VitóriaQuem me procurou naquela manhã foi Serena. Ainda estava em meu leito, nem mesmo minhas damas haviam chegado ainda para me despertar e começarmos a rotina antes do desjejum.— Majestade, posso entrar? Já está desperta? Estão vestidos? — ela bateu na porta e a deixou entreaberta antes de entrar, com receio de que estivéssemos em uma situação imprópria.— Pode entrar, Serena. Aron já saiu para suas atividades e eu acabo de despertar. — Ri da forma que ela estava apreensiva.— Que bom, com licença! Vim direto aos vossos aposentos para lhe falar, somente quando bati à porta que percebi o quanto poderia estar incomodando se vocês ainda estivessem no leito, me perdoe pela falha.— Sem problemas, querida amiga. Você sabe que aqui as portas estão sempre abertas a você e estou agora imaginando que deve ser algo muito importante e urgente para vir assim nesse desespero.— Exato! Tenho duas coisas para lhe contar e nenhuma delas poderia esperar, na verdade até poderia, porém mal dormi por
EugêniaEntrava na capela do castelo realizando um sonho, de uma forma diferente da que imaginei e com alguns lamentos, porém tentava me sentir feliz. Buscava naquele casamento a segurança que necessitava para seguir com minha vida e assumir meus erros perante o destino. Sentia que tudo aquilo era mais do que eu merecia.Aquele homem que me aguardava no altar não era o meu verdadeiro amor, no entanto, era um bom homem, belo e gentil, que estava enamorado por mim de forma verdadeira e não apenas como uma ilusão, como foi com Serafim. Tentaria com todas as minhas forças esquecê-lo.Senti falta dos braços de meu irmão enlaçados com os meus durante minha entrada. Na falta de meu pai seria ele a me guiar até o altar, no entanto fiz aquele caminho sozinha, com o coração apertado e ansioso.— Minha querida, como está bela! — Adônis recebeu-me com o sorriso pleno, a alegria em me ver estava estampada em sua face e aquela reação sincera me contagiou de imediato.Foi possível não me sentir mais
VitóriaSentada no jardim, como fazia quando era mais jovem, apreciava a natureza e conseguia um tempo para a leitura do diário. Rainha Eugênia me dava a sua visão sobre alguns acontecimentos que já conhecia, e apesar da imensa vontade de avançar a leitura e seguir para as páginas à frente onde ela desvendava aqueles mistérios - pelo menos eu achava que isso aconteceria - continuei lendo com calma, pois ali poderiam haver alguns detalhes importantes para o entendimento do todo.Parei um momento para apreciar a copa da árvore que me proporcionava aquela sombra abençoada e lembrei-me do dia em que reencontrei Aron. Momentos antes estava sentada exatamente naquele lugar e lendo um livro também.Jamais iria imaginar que em um ímpeto de querer cavalgar, encontraria meu verdadeiro amor em uma curva e cairia do cavalo literalmente, sendo arrebatada por um forte sentimento. Pensava nas voltas que a vida dá, quando o avistei, vindo até mim no bosque e ele vinha novamente a cavalo.Aron me proc
EugêniaNão desejava que nada daquilo estivesse acontecendo, por isso, decidi acompanhar Estevam até uma reunião que ele tinha com Malena. Ele acreditava que havia uma injustiça com a divisão das terras, próximas ao rio que banhava os dois reinos.Estevam agora era Rei. Após o triste falecimento de Adônis, em uma morte súbita, meu filho, que ainda estudava longe do reino, retornou para assumir seu lugar ao trono. O funeral foi muito triste e, inconformada passei alguns dias em meu leito sem conseguir sair de meus aposentos, porém a situação criada por Estevam estava saindo do controle e necessitava ajudá-lo a colocar as coisas no eixo.Alguns anos antes, recebemos a notícia da morte de Serafim, em uma batalha. Tive que fingir uma doença nos dias seguintes pois, foi impossível não sofrer por ele. Convivemos amigos e apesar de nossos olhares cúmplices nunca conversamos sobre o passado, ele respeitava a minha nova condição e eu a dele. Não consegui guardar rancor, com o tempo ele foi sua
VitóriaMeus pais estavam idosos, assim como os pais de Aron também, e Serena já havia me confidenciado que não estariam por muito tempo entre nós desfrutando de nosso convívio, por isso me aconselhou a aproveitar ao máximo a companhia deles.Apesar de muito ativos, nossos pais Serafim e Anthony ajudavam como podiam junto do Conselho e nossas mães Amélie e Felícia não se cansavam de estar presentes na vida dos netos. Saíam juntas parao bosque, colhiam flores e contavam lindas histórias para as nossas meninas, Liriel e Lena.— Um dia vocês seguirão o mesmo caminho de suas mães, minhas queridas. — Dona Felícia conversava com as meninas enquanto colhiam flores.Observava do outro lado, junto da mãe de Aron, Amélie, que colhia outro tipo de folhagem junto comigo. Suas mãos já estavam trêmulas e havia a dificuldade de locomoção que a atrapalhava um pouco. No entanto, ela não deixava de sair para o passeio no bosque, e naquela manhã consegui sair com elas.— Minha avó, eu não poderei segui
EugêniaNaquele dia o que parecia impossível aconteceu. Ao sair da sala de reuniões do castelo em Minsk, tentando acalmar meu filho Estevam, avistei um homem, que de imediato pareceu-me familiar. Percebi queassim que ele me viu, correu pelo corredor na direção oposta e cobriu-se com o capuz do manto que usava.— Que estranho! — acabei falando em voz alta o que estava em meus pensamentos.— O que é estranho, minha mãe? — Estevam perguntou confuso olhando na direção do corredor, porém o homem já havia desaparecido.— Não sei dizer, acho que foi apenas meus olhos me pregando alguma peça. Pensei ter visto alguém familiar. Não deve ter sido nada, apenas minha imaginação. — Ainda assim não estava muito certa da-quela conclusão.— Vamos então, pois temos muita coisa para conversar pelo caminho até Neveri. Há muito que resolver, pensando em todas as possibilidades, de acordo com o que Rainha Malena decidirá nos próximos dias. Devemos estar preparados para tudo.Deixei passar aquele momento,
VitóriaRealmente estava certa sobre o diário de Rainha Eugênia. Aquela herança me foi deixada para contar e esclarecer muitos fatos do passado, estava curiosa para saber sempre mais, minha sede por aquelas descobertas era imensa. Continuei a leitura, enquanto esperava por Serena para irmos à floresta, já que tinha cancelado meus compromissos daquela manhã.Assim que retornei do bosque de flores com as mulheres mais especiais da minha vida, sentei-me na poltrona favorita em meus aposentos e li mais um bom pedaço dos escritos.Surpreendia-me a cada página e parava com a leitura somente por necessidade. Por estar caminhando para as últimas páginas do diário, sabia que ali estariam grandes conclusões, o que me deixava ansiosa por suas descobertas.— Viajando novamente pelo diário, minha Rainha. — Serena surgia na porta de meus aposentos.— Impossível não aproveitar cada segundo que tenho livre para ler. Curiosa demais para terminar essa leitura.— Muito curiosa também, depois me conte m
EugêniaMal podia acreditar no que estava diante de meus olhos. Enfim, conheci o mago Abdus, o feiticeiro e curandeiro de Minsk que tanto falavam, enfim, reencontrei meu irmão.Apesar da aparência modificada, era ele que estava diante de mim. Christopher estava um pouco mais cheio, usava um manto cinza e azul, deixara a barba crescer e seus cabelos negros estavam grandestambém, mas era ele, estava certa disso. Seu olhar era de surpresa, assim como o meu, no entanto dessavez não tentou fugir, pois não tinha como, estávamos juntos na mesma sala e era chegada a hora de nosso reencontro.Foi ele que vi nos corredores do castelo e agora tinha certeza de que meus olhos não me pregavam uma peça naquele dia, era mesmo meu irmão. Buscando respostas, procurei conhecer Abdus, sem imaginar que ele e Christopher eram a mesma pessoa, apenas acreditando que o feiticeiro do castelo poderia me ajudar a encontrá-lo.Apreensiva com sua reação, fui lentamente em sua direção, e ao me aproximar percebi qu