Enrique Eu estava decidido a mudar de postura e deixar meus medos para trás. Querendo ou não, o idiota do Fábio me fez ver que se eu não mudasse, poderia perder a mulher que amo e não poderia deixar que isso acontecesse. Passei tempo demais evitando me apaixonar e justo quando não era para acontecer, aconteceu. Elisabete foi uma bela surpresa, e mesmo ainda sentindo culpa pelo passado, não poderia deixa-la escapar. Nunca senti o que sinto por ela, nem mesmo meu período com Amanda me fez querer tanto alguém. Eu precisava me permitir a aproximar-me mais das pessoas, e isso incluía a irmã maluca e engraçada da minha namorada. Por incrível que pareça, realmente gostava da mulher tagarela. Ao entrar no escritório com Elisa, sabia que essa fofoca chegaria à minha mãe e tinha que estar preparado para tudo. Já tinha me decidido que nada e nem ninguém mudaria essa situação, nem mesmo minha mãe. Nunca fui tão distante dos negócios como
Elisabete Minha mãe sempre dizia que ouvir atrás da porta uma conversa que não era comigo, era muito errado. Porém, naquele momento expulsei a imagem da minha mãe da minha cabeça e ouvi cada palavra que foi dita naquela sala. Primeiro achei que pisei em cocô de vaca, para ser tão azarada e ter rios de mulheres atrás do meu namorado, mas depois fui invadida por um sentimento de orgulho e de alegria que nem podia descrever. Agora eu estava me sentindo como uma criança que ganhou de presente o brinquedo que mais queria. O sorriso bobo em meu rosto demoraria muito tempo para me abandonar. Antes que a mocreia, que acabara de ser demitida, saísse, corri para dentro da minha sala e me fiz de inocente, para que ela não soubesse que eu ouvira toda a conversa. Não demorou muito para que Henrique entrasse pela porta. Ele estava claramente chateado, mas nem pude disfarçar o sorriso. — Por que está com essa cara? — Perguntei aproximando-m
Enrique A noite começara estranha. Não bastasse ter me irritado no trabalho e passado o dia pensando na loucura que Serena aprontou, meu irmão voltou de Porto de galinhas e se convidando para a noite que eu tinha planejado com Elisabete e Mariana. Meu irmão sempre foi reservado, nunca fomos de brigar por nada. Dominic se afastou de todos depois do acidente com Anna, mas sempre nos comunicávamos. Sua repentina aparição me fez pensar no motivo de sua volta. Geralmente somos nós que sempre o visitamos em seu hotel. Sem falar que Mariana ficou um pouco estranha quando o viu. A mulher não era de ficar calada, acredito eu. Agora ela estava sentada, sem dizer uma palavra. — Porque sua irmã está tão… quieta? — Perguntei a Elisabete, sussurrando em seu ouvido. — Também não faço ideia. — Ela disse observando a irmã. - Acredito que seu irmão a deixou nervosa, mas isso é estranho. — Dominic não volta para casa há muito tempo, acredito
Elisabete Depois daquela conversa com minha irmã fiquei possessa e quis estrangular a Vilella mãe, mas tive que me conter, pois ela ainda era mãe do homem que eu amava e não queria fazer algo sem que ele soubesse. Na nossa conversa, deixei claro o que achava e o que faria. Henrique sabia de algumas coisas, pois também perguntou ao irmão, minutos antes, sobre seu relacionamento com minha irmã. Sabia que era muita coincidência os dois terem algo, e sabia que o destino, mais uma vez, estava brincando conosco. Eu nunca conheci uma mãe tão péssima quanto Catarina, que preferia ver seus filhos infelizes ao lado de quem não amavam ao invés de estarem com quem gostavam. Eu estava pronta para enfrentar a jararaca de frente assim que amanheceu. Minha cabeça estava cheia e eu poderia cometer uma barbaridade se a mulher me provocasse. Resolvi ir a sua casa, pois assim nossa provável discussão não iria chamar a atenção de ninguém. Eu odiav
Elisabete4 meses depois As coisas entre mim e Henrique melhoravam a cada dia, no entanto, eu sabia que tudo estava bom demais e que a realidade não era tão perfeita. No trabalho, tudo estava seguindo o curso normal e vínhamos conseguindo muitos projetos incríveis. Catarina nunca mais nos importunou. Acredito que nossa última conversa foi muito útil. Mariana estava seguindo sua vida e agora eu via um sorriso largo no rosto da minha irmã. Como eu disse, tudo estava bem e isso deveria ser bom para mim. Contudo, lá no fundo, sentia que algo poderia acontecer a qualquer momento. — Quando decidi trazer minha linda namorada para essa casa de praia, distante da cidade, era para curtirmos esse momento não para que ela continuasse distante em seus pensamentos. — Disse Henrique ao meu ouvido. Sua respiração na minha nuca causou-me um arrepio que se estendeu pelo meu corpo todo. Era bem verdade que ultimamente eu ficara bem pe
Enrique Não era novidade para mim que meu pai não gostava da minha presença nesse baile. Nossa relação já vinha se desgastando há anos e tudo piorou com a morte de Anna. A ideia do evento era minha e da minha mãe, pois mesmo sendo uma mãe egocêntrica, ela realmente nos amava e perder sua única filha foi a pior coisa que já lhe aconteceu. Catarina realmente se sentia realizada com o evento, e dizia que se sentia mais perto da filha cada vez que o organizava. Era verdade que nos últimos anos, ela vinha se tornando controladora e que seus pensamentos sobre os mais pobres eram errados e sem sentido, mas lá no fundo, eu ainda a amava e desejava que algum dia ela mudasse seus pensamentos. — Fico feliz em vê-los aqui. — Ela disse nos abraçando forte. Esse ano as coisas estavam diferentes. Minha relutância em querer vir era porque não desejava estar aqui sem Elisabete e temia que minha mãe, novamente, a desrespeitasse, assim como a sua irmã.
Elisabete Eu não deveria tê-lo deixado só. Nem demorei tanto no banheiro, mas foi o suficiente para algo de ruim acontecer e deixar Henrique transtornado. Pensei que ele estava bem, mas quando o vi praticamente correr para fora do salão, notei estar errada. Era para ser uma noite incrível, pois estávamos homenageando alguém que ele amava, porém parece que os pais do meu namorado não facilitavam as coisas. — O que falou para ele sair daquele jeito? — Perguntei a Catarina. Eu não estava com paciência e não me importei com a forma ríspida que fiz minha pergunta. — O que fez? Ela me olhou surpresa e ofendida. Não tinham muitas pessoas onde estávamos, mas as que tinham foram atraídas pela nossa conversa. — Acredita que eu faria algo que fizesse meu filho sair daquela forma? — Desculpe duvidar, mas não tive boas impressões desde que nos conhecemos. — Respondi no mesmo tom de antes. — Posso não gostar de você, no entanto,
Enrique Eu poderia deixar que as palavras do meu pai me levassem novamente para o meu estado de amargura e consequentemente perder Elisabete. O antigo eu com certeza deixaria ser levado por isso, mas o Henrique de agora, que provou da felicidade ao lado da mulher que amava, não poderia deixar isso acontecer. Sabia que teria que melhorar bastante para ser a pessoa digna que ela merecia, e isso não era um problema, pois faria aquilo que pudesse para lhe dar toda a paz e felicidade que ela me dava, apenas por existir em minha vida. O dia começou muito bem. Tomamos café juntos e depois seguimos para mais um dia de trabalho. Senti haver algo que estava a deixando estranha e sabia que ela queria fazer perguntas. — Pode fazer as perguntas que deseja. — Falei não tirando a atenção dos carros à minha frente. — Não quero aborrece-lo tão cedo. — Disse com um meio sorriso. — Não vou me aborrecer. Você está aqui, só isso me ajud