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Capítulo Dois: O Guerreiro Frenético

Naquele mesmo dia (20 de Middas de 780 da Era do Ouro, Sexta-Feira) na área norte da cidade, pelos seus grandiosos portões entrava um cavaleiro completamente armadurado da cabeça aos pés. Era uma armadura totalmente prateada, mas não era de uma prata que os humanos e anões usavam e sim uma feita pelos mais nobres senhores élficos, o que fazia a armadura reluzir muito mais que aquelas feitas com prata comum ao ponto de até cegar as pessoas mais sensíveis a luz.

O misterioso guerreiro chegara apressado na cidade, parecia buscar algo importante para tamanha presa, e ao entrar em Mavenrook, o Guerreiro começou a receber olhares curiosos dos habitantes locais, parecia que jamais viram alguém como ele antes, a própria guarda local ficou de olhares atentos ao homem que já era considerado muito suspeito.

Guardas sob as ameias, sob os subúrbios, sob os portões, armados com arcos, lanças, espadas e maças, olhavam com olhos fervorosos de medo já imaginado no que aquele desconhecido poderia ser capaz de fazer. Da mesma forma que os cidadão nunca viram alguém como este guerreiro, aparentemente ele também nunca havia entrado nesta cidade, parecia bastante desorientado.

Seu elmo era belíssimo, tinha uma plumagem vermelha e longa em seu topo. A única abertura em sua armadura era no elmo onde os olhos e a boca dele se localizavam, as partes se cruzavam em formato de T, mas a visão de seus olhos e lábios eram bloqueadas por uma malha preta que simulava uma escuridão fazendo com que ninguém conseguisse ver sequer um resquício de seu rosto. Ele, por outro lado, conseguia ver tudo em seu caminho, até mesmo percebeu que já estava sob a mira dos guardas.

Como se quisesse mesmo chamar atenção, ele entrou em uma área bem movimentada da cidade, rumo ao centro. Dezenas de pessoas, dentre nobres e plebeus entravam e saiam das casas, sua rotina diária, fora até mesmo preciso o guerreiro sair do meio das ruas para deixar as caravanas e carroças comercias seguirem seu caminho.

Ainda desorientado, o estranho homem olhou para todos os cantos como se tentasse achar algum lugar em especifico, mas nada encontrou. No entanto, resolveu puxar um jovem rapaz aleatório da calçada pelo colarinho, ele trajava roupas de couro simples de tom marrom, fora que ele estava com o rosto um pouco sujo, assim como sua roupa, parecia ter acabado de sair de um trabalho pesado quando aquele estranho sujeito quase lhe matou de espanto ao lhe puxar e logo em seguida lhe perguntar:

— Você plebeu, poderia me dizer onde eu encontro a guilda Lua Prateada? — sua voz era grave e bastante abafada por conta do elmo, ainda assim era um tom amedrontador que fez o jovem se arrepiar de medo da cabeça aos pés, era como se estivesse falando com a morte em pessoa.

O jovem respondeu bastante trêmulo:

— Acho que você quis dizer Lua Prata... — o sujeito apertou sua roupa com mais força demonstrando que não gostava de ser corrigido — Bem... É só você dobrar naquela direção — apontou para o sudeste — e seguir a diante, depois de treze casas você chegará na guilda sem erro, ela é enorme.

O sujeito jogou o jovem sobre o chão, ele caiu sentado e ofegando de medo, nunca lhe acontecera algo parecido, o homem passou por ele, agradeceu de modo ríspido sem olhar para trás, e seguiu adiante como se nada tivesse acontecido, mas os guardas mais próximos viram aquela cena, até um dos guardas ajudou o rapaz, mas como o estranho não causou nenhum dano físico maior continuaram apenas a vigia-lo, desta vez com atenção dobrada, pois àquela atitude era esquisita demais para um simples viajante.

Este era um dos principais problemas da cidade de Mavenrook, que é uma cidade neutra, ao contrário das demais cidades que estão até mesmo vivendo uma crise pelas consequências da guerra entre humanos e elfos. Maven às vezes sofre nas mãos de bandidos que tentam se aproveitar da neutralidade para causar o caos, pois a guarda da cidade não é composta por oficiais da realeza, soldados treinados e entregues pelo próprio rei supremo, aqui são soldados treinados pelo governador ou pela Guilda Lua Prata que é a mais famosa da província e o motivo da cidade durar tanto, já que o mestre da guilda sempre colabora com metade de seus lucros para ajudar no sustento de Maven, pois quando uma cidade se declara neutra, seja em qualquer província, ela perde todo apoio político e financeiro do rei, tanto que até as armaduras da guarda são encomendadas a um ferreiro local que já trabalhou com o Duque de uma cidade em Valiwam, somente em casos de emergência que como um ataque orc, por exemplo, que o rei mandaria alguns soldados para defender a região, mas em muitas das ocasiões eles não estariam vestidos como soldados padrão.

Depois de seguir as instruções do jovem, o estranho forasteiro estava quase chegando à guilda, era possível vê-la a alguns metros dali bem destacada. No entanto, um comerciante carregando caixas pesadas acidentalmente acabou se esbarrando no guerreiro enquanto tentava passar, o que fez algumas de suas caixas caírem no chão, e para piorar após isso o guerreiro lhe socou no rosto quebrando seu nariz e em sua queda quebrou quase todas as suas cargas que eram parte de seu oficio.

Dentro das caixas haviam muitas frutas, verduras e outros alimentos e agora tudo estava espalhado pelo chão.

Aquele fora o ponta pé para os guardas à espreita enfim agirem, cinco deles saíram dos becos e de outros pontos estratégicos rodeando o guerreiro de armadura élfica, um deles até socorreu o homem e pediu para que ele saísse de perto, pois cuidariam daquele malfeitor, o dito cujo olhou para cada um dos guardas, limpou sua armadura como se o homem tivesse lhe sujado, estudou bem cada guarda e em seguida falou:

— Essa cidade é um nojo, muitos plebeus imprestáveis sempre tentando sujar alguém da realeza. — para terminar ele também sacou a grande espada em sua costa, ela era feita do mesmo material de sua armadura, o que significava que tinha um fio absurdo e poderia matar ou aleijar com muita facilidade.

Um dos guardas não gostou da ofensa e da forma como o sujeito se preparou para o combate, parecia confiante demais e como reposta avançou o fitando e o golpeou de forma certeira no torso, a espada do guarda se partiu no meio demostrando a resistência eficiente daquela armadura. Mesmo assim continuaram em posição estudando bem o inimigo, o guarda que o atacou deu alguns passos com habilidade para trás puxando outra espada que estava na bainha no quadril esquerdo de outro guarda que carregava uma lança. O guerreiro se manteve imóvel durante toda aquela ação, parecia uma estátua. O guarda de lança não esperou a ação de seu inimigo e avançou tentando golpeá-lo com uma estocada no rosto, mas o guerreiro somente deu um passo para o lado desviando com maestria. O guarda não desistiu e continuou estocando, mas seu inimigo ainda desviava.

Na visão do guerreiro os ataques do guarda vinham lentamente, seus múltiplos ataques eram uma piada que lhe fizeram dar uma ligeira risada. Na sexta estocada, o guerreiro desviou e revidou com um golpe horizontal segurado sua espada com apenas uma mão assim cortando o guarda no torso manchando seu uniforme de sangue e imediatamente o derrubando sentado segurando seu ferimento que não parava de sangrar mostrando um pouco do fio incrível de sua espada.

— Não quero machucar guardas, vocês não são plebeus para merecerem essa opressão, contudo se me irritarem vão me ver de uma forma que seus bardos nunca contaram!

O guarda ferido foi ajudado por outros dois guardas que estudavam bem o estranho, assim que levantaram o companheiro ferido, um deles gritou:

— Capturem este maníaco! Vamos revelar a identidade dele e contar ao governador o que esse arruaceiro está aprontando em nossa cidade, nobre ou não pagará pelos seus crimes!

Outros guardas começaram a aparecer, havia pelo menos uns quinze bem armados e prontos para avançarem ao mesmo tempo.

Mas antes que pudessem fazer alguma ação, um brilho vermelho emanou da fenda no elmo onde os olhos do guerreiro se encontravam criando uma aura completamente medonha com cheiro e presença de morte, ele se aproximou lentamente dos guardas que largaram suas armas no chão enquanto viam através de suas mentes apavoradas a palavra morte entalhada na armadura daquele sujeito.

Foi quando um dos cidadãos vendo aquilo falou bem alto:

— Esse é o frenético guerreiro meio-elfo que já destruiu covis inteiros de orcs e goblins com sua força e sede de combate incansáveis, dizem que mesmo ele fazendo bons trabalhos em salvar cidades e vilarejos, ele não é uma pessoa muito carismática e gentil. Os bardos lhe chamam de oFamozzo, lhe deram esse nome porque ele é famoso pelas coisas até “boas” que faz, mas ninguém tem respeito por ele por conta de sua personalidade agressiva e ácida...

Os guardas ficaram um pouco confusos, ainda assim estavam apavorados.

As pessoas próximas que observaram começaram a cochichar sobre fazendo o guerreiro ficar parado, mas ainda em posição de ataque, parecia gostar de quando falavam sobre sua pessoa, no entanto na mesma hora, para a surpresa de todos alguém vinha ao leste gritando em uma corrida absurda, a figura pulou sobre os guardas, passando de cabeça em cabeça e com uma bela cimitarra em mãos caiu de frente e avançou em um ataque direto contra o "meio-elfo" que se defendeu no momento certo com sua espada.

Era o Bárbaro Pirata Jack Falone.

Ele estava no rumo a guilda Lua Prata, comprou roupas novas com as economias de seu pai que o fizera voltar a sua casa para pega-las. Ele não usava armadura no torso ou uma camisa, apenas uma capa marrom, uma ombreira, faixas vermelhas pelo torso e braços, trajava calças finas de couro escuras que, além de bem resistentes, lhe deixavam mais destacado no meio daquela multidão, ele era uma verdadeira fusão entre um bárbaro e um pirata.

Graças a este atraso ele acabou se deparado com um homem completamente robusto e armadurado confrontando os guardas da cidade. Sem hesitar correu para impedir que aquele homem causasse um problema maior, mas por que se afetou com isso? O bárbaro pirata pensava enquanto encarava aquele sujeito, Jack não sabia como responder esta pergunta, pois quando ainda tinha sua tripulação às coisas que faziam eram bem piores.

Jack balançou a cabeça afastando aquele pensamento que lhe fazia perder um pouco do foco naquela situação.

— Atacando pessoas inocentes não é? — disse ele, forçando sua cimitarra contra a arma do inimigo que não perdeu a postura demostrando ainda mais selvageria.

— Outro plebeu, mas agora você é digno de sentir minha fúria! — respondeu o guerreiro com rispidez pulando para trás separando sua espada do adversário e imediatamente avançou golpeando verticalmente o Bárbaro que sentiu o ar da Espada Longa passar rente pelo seu braço direito quando desviou. oFamozzo não parou e atacou mais duas vezes, cada ataque fora bem defendido por Jack, mas o bárbaro percebia que estava com desvantagem, a espada do inimigo era o dobro de tamanho da sua, embora a largura da arma fosse menor, cada defesa o jogava alguns centímetros para trás graças a força daquele guerreiro.

Jack em todo esse tempo nunca lutou com alguém de maestria tão grandiosa, MF e o pai dela não eram considerados porque nunca lutaram de forma séria, afinal era apenas treino, nem mesmo os inimigos que fizera no passado eram tão poderosos comparados a este sujeito estranho.

O "meio-elfo" mais uma vez avançou lhe desferindo dois cortes em forma de arco. Jack pulou para trás desviando do primeiro ataque, mas acabou sendo acertado pelo o segundo que lhe arranhou superficialmente no torso. O Bárbaro sorriu de canto tocando no ferimento e sentido o sangue escorrer, ao ver sangue e sua mão ele cerrou o punho e correu golpeando com o cabo de sua arma no rosto de oFamozzo que o fez cambalear para trás.

Foi um ataque que fez o "meio-elfo" sangrar, era possível ver o liquido vermelho sangue saindo de pela ponta inferior de seu elmo assim sujando o chão. Contudo aquele sangue derramado o deixou mais irritado e ele começou a atacar desvairadamente, Jack defendia todas as investidas, mas desta vez com muito mais dificuldades, era como se o guerreiro ficasse mais rápido a cada dano que ele sofria, por mais irônico que fosse aquele guerreiro tinha a determinação de um bárbaro. Os guardas começavam a chamar reforço para ajudar Jack, pois eles tinham certeza que aquele indivíduo venceria a luta, era apenas uma questão de tempo.

A esquiva do Bárbaro era impressionante e ele notava que o guerreiro estava ficando mais lento e como contra-ataque Jack começou a atingi-lo com sequências de ataques, contudo, eles não danificavam sua armadura, mas faziam oFamozzo sangrar por conta do impacto e de alguns ataques que acertavam onde sua armadura não cobria.

Desta vez acabo com ele! Pensava Jack olhando para seu oponente ensanguentado, contudo fora atingido pelo lado sem fio da espada e jogado contra uma barraca, ele a destruiu e caiu de lado sentindo uma dor forte em suas costas, mas não teve tempo para lamentos, pois seu agressor avançava ferozmente. O bárbaro rapidamente se levantou e sua raiva por aquele sujeito era tanta que seu suor estava evaporando, a adrenalina fazia sua dor aliviar, sua respiração ficou mais lenta e controlada, e sua mão segurou a cimitarra com mais força.

Ele correu contra o inimigo e acertou uma estocada em seu ombro que atravessou sua armadura fazendo o guerreiro gemer de dor. A prata élfica fora vencida por uma espada de ferro, talvez as ombreiras nem fossem de prata élfica pensava Jack e distraído, acabou sendo acertando por oFamozzo com o cabo da arma na testa que o derrubou no chão, a cimitarra ainda ficara presa no guerreiro, mas o “meio-elfo” retirou a sangue frio a arma cravada em seu ombro onde ficara um buraco visível, ele arremessou a arma em Jack, mas ela não o atingiu por pouco, após isso o guerreiro começou a caminhar em direção do seu inimigo querendo pôr um fim naquele combate que estava lhe deixando irado.

A fúria do bárbaro, por outro lado, começou a falhar, seus sentidos ficaram bagunçados, a pancada na cabeça lhe deixara tonto.

O que estou fazendo? Serei morto assim. Pensava tentando voltar à postura de antes quando um flash lhe surpreendeu, era mais um ataque vindo. Ele pegou a cimitarra de volta sem procura-la, um ato de sorte, após isso se levantou e aparou outro ataque com muito esforços sendo jogado para trás abruptamente. Jack balançava ligeiramente a cabeça tentando espantar a tontura e assim que teve sucesso retornou a trocar golpes de forma continua fazendo uma chuva de faíscas se espalharem pelo ar.

Colisão após colisão, cortes nos ombros e torsos de cada um. Mais Faíscas voavam e tornavam a bruta batalha em um show que aquelas pessoas nunca viram antes. Contudo em um dos cruzamento de armas, a cimitarra de Jack voou para fora de seu alcance e o guerreiro segurou sua espada longa com as duas mãos com muito mais firmeza, seus olhos emitiram novamente aquele brilho vermelho seguido por uma aura de morte e degradação.

— Um plebeu derramar um sangue de nobre como eu é uma vergonha a minha família, não vou perdoar isso!

oFamozzo avançou ignorando completamente o peso de sua armadura, sendo muito rápido que antes e avançando como uma fera selvagem, seria um ataque que partiria Jack em dois.

E Naquele instante.

Um dado de vinte lados é lançado sobre a mesa.

Ele quica de um lado para o outro.

São segundos de extremo nervosismo para os jogadores.

Pois seu resultado imprevisível parece durar horas, uma vez que 1 é falha crítica e vinte é sucesso crítico.

O lindo dado verde esmeralda gira e gira.

O seu valor ainda é incerto.

Os nervos dos jogares estão a mil.

Pois vidas estão em jogo.

O dado gira mais uma vez.

Até parar em...

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