Melissa achou que a pessoa diante dela talvez não fosse Joaquim.Mas aquele rosto bonito, sem dúvida, era de Joaquim.Melissa ficou confusa.— Você está sonâmbulo?Um traço de embaraço passou pelos olhos de Joaquim.No entanto, dar o primeiro passo em atos de carinho tornava o segundo mais fácil.Embora Joaquim também se sentisse desconfortável, ao pensar na distância que Melissa vinha colocando entre eles nos últimos dias, decidiu se arriscar.Os olhos de Joaquim escureceram, e ele tentou mover a mão.Uma onda de dor intensa o atravessou.Antes, ele sempre conseguia manter a compostura diante de uma dor desse tipo, mas agora, sem conseguir se controlar, sua mente foi invadida por lembranças dos momentos mais dolorosos de sua reabilitação.As sobrancelhas se franziram profundamente, e sua voz, ao invés da costumeira frieza, saiu tão lamentosa quanto a de um cachorro grande:— Mel, está sangrando. Dói.Talvez fosse a primeira vez que Joaquim mostrava essa expressão, mas, ao invés de par
— Joaquim, na sua casa nem tem água quente?Enquanto Melissa hesitava sobre como responder, a voz de Luiz veio do outro lado.As casas dos dois eram vizinhas, e Joaquim tinha saído sem fechar a porta, então a voz foi particularmente clara.O rosto de Joaquim imediatamente escureceu."Luiz, esse sujeito que só sabe atrapalhar!"Melissa suspirou de alívio e aproveitou a oportunidade para empurrar Joaquim de volta:— Vai lá dar uma olhada.Joaquim franziu a testa:— Mel...— Volta lá, não deixe Luiz congelar nesse frio de inverno.Não importava o quanto Joaquim tentasse falar, Melissa não lhe deu mais nenhuma chance.O som da água corrente na casa ao lado ainda podia ser ouvido, e Luiz apareceu com a cabeça para fora, olhando para lá com uma expressão de coitadinho.Joaquim não teve escolha a não ser voltar.Assim que fechou a porta, o rosto de Joaquim imediatamente se fechou.Luiz, ainda sem perceber a confusão que causou, piscou para Joaquim:— E aí? Meu plano não funcionou?Ele tinha v
Joaquim olhava fixamente para a foto no celular, com as veias da mão se destacando uma a uma.Muito bem.Ele fechou a foto, acessou a lista de contatos e ligou para a tia Maia:— Tia Maia, o Luiz está aqui comigo.Do outro lado, Maia vinha tentando capturar Luiz há vários dias, mas ele sempre conseguia escapar, o que a deixava muito frustrada.Ao ouvir as palavras de Joaquim, ela não perdeu tempo, saiu de casa e se dirigiu até lá.Luiz tinha acabado de tomar café da manhã quando bateram novamente na porta da casa de Melissa.Maia entrou como uma tempestade e agarrou a orelha de Luiz:— Finalmente te encontrei! Vamos, vamos, combinei de sair para fazer compras com a tia da família Neves. Agora é o momento perfeito.Luiz ficou assustado com a ação de sua mãe.— Não, não, mãe, o que você está fazendo aqui? — Seus olhos pousaram em Joaquim, que estava de pé ao lado, e Luiz entendeu na hora. — Joaquim, eu...! Luiz soltou uma série de palavrões.Mas, por mais que ele lutasse, acabou sendo
Melissa chegou ao escritório de Fernanda, que lhe serviu um copo d'água: — Diga, o que você precisa?Enquanto organizava seus pensamentos, Melissa respondeu: — O Estúdio do Encanto Ibérico da Fernanda trabalha com vestidos de alta costura, certo? Você já pensou em expandir para roupas do dia a dia?Fernanda levantou uma sobrancelha: — Você sabe que, hoje em dia, investir na indústria da moda não é um bom negócio?A indústria da moda já havia se tornado um mar vermelho, para os novatos que tentavam entrar, a probabilidade de perder tudo era enorme.Melissa assentiu e continuou: — E se eu tiver em mãos uma fábrica de tecidos e uma confecção já estabelecidas?A produção e a fabricação representavam mais de um por cento da indústria da moda, sendo a parte mais importante e especializada. Se os tecidos e a fabricação estiverem resolvidos e combinados com a capacidade de design e a reputação do Estúdio do Encanto Ibérico...Fernanda ficou interessada: — Explique isso com mais deta
O nome da loja era Costura do Bairro.Lojas de costura eram raras, e, naquele momento, a loja estava sem movimento.Algumas roupas bonitas estavam penduradas dentro da loja, enquanto o resto eram linhas e agulhas para pequenos reparos.Melissa olhou para a pequena loja um tanto decadente à sua frente e não conseguia acreditar que este fosse o lugar onde uma ex-primeira designer decidiu viver após se aposentar.Ao ouvir o barulho na entrada, alguém saiu de trás da loja.— Bem-vinda, posso ajudar...? — A pessoa que saiu levantou a cabeça para olhar para Melissa. Quando a reconheceu, hesitou por um momento e, surpresa, disse. — Mel?Melissa franziu levemente a testa:— Tia Mariana.Era, de fato, Mariana, a primeira designer do Grupo Frota, amiga de Cecília.Naquele momento, ela estava vestindo um casaco de algodão vermelho escuro e calças sociais pretas, parecendo bastante simples.Seu rosto estava cheio de rugas, e seu cabelo estava quase todo branco, fazendo ela parecer bem mais velha d
As palavras de Melissa deixaram Mariana um tanto surpresa. Ela esboçou um leve sorriso amargo:— Eu já sou velha, como posso te ajudar?Melissa segurou sua mão com firmeza e disse:— Não, tia Mariana, essa ajuda precisa vir de você.Mariana baixou a cabeça, sem demonstrar nenhuma expressão no rosto, e respondeu suavemente:— Você me superestima. Além disso, na minha situação, não posso voltar para o Grupo Frota. Aqui tenho dois pares de sapatos infantis, os leve com você como um presente meu para a criança.Melissa sabia que Mariana havia entendido errado, pensando que ela estava ali por causa do Grupo Frota ou de Davi, e por isso não estava satisfeita.— Tia Mariana, não se apresse em recusar. Estou planejando criar uma marca de roupas. Agora tudo está em preparação, mas ainda falta um designer.Melissa explicou sua ideia.Ao ouvir o posicionamento de Melissa sobre a empresa, Mariana levantou a cabeça, surpresa:— Isso coincide com o Grupo Frota? Por que você não faz isso diretamente
Melissa voltou para casa e percebeu um barulho no interior. Ao abrir a porta, viu que era Larissa e não pôde deixar de sorrir.— Você não disse que iria dormir o dia inteiro hoje?O projeto "O Castelo no Céu" tinha uma carga de trabalho pesada, e Larissa quase não tinha tempo para descansar. No raro dia de folga, ela tinha mandado uma mensagem para Melissa, dizendo que iria descansar bem.Larissa fez uma expressão de desânimo:— Eu sou mesmo uma pessoa que não consegue ficar parada. Acordei às oito da manhã. Achei que você ainda estivesse dormindo, então fiquei um pouco na cama antes de vir. Quem diria que você já tinha saído.Melissa fechou a porta e disse:— Pensei bastante sobre isso. Publicar notícias, procurar os infiltrados... Essas coisas são pequenas para o Grupo Frota. Se quisermos enfrentar eles, temos que... Atacar na raiz. — Melissa sorriu e compartilhou seu plano. — O que você acha?Larissa mostrou um polegar para cima, mas logo expressou sua preocupação:— O setor de vest
Melissa abriu a porta e viu que era Joaquim, franzindo ligeiramente a testa. Antes que pudesse falar, Luiz apareceu por trás de Joaquim: — Mel, feliz ano novo! Ele ainda ergueu a mão, segurando uma marmita. Esses dois, de manhã quase se mataram, e agora já estavam de braços dados, parecendo grandes amigos. Claro, o rosto de Joaquim estava cheio de relutância. No entanto, ele aguentou e não disse nada. "As famílias Amorim e Neves estão todas reunidas para comer, o que esses dois vieram fazer aqui?" Luiz fez uma cara de choro: — Mel, você não tem ideia de como minha mãe é terrível! Mesmo sendo véspera de ano novo, ela ainda me arrastou para um encontro arranjado. Eu simplesmente não aguentava mais, tive que fugir. Melissa pensou na força com que Maia arrastou ele de manhã e não sabia o que dizer. — E você? Por que veio? Joaquim apertou os lábios. Ele também veio para fugir do barulho. Dona Helena estava chateada com ele por não conseguir levar Melissa para casa