Capítulo 13
ELIEZER SOARES estava revivendo a mesma história de tantos tempos antes se repetir com sua filha. Quando Claudia tinha dois meses de vida, Lúcia, sua esposa, fugiu com o vizinho viúvo e deixou a filha com ele. Eliezer tentou o máximo que conseguiu ser a mãe e o pai ao mesmo tempo, não se casou novamente, pois além de ficar desiludido com o amor ficou desiludido com tudo o que a vida poderia proporcionar. Agora era sua filha é quem estava sofrendo desse mal, o mesmo mal que, como um círculo vicioso voltava a lhe rondar como uma besta-fera sedenta.
Tinha uma semana que esse tal cubano, mexicano, colombiano ou sei lá o que estava desaparecido, porém, seu instinto de pai dizia que algo errado estava acontecendo e que pensavam que sua filha seria uma idiota em suas mãos, de ser largada para trás com um filho no vent
Capítulo 14O EMBAIXADOR JUAN estava atento a cada detalhe do que acontecia ao seu redor, já estava voando mais de seis horas, ou estavam viajando para fora do país ou estavam procurando algum lugar para pousar, ele sabia dos problemas causados entre os militares e os militantes socialistas, era uma guerrinha tola que ambas as partes adoravam fazer alvoroço, de vez em quando aparecia algum morto de cada lado e o marketing era sempre espalhafatoso, não era uma guerra sangrenta, violenta sim, mas não tão mortífera como fora em outras ditaduras mundo afora, em especial em seu país...Juan conhecia alguns grupos que poderiam promover aquele sequestro, em especial alguns grupos se destacavam como:C.O.L.I.N.A. (Comando de Libertação Nacional);VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária);M.N.R. (Movimento Nacionalista
Capítulo 15HAVIA MAIS DE SETE meses que ninguém sabia notícias de Claudia Soares. Com isso, a cidade entrara em polvorosa, surgiram vários rumores e fofocas de que a garota teria se suicidado, ou estava com a mãe.Talvez a garota sabia de tudo, e foi morar com a mãe, diziam eles. Mas, Felipe Artêncio, sabia que todos estavam completamente enganados, a garota tinha dado um golpe de mestre em todos eles.CLAUDIA ESTAVA ACARICIANDO a protuberante barriga deitada na areia. Dali a poucas semanas o bebe nasceria e estava chegando o momento de voltar a cidade e enfrentar os Artêncios.O primeiro passo já fora dado, ganhar a confiança de um deles. Felipe estava chegando com uma cesta, e Claudia se lembrou dele sete meses antes caminhando para onde ela estava naquele mesmo local.
Capítulo 16O SILÊNCIO ERA ATERRADOR, tudo estava na mais completa, aterradora e enlouquecedora quietude...Estou morto?Ainda estou vivo?As amarras de seu braço se afrouxaram e a venda em seus olhos caíram e pôde ver todo um aparato cinematográfico.— Para todo o mundo, você está morto.— Que besteira é essa?— Besteira nenhuma – disse o Capitão Esteban Hernandez – estamos montando um grandioso país, e precisamos dos seus serviços diplomáticos para isso, alguém que saiba ser a balança entre o socialismo e o capitalismo.— Acha que sou algum imbecil?— Se achássemos, acha que estaria aqui?O capitão chegou perto dele e puxou seu ralo cabelo razoavelmente cumprido na nuca pelo longo per&iacu
Capítulo 17CARMEN OBSERVAVA O NETO no berço e realmente era muito parecido com o pai e o avô. Carmen sentia muito falta do filho, Esteban, já fazia quase um ano sem notícias dele, a investigação terminara, pois não tinham mais onde procurar sem pistas, mesmo com os esforços de Fernando em manter a investigação, no qual segundo ele, era seu dever pois foi por causa dele que Esteban desapareceu, o que era um equívoco...Ele não tinha culpa de nada... – pensou Carmen agradecida com um mínimo de conforto – Só Deus sabia o que teria acontecido ao filho... Rezava todos os dias por ele, sabia que ainda poderia estar vivo em algum lugar...Carmen sentia falta também de Fernando, os braços fortes dele enlaçando-a, o sexo selvagem, aquele poder que ele irradia
Capítulo 18RAFAEL MENDEZ estava chegando para o seu primeiro dia da faculdade de arquitetura e foi recepcionado da forma mais calorosa que poderia existir, garotas seminuas, todos eles rabiscados e bêbados, era a recepção dos calouros, do qual fazia parte.— Vamos nessa, Rafa – disse Luciana.Ele não teve nem tempo para pensar, três garotas com as camisas molhadas mostrando nitidamente seus protuberantes seios bicudos o arrastou para o centro da roda de amigos e em menos de um minuto já estava todo pinchado e no clima de festa com as garotas, simplesmente abraçou as duas e as beijou simultaneamente.— Temos aqui um rapaz bem atiradinho – disse uma delas sorridente com uma garrafa de whisky na mão.— Se me puxou no meio da roda, é porque me queriam aqui.— Então vamos aproveitar.
Capítulo 19ELA CHEGOU PERTO da paciente, já havia muitas semanas que ela havia lhe confidenciado que havia aceitado seu destino, não com alegria, mas se aquela era a vontade de Deus, pelo menos que fosse uma vontade sem dor e sofrimento, mas para que isso acontecesse, teria que alguém fazer o serviço, e isso Lisandra não estava pronta ainda para fazê-lo.— Por favor, doutora... não aguento mais esta vida...— Fiz um juramento, querida, não posso fazer isso.— Seu juramento será melhor utilizado se acabar com a dor e sofrimento das pessoas.Ela começou a chorar.— Você não sabe como é saber que não terá um futuro, que não terá um namorado, um grande amor, saber que nunca provará o doce amor nos braços da pessoa que ama... o amor para mim sempre f
Capítulo 20HOJE FAZ DEZESSETE anos que ela deveria ter dito Sim, mas veio o Não... O NÃO que destruiu a sua vida...O NÃO que o impediu de conhecer a felicidade...O NÃO que selou seu destino... A que virara sua vida totalmente ao avesso e nunca mais voltou ao normal. Lembrava nitidamente do dia do que deveria ser ter sido um casamento; o início de uma vida a dois, a construção de uma família, agora tudo estava lá no passado, não existia futuro par ele longe dela.Esse preço ela me fez pagar, e está na hora dela sentir a mesma coisa...Lisandra vinha como uma rainha desfilando pelo tapete vermelho da igreja, estava mais linda como de costume. Era uma deusa que se fez presentes aos meros mortais, mas algo em seu semblante
Capítulo 21ASSIM COMO A MÃE, Sherlley decidiu cursar a faculdade de medicina, ela a acompanhou diversas vezes sua rotina em seu trabalho e ficava sempre fascinada em ver uma pessoa entrar de um jeito e sair completamente bem, era como se sua mãe realizasse um milagre por dia, mas Lisandra sempre insistia.— É o poder da natureza, querida.Lisandra, duas vezes por ano visitava alguma tribo indígena e pesquisava sobre o poder curativo das plantas e decidiu investir em uma medicina natural, sempre medicando usando produtos naturais, em raras exceções prescrevia medicamentos industriais.Depois que ela lançou seu terceiro livro explicando o poder da natureza sobre o corpo humano, trazendo diversas testemunhas e comprovando que muitos remédios são completamente desnecessários, foi indicada ao maior prêmio, mas não