O Homem da Minha Vida A moça estranhou e ficou sem jeito. Rodolpho pediu muitas doses de whisky e tomaram juntos.Não teve beijos, não teve carinhos só desabafos: — Eu a amo, ela não me quer! Terminamos para sempre, é isso, tenho que esquecê-la. A moça também estava enchendo a cara. Sorria à toa e bebia demais. Às vezes ela dizia qualquer coisa e sorria voltando a beber.A dona daquele lugar, que se chamava Antonieta, estranhou a demora e bateu na porta. — Entra!— Rodolpho gritou.Antonieta observou que Rodolpho estava sem as calças, mas estava muito arrumadinho, não tinha cara de quem tinha se aliviado e a moça que estava com ele, estava intacta, bêbada e sorridente. Antonieta suspirou impaciente e saiu a chamar por Joel. — Vai lá rapaz, pega o seu patrão e leva para casa— ela disse.Joel saiu correndo. Ficou apavorado ao ver o patrão naquele estado. Foram embora no carro de Rodolpho e deixaram o outro carro para pegar depois.Joel carregou o patrão até o seu quarto e o
O Homem da Minha Vida Passaram-se quase um ano. Rodolpho estava trabalhando muito e chegava a ficar até quinze dias fora de casa.Antônio já era pai pela segunda vez e estava curtindo muito a filha que já começava a dar os primeiros passos. Arminda se sentia só sem Rodolpho. Os seus outros dois filhos estavam mais responsáveis, já ajudavam na Usina ali próxima e estavam cada vez mais ausentes.O namoro de Nice com Joel ficava cada dia mais firme e Mel sabia notícias de Rodolpho, mesmo sem querer. Nice falava pelos cotovelos e Iara, como sempre tentava acalmar Mel, porque aconselhar Nice a não trazer aquelas informações era impossível, tempo perdido. — O Joel disse que quase nunca vê o Rodolpho, disse que ele resolve tudo e o pai está cada vez mais ausente, depois que a outra teve a menina. Dizem que é linda e ele está bobo!— Nice tagarelava enquanto Mel suspirava impaciente. As três andavam pela orla marítima, como sempre faziam aos finais de semana. Mel arrumou um emprego para
O Homem da Minha Vida Rodolpho estava mergulhado no trabalho e chegava sempre cansado. Esquecia de si mesmo e parecia mais velho. — Precisa arrumar uma namorada— Arminda dizia. Rodolpho sorria. Não pensava nisso, fazia algum tempo. O pensamento o levou para longe, para um tempo onde amou uma garota pura, a mais linda que já viu.Ele suspirou e olhou para o portão de ferro se abrindo. Dali da piscina onde conversava com a mãe, sentado numa mesa, viu um carro estranho entrar e dele desceu uma moça que mais parecia uma miragem.Por um momento ele pensou que fosse Mel, mas ela era bem mais jovem. Podia ter dezesseis anos. Os cabelos longos e negros chamavam a atenção. Arminda sorriu satisfeita e disse: — Ela vem sempre aqui com o pai. É filha de um fazendeiro, amigo nosso. Ela é linda não?Rodolpho piscou algumas vezes e voltou a virar-se para a mãe. — Eu nunca a vi— ele disse sério. — Porque está ficando muito tempo lá em Pernambuco. Arrume alguém para cuidar da Usina de lá
O Homem da Minha Vida Enquanto isso, o tempo passava devagar para Mel. Ela achava que nada acontecia de novo na sua vida, como se tivesse ficado parada no tempo, esperando Rodolpho voltar. Diogo vivia a lhe cortejar, era um rapaz muito interessante, mas Mel o evitava. Temia que tivesse que enfrentar o pai e os irmãos novamente. Muitas vezes, ao voltar da faculdade, sentia-se seguida pelo carro do rapaz. Ele estava sempre com os mesmos amigos e andavam fazendo algazarra pelas ruas, mas quando a via, ficava hipnotizado.Diogo chegou a implorar a Nice e Iara que o ajudassem a conquistá-la.Um tempo atrás, as amigas chegaram a acreditar que ele estava sendo sincero. Diogo não era mais visto rodeado por garotas e estava sempre onde elas estavam.Mel estava nervosa e desabafava, diante da insistência das amigas: — Ai meu Deus! Vocês não desistem de me empurrar para esse metido do Diogo! Não veem que ele é um aproveitador? Só quer pegar as moças e deixá-las faladas? — Eu pegava ele
O Homem da Minha Vida Alguns meses depois, quando as amigas chegaram, contando sobre o baile na Cidade das Rosas, Mel decidiu que seria a sua última tentativa. Iria lutar pelo amor de Rodolpho. Iara dizia preocupada: — Só tem um problema, Mel! Nice e Mel fecharam o semblante neste momento e voltaram-se para Iara. Mel ficou tão tensa com a fala da amiga, depois de Nice ter dito que Rodolpho iria para o baile, que prendeu a respiração para ouvir a amiga continuar: — Eu não estou mais saindo com o seu irmão, como faremos para o seu pai permitir que vá conosco? Mel sorriu e respondeu: — Simplesmente eu vou dizer que vou dormir na casa de uma amiga! Iara e Nice se entreolharam surpresas. Mel deu de ombros e continuou: — Eu vou ter esse homem para mim, pois se não o esqueci até hoje, não vou esquecer mais! — É, já vai fazer três anos que se conheceram— Iara disse suspirando. Mel estava mais madura e corajosa. Ficou combinado que iriam para casa de uma amiga de Iara que mo
O Homem da Minha Vida Mel estava passando por tudo o que tentou evitar, todas as vezes que negou Rodolpho. Perdida, parou na orla marítima da sua cidade, sem saber para onde seguir. Já escurecia e ela só chorava. Aqueles gritos que ouviu tantas vezes era real, ele não estava blefando, falava do coração e isso lhe doía. Mel olhou para o céu e implorou a Deus que lhe ajudasse a esquecer Rodolpho, pois tudo o que estava passando, era por amá-lo assim, sem limites.Naquele tempo, não tinha celular. Mel olhou o orelhão e estava sem fichas e sem dinheiro. Já tinha quase vinte dois anos, fazia faculdade e trabalhava. Todo o seu pagamento dava da mão da mãe e mesmo assim era prisioneira psicologicamente do pai. Ele a colocou numa redoma e quando ela escapou, não sabia o que faria da sua vida.Depois que secou as lágrimas e já conseguia pensar melhor, estava sentada na rodoviária local, olhando os ônibus saírem, pensando que se pudesse, entraria num daqueles para nunca mais voltar. Enqua
O Homem da Minha Vida Antônio respondeu tranquilo: — Está na fazenda de Raquel.Joel ficou desanimado. — Diga, o que está acontecendo? — Antônio quis saber. Joel foi falando sem pensar: — A moça da Cidade de Praia Azul, foi colocada pra fora de casa por causa dele!Antônio ficou agitado, olhou para dentro da casa e saiu arrastando Joel pelo braço, enquanto falava: — Não se atreva a contar isso para o meu filho! Ficou louco? Vai que ele resolve ir atrás dela!Joel baixou a cabeça e concordou.E foi assim, Rodolpho tocou a sua vida normalmente sem saber do ocorrido. E Mel voltou para casa depois de quase um mês, porque o pai se arrependeu muito e foi buscá-la. Ela achou melhor voltar porque Iara trabalhava e estudava na capital e ficava inconveniente a mãe da moça lhe manter em casa. Algum tempo se passou e Mel fez amizade com uma moça da faculdade que lhe ouvia sempre falar de Rodolpho e deu a ideia dela se mudar para o Rio Grande do Sul, pois a irmã dessa moça tinha uma
O Homem da Minha Vida A mulher pôs-se a falar: — Filha, estava te esperando. Eu fico preocupada quando chega aqui uma moça do interior, ainda mais você que veio de tão longe.Mel fechou a porta e sorriu. — Obrigada, senhora Yang— ela disse. A mulher lhe segurou o braço e a conduziu até o seu quarto e entrou junto. Mel sentou na beira da sua cama e a mulher a imitou.O olhar da senhora Yang tinha muito de mãe. — Querida, no começo vai ser difícil. Viver longe da mãe não é fácil para ninguém!— a mulher falava pelos cotovelos. Mel achava graça o jeito da mulher e não a interrompia. E a senhora Yang tagarelava: — O quarto é simples, mas é aconchegante. Você vai ficar bem. O que precisar me fale. Estarei aqui para o que você precisar!Mel agradeceu sorrindo timidamente e a mulher se retirou.No quarto tinha uma cama de solteiro, agora forrada com uma colcha. Mel sorriu, porque ela não estava ali quando ela chegou de viagem. Não era cor-de-rosa ou florida com a que sua mãe forr