Gabriel envolveu Malú em um abraço apertado, depositando um beijo carinhoso em seus cabelos antes de responder a Ravi:
— Posso imaginar, Ravi. E não há nada que me deixe mais feliz do que ver minha irmã assim, radiante. Olga, com os olhos marejados de lágrimas, uniu-se ao filho: — Faço das palavras do Gabriel as minhas. Essa menina sempre foi um anjo em minha vida – doce, gentil e cheia de luz. Desde o primeiro instante em que a vi, conquistou meu coração como uma filha. – Sua voz embargou ao continuar: – E eu... eu não tenho como agradecer por tê-la protegido quando eu não pude. Obrigada, Ravi. Muito obrigada por cuidar da minha menina. E sim, com todo meu coração, abençoo esse amor! Malú lançou-se nos braços de Olga, ambas emocionadas. A família de Ravi não perdeu tempo – Diana e suas irmãs cercaram Malú em uma onda de abraços e palavras carinhosas, aprovando o namoro com entusiasmo. Cristiano,São Paulo – Horas antes dos acontecimentos no HarasO quarto de hotel estava envolto em uma penumbra pesada, apenas iluminado pelo brilho pálido da lua que entrava pela varanda aberta. Viktor, envolto em seu roupão de seda escura, esmagou o charuto no cinzeiro com movimentos bruscos. Seus dedos longos envolveram o copo de uísque, levando-o aos lábios em um gole que queimou mais que o álcool – era o ódio que fermentava em seu peito. No centro da mesa, sob a luz fraca, estava a foto. A foto de…Malú. Seus olhos obsidianos devoraram cada detalhe da imagem como se pudessem sugar a própria alma dela através do papel. Os dedos dele tremiam ao traçar o contorno do rosto dela na fotografia, deixando marcas de suor e fúria no gloss brilhante. De repente, como se tocado por um raio, Viktor se levantou tão rápido que derrubou a cadeira. Seu corpo tenso vibrava com energia violenta. — Ouça Malú você é minha. Só minha! E se deixar aquele maldit
Pablo segurou o braço de Viktor antes que ele pudesse sair, mas imediatamente se arrependeu quando viu o olhar assassino que recebeu em troca. — Senhor, por favor, me escute! — sua voz saiu mais alta do que pretendia, quase suplicante. Existe um fator que torna invadir o Haras dos Castellani extremamente perigoso!Viktor girou lentamente, seu rosto uma máscara de fúria contida. — Que fator seria esse, Pablo? E escolha suas próximas palavras com muito cuidado. O subordinado engoliu seco antes de explicar: — Os Castellani são protegidos pela Bratva de Ouro.Viktor ficou imóvel por um segundo. — A *Bratva de Ouro? Aquela organização criminosa brasileira? Não me diga que o playboy e sua família fazem parte da máfia?— Não, senhor. Os Castellani não são mafiosos. Mas para Bratva são... intocáveis.— Isso não faz sentido! — Viktor esmurrou a parede, fazendo um quadro cair com estrondo. Por que diabos uma organização criminosa protegeria uma família limpa?Pablo respirou fundo antes
Ravi ergueu o olhar em direção a Gabriel, um misto de compreensão, incredulidade e tristeza em seu rosto. Afinal desde criança, ele e Heitor haviam sido criados com orgulho do legado dos pais - não apenas pelos empreendimentos de sucesso, mas pelo trabalho incansável em hospitais, orfanatos e comunidades carentes. Quando Heitor se casou com Natália, o alcance de suas ações filantrópicas triplicara. A esposa do irmão, com seu coração generoso e contatos influentes (incluindo o apoio do pai Miguel e seus sócios), transformaram a fundação da família em uma força ainda maior. Voltando-se para Gabriel, Ravi franziu a testa: — Minha família sempre ajudou quem precisa, isso é fato. Mas o que exatamente nossas obras de caridade têm a ver com a Bratva de Ouro?Gabriel inclinou-se para frente, os cotovelos apoiados nas pernas: — É simples, Ravi. Viktor não pode simplesmente invadir o Haras sem desencadear uma guerra com a máfia br
O ar no escritório ficou pesado. Ravi apertou as mãos de Malú, sentindo os dedos dela gelados contra os seus, mas quando olhou nos olhos verdes que tanto amava, viu não medo, mas uma determinação de aço que o encheu de orgulho.— Bem e para onde exatamente você pretende levá-la, mesmo? Ainda não respondeu — Ravi perguntou novamente, com a voz mais áspera do que pretendia. — É realmente seguro? Malú ficará confortável?Gabriel respirou fundo, seus dedos se entrelaçando sobre os joelhos. — Depende muito da decisão da Malú. O lugar que tenho em mente... talvez ela não queira ir.Malú franziu a testa, seus olhos estreitando-se. — Onde você quer me levar, Gabriel?— Minha irmã… — Gabriel começou cuidadosamente — antes de explicar, você precisa saber que nosso pai tem..— Não! — Malú levantou-se abruptamente, suas mãos cerradas em punhos. — Breno Hernández pode ser seu pai, Gabriel, mas n
Já fazia alguns dias que Malu e a pequena May estavam escondidas naquele pequeno apartamento. Malú sentia-se sufocada ali dentro, o cheiro de mofo e umidade que impregnava o ar, misturava-se com a poeira dos móveis velhos. As paredes descascadas pelo tempo eram de um cinza amarelado e deprimente, e a luz que entrava pela única janela era fraca filtrada por cortinas esburacadas e manchadas. À noite o silêncio era quebrado apenas pelos ruídos distantes da cidade, tornando aquele ambiente ainda mais opressor. Era um esconderijo sombrio, mas por hora seguro, além disso ela não tinha outra escolha. E tudo a assustava, visto que podia ouvir o som de passos ecoando em sua mente. Ou sentir ser observada e tudo isso a assombrava, até nos seus sonhos. Mas, o pior de tudo era acordar de seus pesadelos com a sensação repugnante toques, e um perfume familiar que estava impregnado em sua pele, e a terrível sensação de ser vigiada que não a abandonava, nunca era como um aviso de que ele estava s
Ela, ainda com a menina no colo, escondeu-se atrás de uma parede, enquanto via os homens mostrarem a sua foto para a moça, que disse: — Sinto muito, mas não posso dar informações dos hóspedes do hotel! — Essa moça não é uma hóspede — dizia um dos homens. — Acreditamos que veio procurar emprego aqui. — Sendo assim, quem poderá dar-lhes tal informação é somente Rony, o rapaz do RH! — disse um dos funcionários. Porém, enquanto olhava para frente, a moça avistou Malú, então apontou para ela e falou: — Vejam, não é a moça que procuram! Ao perceber aquilo, Malú ficou desesperada e pensou em correr para a porta da frente, porém, sabia que se saísse por lá, provavelmente havia outros lá fora à sua espera. Por isso, segurou a pequena May com força em seu colo, e correu na direção da área de serviço do hotel, com os homens em seu encalço. Ela não sabia para onde estava indo, mas continuou. Passou pela cozinha, onde o cheiro de carne grelhada e temperos pesados encheu seu nariz, e depois
Algumas horas antes... A cobertura do luxuoso hotel Duna, em Goiás, pulsava com música eletrônica. Os graves intensos faziam o chão vibrar, como se acompanhassem as batidas aceleradas dos corações ali presentes. A festa de Alexandre ainda estava muito animada, e apesar de ainda ser cedo e com certeza passaria da meia-noite, pois ao que tudo indicava não tinha hora para acabar. Ravi estava encostado em um dos sofás de couro branco, cercado por duas figuras bem conhecidas: Lívia e Ruana. Uma loira de cabelos longos e brilhantes, um vestido justo realçando suas curvas. A outra, ruiva de olhos esverdeados. Ambas tinham sorrisos provocantes e estavam sempre juntas – inseparáveis, diziam as más línguas que elas, muitas vezes, adoravam dividir o mesmo homem ao mesmo, bem fosse ou não verdade, Ravi não poderia dizer, porém, já havia saído com ambas alternadamente e se quisessem também sairia com as duas na mesma noite. "E por que não? Já havia feito aquilo antes com outras mulheres, p
Ravi franziu o cenho totalmente incrédulo. "Ouvi certo?" Se perguntou ele com um olhar tenso e fixo no espelho retrovisor. Então o som veio de novo, um choro abafado e trêmulo. Dessa vez, o som estava um pouco mais claro. — É um... choro de bebê realmente! — Confirmou ele aborrecido e incrédulo, enquanto sentia o seu coração acelerar, e uma corrente de adrenalina disparar por suas veias, misturando raiva e indignação. Ainda parado dentro do carro pensou: "Seria realmente possível alguém ter colocado um bebê dentro do meu porta-malas?” Porém o choro que veio, baixo inicialmente, em questão de segundos, se tornou um grito claro e desesperado. — O que diabos estava acontecendo? — sussurrou ele. Sem perder tempo, saiu do carro e caminhou até a traseira, cada passo dele que ecoava no silêncio da noite misturado a umidade do ar tornava a atmosfera pesada, bem como tudo muito inusitado. Porém ao ouvir o choro infantil com ainda mais nitidez, Ravi sentiu o seu coração bater acelerado