3 Caindo na real

A noite demorou pra chegar, quando ele chegou até a cobertura a porta estava entreaberta, ele deu duas batidas e entrou.

Era um lugar lindo, uma grande janela, tudo em tons escuros, sem coisas rosas ou flores, que ele imaginava, pois afinal ela era uma jovem garota, havia fotos inclusive dele em portas retratos pretos, os prêmios que ela receberá em um canto da sala. Ele nunca reparou que apesar de jovem ela possuía tanto sucesso.

Em um dos porta-retratos era a foto deles se formando no ensino médio, ela era tão menor que eles, ele nunca percebeu que ela era tão menor que eles, o costume o havia cegado, ela era mais nova, e foi jogada na turma deles, e só agora ele percebeu que o irmão e ele eram o seu conforto, pois ele lembrou das piadas de mau gosto, dos olhares de reprovação das garotas, muitas tentavam ser sua amiga pra se aproximar do irmão, ela nunca teve uma amiga verdadeira.

E agora ele percebeu que também havia sido um amigo ruim.

- oi Luke!

Todos os homens da família estavam na sala. O pai dela, os dois tios, os três primos e os quatro irmãos, seguravam caixas de mudança. Depois de cumprimentar o pai e os tios foram para o escritório, só agora ele percebeu que faltava pouco pra esvaziar a sala.

- Ela podia pegar uma firma de mudanças, mas a gente não quer homens estranhos tocando nas coisas dela. - Luke sabia bem que quando a questão era Helena toda família era maluca, ela era a menina dos olhos deles

-Ela tá se mudando?

- sim, a casa dela está pronta já a semanas, ela não sabia se queria se mudar pois é meio longe do escritório e dos sets, mas ela disse que a paz de lá fez bem a ela nesses dias, então vale a pena. Pega essa caixa, aí vamos levar no caminhão, você não é um homem estranho e pode ajudar.

Luke ajudou a levar as caixas em silêncio, ele percebeu que ela não contou a ninguém do ocorrido no set, ele sabia que se ela tivesse contado eles teriam o jogado daquela sacada. Ele ficou com vergonha de perguntar o endereço dela para eles, pois com certeza eles deviam pensar que ele cuidava dela nesse tempo que ela morou perto dele, quando na verdade ele nunca se preocupou em ver ela.

E pensando isso era uma vergonha, quando ele ficou doente ela cuidou dele, quando ele precisou ensaiar um roteiro, ela ajudou ele, quando ele viajou, ela alimentou seu gato, mas ele nunca nem reparou se ela algum dia precisou de alguma coisa. Ele estava atormentando e envergonhado, por isso recusou o convite de jantarem juntos e foi tomar um banho pra depois arrastar sua vergonha pra cama e tentar afogar ela em um sonho.

Três semanas que havia se mudado, agora tudo estava em seu lugar, seu coração estava mais tranquilo, e suas ideias estavam voltando a toda, já havia terminado a ideia principal de mais um projeto, e agora iria ter uns dias de folga, ela havia convidado Maddie pra viajarem, sua assistente agora era uma amiga que nunca teve, elas haviam se aproximado muito depois do incidente.

Durante aquela semana elas iriam descansar, pois depois da estreia, elas teriam um prazo curto para o próximo projeto.

Ela via notícias de Luke, e seu coração não doía mais, ela estava calma, e já podia dar adeus a ele e tudo que ele representou em sua vida.

Na estréia seu irmão Felipe a acompanhou, ele era o CEO dos estúdios, como sempre ela escolheu o vestido mais discreto que podia, usou somente brincos e prendeu seu longo cabelo em um rabo de cavalo com moicano, sua maquiagem era escura nos olhos e um batom vermelho, pois teve que deixar a tia fazer o que queria.

- Você está linda maninha.

- com você do lado quem não fica. - ela acariciou seu rosto.

O irmão sentou em seu lugar e ela foi para o camarim se preparar para as fotos. Ela pensou que não doeria ver ele, mas doeu.

Ela estava linda, calma e serena. Ele nunca percebeu que ela trazia essa sensação de paz antes. Ele sentou ao seu lado até que esperaram as fotos.

- Olá pirralha. Como tem passado?

- Muito bem, e o senhor? - sim era difícil manter a compostura.

- Senhor? Olha pirralha, eu...

- Por favor me escute, pois é difícil, eu quero me desculpar por sufocar você esse tempo, quero dizer que não reparei que nutria sentimentos colegiais por você, e quero que saiba que vamos ficar sem nos ver o máximo que eu puder, a minha insegurança, me cegou, mas eu entendi tudo, então, vamos acabar esse evento, você só precisa aguentar essa noite, e depois você terá sua liberdade. Mas preciso te falar algo que me encomodou muito, se você tivesse me dado um toque, tivesse sido gentil, não chegaria a isso. É isso. Com sua licença.

- não espera eu preciso...me desculpa. Você entendeu mau...

-Por favor não me faça mais de tola do que eu mesma me fiz. Eu percebi que todo esse tempo, eu fui sua amiga, mas você nunca foi meu amigo, mas tudo bem. Estão me chamando.

Ela foi tirou algumas fotos, depois sentou ao lado do irmão, eles assistiram, depois conversaram com algumas pessoas. O irmão a deixou sozinha por um instante, e ela foi rodeada por algumas pessoas.

-Parabéns, Luke, você estava incrível.

- Obrigado Felipe, tudo graças a sua irmã.

- Ela sempre foi generosa demais com todos, eu sei o que ocorreu, por isso decidi acompanhar ela aqui, sabe que a gente sempre se preocupou com essa relação de vocês, mas não tínhamos ideia que era unilateral, deixamos muito a responsabilidade pra você. Afinal, você não é nada dela, não é? Pois agora você pode ficar longe sim? Ela ainda está quebrada, não leve em consideração esse sorriso amarelo.

Felipe foi salvar ela de alguns jovens atores que pareciam lobos caçando, e foi só nesse momento que ele caiu na real: que havia perdido a garota perfeita.

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