Celine
Andamos por um bom tempo, mas nenhum lugar parecia seguro ou recluso o suficiente.
"Será que estamos muito longe da cidade?" Elowen falou abraçando o livro em seu peito.
"Não tenho ideia de onde estamos. Tente dar uma olhada no livro, quem sabe nos indique um caminho?" falei me lembrando da forma que ela ficou assim que a libertei.
"Celine, ainda não consigo entender o que aconteceu. Eu não me lembro de nada." ela parou de andar e me encarou.
"Mas algo mudou, tenho quase certeza de que você tem alguma descendência mística, como tudo que nos cerca."
"Como isso é possível? Não acha que meus pais me contariam?" falou indignada.
"Talvez nem eles soubessem. Jordan me disse que seus ancestrais eram caçadores de bruxas." ela concordou e entendi que ela já tinha recebido aquela informação. "Talvez tenham sido impelidos a esquece
CelineMe virei na vegetação procurando Elowen que estava encolhida segurando o pé que sangrava sem parar. O livro estava jogado a alguns metros de nós."Já estou indo..." falei tentando não gritar com a dor dilacerante em meu ombro. Respirei fundo me sentado sem forçar o lado machucado e a passos lentos fui até o livro, que se tornou ainda mais pesado em meus braços. "Temos que sair daqui..." falei em um gemido me arrastando até a professora."Eu não consigo me mexer." ela chorava copiosamente e olhei seu tornozelo que estava destruído com uma fratura exposta."Eu vou proteger você. Sinto muito, querida." lhe entreguei o livro e procurei em volta qualquer coisa que fosse pontiaguda o suficiente para afastar o que estava prestes a surgir a nossa frente.Andei vacilante tentando achar qualquer coisa que nos ajudasse, mas nada parecia afiado o suficiente. Voltei para perto de Elowen assim que ouvi o grito dos pássaros e a revoada em seguida. O chão começou a tremer e percebi que não era
JordanAinda estava irado. Não conseguia identificar o desgraçado que mordeu minha Luna e a professora. Ambas estavam tão assustadas que não entenderam a gravidade do que aconteceu a elas."Como a senhora Jones está?" Ton perguntou se aproximando devagar. CelinePedi para que Jordan não me viesse me ver naquela noite, eu ainda estava muito irritada com tudo que estava acontecendo. A cicatrização em meu ombro estava com um processo acelerado, como se a toxina daquele maldito lobo, estivesse se fundindo a minha carne. CelineAcordei com os olhos ardendo, os músculos tensionados e o corpo formigando de forma latente. Me ergui lentamente e percebi que o colchão estava todo rasgado. Assustada levantei minhas mãos e para minha surpresa, unhas alongadas se projetavam pelos meus dedos. CelineFiquei em um quarto isolado até que Ton veio me buscar. Sua expressão era mais séria que o habitual e julguei que meu comportamento era o responsável por isso."Sinto muito." Falei andando atrás dele."Não é a mim que deve desculpas." ele disse seco e se afastou sem me olhar.64. Primeiro dia
65. Segundo dia
66. Retorno para casa
JordanObservei cada detalhe de Celine naquele voo. Ela estava inquieta, olhando para Elowen e para mim repetidas vezes. Mesmo que eu tentasse dar um comando, ela ainda não era capaz de captar, pois rejeitava a natureza da loba que agora existia dentro dela."Teremos que trabalhar sua ansiedade." falei quando as primeiras árvores de Shelton começaram a aparecer."Se fosse só isso." falou em desgosto, escondendo o rosto nas mãos antes de se voltar para mim de novo."Celine, sei que o que está acontecendo não era algo que você queria, mas aconteceu. Não tem como ser mudado. Apenas entenda que você terá que fazer o melhor com o que tem nesse momento." falei baixo tentando direcionar apenas para ela."Eu sei." falou seca. "Só preciso de um tempo para me acostumar com a ideia. Tudo está rápido demais.""A vida é rápida, humana. Nunca perc
JordanLiberar alguns sentidos da Celine, foi transformador. Ela parecia mais aberta para todas as emoções que estavam acontecendo. Se sentia mais envolvida com o nosso mundo e isso me dava um pouco de paz de espírito.
CelineNão fechei os olhos o restante da noite. Eu ainda podia sentir as vibrações em meu corpo. Era como se algo estivesse tentando sair de dentro dele, o que, na verdade, estava.Meu maior medo era me mexer e de repente virar um animal peludo. Não sabia como controlar aquela situação. Era apavorante ficar a mercê de algo que eu não conhecia.
Último capítulo