Adrian— Descobriu alguma coisa, Adrian? — Enquanto perseguia o carro preto à minha frente, o telefone tocou e eu não pude deixar de atender, pois era a Nataly, amiga da minha Paçoquinha.— Foi minha ex-namorada que a pegou — respondo sem tirar o olho do carro à minha frente.— O quê? O que a maluca quer com a Geo?— Também gostaria de saber, Nataly.— O que vão fazer?— A polícia eu não sei, mas eu vou seguir essa doida. Já estou seguindo, melhor dizendo.— Ai, meu Deus, você está no trânsito e eu te ligando. Me desculpa, mas estava tão preocupada.— Não tem problema, eu também estava nervoso demais pra lembrar de avisar.— Promete que assim que tiver algo de concreto você vai me ligar, Adrian?— Prometo, sim, mas pode ligar se quiser. Sei o quanto vocês gostam da Geo.— Nós amamos a Geo. E estamos muito preocupados com ela.— Eu sei.— Boa sorte.— Obrigado.A ligação é desligada e eu continuo seguindo o carro a uma certa distância.Assim que saí na direção do carro, não tinha certe
GeovanaSinto minha cabeça latejar e levo a mão até minha testa que parece pesada demais. Forço as vistas e quando consigo abrir, sinto como se tivesse cheia de areia.Pisco, coço os olhos que lacrimejam e minha cabeça lateja ainda mais. Começo a prestar a atenção em onde estou, e fico confusa tentando lembrar de onde estava quando apaguei.As lembranças vêm como um furacão, e então percebo que estou deitada no bando de trás de uma carro com uma coberta sobre meu corpo.Escuto a voz de Mirela:— Tem certeza que não tem ninguém nos seguindo?— Fica tranquila, você está muito paranoica. Não tem ninguém atrás de nós. — Reconheço a voz de Willian. Ele está no carro com Mirela me levando sei lá pra onde.— Não sei, não. Às vezes acho que vejo o mesmo carro atrás de nós. — Ela parece desconfiada.— Olha quantos carros parecidos passam por nós! Se começarmos a desconfiar de todos vai ficar difícil ir pra qualquer lugar que seja.Mirela fica em silêncio novamente, mas não muito depois volta a
AdrianLigo para minha mãe e aviso que estou bem. Ela faz muitas perguntas que não posso responder e sou obrigado a desligar, deixando-a irritada. Mas depois me entendo com minha mãe, só não posso contar o que está acontecendo, pois ela não entenderia nada.Fico aguardando a chegada da polícia que segundo o segurança, já está a caminho. Mas o local que Mirela escolheu para esconder Geovana é afastado demais e eles demorarão pra chegar.Cochilo e quando desperto o Sol está nascendo. Preciso sair de perto do sítio, pois se Mirela ver, pode tentar fugir novamente. E isso só nos atrapalharia.Dirijo alguns metros depois do sítio onde ela entrou com minha namorada e um homem estranho, estacionando em um campo aberto, sob uma árvore com uma copa bem ampla e que ajuda a camuflar o carro com sua sombra e seus galhos. Meu estômago, ronca e eu não sei o que fazer pra conseguir algo para comer.Não há qualquer padaria por perto e eu não posso sair daqui para procurar. As horas passam, além da fo
GeovanaNão consegui pregar os olhos nesta noite com o que Will havia falado pra mim. A ansiedade não me permitia dormir. Qualquer barulho me fazia sentar na cama, achando que finalmente meu resgate estava chegando. Até que amanheceu e Willian veio me trazer o café da manhã junto com uma notícia.— Eu estava certo, tem um cara lá fora. Deve ser ele que nos seguiu na noite passada e em breve a polícia deve chegar — fala sussurrando — Come e se prepara.Pego o pão com manteiga que me entrega e um copo com café. O pão está meio duro, dá pra ver que não é fresco, mas como mesmo assim. Estou com fome.Ele se vai e tranca a porta ao passar por ela. Algum tempo depois ouço uma movimentação diferente e agora acho que é a polícia. A ansiedade me consome, principalmente ao ouvir a voz da Mirela toda histérica do lado de fora.— Manda esses homens ir embora, Willian! — Escuto ela berrar.— Está louca mesmo, só pode. É a polícia, se liga que a casa caiu, mulher — ele parece se irritar com ela.—
Adrian Ao escutar a enfermeira anunciar que meu filho nasceu, não esperava sentir o que estou sentindo. A emoção é grande e eu só queria ver a criança e pegá-lo no colo.Sou guiado pela enfermeira até o berçário. Fico parado na divisão de vidro, enquanto ela entra e pega um bebê bem moreninho. A pele em uma tonalidade bem mais escura que a da mãe, porém bem mais clara que a minha. Percebo na hora que Mirela pode ter falado a verdade esse tempo todo. Mas mesmo assim manterei minha palavra de que farei um exame de DNA para confirmar a paternidade.Mas a emoção que tenho ao vê-lo, quase me faz deixar tudo de lado. Seu rosto gordinho e olhos apertadinhos e inchadinhos de um recém nascido me fazem sentir vontade de pegá-lo no colo.— Eu posso pegá-lo? — questiono à enfermeira.Ela aponta um local com pias largas para que eu lavasse bem as mãos e braços.Faço como o pedido e ao entrar no berçário, ela me oferece um jaleco hospitalar azul para que eu vista. Visto o aparato e finalmente pego
GeovanaA noite chegou e tivemos que deixar o hospital e procurar algum lugar para dormir. Encontramos um posto de gasolina que tinha pousada para caminhoneiros. Era simples, mas limpo e confortável.Willian tinha me devolvido o telefone no hospital antes de ser levado para a delegacia. Como ele tinha desligado, a bateria havia sido conservada, porém, liguei para meus amigos e conversei por um bom tempo e ele acabou descarregando.— Será que Mirela vai ficar presa por muito tempo? — questiono ao vê-lo sair do banheiro.— Não sei. O policial disse que se ela contratar um bom advogado, poderá conseguir responder em liberdade. Ou seja, ficará livre até o julgamento. Mas não sei quanto tempo ela irá pegar de cadeia.— E quanto ao bebê, o que vai fazer?— Primeiro, vou fazer esse exame de DNA. Se ele for meu, vou criá-lo até que Mirela saia definitivamente da cadeia.Balanço a cabeça em concordância. Sei que será um grande desafio, pois ao me casar com Adrian, quando minhas filhas nascerem
MirelaMaldita hora que inventei de sequestrar a pobretona da Geovana. Aquela lá deveria oferecer nenhuma ameaça com relação ao Adrian, mas parece que ela colocou um feitiço naquele homem que ele não consegue mais olhar para mim. Só tem olhos para aquela vagabunda!Acabei saindo do meu foco e arquitetando um sequestro de ultima hora. Resultado: deu tudo errado. Peguei um cúmplice molenga que não serviu pra nada, na verdade, serviu pra me ferrar.Eu sei que essas coisas tem que ser pensadas friamente, assim como fiz tudo até hoje, mas infelizmente segui meus impulsos e deu no que deu. Agora terei que lidar com as consequências, mas felizmente tenho uma carta na manga. Uma carta bem forte, daquelas que ninguém ignora: meu filho.Tentei enganar o pai, dizendo que ele tinha Síndrome de Dawn. Usei esse trunfo para sensibilizá-lo, mas o homem não mudou sua decisão mesmo com toda a minha insistência e mentiras. Agora terei que usar a criança remelenta para me livrar da cadeia.O médico entra
AdrianMirela presa, o tal Willian também preso, uma pilha de papéis se acumulando sobre a minha mesa e minha mãe de braços cruzados na minha frente querendo uma satisfação sobre a minha vida. Realmente, hoje, o dia não começou bem.— Você some, mal dá sinal que está vivo e quer que eu aceite alegremente apenas a resposta de que está tudo bem e que teve seus motivos? — Ela está brava. Muito brava.— Fica calma, mãe, é que é muita coisa pra resolver.— Não vai me dizer que foi coisa de negócios porque sei que não foi.— Não é nada disso, é que a história é longa. — Principalmente pelo fato de que se eu disser à minha mãe que Mirela tentou sequestrar minha namorada, ela não entenderá nada, e eu terei que explicar quem é a pessoa em questão. E aí terei mais coisas para explicar, uma verdadeira bola de neve.Ela se senta na minha frente e cruza as pernas.— Eu tenho tempo.— Não, a senhora não tem e nem eu. É realmente longa a história, muito longa, e eu estou com uma pilha de documentos