Heitor olhava para ela com uma expressão de desagrado, e seu tom de voz não era nada amigável.- Te dei uma chance e você não quis. Agora se arrependeu e quer mirar na minha avó?Aurora não entendia o que estava acontecendo.Ela virou a cabeça para olhar a idosa ao seu lado, incrédula:- O seu neto é ele?A idosa sorriu, assentindo:- Sim, vocês se conhecem? Isso é maravilhoso! Já têm uma base emocional, a convivência entre vocês será menos constrangedora.Aurora soltou um riso sem graça:- Desculpe, vovó, mas agora que sua família veio buscá-la, eu tenho outros compromissos. Vou indo.Aurora acabava de se levantar quando Heitor segurou seu pulso firmemente.- Vai embora assim, depois de bater em alguém?Aurora sorriu friamente:- O Presidente Heitor esqueceu, eu tenho uma câmera no carro. Tentar montar um esquema para me incriminar não vai funcionar!Ela se virou sem piedade e partiu.Mas não havia dado muitos passos quando ouviu a voz gélida de Heitor.- Aurora, por que se dar ao tra
Simão respondeu imediatamente:- A secretária Aurora está no seu escritório, chegou há meia hora.Heitor sentiu como se algo pesado tivesse atingido seu peito.Sua voz se aprofundou um pouco:- Adie meus compromissos para mais tarde. - Disse e, com suas longas pernas, caminhou rapidamente em direção ao escritório.Ao abrir a porta do escritório, a primeira coisa que viu foi a silhueta familiar em frente à janela do chão ao teto.A garota estava vestida de maneira simples, com uma camiseta preta e uma saia curta verde-escura.Seu cabelo estava solto em um coque desarrumado, expondo seu pescoço branco e delicado.Suas longas pernas brilhavam de tão brancas.Heitor deu apenas uma olhada e sentiu como se algo dentro dele tivesse pegado fogo.Ele suprimiu as emoções que surgiram em seu coração.Caminhou despreocupadamente até Aurora.Sua voz era profunda e magnética.- Mudou de ideia?Aurora se virou lentamente, seu olhar era calmo ao encarar Heitor.Seu rosto delicado parecia ter vestígios
Quando Aurora chegou à delegacia, Marina estava sentada na sala de interrogatório, algemada.Com uma expressão calma, ela encarava o policial à sua frente, se defendendo incessantemente, sem mostrar nenhum sinal de medo.Aurora se apressou em sua direção, perguntando educadamente:- Olá, sou amiga dela. O que exatamente aconteceu?Antes que o policial pudesse responder, Marina interveio:- Depois que você desapareceu ontem, o Igor foi buscar a ajuda do pai dele por sua causa, e eu fiquei sozinha. Achei que você tinha ido atrás daquele homem e, chateada, foi beber no bar. Coincidentemente, vi a Sarah lá, se gabando sobre o assunto do tio Álvaro. Você deveria ter visto a cara dela, parecia que tinha ganhado na loteria. Não me contive e acabei insultando ela, mas foram só algumas palavras. E então, esta manhã, eles me trouxeram aqui, alegando que o carro da Sarah foi vandalizado e suspeitam que fui eu. Não importa o quanto eu explique, eles não me escutam.Ao ouvir o nome de Sarah, Aurora
O coração de Aurora estava como se fosse firmemente agarrado por uma grande mão, a dor era tanta que ela mal conseguia respirar.Ela ficou paralisada no lugar, seu corpo começou a tremer incontrolavelmente.Marina percebeu que algo estava errado, tocou sua mão e chamou:- Au, Au.Depois de várias tentativas, Aurora finalmente reagiu.Seu rosto, pequeno como a palma da mão, estava pálido como papel.Ela virou a cabeça lentamente, olhando com olhos repletos de ódio para a mulher.Os cantos de seus lábios tremeram algumas vezes, e com voz rouca, disse:- Você não merece! - Após falar, ela puxou Marina em direção ao carro.Sentada no banco do motorista, suas pernas ainda estavam tremendo.Marina a puxou suavemente, dizendo:- Desça, eu vou dirigir.Aurora não insistiu, saiu do banco do motorista e se sentou no do passageiro.Ela encostou a cabeça no encosto do banco, desejando fechar os olhos, mas as lágrimas escorriam inconscientemente dos cantos de seus olhos.As lembranças ruins de sete
Alguns minutos depois, Aurora bateu na porta do escritório do presidente.Seu rosto já não mostrava a assertividade de antes, substituída agora por um sorriso suave e natural, típico de uma mulher profissional.- Presidente Heitor, o senhor queria me ver?Heitor olhou para ela, notando suas mãos vazias, e franzindo levemente a testa, perguntando:- Cadê o café da manhã?Anteriormente, quando ele não tinha tempo para tomar café da manhã, Aurora sempre o preparava e trazia na empresa numa marmita térmica para ele.Aurora sorriu levemente e disse respeitosamente:- Presidente Heitor, o senhor prefere um café da manhã europeu ou um ocidental? Posso pedir para o senhor agora mesmo.- Você não preparou?Aurora sorriu sem jeito:- Presidente Heitor, parece que isso não estava incluído no contrato que assinei.Heitor a encarou sem piscar.Ele tentava encontrar no rosto dela a imagem de antes, quando ela o olhava com estrelas nos olhos.Mas agora, além de um sorriso formal, impossível de ser ma
Os documentos já estavam sujos e havia um cheiro desagradável emanando deles.Heitor tinha uma séria obsessão por limpeza; não era difícil imaginar o que aconteceria se ele recebesse esses documentos.Os dedos de Aurora, segurando os documentos, ficaram brancos de tanta força.Sarah, a mimada herdeira da família Cruz, se rebaixou a ponto de se tornar assistente no Grupo Alves.Qual seria o seu verdadeiro objetivo? Aurora sabia muito bem.Ela até poderia jurar que esse tipo de situação se tornaria frequente.Os belos lábios de Aurora se curvaram em um sorriso frio.Depois de alguns minutos, Aurora entrou novamente na sala de reuniões.Ao vê-la de mãos vazias, um sorriso de satisfação surgiu no rosto de Sarah, mas rapidamente desapareceu sem deixar rastros.Ela pareceu estar genuinamente pedindo clemência por Aurora, dizendo:- Heti, mesmo que este contrato não seja finalizado hoje, afetando bilhões em assinaturas, eu acredito que a secretária Aurora não agiu por mal. Você poderia, por f
Parecia que ela tinha subestimado Aurora.Uma hora depois, a reunião terminou, e o contrato foi assinado conforme o prazo previsto.Na hora de dispersar, Nina fez questão de dizer na frente de todos:- Heti, Sara reservou um lugar na Vivenda dos Ventos, vamos comer lá mais tarde, naquela sala privativa onde vocês costumavam se encontrar.A intenção dela não poderia ser mais clara.Como Aurora poderia não perceber?Ela manteve a compostura, de cabeça baixa arrumando os papéis, com um sorriso padrão nos lábios.Ao se levantar, ainda deu um leve aceno com a cabeça para Heitor:- Presidente Heitor, desejo a você um bom apetite. - Disse isso e, segurando seu caderno e documentos, estava pronta para sair.Mas foi agarrada pelo pulso por Heitor.Um puxão forte e ela acabou nos braços dele.A expressão de Aurora mudou instantaneamente, seu olhar se tornou frio:- Presidente Heitor, este é um espaço de reuniões, por favor, tenha respeito.Os dedos longos e bem-feitos de Heitor gentilmente roçar
Sarah nunca tinha sido tratada dessa maneira.Enquanto lutava, também xingava:- Aurora, você se atreve a me bater, acredita mesmo que não vou deixar seu pai morrer na prisão?Ao ouvir falar do pai, Aurora ficou ainda mais enfurecida, aumentando a força em suas mãos.- Já que seus pais não souberam educar você, eu me encarrego de ajudá-los um pouco.Sarah, sendo mais baixa que Aurora e mimada desde pequena, definitivamente não era párea para Aurora.Poucos minutos depois, seu rosto estava tão inchado quanto o de um porco.Com dor, ela rangia os dentes e dizia:- Aurora, você vai me pagar! - Depois disso, ela cobriu o rosto e saiu correndo.Aurora olhou para as palmas das mãos, agora um pouco vermelhas, sem que o ódio em seus olhos diminuísse muito.Os problemas trazidos pela Sarah não poderiam ser resolvidos com apenas alguns tapas.Depois de finalmente sair do lamaçal anos atrás, agora Sarah queria empurrá-la de volta, e ela definitivamente não permitiria.Aurora se recompôs e voltou