Angel Lioncourt | New YorkDizem que a vida é feita de momentos. Pequenos instantes que, quando juntados, formam o mosaico da nossa existência. E, sinceramente, eu achava essa frase um clichê bobo... até agora.Depois da tarde com Aaron, algo dentro de mim parecia diferente. Não era como se eu tivesse descoberto uma grande revelação ou tivesse resolvido todos os problemas do mundo, mas havia uma sensação estranha de que, pela primeira vez, eu estava começando a aceitar a incerteza como parte do processo.Quando acordei no dia seguinte, a luz que entrava pela janela parecia menos dura, como se o mundo tivesse decidido me dar uma folga.— Bom dia, filha. — Meu pai me cumprimentou assim que desci para a cozinha. Ele estava sentado à mesa, folheando o jornal com sua caneca de café habitual.— Bom dia. — Respondi, servindo-me de uma xícara.Enquanto me sentava, ele baixou o jornal e me olhou com aquele sorriso que só pais conseguem dar, o tipo de sorriso que carrega orgulho e preocupação e
Angel Lioncourt | New YorkEu estava começando a perceber que minha vida, ultimamente, parecia uma novela – e não o tipo que termina com sorrisos e finais felizes, mas aquela cheia de reviravoltas que te faz gritar com a TV.A noite anterior com Aaron não saía da minha cabeça. As palavras dele, o jeito como ele parecia genuíno... tudo estava me incomodando mais do que eu queria admitir. Ele era o tipo de problema que eu sabia que deveria evitar, mas, ao mesmo tempo, algo em mim continuava sendo puxado na direção dele como um ímã.Na manhã seguinte, tentei enterrar esses pensamentos sob uma pilha de trabalho. A reunião com o investidor estava marcada para a tarde, e eu precisava me preparar.Meu pai passou pela sala de estar enquanto eu folheava os relatórios e parou ao meu lado, com o café na mão.— Nervosa? — Ele perguntou, com um olhar que era metade preocupado e metade curioso.— Um pouco. — Admiti, largando os papéis por um momento. — É a primeira vez que vou liderar algo tão gran
Angel Lioncourt | New YorkNa manhã seguinte, enquanto a luz do sol entrava pela janela, me peguei pensando na noite anterior. Dançar com Aaron tinha sido inesperado e desconcertante, mas, de alguma forma, também... libertador. Ele era como um sopro de ar fresco no meio da confusão da minha vida.Suspirei, jogando os lençóis para o lado e me levantando. A lista de tarefas do dia me chamava, mas minha mente insistia em voltar para a pista de dança, para o som da música e o jeito como Aaron segurava minha mão, como se fosse a coisa mais natural do mundo.Desci para a cozinha, encontrando meu pai na mesma rotina de sempre: jornal, café e aquele olhar atento que parecia perceber tudo.— Parece que você teve uma boa noite. — Ele comentou, sem nem olhar para mim.— Foi interessante.Ele ergueu os olhos, curioso, mas não pressionou. Meu pai tinha um talento especial para saber quando deixar as coisas no ar.Enquanto preparava meu café, meu telefone vibrou no bolso do roupão. Peguei o aparelh
Angel Lioncourt | New YorkO reencontro com Anthony foi como um soco no estômago, só que mais irritante. Enquanto ele se afastava, eu não conseguia ignorar o nó na minha garganta nem a forma como meus pensamentos ficaram embaralhados. Não era só a surpresa de vê-lo ali – era o fato de que ele parecia perfeitamente à vontade, como se não tivesse despedaçado minha vida meses atrás.Aaron permaneceu ao meu lado, mas havia algo na forma como ele me olhava que indicava que ele estava lendo cada micro expressão minha. Ele não perguntou nada, mas o jeito como arqueou uma sobrancelha e ergueu o copo de champanhe me disse tudo.— Nem comece. — Falei antes que ele pudesse abrir a boca.— Eu não disse nada. — Ele respondeu, mas o sorriso malicioso estava lá.— Você está pensando em dizer.— Estou pensando que esse Anthony não parece ser o tipo de cara que você deveria ter casado.— E você é o tipo de cara que eu deveria estar escutando?Ele riu, um som baixo e rouco que fez meu estômago revirar
Angel Lioncourt | New YorkDepois que Anthony se afastou, senti um alívio temporário. Temporário porque, com ele, as coisas nunca ficavam completamente resolvidas. Anthony sempre foi o tipo de homem que age como uma tempestade: chega sem aviso, bagunça tudo e, mesmo depois de partir, deixa os destroços para trás.— Você está bem? — Aaron perguntou, sua voz baixa, quase gentil.— Estou bem. — Respondi, sem muita convicção.Ele me estudou por um momento, inclinando ligeiramente a cabeça, como se estivesse tentando decifrar algo em meu rosto.— Não se preocupe com ele. — Aaron disse, finalmente. — Anthony não é tão intimidante quanto gosta de fingir que é.Revirei os olhos, mas senti um pequeno sorriso se formar.— E você é um especialista em intimidar pessoas?— Não preciso intimidar ninguém. Só sou eu mesmo, o que já é suficiente.A leveza no tom dele fez minha tensão diminuir um pouco, e agradeci internamente por Aaron saber exatamente quando parar de pressionar.O restante da noite f
Angel Lioncourt | New YorkEu fiquei ali sentada, encarando a mesa como se ela pudesse me dar respostas. A conversa com Anthony tinha sido desconcertante, mas também reveladora. Ele não tinha aparecido apenas para “esclarecer as coisas”. Não. Ele estava jogando, como sempre.Anthony nunca fazia nada sem um motivo. E se havia algo que eu sabia com certeza, era que ele nunca aceitava perder.Deixei o café pouco depois, com uma mistura de frustração e inquietação queimando no peito. A brisa fria da rua parecia um tapa na cara, um lembrete de que, se eu não mantivesse minha guarda alta, Anthony encontraria uma forma de entrar na minha vida novamente.Mas, no fundo, eu sabia que ele já tinha conseguido.Quando cheguei em casa, meu pai estava no escritório dele, como sempre, cercado por pilhas de documentos. Ele levantou os olhos quando entrei e franziu o cenho.— Está tudo bem, filha?— Só um dia longo. — Respondi, jogando minha bolsa no sofá e tentando parecer casual.— Algum problema no
Angel Lioncourt | New YorkAaron tinha razão – eu precisava jogar melhor do que Anthony. Mas o problema era que Anthony sempre jogava sujo. Ele não apenas tentava ganhar; ele fazia questão de destruir quem estivesse no caminho.Enquanto Aaron e eu traçávamos um plano para lidar com a situação, percebi que estava entrando em território perigoso. Isso não era mais apenas sobre negócios. Anthony estava transformando isso em algo pessoal.Bonnie marcou uma reunião com os investidores para a manhã seguinte, e eu sabia que precisava estar pronta. Aaron insistiu em ficar para ajudar, o que, claro, significava que ele também estava lá para me provocar.— Então, qual é o plano, estrategista? — Perguntei, olhando para ele enquanto revisávamos os documentos na sala de estar.— Simples. Você entra na reunião e mostra que é a melhor escolha.— Simples assim?— Simples assim.— Você faz parecer fácil demais.Ele deu de ombros, com aquele sorriso de canto que eu já conhecia bem demais.— Talvez porq
Angel Lioncourt | New YorkA mensagem de Anthony ficou ecoando na minha cabeça por dias. “Você sabe que isso está longe de acabar.” Claro que estava longe de acabar. Anthony não era o tipo de homem que aceitava derrota. Ele era o tipo que fazia questão de arrastar todos para baixo junto com ele.Mas, dessa vez, eu estava preparada. Não ia permitir que ele transformasse minha vida em um campo de batalha novamente.Nos dias seguintes, mergulhei ainda mais no trabalho. Entre reuniões, contratos e novos projetos com Victor Deveraux, minha agenda estava lotada – exatamente como eu queria. Manter-me ocupada era a melhor forma de evitar pensar demais em Anthony.E, claro, havia Aaron. Ele parecia ter feito da sua missão pessoal garantir que eu não perdesse o equilíbrio. Não passava um dia sem que ele aparecesse, fosse no escritório, em uma ligação ou em mensagens cheias de provocações e, às vezes, conselhos inesperadamente úteis.Aaron: "Lembre-se, Lioncourt. Sempre um passo à frente."Eu re