Enfim sós…
Logo que entramos no hall espaçoso da nossa casa, avisto sete empregados uniformizados. Eles estão de frente para nós, um ao lado do outro, para nos receber, embora seja muito tarde.
Hassan apresenta para mim cada um deles. Desde o jardineiro até a cozinheira. Ele conhece o nome de cada um. Todos eles me cumprimentam sorrindo com uma reverência e nos felicitam pelo casamento.
Hassan então dispensa a todos e, pegando a minha mão, me conduz até o nosso quarto.
Deus! Lindamente preparado para nos receber, com o backur aceso perfumando o ambiente. Ele está iluminado por três candelabros. Pétalas de rosas fazem uma trilha até a nossa cama.
Hassan fecha a porta e se vira para mim…
Engraçado que sempre quando ficamos sozinhos tudo acontece facilmente, aquela química entre nós. Mas agora que sei que
HassanFico observando Karina adormecer. Quando ela dorme profundamente, digo na minha língua: “Eu te amo”.Sem acordá-la, vou até as velas e as apago com sopros. Deito-me novamente e aos poucos sou vencido pela sensação de relaxamento, que, unida ao cansaço do dia, me faz pegar no sono.Só acordo no dia seguinte, e estico meu pescoço para ver as horas.Nove horas da manhã.KarinaAos poucos abro meus olhos e entro na minha nova e linda realidade. Hassan está olhando para mim. Quando nossos olhos se encontram, ele sorri.— Precisamos levantar.Eu sorrio para ele.— Eu sei.— É só nos trocarmos e irmos, as malas já estão no carro desde ontem.— Não vejo a hora de c
Horas depois, a vibração do jato particular pousando é forte. Momentos mais tarde, fizemos uma aterrissagem tranquila; me arrepiei com o som dos freios.No saguão do aeroporto no Cairo, ao lado de Hassan, me deparo com vários tipos diferentes de pessoas circulando.Imóvel, olho para os egípcios. Homens com longas túnicas brancas caminham com o semblante fechado com ar arrogante.Os funcionários do aeroporto, muito sérios, estão vestidos com uniformes beges. As mulheres, todas muito bem cobertas e usam um véu.Não tem mulheres sozinhas transitando, as que estão sozinhas com certeza são turistas.Hassan em nenhum momento me abraça. Ele só se mantém ao meu lado. Segundo ele, manifestar afeto com beijos e abraços em vias públicas é um ato de desrespeito. Assim como falar palavrão, beber ou tirar fotog
HassanDesperto com um som para mim tão familiar, minhas tias estão cantando no pátio enquanto fazem tapetes. Lá fora, o sol está se pondo. Essa é a minha época favorita do ano, o verão está indo embora, e o calor não é tão intenso.Karina ainda dorme. Linda. Parece um anjo.Minha Karina. O amor da minha vida, a mulher que lutei tanto para conquistar. A mulher incrível que me conquistou em tão pouco tempo.Uma sombra então passa pelos meus olhos com a expressão do meu tio quando a avistou.Paciência. Eu não esperava mesmo que ele apreciasse a minha escolha. É claro que isso me incomoda, me incomoda e muito. Eu me sinto um traidor, como se tivesse repetido as ações de meu pai.Mas Karina é diferente da mulher com quem meu pai se casou. Pelo meno
Saímos do quarto. O palácio é tão grande, cheio de áreas de descanso, que para mim ainda é um labirinto. O sol foi embora, dando lugar à noite. O palácio inteiro está bem iluminado e parece mágico.Segui Hassan até a sala de jantar. A família já está toda reunida em volta da mesa baixa. No lugar de cadeiras, almofadas grandes e confortáveis.Abiá, que está colocando a mesa, fala algo em árabe para Hassan. Ele traduz para mim.— Ela disse que o jantar já está servido. E espera que sua comida a agrade.— Diga a ela que gosto da comida egípcia, é claro que irá me agradar.Hassan fala para ela, e ela sorri para mim.— Vem, habibi. Sente-se aqui.Hassan me orienta a sentar ao lado das mulheres, e ele ocupa um lugar ao lado dos homens, do outro lado da mes
HassanDepois do café da manhã, fui ver meu tio. Eu estou de frente a ele agora como se estivesse diante de um juiz.— Tem certeza de que conhece mesmo essa mulher?Eu assinto sério.— Sim, meu tio.— Filho, tanto que te pedi. Tanto que te aconselhei. Olha seu pai no que deu. Você mesmo me contou, aqui mesmo neste quarto, sobre a víbora com quem ele se casou.Ele está irritado comigo. Eu contrariei seus conselhos, apesar de ele praticamente me implorar que eu não me casasse com uma mulher que não fosse de nossas origens.— Ela não é como Helena, meu tio.— Não? Duvido que ela abriria mão de tudo para morar aqui se assim fosse sua vontade! É claro que ela é boa. Um homem rico como você, um homem bonito e que faz todas as vontades dela!— Tio
KarinaHassan estava diferente quando chegou da cavalgada. Introspectivo, muito pensativo. Parecia estar em outro mundo, em outros tempos. Talvez fazendo uma retrospectiva de sua vida.Agora não, ele se parece com o Hassan que conheci. Mais leve, sorrindo.Ele está lindo, sua tez está bem dourada, alguns lugares do rosto avermelhados por causa do bronzeado que ele adquiriu quando saiu para cavalgar.Estamos no nosso quarto, e eu estou só de calcinha e sutiã, me preparando para a festa. Seu riso despreocupado aquece meu coração. Ele se senta na cama e me puxa para o seu colo. Envolve minha cintura com força, pressionando o nariz de encontro ao vão dos meus seios. Eu o envolvo e, erguendo sua cabeça, deixo uma trilha de beijos em seu rosto.Quando ele desce o rosto e passa os lábios quentes e úmidos pelos v
No dia seguinte, como ele prometeu, Hassan e eu saímos para conhecer os pontos turísticos do Egito. Nada melhor do que ter um nativo, um verdadeiro egípcio, para me apresentar tudo.Em Gizé, vi três pirâmides, as maiores (Quéops, Quéfren e Miquerinos), e outras seis menores. Quando fiquei de frente às famosas pirâmides, senti-me sem falas, sem ar. A sensação é de estar dentro de um livro de História.Construída aproximadamente em 2.500 A.C., sua construção é símbolo da riqueza de um país que até hoje guarda em sua arquitetura as marcas de uma civilização avançada para o seu tempo.Hassan me explicou que as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos foram construídas para servir de tumba para os faraós de mesmo nome, que eram pai, filho e neto.Diferentemente do
É difícil acreditar que a lua de mel terminou.Esses vinte dias que passamos no Egito foram maravilhosos. Hassan estava certo em dizer que eu precisava ir para o Egito se quisesse conhecê-lo de verdade.Conforme correram os dias, entre sair, ou ficar no palácio, Hassan e eu conversamos muito. Hassan me contou cada travessura e como ele era um rapaz normal até sua mãe falecer.Afasto os pensamentos desse assunto. Nem Hassan tocava mais nele. Graças a Deus, isso são águas passadas. Hoje Hassan é um homem maravilhoso, carinhoso, dedicado, romântico…Já faz cinco dias que voltamos de viagem, e eu tenho mais cinco para gozar das minhas férias. Estou de papo para o ar nesses dias. Hassan está trabalhando meio período, com o intuito de ficarmos juntos.Essa viagem abriu meu entendimento sobre a mulher árabe:Sim, existe uma grande di