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O Jogo do Amor
O Jogo do Amor
Por: Dy Santos
Capítulo 1 - Eu sabia que você sentiria minha falta

O amor desses protagonistas é tão intenso e profundo que eu penso não ser capaz de colocá-lo em palavras e descrevê-lo com precisão.

Pode parecer mentira, mas eu vi essa história uma vez em um sonho...

Esse livro é um teste.

Capítulo 1: Eu sabia que sentiria a minha falta

Trilha sonora: Cardigan by Taylor Swift

JADE

Quando eu o conheci eu era uma criança risonha, nós crescemos juntos, no colégio, sempre fomos melhores amigos, todos sabiam que um dia nós iríamos nos apaixonar. Nossos pais se davam bem, era tudo perfeito, pelo menos eu pensava que sim, mas um dia tudo mudou.

Um acidente.

Tudo depois disso passou a ser preto e branco, e nada fez mais sentido como fazia antes...

— Mais um pouco Jade — disse minha fisioterapeuta — Vamos lá, você consegue — Fiz uma careta, o esforço me causava muita dor — Logo você não vai mais precisar de muletas.

Mesmo que eu não precisasse mais de muletas, nunca mais poderei dançar. O balé sempre foi uma parte da minha alma, e também foi arrancada de mim. A dor insuportável não era apenas física, era uma dor crescente no peito, a dor da perda de muitas coisas, inclusive da minha razão de viver e de ser feliz, tudo seria preto e branco agora, as cores da minha vida simplesmente foram embora naquele acidente.

Meus pais não entendiam, pra eles eu era jovem demais para entender como a vida funcionava, mas era eles que não sabiam o quanto eu estava suportando para que eles ficassem bem.

— Jade? Seu telefone tocou — minha mãe mostrou que tinha atendido a chamada de Logan. Ele ligava todas as manhãs.

— Não acredito! você atendeu — disse eu irritada. Como ela podia ter feito isso?

— Você vai ter que enfrentar isso de qualquer maneira.

— Alô? — peguei o celular com as mãos tremendo.

— Finalmente — disse Logan parecendo desacreditado, aliviado, eu pude sentir através de sua voz a angústia como algo palpável.

— O que você quer, Logan? Não temos nada pra conversar — Queria odiá-lo e fazer ele me odiar.

— Como não? Você sumiu.

— Eu sumi? — agora eu estava surpresa, não era para eu ir para longe? — Você é um idiota ou o quê?"

— O acidente...algo mudou depois...

— Ah, você acha? Você acha que algo mudou? Você acabou com a minha vida.

— Amor! — Uma voz familiar gritou do outro lado da linha, e eu reconheci de imediato.

— Amor? — questionei, mas não era uma pergunta, era mais uma constatação, um banho de água fria, e mais uma vez eu tinha certeza que tinha tomado a decisão certa.

Irritada larguei o celular e entreguei para minha mãe, olhei para Susana, a fisioterapeuta, ela recolhia alguns materiais que tínhamos usado. Eu olhei ao redor vendo a minha realidade mais uma vez me preencher.

— Se eu não tivesse usando isso! — Joguei as muletas no chão, me sentei em um banco próximo e encarei meu joelho. Foram várias cirurgias, e mesmo assim nunca mais será o mesmo. Eu já havia chorado tanto que deixei tudo o que eu sentia se tornar ódio.

Era melhor odiá-lo do que ter que contar a verdade. Era melhor odiar a vida do que enxergar que eu nunca mais voltarei a dançar.

— Eu quero ir vê-lo — Encarei mamãe — Ele passou um ano desacordado, deve estar tão perdido.

— Melhor não, querida. Seu pai está com Jonathan, e não quero que fique lá, precisa focar em si mesma.

— Então, me leve lá — disse eu, tentando recuperar a droga das muletas.

— Tem certeza? Pode faltar hoje se quiser.

— Não — se eu tivesse que fazer isso, era melhor que fosse logo, não ia ser menos doloroso, mas pelo menos acabaria de vez.

— Antes eu quero ir ao Stars.

— Filha! Quando você vai parar de se torturar?

— Eu só quero olhar pelo vidro, não precisamos entrar, você pode ficar no estacionamento.

Assim que paramos no Stars, minha antiga escola de balé. Eu saí sozinha com as muletas e segui para o hall de entrada. Talvez não me reconheçam, meu cabelo era loiro, agora estava preto e na altura do ombro, costumava ser longo, era melhor de prender em um coque perfeito e alinhado.

No entanto com as perdas, perdi a vaidade e passei a não descolorir o cabelo mais, e não fazia chapinha, o que o deixava com ondas. Eu estava com uma roupa preta, jeans e uma camiseta dos Rolling Stones, e all star branco. O meu reflexo no vidro da parede de entrada do estúdio de balé mostrava uma pessoa completamente diferente do que um dia eu fui, e os meus olhos verdes estavam cansados como se eu não tivesse pregado olho a noite inteira, e era verdade. Fazia tanto tempo que não dormia bem também.

— Jade?

— Jade? É você mesma? — Olhei para trás e vi minha antiga professora de balé, senhora Graham.

Ela parecia emocionada em me ver, ela veio até mim e me abraçou forte. Fiquei estática pelo choque com aquela demonstração de afeto, ela sempre foi tão rígida comigo.

— Eu sinto tanto Jade — Ela me observou — Não era para ter sido assim. E você ainda sumiu da cidade por um ano.

— Meu irmão precisava de médicos mais especializados, e eu... — Olhei para minha perna — Eu também.

— Eu imagino. Não quer entrar? Sei que deve ser difícil, mas você já está aqui...

Neguei — É meu primeiro dia de aula, último ano do ensino médio... eu tenho que ir mesmo.

Caminhei com dificuldade de volta para o carro, mamãe procurou não me questionar.

Apesar de tudo, mamãe sempre estava comigo, ela poderia não saber toda a verdade sobre aquele dia, mas ela estava ali. Ela sabia que tinha coisas mal explicadas, e que eu escondia, mas o psiquiatra a aconselhou a não me pressionar a reviver o dia do acidente.

— Você vai vê–lo. Está preparada?

Eu sabia que você sentiria a minha falta, Logan Telles, mas eu não sabia que você viraria a página tão facilmente, você seguiu em frente, enquanto eu fiquei para trás. Eu sabia que odiar você era o caminho certo, porque te amar me destruiu.

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