Capítulo 5

"Faça valer a pena, as oportunidades não voltam."

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BN

Enfim chegou segunda-feira, tô doido pra ver de perto a minha gata linda. Caralho tô gamadão nela e não estou mais conseguindo esconder isso. O DG já tá todo cabreiro comigo e já fez várias perguntas e tal, mas sempre dou uma desculpa. Não posso virar chacota no morro, sou o subchefe dessa porra aqui e essa cambada tem que continuar me respeitando.

Tinha marcado com ela às 10h em frente ao Shopping. Odiava acordar cedo, mas pela minha gata faço qualquer sacrifício. Levantei às 8h fui ao banheiro, fiz minhas higienes, vesti uma calça jeans, uma camisa meio zíper branca e preta da Calvin Klein e um tênis Nike preto. Arrumei meu cabelo, peguei meu boné preto coloquei a aba pra trás, como uso sempre, coloquei meu perfume, um cordão com minha inicial e desci as escadas para tomar um café. Minha mãe me olha surpresa, com a boca aberta, por eu tá acordado já cedo e todo arrumado.

— Vai procurar emprego meu filho? Louvado seja Deus, que ouviu minhas orações. — minha coroa perguntou sorrindo

— Coe coroa, tá me tirando? Vou dá um rolê rapidinho, pra resolver uma parada aí e já volto. — disse tomando um gole de café e dando um beijo na testa dela

— Ve lá o que tu vai fazer, hein meu filho! Que Deus te abençoe e te guarde. — ela fala fazendo o sinal da cruz no meu corpo e eu beijo a mão dela em seguida

— Dessa vez não vou matar ninguém coroa, é um corre honesto e espero que seja de verdade. — disse lembrando da minha princesa que já tava me esperando

Dei outro beijo na testa da minha coroa e entrei no carro. Segui direto pro shopping. No caminho fiquei pensando, que a minha coroa sempre falava nessas coisas de Deus.

Será que esse Deus existe mesmo? Deve existir né? Eu escapei de tantas já. Deve ser da minha mãe e da Dona Joana ficarem indo a igreja orar por mim e pelo DG. Esse lance de Deus é muito complicado pra nós do movimento. Nossa vida é só zueira, nem pensamos nessas coisas aí, mas ultimamente tenho começado a levar fé que esse Deus existe mesmo e deve ser por isso que conheci uma mina tão responsa quanto a Geovana.

Meu pensamento foi interrompido com meu celular tocando. Olhei, era a minha princesa, avisando que já estava chegando. Comecei a ficar com as mãos suadas e nervoso.

"Porra! Isso nunca tinha acontecido comigo, a não ser, na primeira vez que tive que mandar um safado direto pro inferno e assim fiz o meu batismo pra entrar no movimento."

"Caralho! Essa mulher me enfeitiçou mesmo. Como isso foi acontecer justamente comigo?"

Cheguei no shopping e ainda faltava um pouco para o horário marcado. Desci do carro, peguei o celular e enviei uma mensagem avisando que tinha chegado e queria saber onde ela estava.

Ela me respondeu no mesmo instante:

— Olha pra trás.

Quando me virei, era como se tivesse a visão do paraíso. Porra! Ela era mais linda do que na foto. Morena, cabelo cacheado até a cintura, estava com uma roupa suave, mas que deixava ela mais maravilhosa ainda, e o corpo... se perfeição tinha nome, com certeza era Geovana.

"Porra! Se o paraíso existe mesmo eu estava nele naquele momento."

"Essa mulher é minha!" — penso mordendo o lábio

Fui em sua direção, dei um beijo no canto da boca, não podia perder tempo né!? Fomos assistir um filme, isso foi só um pretexto pra ficarmos mais pertinho e eu poder sentir seu cheiro, seu corpo e finalmente o gosto do seu beijo.

"Nossa! E como ela beija bem."

Saímos dali e levei ela pra conhecer o meu mundo, mas claro que não disse onde era e fiz uma surpresa. Ela parecia em outro lugar, sei lá parceiro, não perguntou onde íamos e apenas confiou em mim.

Estava tudo na paz, até ela perceber que estávamos numa favela. Quando chegamos, ela me encheu de perguntas, porra parecia até policia nesse caralho. Mas, logo expliquei tudo, conversamos e decidi levar ela pra casa. Mas, ela prometeu que nos encontrariamos novamente. Confiei nela, também como não confiar numa mina responsa como a Geovana? Minha futura mulher e mãe dos meus moleques. Ela ainda não sabe disso, mas logo vai descobrir.

Quando estava descendo o morro com a Geovana o veado do DG aparece do nada e chama a minha gata de vadia. Esse arrombado. Só não dei um tiro na fuça dele, porque ele é meu parceiro e meu irmão. Mas, deixei claro, que quando voltasse, iria ter um lero sério com ele. Essa merda que ele fez, não ficaria assim, ele iria me pagar e muito caro.

Deixei a Geovana em casa e dei um beijo nela. Disse que ligaria pra ela mais tarde para marcamos uma saída. Nos despedimos e fui direto pra boca. Cheguei lá, abri a porta com um chute e dou de cara com o arrombado do DG puxando um baseado. Ele me encara e de braços abertos fala:

— Coe BN, b**e mais nessa merda, não? — falou jogando o baseado no chão e apagando com a ponta do pé

— Se tem algum lugar que vou bater é nessa tua cara de arrombado do caralho. Como tu chama minha mina de vadia, nessa porra DG? — disse esmurrando a mesa e na tranquilidade ele fala

— E como eu ia saber que ela é tua mina otário? Sou adivinho agora, nesse caralho? — ele grita de volta e continua fazendo a limpeza da pistola

— Eu ia te contar porra. Mas, primeiro tinha que conhecer a mina, frente à frente. Nos conhecemos pela internet. Ela me enviou uma foto e eu a minha. Mas, primeiro eu tinha que ter certeza que era a mesma pessoa. — falo e DG que de babaca não tinha nada, já havia sacado faz tempo a minha mudança e j**a logo na minha cara

— Mesmo sem tu conhecer a garota, cara a cara, já tava todo mudado porra, tô mentindo? Pensei até que tu tava comendo alguma mulher desses verme aí. De nós dois, tu sempre foi o único que gostava desse tipo de mulher. — DG fala montando a pistola

— Tá doido fio? Parece que não me conhece nessa merda. A última vez que comi mulher desses verme, foi quando tinha dezoito anos. E já mandei os dois pro inferno. Tu sabe bem disso DG. — puxo a cadeira com o apoio virado pra trás e sento

— Tu tá gamadão nessa garota. É a primeira vez que te vejo assim irmão, todo caído e fica igual um demente olhando pro nada, até suspirando igual uma mocinha já te peguei. Tá passando recibo já! Qual é o nome dessa garota? Ela é de onde? Já puxou a ficha? — DG falava enquanto montava a pistola

— O nome dela é Geovana. Mora na Gavea com os pais. O pai dela é policial federal aposentado. Mas o velho é alcoólatra, b**e na mulher e já tentou abusar da minha princesa. Mas, vou dar um papo nela, pra ela vir morar comigo aqui na comunidade. Não quero ela perto daquele velho escroto. Não tô afim de dar um tiros nos corneo daquele velhote.

— Minha princesa? Já tá assim? É caso perdido! — DG solta uma gargalhada e com a arma em punho fecha um olho testando a mira e só depois continua — Caralho veio, ela é uma patricinha porra. Tu acha que ela vai largar tudo pra ficar contigo? Um favelado e ainda por cima traficante? Tu tá doidão mano. Por isso, que mulher pra mim é só pra fuder e jogar no lixo. Apaixonar? NUNCA! — DG disse sorrindo e eu levanto puto da vida

— Vai me zoando mesmo. Teu dia vai chegar irmão. Um dia tu vai conhecer uma mina que vai te botar no chinelo. Vai te fazer de gato e sapato. E vou tá aqui pra rir da tua cara, também nesse caralho. Tu vai ver só, babaca. — disse sorrindo e dando tapa nas costas dele

— Eu? DG? NUNCA! Sou bicho solto irmão, nasci pra viver sem coleira. Mas, fico felizão por tu e desejo que tu seja feliz com a tal Geovana, por quê tu merece irmão. — DG fala e se levanta me dando um abraço

Nós tava conversando de boa e do nada o radinho toca. DG atende e era Vitor, um dos nossos soldados de confiança, e futuro chefe da segurança.

— Coe Vitor, passa a visão porra! — DG fala dando um gole na sua cerveja

— Chefe, tem um grupo de pessoas querendo subir no morro. Tão dizendo que são da Igreja Central e vieram fazer uma visita na casa da Sra. tua mãe, Dona Joana. Libero patrão? — Vitor fala e vejo DG mudar na hora

Ele até deixava passar batido a mãe ir aos cultos, mas aí trazer pra comunidade, já era demais pra um cara como ele. E eu fico ali só observando e como eu já conhecia DG, sabia que isso ia dar merda e das grossas.

— Ai meu caralho viu! Hoje é o dia dos problemas e das tretas nessa merda. Minha coroa é foda viu!? — DG respira fundo e coça a cabeça nervoso, ele me olha e eu aceno para ele tranquilizar, então ele responde — Mas, pode liberar a subida desse povo aí Vitor e vamo vê no que essa merda vai dá.

Continua...

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