3.Molly/Chris

 Mais tarde naquele dia

Eu não pude dormir até tarde neste sábado como havia planejado, porque tive que ir de carro neste trânsito infernal buscar o irmãozinho insuportável da Julie no aeroporto.

Resolvo que assim que chegar das compras do supermercado vou fazer uma faxina, já que a Chantal minha colega de quarto está fora e não vai me poder ajudar.

Chego em casa e ainda são três da tarde, pego meus fones de ouvido e coloco Allan Walker no último volume, porque somente ouvir suas músicas podem me fazer acalmar depois desta manhã estressante.

 Pouco tempo depois já terminei com toda a bagunça do nosso apartamento e vou lavar algumas louças que saboreou jogadas na pia depois do jantar improvisado com a Chantal e o Sean, seu namorado.

Sabe quando temos aquela sensação de que tem alguém nos observando? Pois é, eu sempre tenho isso, mas dessa vez não é apenas uma sensação, porque quando eu me viro tem alguém me observando e com um sorriso malicioso no rosto. 

O irmão da Julie está de pé na minha porta e olhando para a minha bunda sem nenhum pudor.

Isso me deixa irritada logo de cara, mas bem lá no fundo me sentindo ao mesmo tempo lisonjeada.

Eu não conheço nem há vinte e quatro horas e esse cara me deixa com sentimentos tão confusos, seja talvez porque ele é todo confuso.

Tipo, ele tem um sorriso fabuloso que o faz parecer tão angelical, mas quando eu me aproximo ou tento ser gentil ele começa a falar coisas que me deixam extremamente irritada e ele se diverte com isso.

 Mas se ele quer jogar um jogo, tudo bem, eu posso fazer do jeito dele, vou deixá-lo tão confuso quanto ele me deixa.

Ele começa me dizendo que bateu diversas vezes na minha porta e que não atendi porque estava cantando tão alto que estava incomodando todo o mundo.

Tá bom, eu sei que ás vezes me empolgo um pouco com minhas músicas, mas ninguém nunca reclamou disso antes.

Ele não para de olhar para meus shorts e dar aquele sorrisinho que faz aparecer uma covinha que me deixa hipnotizada. Eu puxo meu casaco tapando minhas pernas que estavam à mostra.

Ele agora se concentra em meu rosto e começa a dizer que veio aqui não por vontade própria, mas porque a Julie insistiu. 

Isso tudo me deixa irritada, eu contentaria apenas que ele se desculpasse por ter sido tão idiota comigo hoje, mas parece que ele não se importa.

Eu também vou jogar esse jogo, pergunto se ele já terminou, ele me olha e parece espantado.

Talvez ele estivesse esperando uma reação mais agressiva de minha parte,mas eu prefiro reagir de uma maneira inesperada, para deixá-lo tão confuso quanto eu me sinto.

 Ele parece tentar encontrar alguma palavra para continuar o que dizia, mas meu telefone toca,é o Colin e nada mais me interessa a não ser ouvir sua voz,eu fecho a porta na cara do Chris, deixando ele ainda mais confuso. 

Ponto pra mim.

 Eu disse que também podia jogar esse jogo.

Chris

Eu não me lembro de ter tido uma ressaca maior do que essa na minha vida. Definitivamente beber de madrugada não foi uma boa ideia. Eu me levanto do sofá e vou até o quarto da Julie, ela realmente parece bem mal e eu a desculpo de imediato por não ter ido me buscar hoje de madrugada. 

Ela me abraça e diz que está feliz em me ver e me pergunta se eu estou bem, eu sei o que ela quer saber de verdade, se eu já superei o ocorrido, mas eu realmente não quero falar sobre isso agora, principalmente hoje.

Ela me entende e deixa o assunto morrer no ar, eu amo minha irmã por ela ser assim, e é por isso que resolvi vir morar com ela mesmo que seja temporariamente. Ela não fica perguntando coisas que sabe que você não quer falar a respeito e é disso que estou mais precisando neste momento.

Eu resolvo tomar um banho no quarto da Julie, porque o meu banheiro ainda precisa de uns ajustes. Eu não avisei com muita antecedência sobre minha mudança, mas estou grato por ela ter me aceitado aqui. 

Mas parece que ao usar seu banheiro, Julie acha que isso lhe dá plenos direitos de ficar do outro lado da porta me dizendo que eu preciso ir agradecer sua amiga Molly por ter ido me buscar hoje mais cedo no aeroporto. Depois de um tempo eu digo que vou só para ela me deixar tomar banho em paz.

...

Alguém está cantando no apartamento dela. Eu bato na porta umas três vezes, ninguém abre, então eu giro a maçaneta e a porta não está trancada. Eu abro a porta lentamente e dou uma espiada, ela está na cozinha, de pé junto da pia lavando alguma coisa com um shorts curto que é realmente impossível não olhar e eu fico de pé na porta apreciando a vista. 

De repente ela se vira como que em um impulso, se assusta, tira os fones de ouvido rapidamente da orelha e grita:

__Que droga! Você me assustou! Como você vai entrando na casa dos outros assim?

Ela rapidamente pega um casaco que está em cima do sofá da sala e veste, enquanto caminha em minha direção.

Eu digo:

__Eu bati na porta, ninguém atendeu, eu estou com um pouco de pressa e você estava cantando tão alto que dava pra saber que estava em casa.

Ela não responde, ela está ficando vermelha de novo e eu acho graça. Ela tem uma voz bonita enquanto canta, mas eu nunca admitiria isso para ela.

O casaco que ela vestiu também não conseguiu desviar minha atenção de suas pernas, porque por mais que ela tente escondê-las ainda há uma parte hipnotizante à mostra.

Ela então questiona:

__O que você está fazendo aqui? De manhã você não foi desagradável o suficiente?

 Eu não entendo porque ela está tão na defensiva, se hoje de manhã ela parecia tão receptiva. Talvez eu tenha pegado um pouco pesado com ela, o problema é que eu não me lembro e isso não me importa nem um pouco.

Quando estou perto dela sinto uma extrema necessidade de ser irritante e é o que faço. Eu só respondo:

__Parece que não porque minha irmã me pediu pra vir aqui te agradecer. Mas eu não acho que tenho que te agradecer alguma coisa, afinal você disse pra mim que estava fazendo um favor pra minha irmã e se não me engano, ela já te agradeceu assim que você saiu de casa hoje de manhã.

Ela não diz nada por uns segundos e eu sei que consegui a minha meta, irritá-la ainda mais.

__Você já terminou o que veio dizer?

Ela soa chateada e eu abro a boca para pedir desculpas e começar do zero. O telefone dela toca, ela olha pra tela e sorri. Eu desisto do que ia fazer.

__Oi, amor!

Ela diz com uma voz toda melosa, se vira enquanto fecha a porta na minha cara. Essa garota é definitivamente irritante.

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