O vento soprava forte, agitando a superfície do lago e fazendo a água parecer um espelho escuro e turvo.Mikhail sentiu a cadeira de rodas deslizar lentamente em direção à borda, cada centímetro aproximando-o da morte certa.O som da água batendo nas pedras se misturou às batidas frenéticas de seu coração, criando uma sinfonia de desespero em seus ouvidos.Suas mãos agarraram os braços com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos, sua mente dividida entre a luta e a rendição.Suas pernas, inúteis e pesadas, o traíram mais uma vez, condenando-o a um desamparo que o deixou furioso e desesperado ao mesmo tempo.*«Lucas... Não posso nem abraçar meu filho e dizer a ele que sou seu verdadeiro pai», pensou Mikhail, sentindo uma dor aguda no peito.Um gosto amargo de ferro encheu sua boca ao perceber que estava prestes a perder tudo: sua vontade, sua força e agora, sua vida.Refletiu com sombria resignação, pensando que era isso que merecia. Ele havia pensado em suicídio tantas vezes
A quantidade incomum de funcionários e veículos estacionados nas proximidades chamou a atenção de Mikhail.—Minha mãe está organizando uma de suas festas? — ele perguntou a um dos manobristas, que assentiu rapidamente.Mikhail estalou a língua, irritado com a trivialidade que o cercava.—Ele nunca se cansa desses espetáculos ridículos.Enquanto isso, Sergei deu um tapinha no ombro do motorista.—Deve ser difícil trabalhar para um chefe tão mal-humorado. “Bom trabalho”, disse ele, piscando para o homem, que respondeu com um sorriso tenso.“Sergei, pare de me criticar na frente dos funcionários”, rugiu Mikhail enquanto passava pelas portas da mansão. Sua voz soou como um trovão, mas Sergei, longe de se sentir intimidado, sorriu ironicamente."Você tem uma audição impressionante", ela murmurou sarcasticamente enquanto o seguia para dentro.O murmúrio da festa no salão principal parou abruptamente.—O noivo finalmente chegou! —exclamou sua mãe, surpreendendo Mikhail. Ao entrar, o que viu
Em frente à mesa de bebidas, María bebia taça após taça de champanhe. Cada bolha que descia por sua garganta parecia aliviar momentaneamente a vergonha que a esmagava.Sua mão tremia levemente enquanto segurava o copo, enquanto sua mente lutava para entender como tudo havia dado tão errado.Na frente dela, seu irmão, com o rosto vermelho de fúria, a encarava sem piedade.-Deixe-me em paz! —Maria ofegou, tentando não levantar muito a voz. Já que os convidados ainda não haviam saído; A mãe de Mikhail insistiu em manter a farsa da festa.—É muito fácil você me mandar o que fazer! —ela continuou com um tom azedo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam traí-la.—Só estou te dizendo que foi humilhante demitir essa gente agora mesmo. “Poupe-nos de mais vergonha”, exigiu seu irmão, chateado.Maria lançou-lhe um olhar de desprezo, mas naquele momento seus olhos captaram a figura de Mikhail entrando na sala. Sem pensar duas vezes, ela deixou o copo sobre a mesa e correu em sua direção, u
**Minutos antes:**O vapor ainda enchia o ar enquanto Anna secava o cabelo na frente do espelho do banheiro. Gotas de água deslizaram lentamente pelo pescoço e pelas costas. Ela se olhou no espelho por um momento, tentando encontrar um pouco de calma nos próprios olhos, mas só viu o reflexo de uma mãe exausta e sobrecarregada de preocupações.O som da porta se abrindo abruptamente a tirou de seus pensamentos. Seu coração disparou e sua mente imediatamente saltou para o pior. O medo tomou conta dela. Com ansiedade e determinação, ela deixou o secador de lado e saiu correndo do banheiro, com os cabelos ainda pingando.Ao lado da cama, encontrou duas enfermeiras conversando.—O que há de tão especial nesta criança que o Dr. Petrov o aceitou como seu paciente? —perguntou um deles, sem perceber que Anna estava logo atrás.—Não sei, mas depois do que ouvi, acho que a mãe daquela criança é uma abusadora. Como ela ousa pedir ao diretor para salvar seu filho quando ela…?Anna sentiu o sangue
Anna respirou fundo, tentando acalmar o tamborilar em seu peito enquanto se aproximava de Mikhail.Seu olhar fixou-se no rosto dele, que permaneceu inalterado, e ela se forçou a se abaixar para agradar Lucas. Mas quando ela se inclinou, seu rosto estava a centímetros do de Mikhail, tão perto que ela podia sentir seu hálito quente misturando-se com o dela.Seu coração deu um pulo e, por um momento, os dois ficaram parados, presos naquele momento onde todo o peso do passado parecia se tornar insuportável. Mas como se o contato os queimasse, ambos se afastaram rapidamente, fingindo uma indiferença que apenas sublinhava a tensão.Lucas, alheio ao turbilhão de emoções dos pais, abraçou Mikhail com força, enterrando o narizinho nos cabelos do pai.Mikhail fechou os olhos, tentando memorizar aquele aroma tão puro, tão cheio de vida, como se tivesse medo de que aquele momento escapasse de suas mãos."Pai, Lucas vai te amar muito", prometeu o menino com uma certeza inocente, enquanto Mikhail o
Anna sentiu o mundo desabar ao seu redor, como se o peso de todas as suas decisões estivesse esmagando seu peito. Suas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto ele cerrava os punhos com uma força que doía. Finalmente, seus joelhos cederam e ela caiu no chão, derrotada. Lágrimas inundaram seus olhos, transbordando incontrolavelmente. Mikhail, observando-a de sua cadeira, não conseguiu esconder sua surpresa diante daquela imagem.—Estou disposto a fazer qualquer coisa desde que você não me afaste do meu filho. "Lucas é minha única razão de viver", confessou Anna com a voz quebrada, flutuando uma palma contra a outra em um apelo desesperado.Mikhail permaneceu em silêncio, estudando-a com um olhar frio e analítico, como se tentasse compreender cada fibra do seu ser. Finalmente, ele franziu os lábios com desdém."Você me tirou do meu filho, Anna, e eu não vou ficar longe dele nem mais um minuto", ele resmungou baixinho, olhando para ela com um ressentimento tão visceral que causou arre
Ignorando o apelo de Mikhail, a quem Anna havia contado tudo, sem esperar que ele assimilasse totalmente o que acabara de ouvir, Anna saiu correndo, com lágrimas queimando nos olhos. —¡Ana!O mundo ao redor de Anna estava ficando confuso quando ela percebeu que seu coração batia descontroladamente e como cada passo a aproximava da beira do abismo emocional em que estava caindo.Na clínica de sua família. María estava terminando uma consulta quando sentiu uma vibração no bolso do jaleco branco. Ao ver o nome na tela, um sorriso malicioso apareceu em seus lábios. “Sim, com licença, devo atender esta ligação”, disse María com doçura forçada a um paciente que estava deitado na maca e sem esperar o consentimento do homem deslizou o dedo na tela sensível ao toque.—Você sente muito, eu sei. “Se você quer que eu perdoe sua ofensa, terá que trabalhar duro para merecer meu perdão”, começou ele, sem dar tempo para que a pessoa do outro lado da linha dissesse alguma coisa. —Quero um anel com
Mikhail olhou para Anna, com o coração queimando ao ouvir como Ivan viveu todos aqueles momentos que pertenciam a ele.“Então guarde essas lembranças, porque serão as últimas que você terá com meu filho”, disse Mikhail, enfatizando a palavra “meu” com tanta veemência que Ivan deu um passo à frente, furioso.Anna, sentindo como a situação estava ficando fora de controle, colocou-se entre os dois homens.-Suficiente! Não é disso que Lucas precisa agora. Mikhail, Ivan, por favor... Só quero encontrar meu filho. Ele deve estar assustado e chorando pela mãe. Ele nunca tinha me abandonado, sei que está com medo, sinto ele aqui”, disse, batendo no peito com o punho fechado, sentindo a pressão da dor o oprimindo completamente.Mikhail, ainda agitado, mas sentiu um lampejo de compactação.—Anna, você vem comigo procurar nosso filho. Eu já sei onde está.Anna olhou para ele incrédula, mas seu desejo de encontrar Lucas superou qualquer dúvida. Vendo como Mikhail foi empurrado pelo motorista par