Desde que me converti ao Evangelho e me tornei um cristão dedicado, apaixonado pela arte de falar do amor de Cristo e ver as pessoas dobrando seus joelhos diante do altar, clamando pela infinita misericórdia de Deus para que através dela pudessem ter seus pecados perdoados, suas vidas transformadas e dessa forma alcançassem a chance de um novo recomeço que busquei de todas as maneiras estar preparado para exercer meu ministério pastoral.
Estudei com afinco, conquistei o mais alto nível teológico e não medi esforços para um dia estar entre os mais louváveis pregadores de minha época. Aos trinta e três anos de idade tive o privilégio de me casar com uma adolescente de apenas dezessete, devido meu alto conhecimento nas Escrituras Sagradas fui colocado como líder de uma das mais importantes igrejas da Convenção Estadual das Assembleias de Deus, me tornei soberano sobre outros que como eu buscavam destaque.
Entretanto, o orgulho de minha grandeza fez com que me cegassem os olhos espirituais, dando lugar a visão carnal que satanás usou para na minha fraqueza destruir tudo aquilo que conquistei a duras penas. Por me sentir um tipo de deus pensei que podia fazer o que quisesse e não seria abalado, então despenquei do alto retiro onde me encontrava, caí do pedestal, minha glória se transformou é opróbrio e vergonha. Perdi minha importante posição eclesiástica, minha família foi desfeita, meu nome foi parar na lama.
No entanto, depois de um longo tempo sob a lepra do pecado Deus dos altos céus lembrou-se de mim, considerou quando eu ainda lhe era fiel e estendeu-me suas mãos. Tirou-me do fundo de um poço cheio de imundices e me fez entender sua grandeza em amor e perdão. Deu-me nova chance, outra oportunidade de recomeçar e meus pés foram novamente firmados na rocha eterna, Cristo me fez renascer.
Era uma manhã de sábado, quando pude ouvir a voz inconfundível de meu pastor, líder de um dos mais aclamados grupos pentecostais do bairro onde residia, chamando-me em alta voz. Tão logo percebi sua presença e a forma apressada como convidava-me para ir ao seu encontro pude imediatamente deduzir do que se tratava antes mesmo de ouvir os detalhes de sua visita. ― A paz do Senhor Jesus, meu amado irmão, trago-lhe novidades a respeito daquele assunto que tratamos alguns dias atrás! ― A paz em Cristo, amado pastor! Por favor entre, vamos tomar um café ― Ah, sim, muito bom, sou mesmo um grande amante de uma cafeína bem quente! ― A paz, pastor Miguel, irei preparar um café fresquinho pra vocês! ― A paz, irmã Lurdes, prazer em revê-la. E as crianças, como estão? ― Estão ótimas, pastor, aproveitam para brincarem um pouco no quintal ― Que bom. Mas quero ir logo adiantando o motivo de minha visita tão cedo a vocês, porque o assunto é mui
Diferentemente de Lurdes minha amante agiu de outra forma ao saber da promoção que eu havia recebido de meus superiores, logicamente fingiu se importar com minha felicidade e deu saltos de alegrias diante de mim, comportamento que me deixou bastante feliz e cada vez mais impressionado com suas atitudes, aquilo definitivamente me levou ao cúmulo de pensar em tê-la como esposa. Duas semanas depois fomos enviados para a nova congregação onde ali passamos a assumir total responsabilidade como líderes maiores da igreja local, administrando os trabalhos, ministrando os cultos e gerenciando os outros líderes dos departamentos. Fomos inicialmente bem recebidos pela comunidade evangélica e durante os primeiros meses tivemos bastante êxito em tudo o que propomos e fizemos junto a eles. No entanto, devido a influência de outros irmãos que faziam parte da igreja anterior, onde antes nos congregávamos, passaram a surgir falsos rumores a nosso respeito e isso levou alguns dos memb
O clima entre mim e minha esposa só piorava dia após dia, a impossibilidade de dar continuidade na minha administração no templo e as várias desculpas dadas a meu vice de não estar em condições de colocar em prática minhas atividades pastorais já estavam esgotando. Aquela situação colocava em dúvida se não estaria havendo algo mais sério por detrás das minhas atitudes.Alguns irmãos passaram a indagar sobre as verdadeiras razões de minha ausência durante os cultos, o aparente descaso na liderança da obra e Pedrinho se viu sem respostas que lhes convencesse de que eu só me encontrava indisposto. Depois de alguns dias Miguel novamente convocou nós dois a comparecer no seu gabinete para informar o resultado de sua investigação.Nós dois, eu e Keila, estávamos tranquilos quanto a confirma&
Nossos nomes se transformaram em verdadeira piada na boca dos difamadores, o que antes foi glória agora havia se tornado um cenário de zombarias, risos, escárnios. Lurdes continuava a se prostituir com seus amantes, virou uma alcóolatra semelhante a mim, quem ainda torcia para nossa recuperação espiritual e moral eram seus parentes. Da minha parte só me restaram mesmo os filhos, pois meus familiares não me apoiaram quando estava de pé, menos ainda agora caído ao chão. A situação se tornou tão crítica que certa vez fui encontrado caído à beira da rua, estirado dentro de uma vala por onde escorria a sujeira vinda das muitas casas ali existentes, além da lavagem dos montões de lixos depositados ao ar livre. Enquanto as moscas faziam festa na sobre meu rosto melado com tanta porcaria e certamente defecavam na minha boca os que trafegavam por ali ou sentiam pena ou simplesmente riam de minha triste situação, principalmente aqueles que contemplaram minha glória passada. Me
Uma semana depois, numa linda e calorosa noite de domingo eu e minha família entrávamos juntos e de cabeça erguida naquele templo lotado de pessoas que aguardavam curiosos nossa chegada. De início fomos apresentados a igreja e fui convidado a me assentar no púlpito juntamente com Walter Borges e os demais pastores ali presentes. Foi-me dada a rica oportunidade de ser o palestrante oficial e aproveitei para falar aos ouvintes sobre a história do filho pródigo de volta ao lar. Alguns dos que me ouviam conheciam minha trajetória desastrosa como ministro do Evangelho, mas nada podiam dizer contra minha conduta no passado ou sobre Lurdes porque estavam no mesmo barco que nós. Acontece que aquela igreja era quase que totalmente formada por pessoas que tropeçaram na vida cristã, éramos chamados de rebeldes por termos saído do antigo campo de atuação para um recém chegado, entretanto, se fomos para lá é porque caímos na fé e nos abandonaram. Do local onde me encontrava podia