Nina— Você e o Thor tem estado mais coladinhos esses dias. — Júlia comenta enquanto colhe algumas flores no jardim. — Estou feliz que o casamento finalmente está dando certo. — Está. — Ela me lança um olhar intrigado.— Não senti firmeza nessa resposta. Não vai me dizer que tudo isso é fachada, Nina?— Pior que não. — Soltou um suspiro baixo e a acompanho ao próximo canteiro de flores.— Pior? Por que pior?— Estou com medo de toda essa intensidade, sabe? — A minha amiga me espera continuar. — Thor realmente está gostando de mim.— E qual o problema nisso? — Dou de ombros.— Eu não sei, me sinto... insegura com isso. Quer dizer, é gostoso, é envolvente e ele é muito dedicado em me agradar. Mas por algum motivo não consigo sentir o mesmo que ele sente por mim.— Sabe que não tem nada de errado nisso, não é? Vocês estão juntos há poucos meses, ainda estão se conhecendo. — Desanimada, eu me afastei um pouco para me sentar em um banco de madeira, debaixo de uma árvore e ela se senta ao
Nina— Desculpe, mas isso aqui não uma negociação e sim, uma entrega. Além do mais, tenho outros...— Na verdade, se trata de outra negociação, Nina Ferraz. — Maksym diz agora mais sério e eu me viro para ouvi-lo. Yang chega mais perto, ele parece estar em alerta. — Preciso de cento e cinquenta quilos. — Arqueio as sobrancelhas. — Estou expandindo os negócios e fechei uma parceria com os peruanos. Falei sobre o seu produto e eles ficaram interessados. O que me diz?— Eu preciso de tempo para levantar isso.— Trinta dias está bom para você— Trinta dias está ótimo!— É disso que eu gosto em você, minha rainha! E agora, pode tomar uma taça com o seu súdito?— Claro! — Não sei que grito, ou se pulo, ou se danço. Minha segunda venda e essa é ainda mais extraordinária. O que o Thor vai dizer disso? Se com vinte e cinco quilos ele me fez ir ao céu, com certeza com essa venda conhecerei o paraíso. Só de pensar nisso já me sinto aquecida por dentro.— Um brinde a mais acordos como esse! — Vas
ThorO que você faria se tivesse de escolher entre o amor da sua vida e uma vingança irreversível? Essa pergunta está me consumindo há horas. Por um lado, o meu coração almeja estar com ela para sempre e por outro, a minha consciência cobra o meu dever de bom filho e como chefe do tráfico. E por que estou divido assim? O nome dessa divisória é Gutemberg Massari.(...)— Pensei ter dito que viesse sozinho — falo assim que o vejo entrar na área vip com três homens atrás dele.— Vamos e convenhamos, Thor, assim como você, eu sou um homem muito visado e odiado por alguns. Não posso me dar ao luxo de sair por aí andando sozinho. Ainda mais em um lugar movimento como esse. Mas não se preocupe, eles não farão nada sem que eu lhes dê a ordem.— Nesse caso, não se importa se eles aguardarem do lado de fora, certo? — Massari parece não gostar muito da minha sugestão, porém, ele faz um gesto ordenando que seus homens deixem a sala. Aponto um dos estofados para ele. Contudo, o homem me fita sério
Thor— Precisamos de mais tempo para confeccionar a pasta para esse pedido, Nina. — Merci, nosso fabricante diz preocupado.— Bom, temos um prazo aqui e ele tem pressa. Se for preciso, aumente o número de funcionários. — Ela rebate como uma CEO de uma multifuncional, me deixando orgulhoso. Ela realmente cumpriu o que me prometeu, tornou-se a melhor. Tudo o que o meu pai me ensinou em anos, eu a vejo pôr em prática em dias. Nina é bem esforçada.— Já contou pra ela? — Corvo indaga para bem ao meu lado. Apenas meneio a cabeça fazendo um não para ele. — Quando pretende contar? — Cruzo os braços, encostando-me em uma parede sem tirar os meus olhos de cima dela.— Preciso de um tempo.— Não temos muito tempo, Thor. Logo Darlan saberá que sabemos a verdade e assim ele ganhará tempo para se armar contra nós — bufo audivelmente.— E você acha que eu não sei disso?! — rosno impaciente.— Precisamos saber se Nina estará do nosso lado. — Ele insiste.— O que me diz, Thor? — Merci indaga encerran
NinaA família Guerra não era bem uma caixa de união. Ela tinha uma hierarquia e não podia ser quebrada por nada desse mundo. No topo estava Pero Guerra, o nosso pai. Ele era o rei, tanto dendro de casa, como fora dela. Em segundo, Darlan Guerra, mesmo sendo apenas um garoto, quando o meu pai não estivesse presente era ele quem ditava o que devia ou não ser feito. Em terceiro lugar, Lolita Guerra, nossa mãe e quanto a mim e minhas irmãs caçulas, tínhamos apenas obrigações. Ou seja, não tínhamos o direito de contestar ou de dizer não e a nossa única missão era aprender a ser boas esposas, porém, fiéis a família. E os nossos melhores momentos era aqueles em que podíamos ser crianças...— Corre, Maya, corre! — Jude grita, correndo em disparada para atrás de uma árvore de troncos largos, enquanto termino a contagem. Eu abro os olhos e observo ao meu redor a procura das danadas. De onde estou consigo ver a varanda de casa, onde papai está tendo uma conversa séria com um garoto de apenas de
Nina— Vou fazer isso agora mesmo. — Salto animada para fora da cama, enxugo os meus olhos e corro para a porta.— Terá que fazer isso em outro momento, amiga. — Júlia retruca me fazendo parar com a mão na maçaneta.— Por quê?— O Thor acabou de sair e ele não estava com uma cara muito boa — bufo e volto desanimada para a cama.— Ele não disse para onde ia?— Desde quando o chefão do tráfico me fala sobre os seus passos?— Bom, de qualquer forma vou trabalhar, mais tarde converso com ele.— É assim que se fala! Eu vou voltar para o meu trabalho agora. Dona Helena cismou de me ensinar a tricotar.— Tricô, sério? — Ela me aponta um dedo.— Vê se não debocha, hein? Tricô é uma arte e relaxa. Você devia tentar.— Quem sabe quando tiver meus oitenta anos eu tente. — Pisco um olho para ela e saímos abraçadas do quarto.*** Não foi nada fácil me concentrar no meu trabalho, pois a minha mente estava povoada de pensamentos que me inquietavam. Deveras, eu nunca pensei na morte antes, ainda mai
ThorSe arrependimento matasse com certeza eu já estaria morto! Onde eu estava com a cabeça quando resolvi beber todas e sem limite algum? Ah claro, a minha cabeça estava em Nina Ferraz, a mulher que literalmente roubou o meu coração e que pode destroçá-lo a qualquer momento. Puro ato de desespero, Thor, e você, não é assim! Onde está o seu alto controle, homem? Repreendo-me, soltando um gemido dolorido assim que abro os meus olhos e percebo o dia já claro lá fora. Forço um pouco a visão e percebo que estou no meu quarto e deitado na minha cama e completamente nu. A pergunta é, como eu vim parar aqui? Lembro-me de estar dentro da mata com meus amigos e de atirar contra um alvo em um dos troncos das árvores incontáveis vezes, e à medida que fazia isso, via a cara debochada de Darlan Guerra rindo com deboche bem na minha frente. Depois, veio a bebedeira e eu me esbaldei em cada gole de cerveja. Estava com tanta raiva que sequer pensei na conversa que teríamos logo mais à noite. À noite,
Thor— Precisamos pensar em um novo plano. — Corvo retruca passando as mãos pelos cabelos.— Não, continuaremos com o plano original.— Mas, Thor, ninguém irá nos contratar. Darlan estará atento a esses detalhes e as empresas jamais contratará novatos em cima da hora!— Encontre um funcionário que possa ser comprado. Todo mundo têm o seu preço, certo? O plano é o seguinte...*** Já é final de tarde quando chego em casa ansioso para vê-la, porém, antes de ir direto para o nosso quarto que é onde eu sei que está nesse exato momento, eu me tranco no escritório porque já tem dias que não vejo a contabilidade dos negócios e a planilha dos estoques. Quase uma hora depois estou finalmente guardando tudo dentro uma gaveta com chave, quando Corvo adentra a sala acompanhado de Yang para falar sobre o andamento do processo de liberação da mercadoria apreendida.— Renan conseguiu burlar a guarnição, mas sinto isso vai feder para o nosso lado.— E a mercadoria?— Já está armazenada no galpão, mas