Capítulo 08

LUÍSA

__ Preferia que ele me matasse de outra forma. Ou melhor, que vocês me matassem de outra forma.--- Sussurro em português, sabendo que eles não falam a minha língua natal e jamais iriam entender.

__ O que disse? --- Domenick perguntou curioso, abrindo os dois primeiros botões da sua camisa social e subindo as mangas.

Dei o meu máximo para não salivar com a visão dos céus. Que homem lindo, que homens lindos!

__ Nada de importante.--- Dei um sorriso de lado, tentando afastar os meus pensamentos.--- Obrigada por me segurar.

Agradeci fugindo do seu toque, sentindo ele queimar a minha pele. Por mais que ele tenha tocado no pano da blusa, o simples fato de te-lo tão perto de mim não ajudou nem um pouco, só festa com que um fogo sem igual corresse por toda a minha veia.

Estou começando a acreditar que por mais que eu não queira, terei que usar o meu vibrador. Não estou aguentando mais, preciso gozar urgentemente.

__ Não tem de que.--- Sentou na bancada, mas assim como os maridos, permanecia me encarando.

Mesmo com o sorriso em seu rosto, Thomas parecia triste. Era como se ele estivesse chateado porque fugi do seu toque, quase como se ele quisesse continuar perto de mim, tocando o meu corpo e sentindo o meu cheiro. Modéstia a parte, sou extremamente cheirosa.

__ O que esta fazendo?--- Tyler perguntou, observando-me derramar mais um pouco de chocolate. Dessa vez para a decoração.

Pode parecer enjoativo, mas acreditem, faço bolo como ninguém. Antes só molhei um pouco a massa que fiz com algumas frutas batidas, o que lhe deu um tom mais vermelho. No recheio tem um pouco de outras frutas com chocolate branco. A massa molhada com chocolate normal, mas bem pouco, apenas para não ficar seca.

Era um chocolate derretido, estando bem líquido mesmo.

__ Nossa sobremesa.--- Coloquei mais um pouco de chocolate, medindo para a decoração ficar legal.--- Tira as mãos da fruta, Domenick.

Mesmo de costas, com a minha visão periférica, vi que ele estava aproximando sua mão lentamente na direção do morango. Surpreso, ele apenas levantou suas mãos em sinal de redenção e ficou quieto.

__ Sabe que não precisava, certo? --- Thomas.

__ Sei sim.--- Concordei com a cabeça.--- Mas como havia dito, aproveito qualquer oportunidade para cozinhar. Essa semana aprendi uma receita nova no curso, e como tinham me dado livre acesso à cozinha, quis fazer como forma de agradecimento.

__ Nos quem te agradecemos, Luísa.--- Falou domenick.

__ Está há pouco tempo aqui, mas nossa filha está tão bem. Isso não tem preço, para nenhum de nos, por isso seremos sempre gratos pelo carinho que está dando a ela.--- Tyler.

__ É o meu trabalho.--- Falei um pouco sem graça.

Agradeço, internamente, a mim mesma por passar maquiagem no rosto hoje mais cedo. Caso o contrário, estaria toda vermelha nesse momento.

__ Nem todas pensam assim.--- Senti a tristeza na voz de domenick.--- Também era o trabalho das outras babás, mas mesmo assim elas ainda se achavam no direito de bater na nossa filha.

__ Infelizmente poucas pessoas têm noção.--- Pego um morango e passo no chocolate, entregando em suas mãos. Domenick sorriu surpreso, mas aceitou feliz.---Mas pelo que me falaram, essas mulheres nem podem ser chamadas de babá, não sabiam o básico.

__ Isso é verdade.---Thomas deu de ombros.--- Também quero.

Peguei uma cereja e peguei o mel no armário, passando só um pouco do doce antes de dar em suas mãos. Aproveitei e peguei uma uva, passando no chocolate e entregando para Tyler que sorriu agradecido.

__ O que importa é que você está aqui agora e realmente sabe do que faz, o realizando com amor. Até a gula da nossa filha passou um pouco.--- Tyler falou sorrindo, fazendo os outros dois comemorarem.

Sem graça, apenas concordei. Se eles soubessem que Emma só está assim porque tem mamado direto. O que era para ser uma vez, acabou evoluindo. Ela sempre me pede, do seu jeito fofo, e não consigo falar não para a coisa mais fofa e linda da minha vida. Acabou virando uma tradição de nos duas, um momento só nosso.

Meu maior medo é os pais dela descobrir e acabar brigando, mas vou tentar esconder ao máximo.

__ E você Luísa? Trabalha como babá há muito tempo? --- perguntou Domenick.

__ Tem uns anos, senhor.--- Dei de ombros.--- Comecei ainda nova, assim que cheguei do meu país a primeira coisa que fiz foi procurar um emprego. Por sorte os meus antigos patrões eram bons, não posso falar o mesmo dos amigos deles.

Comecei a colocar a fruta no bolo.

__O que eles faziam? --- Tyler perguntou.

__ Muitos se achavam melhor do que eu pelo dinheiro que tem, mas também pelo fato de que sou brasileira. Sempre fazia um dinheiro por fora na casa dos amigos dos meus patrões, mas muitos deles se achavam no direito de me assediar e até mesmo passar a mão no meu corpo.--- Falei com pesar, soltando a respiração pesada.

Já passei por situações bem difíceis nesse país. Muitos dos pais, de crianças que já trabalhei, já tentaram me levar para a cama de todas as maneiras que se possa imaginar.

__ Isso é um absurdo.--- Thomas declarou. A raiva era visível em sua voz.

Não atrevi levantar a minha cabeça na direção deles.

__ E o que você fazia?--- Domenick. A voz dele estava mais contida, mas dava para perceber que ele não estava nem um pouco feliz.

__ Não aceitava mais trabalhar com eles, fugindo sempre dos mesmos.--- Dei de ombros.--- Com o tempo fiquei boa nisso.

__ Não os denunciou?--- Tyler perguntou.

Respirei fundo, levantando o meu olhar na direção deles. Domenick e Tyler estavam vermelhos, o ódio era nítido. Já Thomas segurava sua mão em um punho, parecia mais do que pronto para socar alguém.

Engoli em seco, dá medo vê-los assim.

__ Sou apenas uma brasileira tentando a vida nos Estados Unidos. Eles eram cidadãos americanos, com grandes sobrenomes. Não é difícil perceber em quem a polícia iria acreditar e quem, provavelmente, perderia o direito de permanecer no país.--- Suspirei secando as minhas mãos.--- No início até falava com as esposas, mas elas sempre acabavam me culpando, falando do meu corpo. Entendi que não valia a pena ouvir elas revertendo a situação e xingando a minha aparência.

__ Eu sinto muito.--- Thomas falou meio sentindo.

Pegando-me de surpresa, ele se levanta e vem até mim. Sinto quando os seus braços fortes me apertam, no mesmo momento em que ele acaba cheirando o meu pescoço.

Estranhei a sua reação, mas o abracei de volta, aceitando o carinho. Ele parece ser o mais sensível dos três.

__ Não sinta.--- Segurei em seu rosto, fazendo com que ele olhasse em meus olhos. --- O que importa é que estou aqui, não precisarei mais passar por isso.

Sorrimos um para o outro e ele acabou concordando, deitando o seu rosto em minhas mãos. Fiquei um tempo apenas o encarando, mas o choro que veio da babá eletrônica chamou a minha atenção.

__ Por falar em Emma.--- Sorri me afastando dele, guardando o bolo que já havia finalizado.--- Vou dar um banho nela e já aproveito tomando o meu, logo descemos para o jantar.

__ Vamos tomar o nosso banho também, subiremos com você.--- Domenick falou se levantando, sendo acompanhado por Tyler.

Concordei com a cabeça e assim subimos as escadas, cada um seguindo o seu caminho. Ainda sim, pergunto-me o que aconteceu naquela cozinha, mas a cima de tudo, por que eu gostei tanto daquele abraço?

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