Estávamos na consulta do meu oitavo mês de gestação, era apenas uma consulta de rotina, porém, Murilo e Bernadete não me deixaram ir sozinha. Murilo ficou muito emocionado, como em todas as outras consultas que ele estava presente. Ele falava que todas as consultas pareciam como se fosse a primeira, que a emoção de ouvir o coração do nosso filho em cada consulta despertava nele um lado protetor. Que ele iria fazer tudo que estava ao alcance dele para proteger a sua família. Murilo estava fazendo isso muito bem, pois nesses dois meses que antecederam o oitavo mês da minha gestação foram os mais calmos de toda a minha vida. Nesses dois meses, compramos tudo do quartinho do bebé, tudo estava lindo, o quarto dele ficava ao do nosso. Murilo e eu estávamos dormindo juntos. Não retornamos nosso casamento de uma vez. Estávamos indo com calma como todos os casais. Claro que para os de fora, Murilo e eu éramos marido e mulher, mas para nós dois era o começo. Meu marido me pediu em namoro e foi
Quando eu descobri que seria pai, não sei nem descrever o sentimento que crescia em mim. Eu só sabia que faria de tudo para o manter em segurança. E é por isso que não consigo entender o que se passa na cabeça de um homem que teria coragem de machucar seu próprio filho. Quando Rael me ligou dizendo que precisava falar com Aline, eu jurava que ele estava envolvido no acidente, eu cheguei a perguntar, ele disse que contaria tudo, porém, só que tinha que ser na presença de sua irmã.Perguntei a minha mulher se ele podia entrar, e na mesma hora ela levantou a suspeita de que ele estava envolvido no acidente do nosso carro. Eu falei que não sabia, pois ele só falaria na frente dela. Aline pediu para deixá-lo entrar, e vimos a preocupação estampada em seus olhos, ele tentou se aproximar da minha mulher, mas eu me coloquei em frente aos dois. Ele perguntou se minha mulher estava bem e eu respondi que sim e perguntei o que ele sabia sobre o que aconteceu. Rael disse que tinha sido seu pai, qu
Tudo ocorreu bem na minha última consulta antes do parto, a data já estava marcada para daquele dia a uma semana. O médico nos informou que o bebê já tinha se encaixado e estava só esperando a hora para nascer. Minha barriga estava cada vez mais baixa e o peso quase insuportável. Meus pés estavam muito inchados. Antes de dormir Murilo sempre massageava as minhas pernas, e isso ajudava muito. Na última consulta o doutor me pediu só para ficar em repouso até o parto.Após realizada o ultrassom, o celular de Murilo tocou e ele me informou que em um minuto ele estaria de volta. Bernadete me ajudou a levantar da cama e eu fui me trocar. Já tinha colocado meu vestido, quando de repente Murilo entrou às pressas no consultório e disse que teríamos que sair naquele mesmo momento da clínica. Eu perguntei o que tinha acontecido, mais ele disse que não dava tempo para explicar. Murilo agarrou minha mão me puxando enquanto Bernadete era escoltada por um dos seguranças. Já estávamos chegando ao co
Saber que meu filho estava bem e que faltava pouco para ele vir ao mundo era a melhor notícia do mundo. Minha mulher também estava ótima, o médico só pediu para que ela ficasse em repouso até o final da gravidez. Faltava apenas uma semana, até eu faria de tudo para que ela ficasse de repouso, se fosse por mim ela não levantaria um copo, só para que não se cansasse. Ainda estava na sala do médico, quando meu celular tocou e apareceu o nome de Rael na tela, eu falei para Aline que precisa sair para atender o celular e sai da sala. — Oi, Rael! Seja rápido. — Disse, atendendo o celular. — Me diga que vocês estão em casa e que Aline está bem! — Ele falou rápido.— Fala com calma, eu não estou entendendo nada.— Meu pai mandou uns homens para a clínica atrás de Aline, se vocês estiverem aí, saiam agora!Eu desliguei o celular sem nem dar dizer adeus, apenas sair correndo em direção ao consultório do médico, chamei minha mulher para ir embora, agarrei a sua mão e pedi para um segurança aco
Em um momento, eu pensava que meu filho estava indo embora e no outro eu estava ouvindo meu filho chorar. O tempo que andava em câmera lenta voltou a girar normal ao som de choro que vinha do meu menino. Murilo o trouxe para perto de mim, e a emoção em ver aquela criaturinha nos braços do seu pai foi tão grande que meus olhos lagrimejaram, pude ver a mesma emoção nos olhos do meu marido. Agora sim, estávamos completos. A nossa família estava.Na hora que eu vi o sangue escorrer por minhas pernas eu jurava estar perdendo meu filho. Senti um aperto no meu peito e a vontade de chorar era enorme. Eu imaginava que as dores das contrações eram porque estava perdendo meu filho, mas ao ouvir o meu médico dizendo que aquelas dores eram porque meu menino apressou sua vinda, o alívio foi imediato e o que eu tinha que fazer era manter a calma para o melhor do meu menino. Fui levada ao quarto com meu filho no colo, Murilo disse que iria falar com seu irmão e pediria a Bernadete para entrar. Eu sab
Aline saiu da sala de parto e Bernadete foi para o quarto fazer companhia a ela. Cheguei perto de Augusto, que veio logo me parabenizar pelo nascimento do meu filho. Meu irmão sempre quis ser pai, e eu sempre achei que ele seria pai antes mesmo de mim. Ele me disse que faltava pouco para colocar as mãos em meu sogro, e com a ajuda do homem que deixamos vivo, seria bem mais fácil. Sempre soube quando ele dizia que seria bem mais fácil, era porque ele iria fazer o prisioneiro falar por bem ou por mal. E Augusto sempre gostou quando a pessoa escolhia a forma mais difícil. — Filho, quero te pedir perdão novamente por ligar tua vida com a daquele psicopata. — Meu pai falou pegando em meu ombro.— Pai, o senhor não tem o porquê pedir perdão. Minha vida nunca esteve ligada a dele, minha vida sempre esteve ligada a da minha esposa. — Cuide bem deles, meu filho. — Darei minha vida pela deles. — Eu falei o abraçando.— Espero que não chegue a tal ponto. — Ele disse correspondendo o meu abraç
Após a alta do hospital, fomos para o apartamento e então começou a nossa nova rotina. Nos primeiros dias com Ian em casa foi de boa, após completou uma semana que já estávamos em casa, meu filho começou a trocar a noite pelo dia. Meus seios estavam em carne viva, porém eu decidir que mesmo com a dor eu iria continua a dar de mamar para ele. Desde que eu descobri estar grávida, eu sonhava em viver esse momento e não seria umas rachaduras nos peitos que iriam me impedir de ter esse momento tão lindo com meu filho. Ian coloca a boca em meus seios para mamar e as lágrimas descia por meus olhos. — Oh! Meu amor, o que você acha de darmos mamadeira para ele até os bicos dos seus seios curarem? — Murilo disse sentindo dó de mim.— Não, Murilo. — Chorei enquanto Ian mamava. — É normal os bicos ferirem nas primeiras mamadas.Ele tentou insistir, mas eu disse que não iria mais discutir, eu sabia que Murilo estava preocupado comigo, porém eu tinha muito medo de dar a mamadeira para meu filho e
Depois que Aline colocava uma ideia na cabeça, não tinha nada e nem ninguém que conseguia a fazer mudar. Minha mulher colocou na cabeça que quer aprender a usar uma arma, tentei explicar para ela que eu não queria vê-la com uma arma, não era porque eu tinha algo contra mulher usar arma, e sim porque eu não a queria envolvida com essa vida. Mas ela conseguia ser bem convincente, sempre conseguia me ganhar na conversa. Se bem que as palavras que ela usou foi bem mais que convincente. Aline me perguntou se era melhor ela usar uma arma ou ela levar um tiro. Como ela poderia me perguntar aquilo? E com aquele tipo de pergunta ela conseguiu o que queria. Falei para Aline que após o seu resguardo eu a ensinaria. A vida a três estava uma aventura. Ian mudou completamente nossa rotina, ele trocava a noite pelo dia. Eu estava me esforçando muito para ser o melhor pai que meu filho merecia, aprendi a trocar fralda, porém, não dava banho, pois ainda achava meu menino muito pequeno e eu tinha medo