Eles te amam

Amy observava a cortina entreaberta nos bastidores, seu coração batendo descompassado no peito. Os gritos da multidão que clamavam pela famosa Aurora em expectativa a deixava ainda mais ansiosa. A fama, embora brilhante, ainda parecia distante e assustadora.

Já fazia um ano desde que Amy mergulhara de cabeça no mundo da fama, impulsionada pela fé de seu gerente, Ethan. Ele, que enxergara o potencial de um astro em ascensão, apostara todas as fichas nela. A responsabilidade pesava nos ombros jovens de Amy, que agora se via no em um novo capítulo de sua vida, tão diferente dos anos tranquilos que viveu em Oakland.

— Aurora? — A voz de Ethan rompeu o devaneio de Amy, trazendo-a de volta à realidade pulsante dos bastidores. — Está tudo bem? Está quase na hora de entrar.

Amy piscou, forçando um sorriso trêmulo. O nervosismo a envolvia como uma brisa fria, fazendo-a tremer por dentro.

— Ansiosa. — Balbuciou sentindo um leve tremor nas mãos. — Não consigo me acostumar com o fato de que há milhares de pessoas lá fora que pagaram para me ver, que estão aqui apenas porque gostam de mim, da minha música.

Das músicas de seu pai. Eles estavam clamando pelas músicas que ele havia escrito sonhando em cantá-las um dia. Amy havia cumprido a promessa de seu pai, mas ele nunca cumpriria a dele. Nunca subiria no palco para cantar com ela, e isso a fazia sentir-se sozinha e desolada.

— Eles te amam. — Ele sorriu colocando as mãos em seus ombros para acalmá-la. — Aurora, você é amada por todos eles. Pense no quanto as músicas do seu pai os fazem felizes. E em como sua voz deu vida aos sonhos do seu pai, você está levando os sentimentos dele em forma de música para aqueles que mais precisam.

A frase parecida com a frase que um dia seu pai havia dito pegou Amy de surpresa, e o choro se instalou em sua garganta. Ethan tinha razão, aquilo eram os sentimentos de seu pai sendo transmitidos pela sua voz para todas as pessoas que precisassem.

— Não fale assim. — Amy murmurou, lutando contra as lágrimas que teimavam em escapar. — Sinto que não faço nada tão relevante... É estranho ver todas essas pessoas aqui.

— Aurora, você precisa ter mais fé em si. — Ele deu um beijo suave em sua testa transmitindo conforto. — Você é uma artista incrível, o sucesso que alcançou em apenas um ano é extraordinário. Você tem noção de que é a primeira artista com quem trabalho que não preciso implorar para ser carismática com os fãs? 

Amy mordeu o lábio sentindo as lágrimas querendo tomar conta dela, mas Ethan gentilmente as limpou com a ponta de sua camisa cuidando para não manchar a maquiagem.

— Você já é assim naturalmente e é isso que a torna especial. Você se sairá muito bem, assim como tem se saído no últimos meses. — Amy encostou a testa no peito de Ethan e o mesmo a abraçou.

— Obrigada por essas palavras.

— Lembre-se sempre o quão preciosa você é. — Ethan afastou a cantora um pouco dele e sorriu novamente. — Assim como a música que irá cantar naquele palco, lembre-se que você é a joia mais preciosa desse mundo.

Com um último suspiro profundo, Amy seguiu Ethan em direção ao palco principal. O cenário estava impecável, banhado por luzes que dançavam ao ritmo da música. Seu coração batia descompassado, mas ela se obrigou a sorrir calorosamente quando os aplausos cresceram em intensidade.

O som pulsante da batida inicial encheu o ar, e Amy deixou-se envolver pela música. Ela cantava com paixão, cada nota ressoando como um chamado do coração.

Enquanto as luzes brilhavam em uma sinfonia de cores ao seu redor, Amy dançava com graça, movendo-se como um anjo em meio às estrelas.

As últimas notas da letra da música ecoaram pela multidão, e Amy fechou os olhos, deixando as lágrimas caírem livremente. A última música era a mais importante para Amy, pois era a música que seu pai havia feito após prometer que subiria ao palco com ela quando ela se tornasse uma cantora.

Logo todos começaram a gritar por “Aurora” e a aplaudir, a mesma abriu os olhos e soltou uma risada constrangida por estar chorando, mas, ao mesmo tempo, estava grata por ver que todos gostavam dela, da música de seu pai.

— Obrigada a todos vocês! — Sua voz ofegante ressoou pelo microfone, os olhos brilhando diante do mar de pessoas. Amy limpou as lágrimas e sorriu tentando segurar as lágrimas, quando percebeu que alguns fãs começavam a ficar preocupados, a mesma balançou as mãos para que não se preocupasse. — Está tudo bem. — Riu levemente limpando as lágrimas. — É só que essa música tem uma importância extrema para mim, meu pai a escreveu quando eu tinha 8 anos, após um piquenique que tivemos, naquele dia ele me disse que eu e minha mãe éramos as joias mais preciosas que ele tinha.

Novamente o público voltou a bater palma e Amy sentiu-se envergonhada por compartilhar aquela lembrança com todos, mas ao ouvir alguns gritos de “estamos com você”, ou “você é muito forte”, Amy sentiu seu coração aquecer-se.

— Mas vamos falar de coisa boa! — Riu levemente se recompondo. — Quero anunciar algo especial... Estarei presente no evento de caridade em Los Angeles no dia 21 de fevereiro! Postarei em minhas redes sociais como vocês podem participar!

Enquanto Amy se despedia, a câmera captava os rostos emocionados na multidão e do outro lado da tela estava a pequena Sophie. Seus olhos estavam molhados por ter se emocionado com sua cantora chorar, então ela fungou e sorriu enquanto acenava para a tela para se despedir de Aurora.

Assim que a transmissão do show terminou, Sophie correu em direção ao pai que estava em seu escritório concentrado em documentos importantes.

— Papai! Papai! — Sophie pulou ao redor de Marcus. — A fada Aurora fará um evento de caridade! 

— É mesmo, minha estrela? — Marcus perguntou sem desviar o olhar dos papéis em sua mesa. 

— Por favor, por favor, podemos ir? — Sophie segurou a mão de Marcus fazendo com que ele a olhasse. — Eu quero muito!

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