Karev
A ambulância partiu em disparada, levando com ela tudo o que ainda restava de mim.
Minha visão ficou embaçada, e, por um momento, eu não conseguia ouvir nada além do barulho do motor se afastando. Minhas pernas vacilaram, meu peito queimava, e um nó apertado se formou na minha garganta.
Ela estava lá dentro.
E eu não sabia se ela ainda estava viva.
O vento frio cortou minha pele, me trazendo de volta à realidade, me lembrando de que eu estava exposto, sem roupas, sem proteção, sem nada. Mas nada importava. Nada além dela.
Alguém apareceu ao meu lado com um cobertor, tentando me cobrir, mas eu nem me mexi. Meu corpo inteiro parecia paralisado. Meu olhar estava preso na estrada vazia, no rastro de luz vermelha da ambulância que desaparecia no horizonte.
Uma voz distante chamou meu nome.
"Karev!"
Connor.
Pisquei lentamente, tentando focar nele. Meu cérebro parecia funcionar em câmera lenta, os sons ao meu redor
KarevA tensão pesava em meus ombros. Todos os olhos da sala se voltaram para ela, e meu coração bateu tão forte que parecia que ia rasgar minhas costelas.Seu rosto estava fechado, difícil de ler, os olhos carregados de algo que eu não sabia nomear.Eu não conseguia respirar."Astoria..." Minha voz saiu quebrada.Ela me olhou, hesitante.E eu soube naquele instante.Soube que ela trazia notícias.Mas não sabia se eram boas ou ruins."Ela sobreviveu à cirurgia."O chão desapareceu sob meus pés.O mundo ficou em silêncio por um segundo, como se cada ruído tivesse sido sugado para um vazio imenso.Sobreviveu.Ela estava viva.Meu peito se expandiu, uma onda de alívio quente varreu meu corpo, quase me fazendo cair de joelhos.Mas então, Astoria continuou:"Mas o estado dela ainda é crítico."A realidade me atingiu como um soco.Minha respiração ficou presa. Meu lobo se agitou dentro de mim, inquieto, exigindo mais."Ela está sedada. Ainda não acordou.""Quando... quando ela vai acordar?"
KarevO quarto estava em silêncio, exceto pelo som ritmado dos aparelhos monitorando cada batida do coração dela.Eu não queria sair.Eu não podia sair.Mas a enfermeira já estava ali, parada na porta, me observando com um olhar firme, porém compreensivo."Senhor Khalid, já passou do tempo permitido. Precisamos que o senhor deixe o quarto agora."Minha mandíbula travou. Minha garganta parecia feita de areia."Eu..." Minha voz falhou, então apenas engoli em seco e olhei para Mallory mais uma vez.Ela não se mexeu.Eu soltei o ar pesadamente e levei sua mão até meus lábios, deixando um beijo suave sobre sua pele fria."Volta pra mim, Mal."Me obriguei a soltá-la. A me afastar.Cada passo até a porta parecia impossível, como se fios invisíveis estivessem me puxando de volta para ela.Mas, no fim, eu fui.**Voltar para a recepção sem nenhuma notícia nova era desolador. Todos da família dela estavam ali, assim como alguns membros da alcateia. O cheiro no ar era uma mistura de angústia, me
MalloryA brisa morna soprou contra minha pele, carregando o cheiro de terra úmida e pinheiros ao meu redor.Eu conhecia esse lugar.O som suave das folhas se movendo no vento, o farfalhar discreto da grama sob meus pés descalços...A clareira.Meu coração vacilou no peito.Eu estava na clareira.Mas como?Meus olhos varreram o ambiente, buscando qualquer sinal de realidade, qualquer explicação lógica. Eu me lembrava da luta. Da dor. Do cheiro do meu próprio sangue impregnando o chão frio.Eu me lembrava das garras de Modrik.Dos dentes perfurando minha pele.Minha respiração ficou presa na garganta.Eu morri?"Não, amor."A voz suave e familiar me atingiu como um raio.Virei-me lentamente, meu peito apertado, minha mente lutando para acreditar no que via.Zayn estava ali.Seu cabelo escuro bagunçado pelo vento, seus olhos dourados brilhando como fogo sob a luz suave da lua.Ele estava do jeito que eu me lembrava na última vez que o vi.Vivo.Meu corpo inteiro congelou."Z-Zayn..." mi
KarevO silêncio do hospital era um peso sobre os meus ombros.Cada passo que eu dava pelo corredor estreito parecia ecoar dentro de mim, como se o chão estivesse zombando do meu desespero. O cheiro estéril de antisséptico e medicamentos queimava minhas narinas, me lembrando de que este era o último lugar que eu queria estar.Mas ali estava eu.Andando para ver minha companheira pela última vez.Minhas mãos tremiam ao lado do corpo, os nós dos dedos brancos de tanto apertar os punhos. Eu sentia o olhar de Gabriel e Jordan em minhas costas, como se estivessem prontos para me segurar caso minhas pernas falhassem.
MalloryO ar queimou minha garganta.Meus pulmões se contraíram em um espasmo doloroso, e a sensação de algo preso dentro de mim me fez entrar em pânico. Meu corpo reagiu antes mesmo que minha mente pudesse acompanhar.Minhas mãos se moveram, fracas e trêmulas, tentando arrancar o tubo que me sufocava. Minha respiração vinha em curtos arfares, o desespero crescendo, me consumindo—“Mallory!”A voz era desesperada.Alguém segurou meus pulsos com cuidado, impedindo que eu me machucasse. Meu peito subia e descia de forma errática, minha mente confusa, minhas pernas se movendo sobre os lençóis como se eu precisasse fugir—“Ajude ela, porra!”A voz de Karev soou rouca e cheia de fúria.Meus olhos abriram, piscando contra a luz forte. Tudo estava embaçado, girando. Me
KarevA risada suave de Mallory preencheu o quarto, e eu senti meu peito ficar mais leve.
MalloryO ar fresco da manhã bateu contra meu rosto enquanto eu saía do hospital, sentindo a brisa tocar minha pele como um sussurro gentil.Depois de tanto tempo cercada pelo cheiro estéril de antissépticos e máquinas apitando ao meu redor, respirar o ar puro novamente era como renascer.Karev segurava minha mão com firmeza, sua presença quente ao meu lado, como se ele ainda não acreditasse que eu estava ali, que eu estava de volta."Tem certeza de que não quer que eu carregue você?" ele perguntou pela terceira vez, seu olhar preocupado analisando cada movimento meu.Eu revirei os olhos, um sorriso brincando em meus lábios.
Karev3 meses depoisO avião pousou suavemente na pista, e um anúncio soou pelos alto-falantes informando que havíamos chegado a Dubai.Minha casa.Ou pelo menos, o lugar que costumava ser.Olhei para o lado, onde Mallory estava sentada, e vi seus dedos apertando o apoio de braço da poltrona com força. Seu olhar estava fixo na janela, observando a paisagem do aeroporto com uma expressão indecifrável.Ela estava tensa.Não precisava perguntar. Eu podia sentir.Eu sabia que, para ela, e