.
Último capítulo