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             Capítulo 7 - No dia seguinte

Acordei suada no dia seguinte, estava quente nem parecia que era inverno, será que o sol deu as caras hoje?! Olhei o relógio eram 10:30. Levantei e fui até a sala, Grace estava desmaiada no sofá babando, é uma cena constrangedora. Chamei ela para que acordasse.

     —  Grace acorda! Já são 10h30 de sábado! — digo enquanto a sacudia.

     — Aah hoje não, eu estou fora do expediente. — diz se virando de lado e me dando as costas.

     — Sim, mas eu não, hoje trabalho mas entro mais tarde. Eu vou me arrumar então, se você sair tranque a porta e coloca a chave debaixo da porta, entendeu? — falo revirando os meus olhos.

Grace deu um gemido e se virou no sofá. Fui para o quarto, peguei meu velho uniforme social azul marinho, me arrumei, tomei meu café e saí como sempre a pé para o exercício do dia. Não quis saber de pensar na noite anterior e nem naquele castelo nefasto, nem em caixões e coisas do tipo, apesar de que eu deveria denunciar, mas vai saber se não eram realmente coleções. Todo rico é excêntrico por natureza, mas eu resolvi que não ia pensar nisso. Depois de 20 minutos chego ao prédio de dentistas, logo na portaria encontro o Dr. Parker sempre muito bem aprumado com seu jaleco branco.

      — Dr. Parker. Chegou mais cedo hoje?— digo dando o meu melhor sorriso.

      —  Sim minha cara secretária! Hoje será o aniversário das gêmeas, vamos sair mais cedo hoje! — Parker dizia todo animado.

      — Que maravilha Doutor, se eu soubesse teria trazido alguns presentes para as duas. — digo gentilmente.

      — Imagina! Não se preocupe com isso, suas felicitações já bastam! — Parker finaliza rindo.

Dr. Parker parecia muito feliz hoje, isso me deixava feliz também. O bom é que hoje ninguém irá conseguir me aborrecer. Subimos ao nono andar, passando pelos demais consultórios resolvi dar uma olhada no escritório de Elisabete e para minha surpresa, ela não havia chegado. Ela sempre foi uma das primeiras a chegar porque era muito pontual em tudo, estranho ela não ter chegado ainda, enfim. Fui para o meu escritório começar a receber as clientes.

Chegando na minha hora de folga. Vou para o refeitório fazer um lanchinho, sempre sento na janela para observar a paisagem da bela cidade de Greensvill, quando Mary a secretária do Dr. Chin pede licença para sentar na cadeira da frente.

       —  Oi? Posso me sentar aqui? — a pequena mulher diz, toda tímida.

       — Claro, sente-se! — aponto para a cadeira ao meu lado.

       — Obrigada! Você é a Zoe a secretária do gentil Dr. Parker certo? — pergunta com bochechas rosadas.

       — Sim, você é a Mary do décimo andar? — confirmo já sabendo que era ela mesma.

        — Isso! Engraçado é que nós sabemos o nome e onde cada uma trabalha, mas mal nos conhecemos! — Mary diz rindo baixinho.

Mary era típica mulher simples e cheia dos bons costumes, tinha uma estatura mediana, gordinha, cabelos curtos ondulados em tom de loiro com mechas brancas, os olhos eram amendoados e castanhos claros. Estava com um prato recheado de bombas calóricas, não que eu gostasse também de um bom doce mas o prato dela era uma verdadeira bomba. Olhava para mim com risinhos como se estivesse envergonhada.

       — Ficou sabendo de Elisabete a Fominha? — Mary então pergunta da fulana de tal.

       — Não! Você a viu por aí? — pergunto curiosa sobre as possíveis novidades.

       — Nem venho, parece que sumiu da cidade, o chefe dela estava tentando entrar em contato com ela, mas o telefone não saia da caixa postal. Provavelmente teve algum mal súbito, ela nunca falta! — Mary diz o que eu já suspeitava.

       — Que estranho, já tentaram ir até à casa dela verificar? — dou uma de desentendida.

       — Parece que vão esperar que ela dê um sinal ou que apareça na segunda-feira!  — Mary afirma.

Uma pequena pontada de luz acendeu em minha mente, será que aconteceu algo no Castelo naquela noite?! Ou estou só com ciúmes pelo fato de ela estar tão íntima ontem com o anfitrião gato, que deve estar exausta pela ótima noite que teve a ponto de não comparecer ao trabalho?

Pelo jeito aquilo ia martelar a minha cabeça por dias. Pensei até em contatar a polícia e informar a existência de caixões no castelo em que Elisabete esteve na noite de ontem, porém não tenho provas, ficamos tão abaladas e surpresas pelo que vimos que nem uma foto tiramos, a burrice.

       —  Oi , você ainda está aí? Terra chamando Zoe! — Mary acena em frente ao meu rosto.

       — Ah me desculpe, me perdi em pensamentos, ando muito avoada esses dias. — digo rindo sem graça.

       — Huum à noite na festa foi bom então? — Mary diz me surpreendendo.

       — Como?! Como você sabe que fui a uma festa? — pergunto surpresa.

       — Me perdoe! Não quis ser enxerida, mas eu estava passando do outro lado da rua quando vi você toda arrumada entrando em um carro. Então eu imaginei que você estaria indo a festa naquele castelo lindo da colina.

      — Sim, eu realmente fui a festa! — confirmou.

      — E ai, como é lá dentro?! E como conseguiu convite? Eu queria tanto ir nessa festa algum dia, mas eu não sei onde consegui um e nem sei quem distribui!

Poxa essas perguntas me pegaram de jeito. Eu não poderia simplesmente falar a verdade do que eu vi dentro do castelo e muito menos eu tinha ideia de como conseguir o convite.

      — Ah lá dentro é enorme, eles reformaram sabe?! Estava muito bonito. Eu não sei também onde conseguir o convite, quem tinha era minha amiga, mas esqueci de perguntar onde ela arranjou. — digo a verdade.

Realmente eu estava tão empolgada e ao mesmo tempo ansiosa que esqueci completamente de perguntar a Grace como e quando ela teria conseguido o convite.

       — Aaaaahh, por favor, pergunte a sua amiga como ela conseguiu? Eu gostaria muito de estar nessa festa no próximo final de semana. —  Mary me olha em piedade.

       — Sim! Pode deixar Mary. Eu vou tentar. — respondo.

Mary comeu seu último docinho. Toda risonha, feliz, se despede e sai. E eu, fiquei ali inerte nos meus devaneios, agora mais do que nunca iria prensar Grace contra parede.