—Não consigo parar de tremer...— Said saiu de seus pensamentos quando ouviu Lia falando ao seu lado. Eles estavam no meio de um engarrafamento no coração de Nova York, enquanto ele desviava os olhos das avenidas para fixar os olhos em sua esposa. —Você não tem que estar... estou com você... não importa o que a sua irmã falar, nada vai fazer você me deixar. Lia franziu a testa enquanto balançava a cabeça. —Você não tem que pensar assim sobre minha irmã. É certo que ela vai ficar brava, mas ela é minha única família além de que eu a admiro muito. Said acenou com a cabeça oferecendo a mão. —Eu só não gosto que você esteja com medo pela culpa de outra pessoa. Estou preocupado com sua saúde... Não quero que você sinta essa tensão toda agora, depois do que aconteceu ontem. Lia sorriu e então abraçou todo o braço dele, deixando um beijo suave nas costas de sua mão. Said detalhou cada gesto de Lia enquanto exalava pesadamente. Ele já estava descobrindo por que ela o deixava louco. Ele
Lia parou a discussão com sua irmã quando ouviu um baque, como se algo tivesse quebrado.Ela virou a cabeça imediatamente para a área do terraço e seu corpo ficou obviamente tenso quando detalhou ao Said numa postura estranha.—Isso é… incompreensível Lia… não dá para se apaixonar por alguém em poucos dias… Você enlouqueceu! —Anne continuou a conversa, mas ela perdeu o rumo ao ver como o rosto do marido parecia tão tenso que parecia que suas veias iam saltar.Ela ficou muito preocupada.—O que estava acontecendo?—Ela conseguiu ver que vários de seus homens vieram até ele para verificar sua condição, e sua impressão se transformou em maior preocupação.—Espera, irmã… acho que devo ir para o terraço…—O que? Deixa ele vir, ele tem que me explicar muita coisa, Lia ele não vai te levar de volta, desse jeito assim... não está certo nem o que eles fizeram casando sem o consentimento da família. Estão malucos!Lia engoliu em seco com a luta que estava tendo para esclarecer a situação com An
—Sra.Ela estava arrasada, com o coração batendo forte e uma decepção que não deixava sua garganta se ajustar à realidade.Era evidente que Said estava completamente cego. Ele estava nublado pela raiva e seu entendimento escurecido. Agora ela nem sabia de onde tirou a ideia de que ela o estava traindo com seu primo Nasser. Não sabia o que pensar, nem entendia porque aqueles vídeos foram cortados para mostrar cenas só dos dois.Nasser se tornou uma pessoa que ele passou a apreciar com o tempo. Ele era um cavalheiro, muito respeitoso, atencioso e acima de tudo preocupado em cuidar das costas de seu primo em todos os momentos. Por que duvidaria de alguém como ele? Por que essas coisas estavam acontecendo quando ela não tinha culpa de nada e, mais importante, como ela iria convencer Said se ele parecia não ouvir nenhum motivo?Ela se levantou ao ver que era o mesmo médico que os atendera na manhã anterior, mas antes que pudesse perguntar sobre o marido, o homem se aproximou um pouco para
Os olhos de Lia começaram a piscar suavemente, enquanto uma dor intensa na cabeça a fazia estremecer.Tinha um gosto estranho em sua boca e sua garganta exigia água com urgência.—Sra. Abdullah... como você está se sentindo? —Quando ela focou melhor a visão, conseguiu enxergar que tinha um homem parado na frente dela, que virava seus olhos indo para o relógio de pulso e depois em outra direção.Lia seguiu seu olhar em silêncio, apenas para notar o Said sentado muito perto dela, olhando-a com preocupação evidente em seus olhos.No entanto, assim que ela colocou seus próprios olhos em sua escuridão, seu semblante voltou ao mesmo homem implacável, aquele que ela tinha visto da última vez antes de cair inconsciente.Ela se sentou devagar. Estava no avião privado que o Said costumava viajar, e todos os seguranças estavam em suas posições como se nada estivesse acontecendo.—Pegue isso Sra. Abdullah...— o homem chamou sua atenção novamente, e ela conseguiu ver um copo com conteúdo laranja.
Said parou a alguns passos de distância quando entrou em seu escritório, enquanto observava o Bakari se posicionar por perto sem perguntar se os deixava sozinho ou não.No entanto, sua concentração agora não estava se o Bakari descobrisse sobre o assunto, ele já imaginava que poderia suspeitar de algo com o favor que tinha pedido para ele. Então a única coisa que ele conseguia ver agora era seu primo, quando ele entrou no escritório sem nenhum peso nos ombros e como se não tivesse nada a temer na frente dele.Ou estivesse obrigado a lhe dar alguma satisfação...—Aqui estou… É necessário que Bakari fique? Said virou-se para o Bakari, mas ele se recusou a sair ou deixá-lo sozinho.—Não posso deixá-lo sozinho, senhor... não depois do que aconteceu.O emir riu ironicamente da situação, mas depois voltou seu olhar para o rosto sério do Nasser.—Apesar do que você fez, você não vai sair deste palácio, Nasser, você vai ficar aqui… o tempo todo me observando, e vendo que a vida que você tento
—Eu costumava vir aqui com Said quando éramos apenas crianças... é um lugar lindo do jeito que você vê... mas solitário...Lia virou para todos os lados. A escuridão não dava para detalhar muito bem o local, mas era fabuloso mesmo sob a luz da lua.Tinha um arco de pedra, árvores, muitas flores e caminhos de pedra que levavam a uma fonte que, pelo que conseguiu ver não tinha água. Parecia um pouco abandonado, mas mesmo assim tinha um ar mais real e bonito.—Lia...— Ela se virou ao ouvir a voz grossa e levemente agitada do Nasser. O que aconteceu para o Said chegar nesse ponto?Ela negou enquanto se afastava um poco, tentando respeitar ainda mais o distanciamento que ambos tinham no momento.—Ainda não entendi... Said assistiu alguns vídeos. Alguns em que você e eu aparecemos em diferentes partes do palácio, e a maior parte no escritório onde trabalhamos. Outros de a gente deixando o palácio... Isso é o que eu vi.—O que mais? Nasser perguntou, dando um passo com a testa franzida.—Não
Eram três da manhã quando Said acendeu outro charuto entre os dedos e expirou na direção do corpo de Lia, que jazia ao seu lado adormecida.Ela estava completamente nua enquanto ele detalhava seu corpo de maneira calculada.Por mais que ele olhasse para ela uma e outra vez, ele não entender o suficiente, que embora ela estivesse aqui com ele, ela tinha um filho de outro homem dentro de seu ventre.Seus olhos se encheram de lágrimas novamente, que enxugou sem deixá-las sair.Sua vida foi arruinada. Ele tinha se apaixonado pela mulher errada e agora ela o tornava prisioneiro desse sentimento.Sua raiva ficava mais pesada, mais difícil, mais dolorosa a cada dia.Ver a cara do Nasser, que de alguma forma o fazia se sentir uma merda, porque apesar de tudo ele se achava inocente, fazia seu estômago revirar todos os dias. Mas dormir no quarto e ver Lia todos os dias, rasgava sua própria pele.Ele até se odiou por tocá-la novamente, se odiou por não conseguir se conter com ela, por querer faz
—Nasser... meu irmão, e meu segundo convidado especial... obrigado por ter vindo...— A voz completamente irônica do Said chegou aos ouvidos de Lia apenas para que ela se voltasse para ele, que, sem largar sua mão, estava levantando uma taça. Lia estava tão agitada, tão comprimida nesse momento que por um instante se sentiu fraca demais para suportar tanta tensão, e a situação que se desenrolava diante de seus olhos. —Não... não se sentem ainda—, ordenou o Emir, deixando a taça de lado, enquanto seu rosto ficava sério. Era impossível passar mais um dia sem comemorar. E como dois eventos importantes para mim se juntam, quero anunciar os dois ao mesmo tempo. Lia olhou para Roshem, que, de um momento para o outro, transformou sua extrema felicidade em uma expressão confusa. —Minha linda esposa, Lia Abdullah ... minha para sempre. — Esta última frase foi dirigida ao Nasser, que estava parado como uma pedra na frente de todos, e quando as costas da mão de Lia foram beijadas pelo xeque, e